Artigo: Debate opõe Pasteurizado e Longa Vida
Fontes: Mapa, ABVL e Abilp - Agrofolha/Folha de São Paulo (por José Sérgio Osse), adaptado por Equipe MilkPoint
O crescimento da participação do leite longa vida nos últimos anos no mercado brasileiro desencadeou uma guerra entre produtores. De um lado estão os produtores de leite pasteurizado, o leite fresco, que deve ser refrigerado, e de outro os de leite longa vida, que pode ser estocado por até seis meses sem refrigeração.
A briga pelo mercado levanta questões sobre a qualidade do leite vendido ao consumidor, independentemente do processo de produção. Em debate que o jornal Folha de São Paulo promoveu na semana passada sobre o assunto, uma nova batalha dessa guerra foi travada. O principal argumento das asssociações dos produtores de leite pasteurizado é que o leite longa vida, em seu processo de industrialização, perde valor nutricional.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Pasteurizado (Abilp), Benedito Pereira Vieira, o processo de ultrapasteurização, conhecido também como processo UHT (Ultra High Temperature, ou temperatura ultra-alta, em inglês), utilizado na fabricação de leite longa vida, diminui o valor nutricional do produto. Segundo ele, no processo, o leite perde grande parte das vitaminas C e B6 que detém e é privado dos lactobacilos, microrganismos importantes para o bom funcionamento da flora intestinal.O diretor do Centro de Tecnologia em Laticínios do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Ayrton Vialta, diz que, de fato, o processo de ultrapasteurização reduz o valor nutricional do leite. "A ultrapasteurização é um processo no qual o leite é aquecido a temperaturas muito altas, acima de 140°C. A essa temperatura, praticamente todos os microrganismos presentes no leite são eliminados, mas, com eles, algumas vitaminas e outros nutrientes também são perdidos", diz.
O contra-argumento utilizado pela indústria de leite longa vida, nas palavras da veterinária e gerente de informação ao consumidor da Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV), Daniela Rodrigues Alves, é que essas perdas não são relevantes. Segundo ela, a perda de vitaminas e lactobacilos causada pelo processo de ultrapasteurização não é significativa, pois o leite não é considerado fonte primordial desses nutrientes. "O leite é considerado fonte de outras coisas, como cálcio e proteínas. A perda de vitaminas e lactobacilos não é importante", diz ela. Ou seja, mesmo que esses componentes sejam perdidos no processo, isso não alteraria o valor nutricional real do longa vida.
O aquecimento a altas temperaturas no processo UHT é realizado para acabar com todas as bactérias e os microrganismos presentes no leite. Isso torna possível a armazenagem do produto sem refrigeração, desde que em embalagens apropriadas, por cerca de seis meses. Já na pasteurização o aquecimento necessário, em princípio para eliminar apenas agentes causadores de doenças, é mais brando: entre 72°C e 75°C.
Segundo o professor José Alberto Bastos Portugal, do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), em Juiz de Fora (MG), por causa do processo térmico menos agressivo utilizado na pasteurização, o leite assim processado de fato conserva a maior parte de seus nutrientes naturais. "O leite pasteurizado, pelas características do processo ao qual é submetido, tem realmente mais nutrientes que o longa vida", diz Portugal. "Isso, porém, não significa que ele seja nutricionalmente melhor que o UHT. Na verdade, um é tão bom quanto o outro".
2006-09-30 16:04:08
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answer #11
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answered by Anonymous
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