Sábado, 17 de novembro de 2007
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Um pouco de história sobre o Foro de São Paulo
por Carlos I.S. Azambuja em 05 de fevereiro de 2004
Resumo: O que é o Foro de São Paulo? Saiba todos os detalhes sobre essa entidade criada em 1990, em um Encontro Internacional convocado pelo Partido dos Trabalhadores, por inspiração do Partido Comunista Cubano.
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O motivo da criação do Foro de São Paulo (que hoje reúne mais de 100 partidos, organizações e grupos de esquerda da América Latina e Caribe), uma reedição da OLAS - Organização Latino-Americana de Solidariedade (organização similar constituída em 1966, em Havana) e da fracassada JCR - Junta de Coordenação Revolucionária (constituída em 1973, por organizações terroristas do Chile, Uruguai, Argentina e Bolívia, após a deposição do governo marxista de Salvador Allende, no Chile), foi uma das formas encontradas pelo regime cubano para sobreviver à queda do Muro de Berlim e ao desmonte do socialismo real que provocou o desmoronamento, como um castelo de cartas, de todos os partidos comunistas e movimentos aliados da ex-União Soviética. Para Cuba, então, tornou-se fundamental que as forças consideradas aliadas assumissem o controle de, pelo menos, um dos países da América Latina. É evidente que o Brasil, face às condições políticas da época (1990), foi o alvo preferido. (foto: Lula discursando no Foro de S. Paulo)
Inicialmente, o Foro era uma espécie de frente política destinada a propor “ações comuns”. Todavia, no decorrer do tempo, o Partido Comunista Cubano, de forma gradual, lenta e segura, foi dirigindo sua transformação sistemática em uma estrutura de comando centralizada, de cuja direção, hoje, fazem parte os principais grupos terroristas da América Latina.
Em 1991, foram elaborados os estatutos do Foro e escolhida uma direção que ficou composta pelo Partido Comunista Cubano, Partido da Revolução Democrática (México), Partido dos Trabalhadores (Brasil), Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador), Movimento Lavalas (Haiti), Movimento Bolívia Livre e os 6 partidos integrantes da Esquerda Unida (Peru) e da Frente Ampla (Uruguai, uma frente constituída por diversos partidos e organizações, dentro da qual o Movimento Tupamaros é hegemônico). Em 1992, a URNG - União Revolucionária Nacional Guatemalteca, que agrupa várias organizações voltadas para a luta armada, foi admitida como membro dessa direção.
Em maio de 1995, no V Encontro do Foro, realizado em Montevidéu, a sua direção já incluía, também, a Coordenadora Guerrilheira Simón Bolívar, as FARC-EP - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo, o ELN - Exército de Libertação Nacional e a Aliança Democrática M-19 (todos da Colômbia), o Partido Laborista (Dominica), o Partido Revolucionário Democrático (Panamá) e três organizações de Guadalupe: o Partido Comunista e os grupos União e Resistência e União Popular pela Liberdade
O mais recente filiado ao Foro de São Paulo é o EZLN - Exército Zapatista de Libertação Nacional. O EZLN recebe o apoio de centenas de ONGs - Organizações Não-Governamentais mexicanas e internacionais que, juntamente com determinados meios de comunicação, mantêm-se permanentemente mobilizadas para apoiar, defender e fortalecer o EZLN. Pode-se dizer que se não fosse a influência da “Internacional Internet”, das ONGs e de altos funcionários de alguns países e de organismos internacionais, as FF AA mexicanas certamente já teriam desmantelado o EZLN, localizado numa zona praticamente liberada, no Estado de Chiapas. Segundo os dirigentes zapatistas propalam, a presença do Exército em Chiapas prejudica as negociações com o governo e atrasa “o processo de paz”.
O Foro de São Paulo possui um Secretariado permanente, conforme decisão adotada em maio de 1995, no Encontro de Montevidéu. Até agora, extra-oficialmente, Manágua e Havana vêm servindo como centros de comando, e os Encontros do Foro vêm sendo realizados alternadamente em diferentes países. O de 1997 foi realizado em Porto Alegre, RS.
A revista “América Libre”, porta-voz do Foro de São Paulo, dirigida por Frei Betto, é editada em português e espanhol, na Argentina. Foi fundada em 1992, por ocasião de um Seminário comemorativo do 65º aniversário de nascimento de Che Guevara, realizado em Rosário, Argentina. É uma revista com periodicidade quadrimestral.
No primeiro número, em um artigo que fazia a apresentação da revista, Frei Betto escreveu que “é preciso não ceder à ingênua pretensão de fazer a revolução pelo voto”. Nesse mesmo número, o cubano Fernando Martinez Heredia, pertencente ao Departamento América (órgão de Inteligência do Comitê Central do Partido Comunista Cubano), membro do Conselho de Redação, escreveu que “reforma e revolução, e não reforma ou revolução, tem que ser a palavra de ordem.”
