14h57
A filha de Alckmin e o contrabando na Daslu
Confira o artigo de Altamiro Borges sobre o clã Alckmin e o contrabando na Daslu - a célebre loja da elite paulista finalmente investigada a sério pela Polícia Federal.
A filha de Alckmin e o contrabando na Daslu
Por Altamiro Borges*
Talvez por sua formação puritana no Opus Dei, o candidato Geraldo Alckmin gosta de se fingir de casto e imaculado. No debate da TV Bandeirantes, ele fez questão de se mostrar "indignado" com a corrupção e criticou o fato de o presidente Lula repetir que "não sabia" dos desvios de conduta no seu governo. "É só perguntar aos seus amigos de 30 anos", alfinetou o falso moralista num momento de cólera bem ensaiado.
Mas, para ser conseqüente e manter as aparências, Alckmin deveria ter se desculpado em público por ter cortado a fita de inauguração da Daslu, templo de consumo dos ricaços, hoje processada por contrabando, sonegação fiscal e outras crimes. "Eu não sabia", deveria ter tido. Também poderia pedir desculpas por sua filha, Sophia Alckmin, ter sido gerente de compras nesta loja de contrabandistas. "Eu não sabia". E ainda deveria explicar porque os diretores da Daslu, sempre acompanhados de sua filha, reuniram-se com o secretário da Fazenda do seu governo, Eduardo Guardia. "Eu não sabia". Entre uma pregação do Opus Dei e sua agenda de governador, talvez não tenha tido tempo para acompanhar os negócios de sua filha!
Alckmin chegou de helicóptero
A nova loja da Daslu, um prédio de quatro andares e 20 mil metros quadrados, situada num bairro nobre da capital, foi inaugurada em junho de 2005. A colunista Mônica Bérgamo, do jornal Folha de S.Paulo, descreveu a festança dos ricaços com ares de ironia. "E soam os violinos da Daslu Orchestra, formada por 50 músicos. São 12 horas de sábado. Alckmin, que chegou ao prédio de helicóptero, desfaz a fita. 'A Daslu é o traço de união entre o bom gosto e muitas oportunidades de trabalho', diz. Só para a família Alckmin são duas: trabalham lá a filha [diretora de novos negócios da butique] e a cunhada dele, Vera".
Ainda segundo a picante crônica de Mônica Bérgamo, "Sophia puxa o pai pelo braço: começa o tour pela Daslu. Primeiro piso, importados femininos. Alckmin entra na Chanel, onde um smoking de veludo preto é vendido a R$ 22.600, uma sandália de cetim, gurgurão e pérolas sai por R$ 2.900 e uma bolsa multipocket, por R$ 14.000. As vendedoras informam que há mais de 50 pessoas na fila em São Paulo para comprar o mimo, até baratinho se comparado à bolsa Dior de couro de crocodilo, de R$ 39.980, e à mais cara Louis Vuitton, com pele de mink: R$ 23 mil".
"Vou colocar um jeans"
"Sophia leva o pai até o segundo pavimento. Mostra um helicóptero pendurado no teto. 'Que lindas as motos, Sô', diz Lu Alckmin à filha ao ver, encostada perto da escada, uma moto Harley Davidson (R$ 195 mil). Alckmin entra na Ermenegildo Zegna, passa pela Ralph Lauren, onde uma camiseta pode custar R$ 2.460. 'É tudo muito colorido aqui', observa. Os carros chamam a atenção do governador. Estão em exibição um Volvo de R$ 365 mil, lanchas de R$ 7 milhões, TVs de plasma de R$ 300 mil".
"O governador começa a fazer o caminho de volta. Os repórteres perguntam a Lu Alckmin: A senhora está de bolsa Chanel. E a blusa? 'É Burberry', responde Lu. 'Gosto de peças clássicas'. O governador, que diz comprar só 'umas camisas' na Daslu, aperta o passo. Ainda vai a Carapicuíba. E Lu tem que correr para o Palácio dos Bandeirantes. Precisa se trocar, 'colocar um jeans', para outro compromisso: um evento na Água Branca em que caminhões de vários bairros entregarão agasalhos doados para as crianças pobres da cidade enfrentarem o inverno que se avizinha", conclui, sarcástica, Mônica Bérgamo.
2006-10-12
07:27:52
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perguntado por
piruafalida
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