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2006-12-20 01:32:43 · 2 respostas · perguntado por Bibi 1 em Comidas e Bebidas Outras - Comidas e Bebidas

2 respostas

Para Jacques Derrida, Georg Wilhelm Friedrich Hegel é "o pensador da diferença irredutível" e, seguindo o Denkweg heideggeriano, Hegel é considerado "o último filósofo do livro e o primeiro pensador da escritura" na medida em que "reabilitou o pensamento como memória produtiva de signos" e "reintroduziu a essencial necessidade do rastro (la trace) escrito no discurso filosófico". Assim como a fenomenologia do significado em Husserl inspira a gramatologia derridiana sob o signo de uma écriture originária capaz de subverter o domínio fonocêntrico da racionalidade ocidental, a semiologia hegeliana conduz Derrida em sua investida programática contra o logocentrismo. Se Nietzsche, Heidegger e Freud determinam o espaçamento derridiano da desconstrução, é sobretudo a partir de suas releituras de Hegel que Derrida nos guia através de tradições da "metafísica da presença" a serem desconstruídas. De resto, a desconstrução derridiana pode ser vista como uma tentativa radical de articular uma resposta não-dialética ao desafio hegeliano de operar a relève (Aufhebung, superação, negação, elevação) da metafísica. Pelo movimento duplo que reintroduz Hegel em sua própria desconstrução Derrida logra situar e deslocar seus próprios escritos nas margens do espaço filosófico que ele mesmo denomina o "après-Hegel", o espaço acadêmico no qual todos nós modernos (e pós-modernos) permanecemos inscritos com relação a l’âge de Hegel. Assim como a filosofia opera, segundo Hegel, através da introdução recorrente de imagens, metáforas e conceitos, in mediam rem, visando uma completude conceitual, Derrida recorre a metáforas e filosofemas hegelianos –repetindo Hegel-- para destacar o papel semiológico da introdução no sistema dialético hegeliano. Como escreve Derrida no seu trabalho mais importante (e polêmico) sobre Hegel,

Einführung, comme disent les philosophes allemands, introduction dans Hegel. Einführung commande l’accusatif et indique donc le mouvement actif de pénétration... le problème de l’introduction à la philosophie de Hegel, c’est toute la philosophie de Hegel: déjà posé partout, en particulier dans ses préfaces et avant-propos, introductions et concepts préliminaires.

Além do efeito falogocêntrico de dupla ereção --das duas colunas que, em Glas, nos remetem à filosofia de Hegel e à não-filosofia do escritor francês Jean Genet (o marginal por excelência: ladrão, penitenciário e pederastra)--, Derrida assinala uma dupla invaginação, do inconsciente talvez, operante na desconstrução avant la lettre da escritura hegeliana: a imaculada conceição (o conceito do conceito, der Begriff des Begriffes) e a irmã transcendental (Antígona, na transgressão da lei, evocada por Hegel na Fenomenologia do Espírito). É no interior mesmo de uma suposta dialética de reconciliação, tão cara ao sistema hegeliano, que Derrida visa uma lógica binária a ser desconstruída pela sua oposição diferenciando e diferindo –no sentido indecidível da différance-- o inteligível e o sensível, o conceitual e o metafórico, a lei diurna da polis e a lei noturna do oikos, identidade e diferença. O fim da história e a realização totalizante do Saber Absoluto (Sa, Savoir absolu, que em francês pode ser tomado também no sentido ambíguo do ça freudiano-lacaniano e como abreviatura do signifiant) nos remetem, portanto, ao glas da filosofia ocidental (glas, do latim classum, classicum, sonnerie de trompette, denota, em francês, o sonido do sino para anunciar a agonia, as obséquias ou morte de alguém). A dialética hegeliana empreende, pelo trabalho do negativo e da exterioridade, a morte da metafísica, por quem dobram os sinos (glas) de toda a história da filosofia. A questão do que não pode ser calculado, o "resto" da filosofia, o inclassificável, o que resiste e desafia toda lógica totalizante é o ponto de partida de Glas: "quoi du reste aujourd’hui, pour nous, ici, maintenant, d’un Hegel?" E foi a partir de um ensaio apresentado em 1968, num seminário de Jean Hyppolite no Collège de France, que Derrida iniciou sua investigação semiológica sobre o trabalho do conceito em Hegel e sua Aufhebung:

2006-12-20 08:03:05 · answer #1 · answered by Blabla U 6 · 0 1

Existe maionese Heinz? Eu nunca vi pra vender, só o ketchup... tente ir no Empório Santa Maria (Shopping Market Place)... fantástico, tem de tudo lá.

2006-12-20 10:29:24 · answer #2 · answered by Deza 3 · 0 0

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