Não é esse, no entanto, o único veículo de comunicação do Foro de São Paulo. No ano seguinte, 1993, a Frente Ampla (Uruguai) foi encarregada de criar um sistema de comunicações eletrônico entre os grupos, organizações e partidos integrantes do Foro.
As organizações, partidos e grupos que integram o Foro atuam em 28 países da América Latina e Caribe e dirigem insurreições armadas no México, Colômbia e regiões produtoras de cocaína da Bolívia e Peru. Em El Salvador, Chile e Nicarágua, importantes recursos da época da luta armada foram conservados intactos por algumas organizações terroristas, aguardando que se apresentem as condições subjetivas para utilizá-los.
Partidos membros do Foro de São Paulo governam o Brasil, Cuba e Haiti, e detêm cargos importantes nos governos do Chile e Bolívia.
O Foro de São Paulo considera a insurreição do EZLN, em Chiapas, um modelo para toda a América Latina. Essa insurreição, definida por “América Libre” como “a primeira revolução pós-moderna”, tem como característica principal a utilização dos indígenas para dar proteção e fachada às operações de guerra irregular de forças terroristas, com objetivos de separatismo étnico.
Entre as organizações, partidos e grupos comunistas fora do continente latino-americano com os quais o Foro de São Paulo mantém relações fraternais, estão os partidos comunistas da Coréia do Norte, China, EUA, Canadá, Áustria, Inglaterra, França, Alemanha, Grécia, Itália e Portugal, bem como a Eta-Basca, que internacionalizou as ações de seqüestros de empresários e que, há mais de uma década, estabeleceu bases de operações na América Latina (México, Venezuela, Cuba, Nicarágua e, possivelmente, El Salvador, Uruguai e República Dominicana).
Basta recordar os seqüestros do empresário Abílio Diniz, em dezembro de 1989, e do publicitário Washington Olivetto, em dezembro de 2001, ambos em São Paulo, bem como a libertação, em São Paulo, em 1987, do Cel. do Exército chileno Carlos Carreño, seqüestrado no Chile. São exemplos da internacionalização desse tipo de crime. Recorde-se que do seqüestro do empresário Abílio Diniz participaram chilenos, argentinos, canadenses e brasileiros. Posteriormente, em 1993, quando da explosão de um “bunker” na Nicarágua, documentos apreendidos vincularam esses seqüestradores à Eta-Basca, a dirigentes da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador), e a ex-dirigentes do aparelho de Inteligência sandinista. Do seqüestro de Washington Olivetto participaram chilenos, argentinos e colombianos, além de, pelo menos, duas brasileiras.
A COPPPAL - Conferência Permanente dos Partidos Políticos da América Latina, entidade vinculada à Internacional Socialista; o Novo Partido Democrata (Canadá), que enviou representantes a várias conferências do Foro e dá seu apoio ao EZLN, em Chiapas; o Instituto Democrata Nacional e a Fundação Nacional pela Democracia (ambos dos EUA); a Internacional Socialista; e o Centro Tricontinental da Universidade de Louvain, Bélgica, são aliados, dão apoio e prestam solidariedade ao Foro de São Paulo.
A ideologia que permeia os diversos partidos e organizações componentes do novo terrorismo pós-Guerra Fria é um misto de indigenismo, etnicidade, ecologia e Teologia da Libertação. O denominador comum, todavia, é a defesa e a solidariedade com Cuba castrista.
Nesse sentido, Frei Betto, diretor de “América Libre”, e o ex-Frei Leonardo Boff, membro do Conselho de Redação, bem como marxistas de todo o mundo, agora, após a queda do Muro de Berlim e do desmonte do socialismo real, passaram a buscar novos modelos de análise social e discursos políticos.
É significativo o título do último livro de Leonardo Boff - “Ecologia, Grito da Terra, Grito dos Pobres” - lançado pela editora Ática. Segundo ali foi escrito, não basta apenas defender os excluídos mas é preciso também defender a Terra. Segundo Boff, a Teologia da Libertação é, hoje, “mais verde do que vermelha”, ou seja, mais ecológica do que marxista, numa referência à necessidade de seus adeptos dedicarem uma maior preocupação à ecologia e ao meio ambiente.
Frei Betto, por sua vez, no seu livro “A Obra do Artista. Uma Visão Holística do Universo”, também lançado pela editora Ática, explora a teoria da relatividade, a física quântica e a astrofísica para explicar a obra do “Artista” (como ele se refere ao Senhor).
