4 DE ABRIL DE 2006 - 19h05
MP apura presentes para Lu e mais denúncias contra Alckmin
A Procuradoria-Geral da Justiça do Ministério Público de São Paulo abriu procedimentos para investigar denúncias de atos ilícitos no governo do Estado de São Paulo durante a gestão Geraldo Alckmin. O presidenciável do PSDB é acusado de favorecimento nos contratos de publicidade da Nosa Caixa e no patrocínio da revista Ch´an Tao. Mas o caso que mais parece impactar a opinião pública é o das mais de 400 peças de roupa doadas pelo estilista Rogério Figueiredo à ex-primeira dama Lu Alckmin.
O tema foi introduzido pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo: o estilista confirmou ter doado à primeira dama as 400 peças, “ou cerca de 200 modelos completos”. "Eu tenho a prova de que foram feitas mais de 400 peças de roupa", disse Figueiredo à jornalista. “Ela nunca pagou nada”, agregou. Seus vestidos custam de R$ 3 mil a R$ 5 mil.
O guarda-roupa e sua imagem
Madame Alckmin negou as 400 peças, dizendo que foram 40, já doadas a uma instituição de caridade, a Fraternidade Irmã Clara. A presidente da Fraternidade, Elizabeth Teixeira, diz "não ter conhecimento" das doações.
A imagem de um guarda-roupa com 400 peças, só de doações, despertou o imaginário popular. Os mais velhos recordam a esposa do ditador filipino Ferdinand Marcos, Imelda: ao fugir do país em 1986, quando o marido foi derrubado, ela levou consigo seus 900 pares de sapatos. O detalhe teve um papel inusitado na consolidação do repúdio à ditadura.
Em entrevista à Folha nesta segunda-feira (3), o presidenciável tucano foi complacente para com o pecadilho da esposa: “Acho que foi um equívoco já corrigido. A Lu recebeu, usou e doou, não tem mais nenhum. Ela se equivocou, talvez até por inexperiência. Vivendo e aprendendo.”
Um processo criminal, outro civil
Agora, porém, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho, mandou investigar as denúncias de irregularidades no governo Alckmin, entre elas a do guarda-roupa de 400 peças. São dois procedimentos, um criminal e outro civil. Indagado sobre eventual intimação do ex-governador para depor, Pinho declarou: "Essa questão será examinada."
Longe de ser um inimigo de Alckmin, o procurador-geral acaba de ser reconduzido por ele. Mas afirma que isso não prejudica a independência do Ministério Público. "Toda representação que chega acompanhada de subsídios deve ser investigada, mas não podemos antecipar nenhuma conclusão”, afirma.
Presente “com base em que?”
As investigações foram abertas com base em representações do deputado Romeu Tuma (PMDB). Uma representação pede apuração sobre "eventual ato de improbidade" da ex-primeira dama por ter recebido "doações irregulares, centenas de vestidos, à guisa de presentes".
"Com base em que foi a sra. primeira dama presenteada no exercício da função de presidente do Fundo Social de Solidariedade?", diz Tuma. "Ciente de que as doações compõem as receitas do Fundo, que fim deu aos vestidos? Confundiu-se o público e o privado por quê?"
Afora este aspecto, pesa na repercussão da notícia o tipo de vida privada que o casal Alckmin valoriza e cultiva. Por exemplo, a vinculação da família com a Daslu, a loja do alto luxo em São Paulo: a filha do casal, Sofia Alckmin, além de responsável pelo setor de novos negócios da Daslu, ao que indicam as investigações teria se envolvido também na espécie de contrabando de griffe que levou a proprietária da loja a algumas horas de prisão e notoriedade.
Com agências
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2006-10-10
05:39:14
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Anonymous