O que soa cômico é que do outro lado do jogo, como principal acusador na CPI, estava ninguém menos do que Álvaro Dias (PSDB-PR) — o líder da minoria no Senado.
A sonegação e a indústria da maracutaia
O senador paranaense esteve envolvido no roubo de R$ 100 milhões comandado pelo ex-prefeito de Maringá (PR), Jairo Gianoto (PSDB), e o ex-secretário da Fazenda daquela cidade, Luiz Antônio Paolicchi. Segundo Paolicchi, o dinheiro da prefeitura foi usado para pagar campanhas dos então candidatos a governador, Jaime Lerner (PFL), e a senador, Álvaro Dias. Estava também, do outro lado do balcão da CPI, figuras como o senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), protetor de gente como o banqueiro Daniel Dantas e Eliane Tranchesi, a dona da Daslu. Esses senadores representam aquela histórica fatia da sociedade para quem a corrupção é um meio de vida. A Daslu, em pleno auge das críticas à sua opulência, foi defendida também — entre outros do mesmo extrato social — pelo ex-presidente do Banco Central na “era FHC”, Gustavo Loyola.
Para ele, o fato de um investimento de cerca de R$ 150 milhões de reais gerar mil empregos diretos, como a Daslu, justificava tudo. "As críticas feitas ao consumo de luxo não têm nenhuma lógica econômica", disse Loyola. "O que não ajuda a reduzir a pobreza é não haver consumo, seja de luxo ou de qualquer outra coisa", afirmou. Eliana Tranchesi, a dona da Daslu, pegou a onda. "Não tenho culpa nenhuma pela desigualdade social", disse ela. "Já faço muito pelo país investindo e gerando empregos", pregou. Suas palavras soam como provocação. É verdade que séculos antes de a Daslu ser inaugurada o Brasil já era campeão mundial da desigualdade de renda. A sonegação fiscal e outros produtos da indústria da maracutaia instaurada pela elite brasileira também não nasceram com a Daslu.
Mas se as práticas da Daslu forem estudadas mais a fundo, elas revelarão as entranhas da mentalidade dessa gente e explicarão por que o Brasil é um país estruturado socialmente de forma tão perversa. Enquanto a cafonérrima butique — ela é a cara do provincianismo brega dos ricos paulistanos — era cercada pela lei, a elite exigia o mesmo tratamento para os camelôs com a alegação de que eles são "criminosos contrabandistas” e, travestidos de vítimas da questão social, praticam concorrência desleal por não pagarem impostos. Os acusadores são aquelas pessoas que pertencem a um segmento em que as regras de oferta, demanda e atendimento fogem de padrões normais. Geralmente, elas têm conhecimentos financeiros acima da média da população e sabem conservar e ampliar sua fortuna em um país no qual a crise econômica atinge a maioria da população.
A sonegação chegou ao esatado da arte
Elas normalmente são pessoas que entregam seu dinheiro apenas para
2006-10-12
11:20:33
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Anonymous
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Outras - Governo e Política