Para ambos, hoje é fundamental ampliar o conceito de libertação, fazendo uma apropriação da ciência e dos avanços da tecnologia, na defesa dos pobres, “os mais ameaçados pela natureza”.
Nem frei Betto e nem o ex-frei Boff, no entanto, foram originais nessas suas pesquisas e descobertas sobre o que deva ser o marxismo hoje. Ernest Mandel (já falecido) - dirigente do Secretariado Unificado da Quarta Internacional, uma das correntes de opinião em que se pulveriza a ideologia trotskista em nível internacional e que integra a Direção Nacional do Partido dos Trabalhadores -, já havia escrito que “os marxistas devem integrar dentro de suas teorias fundamentais os resultados acumulados das investigações científicas correntes (...) Integrar no combate pelo socialismo e no nosso modelo de socialismo os aspectos essenciais da crise ecológica (...)” (artigo “A Renovação do Marxismo”).
A principal ideóloga do Foro de São Paulo é, sem dúvida, Marta Harnecker, chilena, radicada em Cuba desde a deposição de Salvador Allende, (viúva de Manuel Piñero Losada, desde 1959 membro importante da “Nomenklatura” do PC e do aparelho de Inteligência cubano até sua morte em 1997). Nos anos 60 e 70, seu livro “Conceitos Elementares do Materialismo Histórico”, que acaba de ter sua 59º edição lançada pela editora “Siglo XXI”, do México, serviu de catecismo às esquerdas de todo o continente. É presidente do Centro de Recuperação e Promoção da Memória Histórica do Movimento Popular Latino-Americano, com sede em Havana, através do qual são coordenadas várias atividades da esquerda latino-americana.
Como já foi dito, mais de 100 partidos, organizações e grupos de esquerda da América Latina e Caribe integram o Foro. Diante disso, poderá ser estimado um total em torno de 250 mil quadros e simpatizantes, com cerca de 20/30 mil deles armados ou com acesso a armas.
O destacado papel que as FARC desempenham na estrutura do Foro, serve de exemplo da relação integral deste com o narcotráfico. Em uma conferência realizada por “América Libre” em Buenos Aires, em 18/20 de agosto de 1995, o líder boliviano Evo Morales (presidente do CAPHC - Conselho Andino de Produtores de Folhas de Coca), que por várias vezes já esteve detido pelas autoridades bolivianas, e que chegou a ser candidato à presidência da Bolívia, sendo derrotado, anunciou uma estratégia de resistência continental à erradicação da coca, bem como uma campanha internacional, coordenada, em favor da sua legalização. Em última análise, uma campanha em favor do narcotráfico e dos narcotraficantes.
O Novo Movimento pela Independência de Porto Rico, por sua vez, que há pouco tempo aderiu ao Foro, já ameaçou com a realização de ações terroristas contra a possível instalação, no país, pelos norte-americanos, de um radar voltado ao combate do tráfico de drogas.
Os Encontros do Foro de São Paulo
- julho de 1990, em São Paulo: conferência de fundação, sob a denominação de “Encontro Latino-Americano e Caribenho de Partidos e Organizações de Esquerda”. A tese apresentada a esse Encontro foi intitulada “O que foi Perdido no Leste-Europeu será reconquistado na América Latina”;
- junho de 1991, no México: II Encontro, com o tema “A América Latina e o Caribe em face da Reconstrução Hegemônica Internacional”. Esse II Encontro foi precedido de uma reunião preparatória, realizada na cidade do México, em Mar 91, na qual foi definido, mediante acordo, que a partir do II Encontro seria firmado o conceito do CARÁTER CONSULTIVO e DELIBERATIVO dos Encontros. Isso significa que as decisões aprovadas em plenárias e constantes das Declarações finais passaram, a partir de então, a ser consideradas DELIBERATIVAS, isto é, DECISÓRIAS EM TERMOS DE ACEITAÇÃO E CUMPRIMENTO pelos membros do Foro, subordinando-os, portanto, aos ditames dos Encontros na ação a ser desenvolvida em nível internacional e nos respectivos países. Tais deliberações obedecem a uma política internacionalista, com vistas à implantação do socialismo no continente, fato que transfere para um segundo plano os interesses nacionais e fere os princípios da soberania e autodeterminação. A Lei Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP) e a Constituição da República definem que “A ação do partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com o seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros” (artigo 17 da Constituição e item II, artigo 5º da LOPP).
