E que quando a igreja de Jesus Cristo foi formada eles nem existiam,foi na pelo ano 325d.c,que começou a se formar a igreja católica por intermédio de Constantino no concilio de nicéia,onde começou os primeiros dógmas que hoje pra eles são estatutos,e os que não seguiram esse dógmas foram perseguidos e até mortos.O ConcÃlio de Niceia
Em 325 DC, o Imperador Constantino presidiu ao ConcÃlio de Niceia, no qual 318 Bispos, por ele fortemente influenciados e pressionados, iriam determinar o curso dos 17 séculos seguintes da cultura ocidental.
Foi um dia na história que marcaria, nos séculos vindouros da História Ocidental, o princÃpio do fim de conceitos como o da pré-existência e da reencarnação, e de importantes conceitos Cosmogónicos como a distinção entre o Deus Ignoto e o Logos, ou Demiurgo, ao mesmo tempo que promovia o distanciamento entre o Homem e o Cristo. Ao mesmo tempo, afirmava a ideia de uma humanidade passiva, “corrompida pelo pecado original”, à qual restava e bastava acreditar na literalidade dos factos históricos da vida de Jesus Cristo e obedecer cegamente aos padres da Igreja – exclusivos intermediários entre Deus e o povo – para ser salva.
Constantino desejava um Império forte e unido. Naturalmente que, para manter o seu domÃnio sobre o povo e estabelecer uma ditadura religiosa, as autoridades eclesiásticas teriam que promover o obscurecimento e a ignorância do conhecimento existente nas brilhantes escrituras e filosofias arcaicas (e perenes…), que constituÃam um obstáculo aos objectivos da nova religião imperial.
Foi no ConcÃlio de Niceia que se deram dados passos decisivos no sentido de criar uma nova religião unificada, engendrada de forma a servir ao Imperador como forma de domÃnio polÃtico e social.
O Deus do Império deveria ser suficientemente forte para se opor aos Deuses do Olimpo, ao Jeová dos Hebreus e ao Buda do Oriente. Misturando as divindades arcaicas orientais com as antigas histórias de Moisés, Elias e IsaÃas, foram assim convenientemente criados os sÃmbolos da nova Igreja Romana. De igual modo, para a fabricação desta nova religião, assimilaram-se as práticas do paganismo mais convenientes, enquanto, em paralelo, todas as filosofias contrárias aos interesses da Igreja e do Império eram suprimidas ou ocultadas.
O ConcÃlio de Niceia constituiu-se como o primeiro de vinte e um concÃlios (oficialmente reconhecidos) realizados ao longo dos séculos com o fim de fabricar e consolidar a teologia de uma nova religião concebida para o fácil controlo das populações. Embora tenham havido concÃlios anteriores, o de Niceia foi o primeiro considerado como ConcÃlio Ecuménico e o primeiro que foi alvo de convocação. E, certamente, é o mais celebrado pela Igreja Católica Romana, em toda a sua história. 1
Iremos ver como nele foram instituÃdas as primeiras “ferramentas” facilitadoras da criação do profissionalismo religioso e do afastamento entre o Homem e o ideal de Cristo; como foram criados os fundamentos da teologia da nova Igreja Cristã, alicerçados na deificação de Jesus e sua consubstanciação com o Deus Pai, bem como na escolha dos Evangelhos que, a partir deste ConcÃlio, passaram a ser os únicos textos considerados como sagrados no Cristianismo.
A Conjuntura
Vejamos então o conjunto de circunstâncias que levou a este acontecimento decisivo da nossa história e cultura.
Até Constantino, Roma exigia uma obediência total ao estado mas tinha bastante abertura à livre expressão da liberdade do pensamento religioso. Em Roma coexistiam grupos que professavam a Tradição Hermética EgÃpcia, o Zoroastrismo Persa, o Budismo Oriental, o MonoteÃsmo Judeu, bem como grupos Gnósticos, Filósofos Platónicos, e outros. Esta confluência de diversidade religiosa e filosófica permitia o intercâmbio de tradições e ensinamentos, contribuindo assim para o desenvolvendo de uma teologia bastante rica. Alexandria era o centro de aprendizagem deste império (que então integrava) e a sua biblioteca era a mais famosa da antiguidade. Além do mais, a sua localização geográfica proporcionava a congregação de pessoas grupos de várias culturas e credos.
