Gastos excessivos em segurança privada e no sistema penal, vidas perdidas, sofrimento de vítimas, capital humano desperdiçado em prisões e patrimônios destruídos são alguns exemplos de custos sociais diretos gerados pelo crime. A pergunta que imediatamente vem à mente é: o que faz do Brasil um país tão violento? Ao contrário do que se pode pensar, a resposta fácil "subdesenvolvimento e pobreza", usada tantas vezes para justificar as mais diversas mazelas da realidade brasileira, não parece se aplicar nesse caso. Estudos mostram que o número de crimes não apresenta nenhuma relação significativa com desenvolvimento econômico. Um fator que aparece como extremamente importante nesses estudos é a desigualdade de renda.
Países com distribuição desigual de renda tendem a ter níveis altos de criminalidade e violência. Explicações sociológicas e antropológicas são as justificativas mais populares para a relação entre crime e desigualdade, mas a teoria econômica oferece uma ligação simples e direta entre esses dois fenômenos: para a população mais pobre, aquela com maior probabilidade de se engajar em atividades ilegais, maior desigualdade de renda significa maior retorno financeiro e menor custo de oportunidade para o envolvimento em ações criminosas. O que significa, em última análise, mais crimes. Nesse sentido, o fato de o Brasil ser um dos países com maior desigualdade de renda no mundo, só ficando atrás de alguns poucos muito pobres, certamente contribui para os níveis de criminalidade.
2006-10-19
14:41:02
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Anonymous