Os termos da Declaração Final, aprovada no II Encontro, referiram-se ao irrestrito apoio a Cuba e à Revolução Cubana; solidariedade aos governos socialistas e comunistas da América Latina e Caribe; condenação do neoliberalismo, e conscientização de que os enormes desafios da América Latina não podem ser solucionados isoladamente, “mas através da transformação das nossas sociedades e da integração política e econômica de seus povos” (transcrito do jornal “Granma”, porta-voz do Partido Comunista Cubano, 21 de julho de 1991);
- julho de 1992, em Manágua, Nicarágua: III Encontro, cujo tema básico foi “O Estudo das Alternativas de Desenvolvimento e Integração da América Latina e Caribe”. A declaração final do encontro não foi publicada;
- julho de 1993, em Havana, Cuba: IV Encontro, que abordou o tema “O Socialismo de Caráter Marxista não Morreu e é possível restaurá-lo na América Latina”. Nesse Encontro, foi proposta a necessidade do estabelecimento de um marcante espírito de solidariedade continental, através de uma atuante política de internacionalização e de um acerbado sentimento de apoio ao regime imposto a Cuba por FIDEL CASTRO.
Segundo o “Granma” de 24 de julho de 1993, Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do PT, presente ao Encontro, declarou: “A heterogeneidade do movimento revolucionário progressista e democrático da América Latina é muito complicada, mas só o fato de nos reunirmos, de nos entendermos pessoalmente, com o propósito de construir uma política de solidariedade, representa um saldo inegável e um mérito para o Foro de São Paulo”.
Fidel Castro, ao referir-se à Declaração Final aprovada no Encontro, assinalou que: “Podemos dizer que esta Declaração Final é, praticamente, um programa de luta e um programa da esquerda da América Latina e Caribe. Se conseguirmos alcançar esses objetivos, chegaremos tão longe como ninguém é capaz de imaginar” (jornal Granma, 27 de julho de 1993);
- maio de 1995, em Montevidéu, Uruguai: V Encontro, cujo tema foi “A Ofensiva do Neoliberalismo e o Avanço da Globalização em Detrimento dos Países Pobres”. A Declaração Final, mais uma vez, continha um posicionamento dos participantes do Encontro contra o bloqueio a Cuba e contra o Estado de Sítio em vigor, na época, na Bolívia, e de solidariedade aos zapatistas e aos petroleiros brasileiros, então em greve.
Os temas discutidos nesse Encontro concentraram-se na questão do Poder, pois a estratégia desenhada em 1993, em Havana, de tomada do poder mediante eleições, havia fracassado em toda Latino-América. Nesse sentido, foi recordado que embora as eleições realizadas em 1993 e 1994, em 14 países da América Latina, não tenham alcançado as expectativas manifestadas no IV Encontro, os partidos integrantes do Foro de São Paulo elegeram mais de 300 deputados, cerca de 60 senadores, vários governadores, centenas de prefeitos e milhares de vereadores, totalizando um quarto do eleitorado desses países. Todavia, nas sessões de autocrítica, dirigidas por Marta Harnecker, chegou-se à conclusão que os partidos-membros do Foro perderam as eleições por terem feito demasiadas concessões pragmáticas.
A Resolução Final deu respaldo aos guerrilheiros do EZLN, qualificados de “representantes de novas formas de expressão, democracia e poder popular”. O autodenominado Sub-comandante Marcos pronunciou-se no Foro através de um vídeo, levado pela delegação do PRD - Partido Revolucionário Democrático do México.
A esse V Encontro esteve presente, na qualidade de observador, um dirigente do “Herri Batasuma”, braço político da organização terrorista Eta-Basca.
O chefe da delegação cubana, Abel Prieto, presidente da União de Escritores e Artistas de Cuba, membro do Comitê Central e do Birô Político do Partido Comunista Cubano, argumentou em seu pronunciamento que se deveria fortalecer o Foro, para “enfrentar a crise geopolítica”. Sobre o desmonte do socialismo real, assim se pronunciou: “Temos que separar o pensamento e a ação de Marx, Engels e Lenin das aberrações cometidas em nome desses fundadores, e temos que separar também as vulgarizações, reduções e cápsulas pseudoteóricas que circularam profusamente e que tanto dano fizeram no terreno das idéias comunistas. No devido tempo, devemos recuperar todo o pensamento marxista contemporâneo, figuras como Gramsci e Mariátegui e, em geral, todo o pensamento da emancipação, em especial o que cresceu na América Latina”.
Entre o V e o VI Encontro, em abril de 1996, na Selva Lacandona, Chiapas, México, foi realizado o “Encontro Internacional Contra o Neoliberalismo e pela Humanidade”, convocado pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional. Gilberto Carvalho, membro da Executiva Nacional do PT, atual assessor do presidente Lula no Palácio do Planalto, representou o partido nesse Encontro que, no Brasil, foi o encarregado de relacionar e credenciar os que desejassem participar.
