28/12/2006
Lá e aqui é tudo igual
O Rio de Janeiro acorda hoje apavorado. Inúmeras ações criminosas causaram ferimentos e mortes até agora não contabilizados. Danos com incêndios a ônibus, perseguições, tiroteios, granadas jogadas em delegacias ou em viaturas policiais, num estilo bem parecido com São Paulo. As mídias apresentam suas reportagens mas por algum motivo desconhecido nenhum meio de comunicação, em todo o Brasil, tem a coragem de sustentar o real motivo pelo qual o caos está se disseminando nas grandes cidades brasileiras: durante anos as cúpulas das policias, assim como os políticos e administradores públicos, têm se dedicado a se enriquecer com o envolvimento em fraudes, desvios, corrupção e cometimento de crimes comuns. O serviço público foi relegado a um dos últimos planos. Daí, a rotina são sanguessugas, mensalões, cuecões, dossiês, fraude no INSS etc. etc. etc.
Em contrapartida, algumas mídias descobriram uma fórmula de faturar “por fora”, não divulgando o nome dos envolvidos em escândalos. Desta forma este ou aquele meio de comunicação, sabe-se lá o motivo, passou a escrever tergiversando: “... vereador de cidade pequena desvia combustível ...”, “... diretor de polícia ganha carro novo para fazer vistas grossas no tráfico de entorpecentes ...”, "... Chefe de Polícia acerta preço com cafetina para não coibir prostituição infantil ..." e outras notícias camufladas. Os responsáveis, não vendo seus nomes nos jornais, sentiam-se seguros para continuar a “ganhar dinheiro”, repassando parte deste para os "jornalistas amigos". Desta forma criava-se no Brasil uma situação inusitada: a liberdade de imprensa com uma imprensa sem liberdade. Era a censura pelo dinheiro.
O Ministério Público, por sua vez, nada podia fazer porque ficava impossibilitado de iniciar uma investigação sem ter um “alvo” específico - era tudo "disse me disse". Os policiais honestos, funcionários das Câmaras, das Assembléias, inibiam-se de contar o que sabiam porque as noticias não sairiam completas ou os nomes seriam omitidos. E assim, dia a dia, os bandidos comuns foram se fortalecendo, os bandidos sociais ficando mais ricos e, conseqüentemente, mais poderosos e com certeza de impunidade.
O crime organizado se organizou. A polícia se desorganizou. Os políticos se organizaram em quadrilhas (ou bandos). Os honestos se prejudicaram, foram perseguidos, punidos e se acovardaram.
Agora a população reclama que não há segurança, não se pode andar nas ruas sem estar sujeito aos seqüestros relâmpagos, estupros e outras violências. Artigos e reportagens dão conta da inversão de valores onde vivemos como presos (encarcerados em nossas próprias casas). Manifestações contra a violência já não tem mais clamor (nem mais efeito) e tudo continua cada vez pior.
No Mato Grosso do Sul, mais precisamente em Campo Grande, estes conflitos são uma questão de tempo porque aqui, como lá, está tudo igual. É do conhecimento de todos os policiais e de grande parte da população que a cúpula da Polícia Civil do Estado, nos últimos oito anos, durante o governo Zeca do PT, envolveu-se em todos os tipos de crimes possíveis e imaginários. Enquanto isso as investigações, as diligências, os trabalhos típicos de segurança pública foram praticamente extintos devido a falta de meios para executá-los. Uma técnica de "vaporização" foi implantada com um aumento de unidades policiais (para propaganda governamental) sem o acompanhamento do aumento do efetivo (desproporcionalidade). Criando assim um falsa idéia de que o Governo estava preocupado com a população. Na verdade havia sim um superfaturamento nas obras e o desvio de verba na compra de equipamentos que jamais chegaram a ser entregue pelas firmas "fantasmas" criadas pelos próprios administradores. É sabido por todos que, tanto Milton Watanabe quanto Luiz Tadeu Gomes da Silva, enquanto eram Diretor Geral e Diretor Adjunto da PC, respectivamente, "alugaram" Delegacia para firma particular de cobrança. Esta firma operava na própria unidade policial, tinha funcionários próprios e usava da estrutura, viaturas, telefone, policiais e tudo o que era do Estado para cobranças e extorsões.
Porém, ao invés de estarem presos, denunciados nas primeiras páginas de matérias policiais, os dois aparecem em colunas sociais sorrindo, são convidados para receber medalhas de honra ao mérito como se fossem pessoas ilibadas, têm direito a “rapapés” governamentais e outros bichos. Um péssimo exemplo para os subordinados que conhecem a realidade dos crimes praticados pela dupla. Para se protegerem de algum tipo de investigação que os levassem a julgamento, criaram em conluio com o ex-Secretário Almir Paixão uma Corregedoria de Polícia fajuta, comandada pelo Delegado Waldir Carlos Ide, que apresentava-se como Corregedor de Polícia. Neste ambiente de farsa, ilegal e irregular eram “acochambrados” os crimes praticados por alguns Diretores e Delegados de alta patente da Polícia Civil. O Ministério Público e o Poder Judiciário, por sua vez, enganados, acreditavam que estava havendo algum controle porque não sabiam da existência de um conluio entre a tal “Corregedoria” e a Diretoria da Polícia. A atual direção da Polícia Civil, sabedora de todos os crimes praticados, prefere coagir testemunhas para que não contem o que sabem afinal. Para isso utilizam os favores do Diretor Adjunto Silvio Iran da Costa Melo que, anteriormente expulso a bem do serviço público, retornou através de medida judicial e, atualmente, encontra-se denunciado por pratica de crime e sujeito a novamente vir a ser exonerado. Os honestos, por sua vez, se vêem obrigados a calar com medo das perseguições e do assédio moral, compelidos a trabalhar em prédios que deveriam estar interditados e impróprios para o atendimento à população, empurrando viaturas sem manutenção cujos valores relativos foram desviados em flagrante peculato e colocando combustível do próprio bolso para colocá-las em condições de servir à população pois a ex-chefe da frota, Delegada de ClasseEspecial Miriam Elizabeth Lemos Dutra usava cartões de abastecimento para desviar milhares de litros diáriamente.
Este artigo foi escrito pelo Delegado de Polícia aposentado Paulo Magalhães e é de sua exclusiva responsabilidade.
2006-12-28
03:04:05
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perguntado por
zeca do trombone
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Lei e Ética