http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u82691.shtml
Pinga-fogo sobre o Mensalão
39. O sr. acredita que as pessoas acreditem que o sr. não sabia do mensalão?
40. Ex-dirigentes petistas já confidenciaram, na intimidade, que se sentiram abandonados, inclusive pelo sr. Depois da crise, o sr. prestou algum tipo de solidariedade a Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Genoíno? Eles são seus amigos? O sr. os perdoou pelos erros cometidos? Eles erraram?
41. O sr. se preocupou em saber a origem do dinheiro que seu amigo e presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, diz ter usado para pagamento de suposto empréstimo do PT ao sr.?
42. O sr. já disse que todos os partidos fazem caixa dois de campanha no Brasil. Acredita que, mesmo após o mensalão, a prática continuará a existir nestas eleições?
43. Por que o sr. não determinou, como manda a lei, uma investigação policial sobre o assunto seis meses antes de ele surgir na imprensa, quando o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse ter feito o primeiro alerta ao sr.?
-- Jefferson declarou à CPI dos Correios e à Folha que o primeiro alerta pessoal que lhe fez sobre a existência do mensalão ocorreu em seu gabinete presidencial, em janeiro de 2005. Segundo Jefferson, o sr. teria dito: "Mas que mensalão, Roberto?". Quando o deputado contou, o sr. teria ido às lágrimas. O inquérito para tratar do mensalão só foi aberto pela Polícia Federal, contudo, em junho de 2005, após as entrevistas dadas por Jefferson à Folha.
44. O sr. recebeu alguma ligação de José Dirceu no dia 18 de junho de 2002 para vir a Brasília e resolver a aliança com o PL? O sr. confirma ter feito o comentário "está liqüidado o assunto" após o encontro reservado entre Dirceu, Delúbio e Valdemar Costa Neto? O sr. sabia que o PT iria pagar R$ 10 milhões para selar a aliança com o PL?
-- Em entrevista à revista "Época", no ano passado, o então presidente do PL, ex-deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), narrou um encontro ocorrido na campanha de 2002 no apartamento do deputado Paulo Rocha (PT-PA), em Brasília, no dia 19 de junho, durante o qual o PT decidiu pagar cerca de R$ 10 milhões para o PL para gastos na campanha eleitoral daquele ano. Esses recursos selaram a aliança entre o PT e o PL na disputa pela Presidência. Segundo o deputado Valdemar Costa Neto, nos dias que antecederam essa reunião, houve vários encontros entre ele e José Dirceu. Mas o acordo demorava a sair. Então no dia 18 de junho de 2002, segundo Costa Neto, Dirceu telefonou para o sr. para ajudá-lo a chegar a um consenso. Dirceu teria dito "que o Lula viria no dia seguinte a Brasília resolver o assunto". Nesse encontro do dia 19 na casa de Paulo Rocha, segundo o deputado, estavam reunidos o sr., então candidato à Presidência, seu candidato a vice, José Alencar, o futuro ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o tesoureiro da sua campanha, Delúbio Soares. A negociação sobre números teria ocorrido numa sala ao lado de onde estava o sr. Disse Costa Neto: "O Lula estava na sala ao lado. Ele sabia que estávamos negociando números".
O acordo foi fechado. Quando indagado pela revista sobre a reação de Lula, o deputado contou: "Quando saí, ele [Lula] me falou: "Então está liqüidado o assunto". O Lula foi lá para autorizar a operação. E não vejo nada demais. O que ninguém esperava é que desse essa lambança".
45. O sr. teve conhecimento das negociações entre Duda Mendonça e o PT para que o acerto dos serviços prestados na campanha de 2002 fosse feito por meio de depósitos ilegais em uma empresa offshore das Bahamas? Duda Mendonça, com quem o sr. teve muito contato antes e depois das eleições, nunca tocou no assunto?
-- De acordo o marqueteiro Duda Mendonça, o PT ficou lhe devendo cerca de R$ 15 milhões por serviços prestados nas campanhas eleitorais de 2002 e por serviços prestados ao partido em 2003 (ele chamou de "pacote" que envolveria cinco campanhas). Segundo o depoimento de Duda à CPI, houve uma longa negociação com o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para receber os valores. O PT protelava o pagamento. Até que se definiu pelos depósitos ilegais, por meio de caixa dois, na empresa offshore das Bahamas.
46. O sr. declarou, ao "Jornal Nacional", que chegou a debater com seu amigo e presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, a necessidade ou não de pagar uma dívida de R$ 29 mil cobrada pelo PT por gastos que foram contabilizados como "empréstimos" no balanço petista. Não foi o que disse Okamotto à CPI - segundo ele, o assunto jamais foi discutido com o sr. A que o sr. atribui essa versão apresentada por Okamotto?
47. O sr. confirma ter conversado sobre a existência de um esquema de cooptação de parlamentares o então governador Marconi Perillo no dia 5 de maio de 2004? Em caso positivo, o que o sr. disse a respeito? O sr. tomou alguma providência a respeito do assunto, tal qual disse que iria fazer, conforme narrado por Perillo?
-- O ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) declarou por escrito à Câmara e, depois, em depoimento à Polícia Federal, que no dia 5 de maio de 2004 alertou-o sobre a existência de um esquema de cooptação de parlamentares por ofertas de dinheiro. Disse o governador: "Relatei ao senhor presidente da República que ouvira rumores sobre a existência de mesada a parlamentares em conversas informais em Brasília, porém sem provas concretas. Repeti o inteiro teor das informações que havia recebido. O senhor presidente da República disse que não tinha conhecimento e que ia tomar as providências que o assunto requeria. Não sei quais foram as providências tomadas". Recentemente, Perillo foi além e disse que o sr. teria dito: "Tome conta de seus deputados, que eu tomo dos meus".
48. O sr. em algum momento da crise se sentiu deprimido? Teve vontade de largar tudo?
49. O sr. acha que é possível fazer política no Brasil sem sujar as mãos?
50. Como o sr. define ética? E corrupção?
2006-10-10
07:25:36
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Governo