Uma delegação de 12 brasileiros, composta por militantes do PT, CUT, MST e CIMI - Conselho Indigenista Missionário, esteve presente. Também participaram Danielle Mitterrand, viúva do presidente Mitterrand, e o sociólogo francês Alain Touraine. Este, em entrevista publicada pelo jornal “O Globo” de 2 de agosto de 1996, classificou o Partido da Social Democracia Brasileira como “pura *****”. Regis Debray, guerrilheiro nas selvas da Bolivia junto com Che Guevara, na década de 60, não compareceu mas enviou uma mensagem ao “Sub-comandante Marcos” expressando sua adesão “à grande causa zapatista”.
A esse Encontro Internacional nas selvas de Chiapas estiveram presentes cerca de 3 mil nostálgicos militantes de organizações de esquerda, movimentos sociais e ONGs de 42 países.
O “Sub-comandante Marcos” - o guerrilheiro do fax e da Internet -, em seu discurso, assegurou que foi lançada uma nova guerra mundial contra a humanidade e que a “nova internacional do terror está representada pelo neoliberalismo”. Disse ainda: “Não temos nenhuma idéia do que queremos. Não sabemos se o zapatismo é uma alternativa ao neoliberalismo”. Indagado pelos jornalistas sobre quais seriam as condições objetivas para que seu “exército” abandone as armas, respondeu com três palavras: “um mundo melhor”.
O acordo mais fundamental dos zapatistas com seus aliados internacionalistas foi o relativo à “supressão da dívida externa”. O acordo mais misterioso, contudo, mas de inegável conteúdo político, foi o de constituir uma “Internacional de Mulheres Contra o Neoliberalismo Patriarcal”. Um outro aspecto do Encontro, que intrigou os analistas, foi a exigência em favor de “uma nova definição do tempo cósmico”, bem como a criação de uma rede internacional de mulheres feministas e lésbicas; a abolição da Organização das Nações Unidas e “ações” contra o Banco Mundial e o FMI, bem como a descriminalização das drogas e eliminação dos manicômios. Como diria Stanislau Ponte Preta, um virtual samba do crioulo doido!
Como se observa, cada sobrevivente da utopia da esquerda que inebriou corações e mentes, procura chegar o mais próximo que pode do seu último ícone. Todavia, com esses tipos de Encontros, análises e resoluções, o genuíno pensamento de esquerda não tardará a sair das páginas da ciência política para tornar-se um tema antropológico.
Posteriormente, em 14 e 15 de junho de 1996, sob o patrocínio do Foro de São Paulo, do Partido Comunista Cubano e da Assembléia Nacional do Poder Popular de Cuba, foi realizado, em Havana, um “Encontro de Parlamentares pela Soberania e Integração da América Latina e Caribe”, evento que contou com a participação de 171 parlamentares de 17 países da região, e ao qual não foi dado qualquer tipo de divulgação no Brasil, desconhecendo-se os nomes dos brasileiros que dele participaram, além do senador Amir Lando, atual ministro da Previdência Social.
Segundo a Declaração Final, divulgada pelo jornal “Granma”, o Encontro analisou a “crise global do modelo neoliberal e seu impacto nos âmbitos econômico, social e político; o problema das diferenças entre o Norte e o Sul; os sintomas de ingovernabilidade; os efeitos das novas tecnologias; e a deterioração do papel dos Parlamentos e dos partidos políticos”.
Foi também discutida a “necessidade de mudanças que garantam a participação popular nas atividades legislativas e que incidam na situação econômica e social, garantindo o processo de genuína integração e defesa da soberania de cada um dos países da América Latina e Caribe”.
Os parlamentares presentes concordaram - ainda segundo o “Granma”- “que não pode existir uma verdadeira democracia nos lugares onde a cada dia cresce a pobreza e a injustiça, a corrupção, a deterioração do meio ambiente e a exclusão do bem-estar social de mais da metade da população dos países da região”.
Finalmente, como ocorre em todo e qualquer Encontro organizado pelas esquerdas do continente, foi condenada a chamada Lei Helms-Burton, que “acirra o bloqueio a Cuba, viola o Direito Internacional e lesa os interesses e a soberania de todos os países”.
- julho de 1996, em El Salvador, foi realizado o VI Encontro, do qual participaram representantes de cerca de 100 partidos e organizações de esquerda da América Latina e Caribe. A delegação do PT estava composta por 5 pessoas, entre as quais Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu.
Nesse Encontro foi proclamado que o socialismo não estava morto e sim, que havia sido “reformado”. Lula, em seu discurso, fez referência às três gerações da esquerda neste século: a primeira, comunista, construída com o nascimento da União Soviética; a segunda, que se baseou na luta armada inspirada pela revolução cubana; e a terceira, originada nos anos 80, comprometida com a democracia. Concluiu, fazendo um apelo à unidade das esquerdas.
