Alimentação:
• Na culinária brasileira, a influência africana pode ser percebida em dois aspectos: no modo de preparo e na introdução de ingredientes. Os pratos vindos da Ãfrica foram recriados com os produtos locais. Aqui, o inhame foi substituÃdo pela mandioca. Misturando ingredientes europeus e indÃgenas, os negros trouxeram a habilidade de improvisar receitas e o gosto por novos temperos. Através do permanente intercâmbio de mercadorias, entre Ãfrica e Brasil, feito por traficantes e comerciantes portugueses, novos ingredientes aqui chegaram. Da Ãfrica, eles trouxeram para o Brasil: a banana, o coco, o camarão seco, o dendezeiro (palmeira de dendê), a erva doce, o gergelim, a galinha-d'angola, o inhame, o quiabo e algumas pimentas (a malagueta e a da Costa ou Ataré). E em troca a Ãfrica recebeu: a mandioca, o caju, o milho e o amendoim.
Banana - A banana é originária da Ãsia. Chegou na Ãfrica pelas mãos dos árabes, que lhe deram o nome Banan (dedo). No Brasil já existia uma variedade chamada pacova ou banana-da-terra, que era cozida e preparada pelos Ãndios como mingau, caldo ou bebida. As outras bananas que podem ser consumidas cruas, vieram da Ãfrica. Mingaus, bolos, tortas, saladas, farinhas e doces são feitos com a banana. E, as folhas da bananeira, servem para envolver peixes, assados e muitos pratos afro-brasileiros.
• Coco - Originário da Ãsia, o coqueiro foi introduzido no Brasil pelos portugueses em 1553, proveniente de Cabo Verde, primeiro na Bahia, depois no litoral nordestino e daà para todo o paÃs. O coco é um ingrediente fundamental na culinária baiana.
• Dendê - A palmeira de dendê, foi trazida da Ãfrica nas primeiras décadas do século XVI. O azeite de dendê, extraÃdo da polpa do fruto, tem sabor doce, cheiro forte e densa consistência. Além de larga aplicação culinária, esse óleo tem usos na indústria quÃmica. Ã, também, matéria-prima para a industrialização de maioneses e margarinas.
• Vinho de dendê - "Os africanos em geral eram sóbrios no uso de bebidas alcoólicas. Não se davam ao vÃcio da embriaguez mas do dendezeiro extraÃam generoso vinho. Para esse fim, na parte superior do tronco dessa palmeira faziam uma incisão e colocavam um pedaço de bambu para servir de escoadouro da seiva. Ao lÃquido que caÃa em uma cabaça aà amarrada davam o nome de vinho de dendê. Posteriormente na Bahia foi o vinho posto a fermentar e filtrado antes de engarrafado e isso lhe imprimia certa potência alcoólica e caracterÃstica sem embargo do paladar agradável e saboroso." (Manuel Querino, A arte culinária na Bahia - in Antologia do negro brasileiro, Ediouro)
• Feijoada - No Brasil colonial a comida era escassa e, boa parte dos escravos, recebia somente uma cuia de feijão cozido e farinha de mandioca por dia. Até mesmo nas cidades, uma cuia com feijão e farinha era a comida que os escravos de ganho recebiam pela manhã, antes de sair para trabalhar. à noite ao retornar, recebiam outra cuia. Para engrossar o caldo ralo, os escravos usavam as partes do porco (lÃngua, rabo, pés e orelhas) desprezadas por seus senhores. Por isso, costuma-se dizer que a feijoada é um prato africano do século XIX, feito com verduras, carnes de porco, de boi, lingüiças, paio, carne seca e temperos. No entanto, o pesquisador de gastronomia brasileira Caloca Fernandes, autor de vários livros sobre o assunto, afirma que a feijoada chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses. Em Trás-os-Montes, Portugal, era feita com feijão branco e carnes salgadas e defumadas do porco. No Brasil, os portugueses passaram a prepará-la com os feijões que aqui encontraram.
• Antes do sol nascer, os escravos da roça seguiam para plantações conduzindo uma pequena carroça puxada por bois, levando mantimentos e caldeirões para a preparação da refeição coletiva no campo. A culinária da senzala aproveitava as sobras de carnes da casa grande ou carne curada, acrescentava farinha de mandioca, verduras ou legumes, algumas vezes feijão temperado com pedaços de toucinho e gordura de porco. E misturava temperos africanos como o azeite de dendê e a pimenta malagueta.