Entretanto, a acumulação de riqueza nos estratos sociais mais altos, a cobrança de impostos injustos aos pobres, a escravatura disseminada e o desrespeito pela vida humana, tinham chegado a um ponto de decadência que se tinha alastrado, e que estava agora a corromper o coração do império.
Neste contexto vários grupos Gnósticos2 floresciam em Alexandria. Simultaneamente, nasciam escolas filosóficas e grandes instrutores religiosos que procuravam despertar, nos seus alunos, ideais mais nobres.
Grupos Gnósticos foram aos Cristãos primitivos, verdadeiros herdeiros da Religião-Sabedoria. Até 250 DC, as suas ideias difundiram-se e foram amplamente toleradas. Eles ensinavam que o caminho para a libertação se encontrava pela obtenção da Gnose, o conhecimento das verdades sagradas do Universo Espiritual. Para os cristãos dos primeiros séculos, Cristo era o sÃmbolo vivo da centelha divina em cada Homem; e Jesus, o Homem sublimado, era o “… Chréstos, ou discÃpulo no Caminho ascendente, (que) havia chegado a ser um poder maior, Christos, ao realizar a união permanente com o seu EspÃrito, a Mônada Divina, o Pai. Neste estado crÃstico, Jesus volveu-se apto para ser o veÃculo de uma Entidade (ainda) mais excelsa, um Mestre de Mestres – o Cristo manifestado em Jesus”3. Através da sua vida e morte, era demonstrada a via da libertação e ensinavam-se os segredos da ascensão espiritual.
Em contraste com a cultura Romana, estes grupos de Cristãos ensinavam a simplicidade, muitas vezes levando vidas ascéticas. Denunciavam a escravatura, a opressão e a brutalidade dos Jogos romanos, onde se sacrificavam os desfavorecidos, às centenas, em espectáculos de carnificina. Roma tinha sido até ai bem sucedida a silenciar protestos populares por meio da morte ou suborno. Estes grupos Cristãos, porém, não eram permeáveis a ameaças: não tinham medo da morte, não eram tentados por suborno, e continuavam a aumentar.
Entretanto, paralelamente, as facções Cristãs mais literalistas, mais fanáticas e que se vieram a tornar Ortodoxas, viram o seu poder confirmado por Constantino. Em 314, um mês depois da morte de Miltiades, Bispo de Roma, o Imperador Constantino nomeou publicamente Silvestre como o sucessor daquele. Silvestre foi o primeiro bispo de Roma a ser coroado como um prÃncipe. Constantino doou-lhe terras, palácios, poder judicial, dinheiro, força polÃtica e até controlo sobre o exército, estendendo assim o seu poder e autoridade sobre todo o Império. Ao ter aceite a aliança entre o Estado e a Igreja, Silvestre foi o primeiro Papa a ter verdadeiro poder temporal. Em troca, promovia-se o papel divino do Imperador Constantino.
Em sequência, dois anos antes da realização do ConcÃlio de Niceia, o Imperador Constantino declara oficialmente o Cristianismo (Ortodoxo) como a religião do império Romano. Consequentemente, toda a Igreja passou também a receber grandes poderes, promovendo assim o apetite pela riqueza da classe eclesiástica. Toda a nova classe de lÃderes da Igreja Romana deixou então de ser estrangeira no mundo, para ser parte activa no sistema polÃtico vigente, acumulando riqueza e dominando congregações. Os Bispos tornaram-se homens de poder e de polÃtica, assim como conselheiros do Imperador, alguns gozando de grande prestÃgio e cooperando com o Imperador na construção da nova religião, como foi um exemplo Eusébio de Cesareia.
A Crescente Controvérsia
Naturalmente, as vozes dos Gnósticos, cujos valores não se coadunavam com os do Império Romano, e que recusavam a interpretação literal da vida de Jesus promovida pela facção ortodoxa, constituÃam sum perigo para a Igreja de Constantino. Os Gnósticos entendiam Deus a um nÃvel metafÃsico e mÃstico, e sugeriam uma relação com o Divino bem mais madura qdo ue a promovida pelos ortodoxos-literalistas. Em consequência, começaram a surgir verdadeiros focos de discórdia e diferendos vários, que vinham a causar grande ressentimentos na comunidade ortodoxa e a contribuir para debilitar cada vez mais a relação entre estes grupos.
