Com base em um estudo realizado na Universidade Estadual de Michigan, a notícia de que a carne do McDonald's é geneticamente modificada e que seu consumo está relacionado ao Mal de Alzheimer se espalha no Brasil. O texto é divulgado através do gabinete do deputado Sérgio Miranda, do PC do B, e publicado em O Bancário, o órgão informativo oficial do sindicato dos bancários da Bahia. De boca em boca, o caso chega aos ouvidos da carioca Armisa Montenegro, uma dona de casa, de 65 anos, que jura que há algo de errado com a carne porque ouviu falar sobre isso em uma aula de pintura. Em Toronto, no Canadá, Ayan Abdi Jama, de nove anos, alega ter encontrado em seu Big Mac uma cabeça de rato. Sua família processa o McDonald´s por danos psicológicos e pede US$ 17.5 milhões. Nos Estados Unidos, as complicações vão desde o polêmico caso dos obesos que estão processando cadeias de fast food devido aos males causados pelos produtos que elas vendem, até uma semelhante ao do Canadá, no qual uma criança encontra uma cabeça de frango em uma caixa de Mc Nuggets e a família é indenizada em US$ 100 mil.
Notícias ou boatos? Quem se arrisca a classificar e espalhar as histórias acima, como fez o deputado Miranda? Quem acredita no que ouve e passa a desconfiar da empresa envolvida, assim como Armisa? Divulgados tanto em sites desconhecidos como em conceituados, - tal como o da emissora BBC - os relatos descrevem fatos e boatos sobre o Mc Donald´s que se misturam na Internet, ameaçando o prestígio e a imagem da mais conhecida cadeia de fast food do mundo. Porém, engana-se quem pensa que a empresa gasta muito tempo preocupada com este assunto. "É equivocado ficar 'mordendo a isca' em qualquer boato sem sentido", afirma Ana Madureira, coordenadora da área de Relações com a Mídia da Companhia de Notícias (CDN), a agência responsável pela assessoria de imprensa do McDonald´s. Ao invés do confronto direto, ela prefere combatê-los investindo em uma postura de muita exposição na mídia. "Quanto mais avestruz com cara escondida for a empresa, mais vulnerável a boatos ela está", explica Ana.
No Brasil, as armas usadas nessa exposição agressiva e no combate aos boatos são a qualidade do serviço e ações sociais como o McDia Feliz, que já arrecadou mais de R$30 milhões para instituições dedicadas ao combate ao câncer. Mas o que fazer quando os consumidores questionam a seriedade da empresa mesmo com essa exposição? É aí que entra em cena um de seus maiores trunfos: a participação dos funcionários como divulgadores da rede. Com destaque há seis anos consecutivos no "Guia Exame - As 100 Melhores Empresas para Você Trabalhar", o McDonald´s é um ambiente onde quem trabalha ajuda a empresa a evoluir, ao mesmo tempo que têm chance de crescer. Ronaldo Nascimento, 26 anos, é um caso típico. Há oito anos, começou como atendente e hoje é assistente administrativo da franquia do Shopping Interlagos, em São Paulo. Fã declarado da empresa, costuma esclarecer dúvidas e oferece visitas a fábrica quando o cliente desconfia da qualidade dos produtos. Questionado sobre os boatos, Ronaldo apela para a brincadeira. "A história da carne de minhoca é clássica. Sempre que mencionam, falo que nossas minhocas são bem cuidadas e muito limpas", diz, rindo.
Brincar com o assunto é um recurso freqüentemente usado por muitos funcionários para lidar com os boatos. "As piadas que surgem sobre a carne a gente já leva na gozação", relata Kássia Ladislau, de 21 anos, coordenadora de qualidade de serviço da loja do Fashion Mall, no Rio de Janeiro. Porém, nem todos os casos podem ser contornados assim. "Se chegar uma demanda da imprensa sobre um boato a empresa responde", diz Ana. Isso aconteceu com a estória que afirmava, com base em um estudo realizado na Universidade Estadual de Michigan, que a carne do McDonald era geneticamente modificada. Devido as proporções tomadas pelo caso, o McDonald's resolveu se pronunciar e entrou em contato com a universidade e com o gabinete do deputado federal Miranda de onde uma das mensagens havia sido enviada. A universidade negou qualquer participação na estória e o deputado fez um pedido formal de desculpas, se comprometendo em enviar esclarecimentos às pessoas que receberam o texto através do computador do seu gabinete.
Caso o McDonald´s não se pronunciasse, ainda assim encontraria quem o defendesse. Na internet, junto aos sites que condenam a empresa, outros desmentem boatos. O caso da cabeça de galinha, nos Estados Unidos, foi resolvido dessa forma. Alguns sites demonstraram que essa situação seria impossível, pois a carne de frango utilizada nestes sanduíches é triturada. Eles revelam ainda que esse mesmo boato já havia sido espalhado antes, tendo como vítima a Kentucky Fried Chicken, uma outra cadeia de fast food americana. Por outro lado, no polêmico caso dos obesos a empresa não teve tanta sorte: ao invés de desmentido, ele foi confirmado por sites com credibilidade. Segundo notícias divulgadas pelas emissoras ABC e BBC, um grupo de americanos obesos abriram um processo contra quatro redes de fast food. Eles alegam que elas são responsáveis por várias doenças e exigem que sejam obrigadas a indicar em seus alimentos os males que eles causam, assim como é feito nas embalagens de cigarro. O caso está em andamento na justiça e o McDonalds's, claro, está na lista dos processados.
Com 46 milhões de clientes atendidos diariamente em todo o mundo e crescendo em um ritmo acelerado, o McDonald's, além de líder absoluta em seu segmento, é a empresa ícone do mundo globalizado. Por isso, virou vítima constante de protestos e agressões. Os boatos são um reflexo disso. Mas a verdade é que, enquanto houver pessoas para defender a empresa e clientes satisfeitos e dispostos a comer hambúrgueres, não há boato que a derrube. Resta apenas a eterna dúvida sobre do que é feita a carne. "Ela é 100% bovina", afirma Ronaldo. A resposta de Kássia e Ana é exatamente a mesma. E você, acredita?
Só por curiosidade
A clássica história da carne de minhoca, que até hoje persegue o McDonald's, surgiu nos Estados Unidos, no final dos anos 70. De acordo com alguns sites, o boato de que a empresa misturava minhocas ao seu hambúrguer chegou a ser divulgado no programa de televisão americano 60 minutes e acarretou em prejuízos imediatos, como a redução de 30% nas vendas.
Em 1992, o McDonald's fez uma coletiva de imprensa para desmentir o boato e comprovar a qualidade da carne. Para não haver dúvidas sobre sua seriedade, apelou para uma tática pouco convencional: considerada por muitos como uma empresa que visa o lucro acima de tudo, resolveu utilizar esse rótulo negativo ao seu favor. Ao provar, que a carne de minhoca era cinco vezes mais cara que a de vaca, mostrou que o boato não tinha fundamento, pois jamais substituiria uma carne por outra mais cara vendendo o hambúrguer pelo mesmo preço.
O caso foi tão comentado que chegou a ser um dos assuntos da edição da revista americana Time do dia 30 de abril de 1992. Foi nessa época também que surgiu a campanha "100% carne bovina". Até hoje, cartazes com essa frase decorram alguns dos restaurantes da rede no Brasil e no mundo.
beijos.
espero ter te ajudado.
2007-02-04 01:03:09
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answer #1
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answered by mylinha 1
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