• Angu - Na cozinha africana o caldo é um item importante, pode ser proveniente do alimento cozido ou simplesmente preparado com água e sal. No Brasil, esta prática popularizou o pirão feito com água e farinha de mandioca. Com o milho, os negros criaram o angu, um mingau preparado com água e fubá, mais consistente que o pirão. O angu era a base da alimentação dos escravos. Algumas vezes, pedaços de angu ressecado, reforçavam a alimentação matinal que, em geral, era café ralo e rapadura. As negras de ganho do Rio de Janeiro, vendiam o chamado angu-do-quitandeiro nas praças ou em suas quitandas, onde também vendiam legumes e frutas. Esse angu era feito com pedaços de carne, fÃgado, bofe, lÃngua, amÃdalas, coração, banha de porco, quiabos, folhas de nabo, pimentão verde ou amarelo, salsa, cebola e azeite de dendê.
• Comida de tabuleiro - Por volta de 1750, negras de ganho foram para as ruas de Salvador (BA) e do Rio de Janeiro para vender comida feita em casa. Alforriadas ou escravas de ganho, percorriam as ruas com tabuleiros equilibrados sobre a cabeça vendendo de porta em porta, beijus, cuscuz, bolinhos, vinho de dendê e outras iguarias.
beijinhos
2006-11-09 12:19:54
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answer #2
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answered by Leyloca 6
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Os Ãndios plantavam mandioca e milho, (também usada nos pratos africanos, pois o clima da Bahia é, em tudo, idêntico ao clima africano), com que fabricavam pirão, beijus e bebidas fermentadas para acompanhar peixes e caça. Os portugueses chegaram trazendo sardinha, bacalhau, os cozidos de carne de boi com legumes e os doces finos. Com a vinda dos negros, a cozinha colonial conheceu a pimenta malagueta, o quiabo e o azeite de dendê. Da mistura dos hábitos alimentares dessas três etnias nasceu a culinária baiana, que reúne quase 50 tipos de pratos diferentes. Boa parte dessa diversidade, porém, se deve à cultura africana e, principalmente, à religião do Candomblé. Iguarias famosas como o acarajé, caruru, mungunzá e bobó de camarão, entre outras, são adaptações da comida sagrada dos orixás.
Desde o século XVI chegavam à Bahia levas de escravos de diversas regiões da Ãfrica. Uma vez vendidas nos pregões, as negras eram levadas até a cozinha da casa grande, onde conheciam o açúcar, o sal, alho, limão, arroz, as carnes de boi e galinha, apreciadas pelas senhoras, além do milho e do feijão, já consumido pelos Ãndios. Em contrapartida, apresentavam ao paladar lusitano o gengibre, o inhame e receitas que aproveitavam ingredientes como amendoim e banana.
Vivendo na cozinha, elas começaram a adaptar as comidas de Orixá ao gosto dos patrões e a misturar os ingredientes disponÃveis. As escravas descobriram que podiam realçar o sabor dos pratos se colocassem dendê em quase tudo, desde as moquecas até a galinha de xinxim, passando pelo caruru dos ibejis, orixás gêmeos - São Cosme e São Damião no sincretismo com a religião Católica. O azeite que sobrava virava farofa pura ou misturada com banana da terra frita. Usando leite de coco elas temperavam ensopados, moquecas e escabeches, o bagaço virava cocada branca, ou preta, quando era misturada com melaço de cana ou rapadura. O caldo que sobrava do cozido português podia ainda ser misturado com a farinha de mandioca dos Ãndios e virar um suculento pirão.
Entre as comidas de orixá adaptadas, o amalá, iguaria feita com quiabos inteiros, não agradou ao paladar do colonizador. As escravas então picaram tudo e misturaram com camarão seco, amendoim e castanha, inventando o caruru, um dos pratos mais famosos da culinária baiana. “Juntando arroz moÃdo com carne de charque, elas criaram o arroz de Haussá. O mungunzá, muito apreciado por Oxalá, o pai de todos os Orixás, também agradou as sinhás, assim como os bolinhos de puba, cuscuz e mingaus. O ipetê, comida de Oxum, virou bobó de camarão e o akará de Xangô e Iansã virou o acarajé”, explica Arany Santana.
Nem todos os pratos da culinária baiana tiveram origem das misturas que as africanas faziam na cozinha da casa grande: quando o gado era abatido, somente a carne nobre era separada para o consumo dos senhores, enquanto a carcaça e as vÃsceras eram dadas aos escravos. Da criatividade dos habitantes da senzala surgiram a feijoada, o mocotó e o sarapatel, três pratos tão famosos quanto os que levam azeite de dendê.
Presentemente, em Salvador, ainda existe a tradição de comer mocotó sexta-feira à noite. Em qualquer lugar da cidade, é possÃvel encontrar tanto o sarapatel quanto as moquecas. Nas praias também são encontrados pratos tÃpicos como os escaldados de caranguejo e ostra. Resumindo, a contribuição do povo negro na culinária brasileira é tão grande quanto a contribuição dos portugueses e maior, do ponto de vista de riqueza de paladares e diversidade, que a influência indÃgena!
2006-11-07 09:23:22
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answer #4
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answered by guga 2
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