Caí no banheiro. Fiquei 4 horas na cerâmica de 3ª aguardando um socorro de 1ª... Achei que ia morrer de dor. Toda a posição doía. Chegou o SAMU. Me puseram sobre uma "tábua", me amarraram e me "derramaram" numa maca com rodas... Os vizinhos todos em volta... A Van foi me chacoalhando até o Hospital de Base, pois não quiseram me levar para o SOS do Santa Lúcia onde eu tenho convênio. Me jogaram nas mãos de dois estagiários(eles olhando para mim e eu olhando para eles) até que outro maqueiro com bafo-de-leite-de-onça veio me buscar para o RX(acho que não tirou "carteira", pois batia em todas as estreitas portas, ultrapassando outras macas na contra-mão), aumentando a minha dor. Como havia fila, fiquei aguardando num corredor frio, sem um lençol a cobrir-me. Enfim me viraram de todos os lados sob o RX e me mandaram aguardar... Nenhuma "foto" prestou. Começaram tudo de novo. Fui multiprocessado" de lado , de frente, de bruços... Depois outro maqueiro, mais sóbrio que um dirigente de estatal, saiu me empurrando de volta à "sala"(purgatório de todos os que chegam) dos estagiários... O mesmo "diálogo" silencioso... Minha esposa tomou a iniciativa de empurrar a maca até o ortopedista, que nem se dignou a olhar a chapa na luz apropriada à leitura de chapas, junto à parede: foi contra a luz do teto mesmo. "Aplique uma dipirona nele." O filho-da-mãe do "enfermeiro" não conseguiu achar a minha veia, após 6 tentavivas... "Aplica um Voltaren intramuscular nele", se irritou o ortopedista com o enfermeiro. Lentamente a dor começou a diminuir... Aí um maqueiro, ressaqueado, colocou uns degraus sob a maca e me ajudou a descer e ir embora. "Não quebrou nada", disse o ortopedista... "Compre esse remédio e fique de repouso com as pernas dobradas"... E gente chegando quebrada, atropelada, morta ou morrendo... Essa carta é em agradecimento aos maqueiros, aos "enfermeiros", aos estagiários, ao ortopedista, ao SAMU... Trabalham no inferno, ganham uma porcaria e não conseguem ser gentis! Essa carta também é um lembrete de que não devemos julgar os outros nem valorizar mais os bens materiais que as pessoas. O dinheiro não vale nada! Mesmo o dinheiro mais "limpo" que possa existir. Eu conheci as trevas... Lá, como no Céu, somos TODOS iguais: não importa o quanto ganhamos a mais que o outro... Serve essa carta, ainda, como alerta aos que "se acham o máximo" em banheiros "porcelanados", "granitados", "hidromassageados"... Um escorregão e... adeus terno-e-gravata... Vai peladão mesmo, como um indigente! Meu prontuário se repete em todos os hospitais públicos do governo Lula e está à disposição de qualquer "autoridade"... Aprendi que os banheiros da roça são melhores do que os das cidades. São mais seguros, só no contra-piso...
2007-02-28
05:45:43
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perguntado por
tonifilho
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