Diferentemente da facção ortodoxa, os Cristãos originais, Gnósticos, consideravam o Deus Jeová dos Judeus como o Demiurgo, o Criador ou Governante do mundo imperfeito, do mundo inferior, e não como o Pai de que falava Jesus ou muito menos como o Absoluto,. Pretendiam ainda alguns dos grupos Gnósticos cortar a ligação a este Deus caprichoso, ou melhor, separar o Cristianismo das noções de um Deus ciumento e vingativo que aparece em tantas páginas do Antigo Testamento 4.
Em acréscimo, nos primeiros tempos do Cristianismo discutia-se na Igreja Ortodoxa a segunda vinda de Cristo (Parusia). Acreditava-se – e a Igreja continua até hoje a subscrever esta ideia - que a humanidade estava prestes a entrar numa idade gloriosa em que Cristo voltaria para recompensar os que nele acreditavam, castigar os que não acreditavam nele e voltar a dar vida fÃsica à queles que tinham morrido em seu favor. Por contraste, a generalidade dos Gnósticos não defendiam essas crenças literalistas. Tal como a crucificação, a ressurreição fÃsica não significava nada para eles, pois a verdadeira vitória estava em transcender o corpo fÃsico (e a natureza animal), não em transporta-lo depois da morte. A ressurreição de Cristo não era interpretada de uma forma literal mas sim simbólica, referindo-se a uma transformação interior levada a cabo na Iniciação nos Mistérios.
Outros diferendos, como a Doutrina das Emanações, e as doutrinas sobre a Criação do Universo, suscitavam de igual modo feroz reacção nos Cristãos ortodoxos, tendo-se atingido o ponto máximo de controvérsia – que levou à convocação do ConcÃlio de Niceia por Constantino – com a discussão em torno da Doutrina da Trindade.
A Controvérsia “Ariana”
Discutida pela primeira vez no ConcÃlio de Antióquia em 269 DC, as divergências sobre Doutrina da Trindade alcançam o seu climax no ConcÃlio de Niceia, quando do diferendo entre Arius (e seus seguidores, os “Arianos”) e o Bispo Alexandre de Alexandria (e seu protegido Atanásio), relativamente à consubstancialidade de Jesus com Deus Pai, defendida por este(s) último(s).
Até então, em muitas comunidades Cristãs, era o ensinamento preponderante que Jesus fora um homem que, em virtude da sua vida perfeita e sem pecado, recebera pelo baptismo a Iniciação, tornando-se (um) Salvador do Mundo. Este tinha sido também o ensinamento da Igreja até então, nomeadamente através de Paulo de Samosata (260 – 272 DC), Bispo de Antioquia.
Esta concepção foi seguida por Arius, um presbÃtero da Igreja de Alexandria. Começava, no entanto, a surgir a tendência materializante da facção ortodoxa. Deste modo, e ao contrário de Arius, Alexandre, Bispo de Alexandria, afirmava nos seus sermões que, em relação ao mistério da Trindade, o Filho era igual ao Pai, que o gerara, e da mesma substância. Dava-se inÃcio, assim, à formulação das três pessoas da divindade cristã ortodoxa, uma trindade antropomorfizada e que não admite divindade superior. Arius, tendo sabido dos sermões do Bispo, declarou-lhe oposição e afirmou publicamente a sua dedução lógica: se o filho era gerado pelo Pai, tem que ter havido um tempo, um momento em que o Filho não existia, ou seja, o momento anterior à sua criação. O Filho tinha, portanto, tido um começo, um inÃcio. Antagonizando o Bispo Alexandre, Arius iniciou uma forte campanha ensinando em Igrejas e assembleias públicas a doutrina de que Jesus Cristo era filho do Pai, criado pelo Pai e, portanto, uma criatura. Em resposta o Bispo Alexandre escreveu a vários Bispos, incluindo ao Bispo Alexandre de Constantinopla, denunciando Arius e os seus seguidores por tentarem evitar a deificação de Cristo.
O verdadeiro propósito do ConcÃlio de Niceia
Constantino terá percebido que a controvérsia entre os seus Bispos podia constituir uma ameaça e ser um impedimento à unidade do Império Romano. Ou, talvez ainda mais provavelmente, Constantino terá visto nesta conjuntura uma oportunidade para a unidade da religião que ele pensava impor ao império (e como forma de controlar a população), e que acabou por assentar na facção que se opunha a Arius – a facção que veio a ser a ortodoxa.
