SOBRA EMPREGO NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM CASCAVEL E PASSO FUNDO
A diretora de habitação da Caixa Econômica Federal, Márcia Kumer, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quarta-feira, dia 25, que cidades como Passo Fundo (RS) e Cascavel (PR) têm carência de mão-de-obra no setor da construção civil (clique aqui para ouvir). Segundo ela, o volume de empregos na construção em Cascavel, nos últimos 12 meses, cresceu 27%. Em Passo Fundo, o crescimento foi de 39,8%. A média nacional é de 8,99%.
"O importante é que esta articulação com municípios, estado, movimentos sociais, está permitindo construir alternativas para essas camadas de renda que tinham menos acesso até então. Estamos construindo uma mudança importante", disse Márcia.
Márcia Kumer disse que o aquecimento da construção civil por causa dos últimos pacotes do governo federal provocaram essa situação. Segundo ela, o governo alocou R$ 1,83 milhões de subsídio ao crédito FGTS para fazer essa mudança na qualidade do financiamento. O déficit habitacional na faixa das famílias que ganham até cinco salários mínimos é de 93%. Em 2003, apenas 57% das famílias atendidas pela Caixa eram dessa faixa.
Em 2005, a Caixa Econômica Federal investiu R$ 9 bilhões em financiamento habitacional. A previsão é fechar 2006 com um volume de R$ 14 bilhões em financiamentos de moradia. Segundo Márcia Kumer, a Caixa empresta R$ 52 milhões para financiamento da casa própria. Isso significa 2,1 mil famílias atendidas por dia.
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Leia a íntegra da entrevista com Márcia Kumer:
Paulo Henrique Amorim: A Caixa Econômica Federal, de janeiro até setembro desde ano, aplicou R$ 11,4 bilhões para financiamento da casa própria. É o dobro do que financiou em todo o ano de 2005. Eu vou conversar agora com Márcia Kumer, diretora de Habitação da Caixa. Por que houve um aumento de 100% de um ano para outro?
Márcia Kumer: No ano passado, o nosso orçamento foi de R$ 9 bilhões. Então, o orçamento de 2006 estava em R$ 10,2 bilhões, havia um acréscimo no valor contratado no ano passado, mas nós estamos prevendo, já ultrapassamos esse orçamento, estamos com uma contratação de R$ 11,4 bilhões. Nós estamos contratando por dia, para você ver como o setor está aquecido e acho que tem toda uma repercussão na renda, uma contratação diária por volta de R$ 52 milhões.
Paulo Henrique Amorim: R$ 52 milhões/dia?
Márcia Kumer: R$ 52 milhões/dia! Estamos atendendo 2.100 famílias/dia na Caixa Econômica Federal. Isso é uma coisa fantástica.
Paulo Henrique Amorim: Isso já houve no Brasil?
Márcia Kumer: Não, eu acho que esse volume de contratações, de famílias atendidas que nós vamos ter neste ano como um todo, do crédito habitacional, vai ser recorde.
Paulo Henrique Amorim: Quanto vocês vão financiar neste ano?
Márcia Kumer: A previsão é R$ 14 bilhões.
Paulo Henrique Amorim: Isso significa que haverá, portanto, em relação a 2005, um aumento de quanto?
Márcia Kumer: Em 2005 foram R$ 9 bilhões. São R$ 5 bilhões a mais do que em 2005. E o interessante é a qualidade desse investimento que está sendo realizado, a qualidade das contratações.
Paulo Henrique Amorim: Por quê?
Márcia Kumer: Pelo seguinte: nós temos recursos do Fundo de Garantia e recursos da Poupança. Esses conjuntos de medidas que o governo implementou fez com que os bancos oferecessem o crédito em condições mais vantajosas. Então, hoje, só a Caixa vai contratar R$ 3,5 bilhões com recursos da caderneta de Poupança. E os demais bancos vão contratar mais R$ 5,5 bilhões. Só para a classe média está sendo destinado R$ 9 bilhões. Na medida em que você tem esse recurso disponível esse recurso para locação para a classe média, você conseguiu deixar o Fundo de Garantia alocado para as classes de menor renda. Então, o fantástico é que, com os recursos do Fundo de Garantia, 86% do que estamos financiando são para famílias de até cinco salários mínimos. E isso se deve também à alocação do subsídio.
Paulo Henrique Amorim: Como assim o que significa isso?
Márcia Kumer: Significa dizer o seguinte: eu costumo dizer que uma casa independe para quem ganha um salário ou para quem ganha cinco. Ela tem que ter parede, janela, telhado, porta. É uma casa. O custo dela independe da renda. Tem que edificar aquela moradia com o custo igual. Mas tem uma renda desigual na sociedade. Então, como é que se faz para viabilizar uma casa para quem ganha um salário mínimo. Colocando subsídio. Então, o governo, toda a ação do Fundo de Garantia, o Conselho Curador, toda essa diretriz da política habitacional, alocou R$ 1,83 bilhão de subsídio, acoplando ao crédito do FGTS que está conseguindo fazer essa grande mudança na qualidade do investimento. Porque nós temos 93% do déficit habitacional até 5 salários mínimos.
Paulo Henrique Amorim: 83%?
Márcia Kumer: 93%. Estamos chegando lá. Se você considerar 2003, só tinha 57% das famílias atendidas nesta faixa.
Paulo Henrique Amorim: E agora?
Márcia Kumer: Estamos com 86%. É uma mudança muito ...
Paulo Henrique Amorim: Claro. Então a grande inflexão neste paradigma é a dificuldade que o governo e a Caixa tiveram de financiar para famílias que ganham até 5 mínimos?
Márcia Kumer: Acho que é a grande qualidade desta política. Se tu considerar até três mínimos, que é uma renda difícil para fazer essa articulação, colocar disponível essa habitação, a riqueza desse subsídio é que mais de R$ 1 bilhão ficará com essa faixa de renda. E como a gente faz isso? Isso é importante: em parceria com estados e municípios. A gente articula essa alocação, o crédito vai em nome da pessoa. Existe uma articulação de um grupo de famílias – e isso também está acontecendo com movimentos sociais.
Paulo Henrique Amorim: E qual é a contrapartida disso na construção civil?
Márcia Kumer: A gente tem verificado que, eu estava lendo mesmo a questão da produção na revista da Anamaco, o volume tem crescido expressivamente. E a maior repercussão é a questão dos empregos. Deixa eu te contar uma novidade fantástica: estamos com cidades onde está faltando mão de obra.
Paulo Henrique Amorim: O quê? Para a construção civil?
Márcia Kumer: Para a construção civil.
Paulo Henrique Amorim: Por exemplo?
Márcia Kumer: Cascavel, no Paraná. Passo Fundo, no Rio Grande do Sul... eu posso até mandar para você gráficos com volume de emprego.
Paulo Henrique Amorim: Nós queremos sim, para colocar no site.
Márcia Kumer: Ok. Para você ter uma idéia, o volume de empregos na construção em Cascavel, nos últimos 12 meses, a média Brasil foi 8.99%, em Cascavel cresceu 27%. Em Passo Fundo, 39,8%. O importante é que esta articulação com municípios, estado, movimentos sociais, está permitindo construir alternativas para essas camadas de renda que tinham menos acesso até então. Estamos construindo uma mudança importante.
2006-10-26
15:41:26
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pensador
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