21 DE OUTUBRO DE 2006 - 14h22
O debate do emprego: Lula criou 13 vezes mais empregos com carteira assinada do que FHC
As estatísticas servem tanto para entender a realidade como para criar confusão a respeito dos processos objetivos que ocorrem numa sociedade. Um exemplo disto é o artigo do sociólogo José Pastore (O Estado de S. Paulo, 17 de outubro de 2006, "O emprego no debate eleitoral"), onde refuta os números sobre a criação de empregos formais apresentados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o debate realizado na tevê Bandeirantes, no dia 8 de outubro, opondo o candidato da frente A Força do Povo ao tucano Geraldo Alckmin.
Naquele debate, Lula comemorou a expansão do emprego formal - isto é, com carteira assinada - em seu governo, em vivo contraste com o que ocorreu durante os oito anos do cardeal tucano Fernando Henrique Cardoso quando, entre 1994 e 2002, a média mensal de empregos formais criados foi de irrisórios 8 mil empregos, contra os 106.877 mil empregos mensais do entre 2003 e setembro de 2006, uma marca quase treze vezes maior do que a do período tucano.
José Pastore duvida desse número e confessa desconhecer sua fonte. Mas ele, especialista no assunto, professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP, deveria saber a origem desses dados; aliás, deve saber mas provavelmente escondeu isso em benefício de seu argumento.
São dados públicos e notórios, gerados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregos e Desempregados) do Ministério do Trabalho e do Emprego, e disponíveis na internet. E o número atual que o Caged informa é ainda maior, com mais empregos formais criados no período Lula: entre janeiro de 2003 e setembro de 2006 foram gerados 4,8 milhões de empregos formais (com carteira assinada) no Brasil. Somente de janeiro a setembro de 2006 aquele cadastro informa a criação de 1.383.805 empregos formais, que se somam aos cerca de 3,5 milhões criados antes.
Não são dados estatísticos, mas cadastrais. O Caged recebe informações sobre todas as admissões e demissões ocorridas no país e contabiliza esses dados que, por isso, estão longe de constituir estimativas mas são o retrato daquilo que ocorreu nas relações de trabalho no país. E que não podem ser ignorados por quem estuda o assunto, muito menos por um especialista como José Pastore.
Ocorre, contudo, que o argumento de Pastore não é científico, mas propagandístico. Ele, que é o guru de Geraldo Alckmin para questões trabalhistas, é um neoliberal radical, que defende a completa desregulamentação da legislação trabalhista e a flexibilização dos contratos de trabalho, a eliminação dos direitos sociais consagrados, o fim da CLT, a limitação das atribuições dos sindicatos, o fim da unicidade sindical, a prevalência do negociado sobre o legislado (eliminando, na prática, a legislação trabalhista), a aposentadoria somente aos 65 anos de idade, o fim do Bolsa Família, entre outras barbaridades contra os direitos dos trabalhadores.
2006-10-21
07:20:24
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GERALDA PAFÚNCIA A
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