Jovens e, em especial, adolescentes do país inteiro têm apostado em um medicamento barato, de tarja vermelha, que produz efeitos semelhantes aos do ácido lisérgico, para fazer viagens psicodélicas e animar as baladas com um showzinho particular e exclusivo de imagens que podem fazer uma parede converter-se em um jardim multicolorido. Trata-se do popular Benflogin, que combate infecções e é indicado até para acalmar coceiras em crianças. Em altas doses o antiinflamatório, aparentemente inofensivo, é capaz de desencadear processos alucinógenos. Isso acontece graças aos efeitos psicoativos de seu princípio ativo, o cloridrato de benzidamina.
O ex-usuário Flávio Oliveira, de 23 anos, incrementava seus fins de semana com a ingestão de oito a 15 comprimidos da ''poção mágica'', tomada com bebida alcoólica ou refrigerante. ''Via raios pelo ar e até a aura das pessoas'', lembra ele, que usou o remédio dos 15 aos 17 anos. Pesquisas realizadas pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo, revelam que os meninos de rua descobriram o remédio em 1993. Os estudantes de classe média começaram a usá-lo quatro anos depois, e agora o uso virou uma febre.
No caso de Flávio, o inconveniente é que o tiro quase sempre saía pela culatra. O leque de visões que o fascinava deixava a cena em até três horas e cedia espaço aos delírios persecutórios. ''Olhava para uma roda de amigos e achava que todos falavam de mim. Pressentia que um dos caras queria me bater.'' O garçom, que hoje trabalha como operador de marketing, conta que só voltava a respirar aliviado no fim da noite ou quando chegava em casa. Alguns usuários também passam a sofrer pesadelos. Segundo Elizaldo Carlini, do Cebrid, a substância aumenta a atividade do neurotransmissor dopamina (responsável pelas sensações de euforia e prazer) no sistema límbico, que regula funções cognitivas, como emoção e memória. Quando se toma uma dose excessiva dessa substância, as experiências registradas nos arquivos da memória afetiva vêm à tona, mas de forma distorcida, como uma percepção alterada da realidade. É por isso que o usuário do Benflogin, sob o efeito da droga, vê o sol virar poeira no tapete da sala e diz frases absurdas. ''Mas depois de esgotar o estoque de dopamina, ele não tem mais aquelas sensações de euforia e prazer e fica cansado e sonolento'', descreve Paulo Bertollucci, chefe do setor de neurologia do comportamento da Unifesp.
La Costa/ÉPOCA
O remédio, que custa R$ 5, começou a ser usado por meninos de rua no início da década de 90, mas agora é febre nas baladas de classe média
O abuso alucinógeno deixa marcas no organismo. O digitador Vagner L., de 32 anos, também pagou um preço salgado por insistir em ver a lua derretendo e jatos de luz atravessando-lhe o corpo, dez anos atrás. ''Durante um mês, sofri com as pontadas no fígado, dores de estômago e ficava com a boca roxa'', revela ele, que chegou a tomar 12 comprimidos diários, ingeridos com destilados ou café. Era só ameaçar de dar uma mordida em um hambúrguer para que a pressão baixasse, ele empalidecesse e começasse a sentir tonturas. Assustado com esses sintomas, Vagner consultou um médico. ''Parei de tomar Benflogin e não senti mais nada'', diz. Escapou em tempo. O abuso prolongado pode causar gastrite, úlcera, sangramento intestinal, convulsões e falência dos rins, adverte Antony Wong, especialista em tóxicos do Hospital das Clínicas.
Alguns médicos questionam a venda do remédio. ''O Benflogin é obsoleto'', afirma Wong. Foi desenvolvido há 40 anos e, de lá para cá, foram descobertos novos antiinflamatórios menos perigosos. Mas o uso de Benflogin nas doses prescritas pelos médicos é considerado seguro. ''Consta na bula, de forma bem clara e objetiva, que a superdosagem pode causar alucinação'', diz José Roberto Lazzarini, diretor-médico do laboratório Aché, que fabrica o produto. ''A bula também avisa que o Benflogin não deve ser associado a bebidas alcoólicas'', diz.
A maioria dos médicos concorda. ''O remédio é muito eficiente, além de barato'', diz Carlini. ''O que deveria haver é um maior controle sobre sua produção e distribuição. A receita médica deveria ficar retida na farmácia'', propõe. O que acontece é o contrário. O garçom Flávio teve uma recaída no ano passado e comprou uma caixa sem dificuldade. Dez anos depois de largar o vício, tomou dez comprimidos de uma vez, não teve nenhuma alucinação e ainda ficou de ressaca no dia seguinte.
2007-01-01 13:09:51
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answer #2
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answered by WebMaster 7
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Já que não adianta dizer nada, é isso mesmo cara, vai fundo.
Dá a maior onda, é um barato. Tu fica alucinadão. Você não precisa gastar muito, pra ficar ligado, basta uma dose de vodka temperada com cloridrato de benzidamina abundante no benflogin, pô aí ó, chocante.
Depois de fazer a cabeça o ideal é correr bastante seguindo esses raiozinhos, antes do início da . . . parada cardíaca !
2007-01-01 13:41:57
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answer #4
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answered by Terapeuta 6
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