A nova religião imperial, assente numa mistura confusa das ideologias dos vários grupos Cristãos e Pagãos, permitia a difusão desejada. A adaptação (desvirtuadora, embora) das tradições do passado, facilitaria também a sua aderência pelos povos de Roma.
Adicionalmente, ao atribuir “origens divinas” à Igreja Cristã de Roma, garantia-se que Deus ficava acessÃvel apenas à hierarquiaeclesiástica – controlada por Constantino – e não ao indivÃduo comum. Constantino estendia então e reforçava o seu poder polÃtico através de todo o Ocidente, garantindo também que, como Imperador defensor da Igreja, se revestia ele próprio de uma manto divino.
Quanto à moralidade que Jesus teria ensinado, esta seria gradualmente modificada de acordo com interesses do Império e da Igreja, que impunha que “fora da igreja não há salvação”, evitando focos de dissidência.
Por último, e de modo a garantir a adesão da população a um catecismo pouco credÃvel, a Igreja postulou a ideia que acreditar nos eventos históricos da vida de Jesus era o suficiente para a salvação, fundando-se assim a “Religião Imperial Católica Apostólica Romana” ou, por outras palavras, o Cristianismo Imperial de Constantino.
O ConcÃlio
Segundo Helena Blavatsky uma névoa de mistério envolve este concÃlio, o qual “… pode muito bem ser chamado de misterioso. Havia mistério, em primeiro lugar, no número mÃstico dos seus 318 5 bispos, a que Barnabé deu muita importância; além disso não há concordância entre os escritores antigos quanto à época e ao local de realização dessa reunião, nem mesmo sobre quem seria o bispo que a presidiu” 6. Não obstante, os frutos da realização deste concÃlio marcaram de forma indelével o curso da nossa civilização.
Segundo a história oficial da Igreja Católica, o concilio terá sido presidido pelo próprio Imperador Constantino, e nele terá estado presente Eusébio de Cesareia, um dos maiores apoiantes da Ortodoxia, que mais tarde reescreveu a história da Igreja, segundo a perspectiva do Cristianismo Imperial de Constantino.
Deve-se a este concÃlio duas ferramentas chave da teologia da igreja Católica:
A decisão de quais, entre os muitos Evangelhos existentes, eram inspirados pelo Divino, ou seja, a selecção dos Evangelhos oficiais (e a subsequente erradicação de todos os escritos considerados apócrifos);
A formulação Oficial da Doutrina da Trindade, em que a Igreja rejeita o principio “Ariano” (de Arius) e afirma que Jesus é da mesma substância (ou seja, é a mesma entidade) que Deus.
Consequentemente, o Credo de Niceia foi redigido e modificado (nele se inserindo várias redundâncias) de forma a identificar o Pai com o Filho. Quem discordou, foi pura e simplesmente perseguido pelo imperador.
Ainda durante os vários séculos posteriores, os concÃlios defenderam as visões mais antagónicas e contraditórias sobre a Doutrina da Trindade, visando reforçar cada vez mais a ideia da identidade de Jesus como Deus Absoluto, e o consequente afastamento do Homem e do ideal do Cristo. à exemplo a proclamação de Maria, mãe de Jesus, como “Theotokos” – mãe de Deus – no ConcÃlio de Ãfeso realizado em 431 DC.
O ConcÃlio – a selecção
dos Evangelhos
Quanto à selecção dos Evangelhos, diz-nos HBP na sua obra “Ãsis sem Véu”:
“Todo o actual dogmatismo religioso da Igreja se deve à Sortes Sanctorum, a prática de lançar à sorte alguma coisa com o fim da adivinhação, exercida pelo clero cristão primitivo e medieval. Não sendo capazes de concordar quais dos numerosos Evangelhos seriam os mais divinamente inspirados, foi resolvido no concÃlio de Nicea deixar a decisão nas mãos da intervenção milagrosa” 7. Como tal, os actuais Evangelhos Canónicos são estes e não outros devido à Sortes Sanctorum.
Curiosamente esta prática de adivinhação era considerada uma prática sagrada, se feita pelo clero cristão primitivo e medieval. Porém, se exercido por leigos, hereges ou pagãos o sortes sanctorum convertia-se, se acreditarmos nos piedosos padres, em sortes diabolurum ou sortilégio (feitiçaria) 8.