Preocupado com a repercussão de que o “Foro” seria uma nova Internacional para a América Latina, Lula, em seu discurso, declarou: “O Foro de São Paulo não é uma nova Internacional. É apenas um Foro, que não pretende imiscuir-se na situação interna de nenhum país ou partido”.
Recorde-se que o apelo de Lula à unidade não é uma novidade. É uma colocação que vem sendo feita às esquerdas de todos os matizes, pelos ideólogos de todos os quadrantes, desde o lançamento do Manifesto Comunista, em 1848, concluído por Marx e Engels com a famosa frase “Proletários de todos os países, uní-vos”.
Ao final do Encontro em El Salvador, foi decidido que o VII Foro de São Paulo seria realizado em 1997, no Brasil, sob a coordenação do Partido dos Trabalhadores, o que, de fato, ocorreu, tendo sido realizado em Porto Alegre-RS, ao final de julho de 1997.
Em Porto Alegre-RS estiveram presentes cerca de 400 representantes de partidos e organizações de esquerda do continente. José Dirceu, presidente do PT, abriu oficialmente o Encontro, falando em nome do PT, PSB, PCB, PC do B, PDT e PPS, partidos que, segundo ele “se consideram unidos e integrados no espírito do Foro”. Em sua fala, o presidente do PT teceu críticas ao neoliberalismo e exaltou o avanço das “forças contrárias a ele, conformadas na insurreição na Colômbia; vitória da Frente Farabundo Martí, em El Salvador; luta dos estudantes e operários sandinistas, na Nicarágua; vitória do Partido da Revolução Revolucionária, no México; crise no Peru, prenunciando a queda de Fujimori; crescimento da esquerda radical, na Argentina, com chances de vitória nas eleições presidenciais de outubro; e derrota da direita conservadora, na França e Inglaterra, sinalizando descenso do neoliberalismo como força política e ideológica”.
Salientou, por fim, que o Foro abre caminho para a solidariedade e unidade das forças de esquerda do continente, declarando: ”Façamos da América Latina, façamos do exemplo de luta dos sem-terra no Brasil, um exemplo para todos os movimentos populares da América Latina e, com o espírito de Che, vamos à luta e à vitória, companheiros”.
O Documento Central aprovado pelo Foro teve por base o Documento de Análise da Conjuntura, redigido em Havana e apresentado pela delegação cubana, composta por 14 pessoas, dentre as quais o embaixador no Brasil, o Conselheiro Político da embaixada, membro da Inteligência cubana, o substituto de Manuel Piñero Losada na chefia da Inteligência cubana, o vice-Cônsul de Cuba em São Paulo e Marta Harnecker.
As principais propostas aprovadas no VII Foro de São Paulo foram:
- a criação de uma Coordenadoria de Mulheres, pertencentes aos partidos de esquerda da América Latina e Caribe, para funcionar em caráter permanente, integrada por representantes do PRD (mexicano), PT e PC do B (do Brasil), PC Cubano, Frente Ampla (Uruguai), Liga Socialista (Venezuela) e Frente Sandinista (Nicarágua). A constituição dessa Coordenadoria de Mulheres atende à decisão adotada em Abr 96, em Chiapas, de criar uma “Internacional de Mulheres contra o Neoliberalismo Patriarcal”;
- criar um Comitê de Municipalidades, dotado de uma Coordenação e uma Secretaria-Geral;
- criar uma Secretaria Permanente de Parlamentares, constituída por representantes de cada um dos países representados no Foro, a fim de “melhorar a coordenação dos parlamentares dos partidos integrantes do Foro”;
- instituir, com caráter permanente, o Seminário de Cultura do Foro de São Paulo, com o objetivo de “avançar na constituição de políticas culturais para a América Latina e Caribe”;
- criar o Fórum Empresarial da América Latina, com o objetivo de “formar uma rede de empresários que lutará pela implantação de um modelo econômico solidário que coloque como prioridades a erradicação da pobreza, a justa distribuição de renda, o desenvolvimento com geração de empregos, a ética nos negócios e a preservação dos nossos patrimônios humanos, culturais, econômicos e ambientais”;
Essa foi uma proposta da CIVES - Associação dos Empresários pela Cidadania (Brasil), APYME - Assembléia de Pequenos e Médios Empresários (Argentina) e ANIT - Associação Nacional de Indústrias em Transformação (Uruguai).
Além das decisões acima, o Encontro deu respaldo ao “Encontro Mundial de Solidariedade entre as Mulheres", que seria realizado em Havana em 13/16 de abril de 1998.
Na ocasião foi decidido que o próximo Encontro seria realizado no México.
