Malaquias profetizara por volta do ano 450 a.C., que Elias, um dos maiores e mais respeitados profetas de Israel, voltaria à Terra no tempo devido, na condição de precursor de alguém de hierarquia infinitamente mais elevada do que ele.
- Eis que envio o meu mensageiro para preparar o meu caminho. E de repente virá ao seu templo, o Senhor que vós buscais, o anjo da aliança que desejais. (Mal. 3:1)
Faço aqui uma pausa necessária a uma observação importante. Seria enigmática a informação de que o esperado e desejado Senhor viria ao seu templo, se não fosse possível encontrar em outra passagem (João 2:19-21) a chave certa para abrir o seu sentido ao entendimento.
- Destruí este templo - disse Jesus - e em três dias o levantarei.
- Em quarenta e seis anos foi edificado este templo - lhe respondem - e tú o levantarás em três dias?
"Ele, porém, falava de seu corpo", comenta João.
Do que se depreende que a expressão "ir para o seu templo" equivale a nascer, a fim de viver na terra entre os homens.
Outro aspecto relevante ressalta desta breve passagem: a doutrina da peexistância do Espírito. "Eis que envio o meu mensageiro..." que, aliás, vem preparar os caminhos de outro mensageiro mais elevado. Esses Espíritos, portanto, já existiam. Não é anunciada a criação deles para ocuparem corpos na Terra, mas o envio deles. A um - o Cristo - a palavra da profecia se refere como "o Senhor que vós buscais, o anjo da aliança que desejais". Aí estava, pois, um Espírito de elevada condição já conhecido pelas suas virtudes e saber e outro que se tornara igualmente conhecido e respeitado como profeta.
Prosseguindo...
Após participarem do belíssimo eisódio conhecido como o da transfiguração, no qual Jesus, resplandecente de luz, conversa com os Espíritos de Moisés e de Elias, os discípulos que, obviamente, conheciam a profecia de Malaquias, perguntam a Jesus:
- Por que dizem os escribas que Elias deve vir primeiro? (Mat. 17:10-13)
Para o entendimento daqueles homens estava, pois, faltando um dado importante. Veja bem de perto a situação. O profeta anunciara há séculos que, antes de vir o Senhor, viria Elias de volta à terra, a fim de preparar-lhe os caminhos. Ora, os apóstolos, àquela altura, não tinham dúvida alguma de que Jesus era o Messias prometido a quem Malaquias, entre outros, se referia. Um ponto ficara, porém, obscuro para eles: a inexplicável ausência de Elias. Daí a pergunta:
- Por que dizem os escribas que Elias deve vir primeiro?
A explícita resposta de Jesus não deixa margem a contestação ou dúvida, pela sua singela clareza. Em primeiro lugar, ele confirma a profecia: é verdade, sim, que Elias tinha que vir, como foi anunciado. E prossegue, informando que ele viera de fato, mas não fora reconhecido. Ao contrário, "fizeram dele quanto quiseram" e acabaram por excutá-lo, como, aliás, o fariam com ele próprio, Jesus.
Mateus encerra a narrativa com esta frase indisputável:
- Os discípulos compreenderam, então, que ele lhes falava de João Batista.
2006-11-28
02:06:40
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Makoto
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Religião e Espiritualidade