Ainda segundo Helena Blavatsky, “… Pappus diz-nos no seu Synodicon daquele Concilio: ‘Depois de terem promiscuamente colocado todos os livros que tinham sido referidos para determinação ao ConcÃlio sob a mesa de comunhão de uma Igreja, eles (os Bispos) imploraram ao Senhor para que os livros inspirados fossem parar em cima da mesa, e assim sucedeu (…) Com base na autoridade das testemunhas eclesiásticas, portanto, tomamos a liberdade de dizer que o mundo cristão deve a sua ‘Palavra de Deus’ a um processo adivinhatório, pelo qual a Igreja, em seguida, condenou vÃtimas infelizes como conjuradores, encantadores, mágicos, feiticeiros e vaticinadores e os queimou aos milhares. Falando desse fenómeno verdadeiramente divino da escolha dos manuscritos, os padres da Igreja dizem que o próprio Deus preside ao Sortes”’ 9.
Refira-se que, nos primeiros séculos do Cristianismo. os Evangelhos teriam chegado a ser mais de 300. A sua redução para somente 4, decorrente do ConcÃlio de Niceia, e o facto de se conhecerem hoje mais de 60 Evangelhos ditos “apócrifos” (como os de Tomé, de Pedro, de Filipe, de Tiago, dos Doze Apóstolos, dos Hebreus, etc.) vem demonstrar o papel preponderante da Igreja Católica na eliminação e adulteração dos primeiros escritos cristãos. Adicionalmente, sabe-se que os diversos grupos de Cristãos Gnósticos, de que são exemplo os Ebionitas e os Nazarenos, tinham os seus próprios Evangelhos, muito diferentes dos textos seleccionados sob os auspÃcios de Constantino.
Reforçando a incoerência de todo este processo, e de acordo com um dos compiladores da obra “Apócrifos, os Proscritos da BÃblia”, houve textos que, não obstante eliminados da BÃblia Romana, viriam mais tarde a ser nela reintegrados, como são exemplos o Livro da Sabedoria (atribuÃdo a Salomão), o Eclesiástico ou Sirac, as Odes de Salomão, o Livro de Tobias, o Livro de Macabeus, e outros mais. Outra parte de escritos veterotestamentários ficou, no entanto, de fora, como o famoso Livro de Enoch, o Livro da Ascensão de IsaÃas, e os Livros III e IV dos Macabeus.
O ConcÃlio – o Credo Niceno
Para prover a nova religião de origens divinas, os Bispos reconstruÃram um credo existente, enfatizando a consubstanciação do Filho com o Pai, de Jesus com Deus:
“Creio em Deus Pai Todo Poderoso, Criador do Céu e da Terra, e de todas as coisas visÃveis e invisÃveis;
E em um Senhor Jesus Cristo, filho unigénito de Deus, gerado de Seu Pai antes de todos os tempos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro, gerado e não criado, consubstancial ao Pai (…)”
De facto, como já foi dito, um dos dois pontos na agenda do ConcÃlio, foi a discussão sobre a natureza de Cristo e a natureza da sua relação com Deus: se o Pai tinha existido antes do Filho, e se Pai e Filho eram da mesma natureza ou “apenas” de natureza semelhante. A discussão centrou-se à volta de uma variação da palavra grega “homos”: em grego a palavra “homos” significa da mesma natureza ou substância, consubstancial. No entanto, adicionando um “i” à palavra – “homoios” – passa a significar de natureza semelhante. Decidiram os Bispos que o termo correcto para designar Jesus seria, na lÃngua Grega, “homos”, ou seja, consubstancial.
A Trindade de Hipóstases divinas existente no HinduÃsmo e no antigo Egipto, assim como em todos os sistemas religiosos e filosóficos arcaicos 10, foi assim decalcada e antropomorfizada. Consequentemente o ConcÃlio decidiu que a Trindade Cristã seria constituÃda por Três Pessoas: o Pai, o Filho (Jesus) e o EspÃrito Santo, e que Jesus, o Filho, era consubstancial a Deus.
Nos Mistérios e religiões arcaicas que antecederam a Cristandade, era bem conhecido que o termo “Filho de Deus” se usava para designar o grau de Iniciação nos mais altos Mistérios, a realização da sua natureza divina por parte do iniciado. Quando um aspirante alcançava, através da Iniciação, de grandes provas e sofrimentos, um elevado estado de perfeição, o seu nome era transformado em Christos, o “purificado” 11. Para a generalidade dos grupos Gnósticos, Jesus era a Sabedoria e a palavra de Deus em virtude da sua indissolúvel união com o Verbo. Cristo, filho de Deus, corresponde analogicamente ao segundo Aspecto do Logos e o princÃpio Cristico, ou Buddhi, no homem.