Antes disso, o Grupo de Trabalho do Foro reuniu-se em Montevidéu e definiu que o tema do 8º Foro seria “A Esquerda Latino-Americana e Caribenha no Ano 2000”, abordando os desafios frente a inserção da América Latina no mundo, sua relação com os movimentos sociais e as formas de expressão e solidariedade.
O Grupo de Trabalho voltou a reunir-se na Nicarágua dias 19 (dia do aniversário da revolução sandinista ocorrida em 1979), 20 e 21 de julho de 1998 para discussão das propostas programáticas e planos de ação concretas, mecanismos de centralização e descentralização, periodicidade dos Encontros e definições relativas aos acordos com forças políticas da Europa.
Recorde-se que o Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo é integrado por 7 partidos e Organizações, que constituem o Secretariado Permanente do Foro - organismo constituído por decisão adotada no 5º Encontro -: Partido Comunista Cubano, Frente Sandinista de Libertação Nacional (Nicarágua), Partido dos Trabalhadores (Brasil), Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador), Partido Revolucionário Democrático (México), Frente Ampla (Uruguai) e União Revolucionária Nacional Guatemalteca.
Essa reunião realizada na Nicarágua decidiu que o 8º Foro deveria dar respaldo às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), em seu diálogo com o novo governo recém-empossado na Colômbia. E mais: redigiu uma proposta de Declaração Final, para aprovação pelos participantes do 8º Foro.
Ao 8º Foro estiveram presentes delegações do Partido dos Trabalhadores e do Partido Comunista do Brasil.
A delegação do Partido dos Trabalhadores foi constituída pelas seguintes pessoas: Marco Aurélio de Almeida Garcia (Secretário de Relações Internacionais do partido), Ana Maria Stuart (assessora do Secretário de Relações Internacionais), deputada federal PT/MG Joana D’Arc Guimarães e deputado federal PT/SP Arlindo Chinaglia.
A delegação do PC do B foi composta por José Reinaldo de Carvalho (membro do Comitê Central e Secretário de Relações Internacionais do partido) e pelo Vereador PC do B/Salvador, Bahia, Francisco Javier Alfaya. A comitiva do PC do B defendeu a tese de que a esquerda continental deve esforçar-se para unir-se e aproximar-se de outros setores, inclusive “segmentos políticos que se desgarram das bases de governos vacilantes ou de orientação neoliberal”. Como exemplo dessa linha foi mencionada a experiência brasileira, “com a chapa unitária de apoio a Lula e a aproximação de lideranças como Itamar Franco e alguns governadores eleitos no segundo turno, constituindo uma linha de resistência à política mais progressivamente anti-popular e anti-nacional”. Esse posicionamento político foi também defendido por outros partidos integrantes do Foro, como o Partido Comunista Cubano, a Frente Ampla (Uruguai), o Partido da Revolução Democrática (México), a Frente Sandinista de Libertação Nacional (Nicarágua), a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador) e o Partido dos Trabalhadores (Brasil).
Ao Encontro estiveram presentes delegados representando 58 Organizações e partidos de esquerda da América Latina e Caribe (mesmo número de delegações presentes ao 7º Foro, em 1997, em Porto Alegre), além de representantes de 14 delegações convidadas da Ásia, Europa e África.
Um dos que usaram a palavra foi o guerrilheiro colombiano Marco Leon Calarca, militante das FARC que vive no México, criticando o Foro, “por mover-se entre todas las aguas de la nueva izquierda”, definindo que, para as FARC, “o caminho continua sendo o do socialismo”, “embora essa não seja a posição do Foro, em face da amplitude do seu arco de opções”. Sustentou que o modelo econômico alternativo, definido como “Terceira Via” não é a melhor solução para a pobreza do mundo e sim, “apenas uma reedição da social-democracia, que já demonstrou sua incapacidade”.
Durante os 4 dias de realização do Encontro, nenhuma menção foi feita e nada foi dito sobre o ataque das FARC, realizado em 01 de novembro, contra um quartel de Polícia na região leste da Colômbia, que manteve em poder da guerrilha, por 3 dias, a cidade de Mitú, capital do Departamento de Vaupés, na fronteira com o Brasil. Durante esse ataque, segundo as agências internacionais de notícias, teriam sido mortas cerca de 150 pessoas. Simultâneamente, outro grupo guerrilheiro, o Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciou que, apesar das negociações de paz com o governo, não suspenderá as sabotagens à infra-estrutura petrolífera do país.
- em 19/21 de fevereiro de 2000 foi realizado, em Manágua, Nicarágua o 9º Encontro do Foro. O Encontro abordou os seguintes temas: condição da mulher; juventude; o papel dos micro, pequenos e médios empresários; universidade pública; o papel dos parlamentares; diversidades étnicas; movimentos sociais e o papel dos cristãos nos processos de mudanças sociais e políticas.
