“Certo dia, empolgadíssimo depois de uma maravilhosa palestra do Divaldo Franco, numa grande casa espírita super lotada em Belém do Pará, no ano de 1987, ao conversar com o velho e experiente Jacinto Brito, um espírita antigo e muito meu amigo, um verdadeiro orientador que tive no Pará, ele, sem empolgação nenhuma e até com cara de preocupado, jogou uma ducha de água fria no meu "assanhamento" e me disse:
- "Tu queres fazer uma aposta comigo?"
E eu, sem entender nada, perguntei:
Que aposta, Jacinto? apostar o quê?
- "Queres apostar que o Divaldo nunca mais vai ser chamado para fazer palestra aqui no Pará?"
Achei que o Jacinto não estava bem, imaginei que ele pudesse ter tido algum problema em casa, pois jamais poderia enxergar algum motivo que pudesse justificar aquilo que ele dizia.
O Divaldo fez uma palestra que falou sobre Sai Baba, enaltecendo a pessoa daquele líder indiano e no final convidou a platéia para um relaxamento, mandando que fossem apagadas as luzes da casa espírita.
O público adorou, mas os dirigentes da casa não. Apagar as luzes num centro espírita, segundo a interpretação das lideranças locais, representa algo que poderia ser considerado como um ato de extrema gravidade. Não sei porque, mas é.
E não deu outra coisa.
O Divaldo, que sempre foi aquela cidade todos os anos, ininterruptamente, às vezes até duas vezes por ano, desde o ano de 1959, nunca mais apareceu por lá. Só foi voltar à cidade, no ano de 1993, portanto, 7 anos depois, por insistência pessoal minha.
Em outra ocasião, com câmera e microfone na mão, convidei o Professor José Raul Teixeira a me dar uma entrevista, dirigida ao público não espírita, quando ele me perguntou:
- "Por que ao público não espírita? quem mais está precisando é o público espírita!".
Eu disse para o Raul:
Mas, Raul! o público espírita já é esclarecido! ela já tem uma diretriz de vida e já conhece essas coisas. Acho que quem está precisando mais é o público não espírita mesmo.
E o experiente Mestre me disse:
- "Baixe o facho. Você está muito empolgado e não viu nada. Eu posso lhe dar a entrevista, sim, do jeito que você quiser, mas daqui há alguns anos nós vamos nos encontrar novamente, e quero ver se o seu ponto de vista continuará o mesmo".
Para a minha tristeza, anos depois eu tive que dizer para o Raul que ele estava com a razão, quando me disse aquilo naquela época. Tive que dizer ao Jacinto Brito, também, que ele estava com razão.”
2007-06-30
05:16:09
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perguntado por
Jorge Murta
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