A princípio nenhum desses livros era considerado inspirado. Achava-se que o Velho Testamento era divino, mas os livros que atualmente constituem o Novo Testamento eram considerados meras produções humanas. Hoje temos consciência de nossa ignorância quanto aos verdadeiros autores dos quatro evangelhos.
A questão é: os autores destes quatro evangelhos estavam inspirados?
Se estavam, então os quatro evangelhos necessariamente são verdadeiros. E se são verdadeiros, obviamente devem concordar entre si.
Os quatro evangelhos não concordam.
As passagens sobre a Ascensão de Jesus Cristo em Marcos e Lucas são interpolações. Mateus não diz qualquer coisa sobre a Ascensão.
Certamente nunca houve um milagre de maiores proporções, e mesmo assim Mateus, que estava presente – que viu o Senhor ascender aos céus e desaparecer –, não o julgou digno de menção.
Por outro lado, as últimas palavras de Cristo, de acordo com Mateus, contradizem a Ascensão: “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. (cf. Mateus 28:20)
João, que estava presente, se é que Cristo realmente ascendeu, não diz sequer uma palavra sobre o assunto.
Quanto à Ascensão, os evangelhos não concordam.
A seguir está transcrita a última conversa de Cristo com seus apóstolos segundo Marcos: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.” (cf. Marcos 16:15-19)
Será possível que tal descrição foi escrita por um indivíduo que testemunhou este milagre?
O milagre foi descrito por Lucas desta forma: “E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu”. (cf. Lucas 24:51)
Nos Atos é dito que: “Tendo ele dito estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos”. (cf. Atos 1:9)
Nem Lucas, Mateus, João ou o autor de Atos ouviram qualquer palavra da conversa atribuída a Cristo por Marcos. O fato é que a Ascensão de Cristo não foi alegada pelos seus discípulos.
A princípio Cristo era apenas um homem – e nada mais. Maria era sua mãe, José era seu pai. A genealogia de seu pai, José, foi apresentada para demonstrar que ele tinha o mesmo sangue de Davi.
Então se alegou que ele era o filho de Deus e que mãe era uma virgem – e permaneceu virgem até sua morte.
Então se alegou que Cristo levantou dentre os mortos e ascendeu corporalmente ao céu.
Foram necessários muitos anos para que essas absurdidades se apoderassem das mentes dos homens.
Se Cristo levantou-se dentre os mortos, por que não apareceu aos seus inimigos? Por que não fez uma visita a Caifás, o sumo sacerdote? Por que não fez outra entrada triunfante em Jerusalém?
Se realmente ascendeu, por que não o fez em público, na presença de seus perseguidores? Por que o maior dos milagres deveria ser feito em segredo, num canto?
Foi um milagre que poderia ter sido visto por uma vasta multidão – um milagre impossível de ser simulado –, que teria convencido centenas de milhares.
Após a história da Ressurreição, a Ascensão tornou-se uma necessidade: precisavam se livrar do corpo.
2006-08-25
01:04:17
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P4R4N01D
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Religião e Espiritualidade