A Bíblia não nega que Satanás tem poder; ao contrário, reconhece sua força. Observem as palavras proferidas pelo Senhor ao apóstolo Paulo: “Levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 26.16-18, grifo do autor).
Notem que o texto fala sobre o poder de Satanás. O mesmo apóstolo também transmitiu à Igreja algo muito importante sobre as habilidades de Satanás: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras” (2Co 11.14,15).
Por conseguinte, Satanás pode facilmente gerar premonições malignas, porém, estas só ocorrem com indivíduos que não caminham com Deus, com aqueles que ainda não nasceram de novo. Essas manifestações sem propósito são fatos que comprovam como o diabo é sutil, mostrando novamente que ele pode se manifestar vestido de “anjo de luz” para ludibriar os incautos.
Deus pode gerar premonições?
Certa feita, o apóstolo Paulo teve uma premonição da parte de Deus, por meio da qual um homem lhe rogava: “Passa a Macedônia, e ajuda-nos” (At 16.9). Paulo, prontamente, obedeceu (v.10), pois concluiu que era o Senhor quem o estava chamando para pregar o evangelho naquela localidade.
Observem o propósito do fato, porque, naquele mesmo capítulo de Atos, nos é informado que Paulo e Silas chegaram a Filipos e, por vários dias, enquanto pregavam pelas praças a Palavra de Deus, foram seguidos por uma jovem que tinha um espírito de adivinhação, bradando incessantemente pelas ruas: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da Salvação, são servos do Deus altíssimo”.
A narração bíblica afirma que, por adivinhação, a moça obtinha grande lucro aos seus patrões. Diante desta circunstância, Paulo, então indignado, expulsou dela aquele espírito mau. O espírito era um demônio (At 16.18).
O leitor pode observar que se trata de duas experiências de premonição. No primeiro caso, Paulo teve o conhecimento antecipado de que deveria seguir para a Macedônia e lá anunciar o evangelho, a premonição era verdadeira e derivava dos desígnios de Deus. No segundo caso, a moça que gritava pelas ruas possuía um espírito de adivinhação e sua premonição acerca de Paulo e Silas era igualmente verdadeira. O que poderia ser censurado então? O problema era a fonte de sua premonição, pois seu poder em prever o futuro e adivinhar fatos derivava da parte dos demônios.
Assim, realmente podem ocorrer casos como o explorado pela mídia, mas vejamos algumas proposições teológicas e factuais sobre a questão e por que acreditamos que essas premonições não seriam provenientes da parte de Deus:
1.) O anjo que aparecia na novela é um menino, mas na Bíblia não há registro de aparições de anjos infantis. Sempre que houve aparições de anjos na Bíblia eles vieram em suas formas celestiais (Cf. Is 6; Ez 1) ou em forma de homens (Cf. Gn 18; Lc 24.4).
2.) O menino anjo causava extremo pavor e desespero em seus aparecimentos, trazendo escravidão e deixando as pessoas sem paz de espírito, mas, em oposição a isto, a Bíblia declara que onde há o Espírito do Senhor há liberdade e paz (Cf. 2Co 3.17; Rm 8.15).
3.) A linguagem do menino anjo não era bíblica, pois os anjos bíblicos não dizem o que querem, somente reproduzem a Palavra de Deus. Observem: “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo; o qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto” (Ap.1.1,2; grifo do autor).
4.) Ainda cabem aqui as premonições derivadas do próprio homem que, por sua vez, pode agir de má-fé, arquitetando presságios com a finalidade de aproveitar o misticismo popular para se autopromover.
Como saber se tal revelação provém ou não de Deus?
Moisés deixou o “fundamento” para que o povo de Israel pudesse saber se as premonições preditas vinham da parte de Deus ou não. Se o sinal ou premonição acontecesse, o profeta era verdadeiro e se não acontecesse, um charlatão e falso profeta (Dt 18.2,22).
O maior problema se constrói quando o falso profeta ou visionário fala e seu vaticínio se cumpre. Sempre há uma porcentagem de acertos nessas premonições. Até os magos de Faraó, no Egito, apesar de não conseguirem reproduzir todos os milagres que Deus operou por meio de Moisés, fizeram alguns milagres com muita precisão (Êx 8.7).
Como saber, então?
A Palavra de Deus pode explicar isto, esclarecendo, mediante o próprio Moisés, qual é o propósito de Deus quanto à permissão de um sinal ou prodígio: “Quando o profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma” (Dt 13.1-3; grifo do autor).
O texto supracitado nos mostra a possibilidade de uma previsão acontecer, mesmo sendo elaborada por um falso profeta ou por uma profetisa. Por isso, temos de estar sempre atentos.
Para os que buscam as premonições
Para aqueles que gostam de premonições, e as buscam, gostaríamos de informá-los que Deus já revelou na Bíblia seu plano para o futuro de todos os homens e condena, de forma contundente, todos aqueles que querem descobrir futuros acontecimentos pela boca dos adivinhadores e feiticeiros (Ap 21.8).
Se a nossa vida está nas mãos do Senhor, já somos mais do que vencedores, independente das adversidades que possam se levantar em um futuro próximo (Rm 8.37). O que importa, em suma, é estarmos hoje com Deus. Do nosso futuro o Senhor há de cuidar!
Referências:
Revista Defesa da Fé. Edição Especial de 1998.
Espiritismo: a magia do engano, R.R. Soares, Editora da Graça, 1984.
Síndrome de Lúcifer, D’Araujo Filho, Editora Betânia, 1988.
2007-01-15
04:04:57
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Anonymous
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Religião e Espiritualidade