A delegação do PT a esse Encontro estava composta por Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Almeida Garcia e Ana Maria Stuart.
- em dezembro de 2001 foi realizado o 10º Encontro em Havana/Cuba. Presentes 513 delegados e observadores de 82 países da América Latina, Caribe, Europa, África e Ásia, representando 73 partidos membros do Foro e 138 partidos, organizações e movimentos políticos convidados. Do Brasil estiveram presentes delegações do PT, PC do B, PSB, PDT e PPS. Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente.
Os temas debatidos foram: ALCA; Plano Colômbia; a relação do Foro com o Fórum Social Mundial e com os movimentos contra a globalização neoliberal; a realidade mundial após o 11 Set 2001 e a luta pela paz. O discurso de abertura foi proferido por José Ramon Balaguer Cabrera, membro do Comitê Central do Partido Comunista Cubano, do Conselho de Estado e chefe do Departamento de Relações Internacionais do Comitê Central. Fidel Castro pronunciou dois discursos e participou da maioria dos debates. O 11º Encontro do Foro foi agendado para a Guatemala em 27/30 de novembro de 2002.
Junto a Lula nesse 10º Encontro, estavam o comandante Fidel Castro, o comandante nicaragüense Daniel Ortega, representantes de partidos comunistas de todos os continentes e delegados das FARC, ELN e TUPAC-AMARU (incluídas na relação de organizações terroristas organizada pelo Departamento de Estado dos EUA após o 11 de setembro de 2001). Representando as FARC estava presente o comandante Ramiro Vargas que, anteriormente, em janeiro, também representou as FARC no 2º Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.
Ramiro Vargas, em seu discurso, exortou o Foro de São Paulo a reforçar sua solidariedade com a Venezuela, cujo governo revolucionário – segundo afirmou - “se ergue como um muro de contenção aos interesses hegemônicos norte-americanos na área andina”.
Considerações Finais
Como vimos, participam do Foro São Paulo partidos e organizações de esquerda, reformistas e revolucionárias; PCs que se definem como marxistas-leninistas; organizações e grupos trotskistas; PCs que continuam se definindo como marxistas-leninistas-maoístas (da Argentina, Peru e Uruguai) e que possuem uma articulação internacional própria em 17 países; PSs filiados ou não à Internacional Socialista; organizações que continuam desenvolvendo processos de luta armada, como as FARC e ELN, na Colômbia e organizações que participaram da luta armada e hoje atuam na legalidade, como o Movimento 19 de Abril, também da Colômbia e os Tupamaros, do Uruguai.
Dessas organizações e partidos, os que têm maior peso e influência no Foro de São Paulo, são indubitavelmente, pela ordem, o Partido Comunista Cubano, o PT, a Frente Ampla do Uruguai e o PRD mexicano.
O fim da Guerra-Fria, o desmantelamento do socialismo real e o fim do próprio Estado Soviético, tiraram um peso que pairava sobre o mundo, mas trouxeram à tona uma série de problemas que passaram a conformar palavras-de-ordem de várias Organizações Não-Governamentais e - na ausência de uma ideologia - também a linha política de partidos, organizações e grupos de esquerda, em várias partes do mundo. Afinal, os quase 40 anos de Guerra-Fria foram um período relativamente estabilizado, no qual os limites eram obedecidos e as duas superpotências mantinham, bem ou mal, o compromisso de não assustar uma à outra.
Com uma única superpotência, com o nacionalismo exacerbado, o indigenismo, a ecologia, a luta pela preservação do meio ambiente, a etnicidade, os problemas de fronteiras, os direitos humanos, o narcoterrorismo e o ciberterrorismo, a posse de tecnologias letais por grupos ou indivíduos fanatizados (o gás sarin, as explosões de Oklahoma, EUA, e da sede da AMIA, em Buenos Aires, os atentados no metrô de Paris e da Eta-Basca, na Espanha e, finalmente o ato terrorista contra as torres do World Trade Center e as torres gêmeas), e outros tipos de problemas, que pareciam sepultados, como o estupro e a matança étnica elevados à categoria de tática militar, como ocorreu recentemente nos Balcãs, bem como os riscos da expansão indiscriminada da energia nuclear para fins não-pacíficos, o mundo de hoje mostra-se relativamente mais perigoso.
Esses são alguns dos problemas que podem não ser exatamente um caldeirão à espera de ebulição, mas preocupam.
Após os 40 anos da era denominada Guerra-Fria, seguida dos 12 anos da fase pós-Guerra Fria, tudo indica que o mundo iniciou outra fase que poderá ser denominada Era do Terror.
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Carlos I. S. Azambuja é historiador.
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2007-11-17
07:21:39
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perguntado por
jennifer hirata
4
em
Lei e Ética