Como é óbvio, estas considerações metafÃsicas por muito enriquecedoras do ponto de vista do conhecimento religioso-filosófico que fossem, não beneficiavam em nada o poder e a autoridade da classe eclesiástica, que se começava a formar no Império através do domÃnio da facção ortodoxa nas paróquias.
Se os padres da Igreja Ortodoxa fizessem a distinção entre a preexistência da alma de Jesus (ou Jesus homem) e o Cristo ao qual ele ascendeu, isso implicava obviamente que qualquer alma podia, da mesma forma que Jesus, vir a identificar-se com o Filho e, portanto, a progredir na direcção de uma União com a Divindade. O poder e a autoridade do Clero, como únicos mediadores entre Deus e o Homem, seriam, desta forma, ameaçados.
Os padres tomaram portanto a direcção contrária – uma direcção que lhes permitisse o controlo absoluto dos seus crentes, um movimento na direcção da absoluta deificação de Jesus.
Em oposição, vários Bispos favoráveis à s teses de Arius apresentaram um outro credo ao concilio, o qual foi rasgado, resultando na excomunhão de Arius. O livro de Arius foi igualmente queimado no próprio concÃlio. Uma confissão de fé (o Credo Niceno) foi então escrita no concÃlio e assinada por todos os presentes, de acordo com ordem dada por Constantino. Todos os que se recusaram a assinar o Credo, foram banidos.
O Credo subscrito em Niceia é muito mais do que a afirmação da Divindade de Jesus: é também a afirmação da nossa separação de Cristo e do Divino.
Entretanto, curiosamente, o Credo Niceno é também visto por alguns estudiosos como um simples (mas pouco lúcido) desenvolvimento da fórmula “O Buddha, A Lei, A Comunidade Monástica (Buddha, Dharma, Sangha), tendo sido o ConcÃlio o momento em que o Cristianismo rompeu definitivamente com o Budismo eclesiástico, visto que os Essenos, os Terapeutas e os Gnósticos são identificados como o resultado da fusão entre o pensamento Indiano e SemÃtico, demonstrado por comparação entre a vida de Jesus e Buddha. Na parte lendária, ambas as histórias são idênticas. A parte lendária é contrastada com a caracterÃstica correspondente noutras religiões, principalmente com a história Védica do Visvakarman” 12.
Aliás, são patentes as similaridades do Credo Niceno com a antiga doutrina Hindu. Krishna era considerado como a incarnação de Visnhu, cuja função era análoga à Segunda Pessoa da Trindade Cristã. No Bhagavad-Gita (datado aproximadamente de 250 AC), o mesmo Krishna é representado como a suprema personificação de Brahman – a divindade suprema que desce para iluminar o homem e contribuir para a sua salvação. Isto vem evidenciar, uma vez mais, que o Credo proposto pela facção ortodoxa e feito assinar pelos Bispos em Niceia resultou de uma amálgama fabricada com elementos de outras doutrinas mais antigas, adaptadas aos interesses e objectivos da nova religião imperial.
Posteriormente, ao longo da História da Igreja Católica, e no decorrer de vários concÃlios, foram também adicionadas ao Credo Niceno diversas outras referências reflectindo a constante adaptação da religião fabricada, nomeadamente a inclusão da passagem “… e encarnou pelo EspÃrito Santo na Virgem Maria…” e “… também por nós foi crucificado e sob Pôncio Pilatos”, numa clara tentativa de enfatizar um elemento Histórico na vida literal de Jesus, justamente por ser um elemento controvertido” 13.
Conclusão
Como vimos, a polÃtica do Império Romano foi lentamente assimilada na Igreja, sendo formulada uma religião totalitária com o nome de Catolicismo Romano. A ascensão de Constantino foi um perÃodo de grande crescimento da Igreja, com o criar da religião oficial do Império.
Vimos também que no concilio de Niceia se dão os primeiros passos no sentido de construir os alicerces da teologia desta igreja oficial: são “sorteados” os Evangelhos “Divinamente” inspirados, e Jesus Cristo é oficialmente declarado como Deus.
Após este acto, haverá sempre, para muitos, um abismo entre a humanidade e Cristo. De acordo com os padres pós-Niceia, Jesus é o próprio Deus Eterno Imanifestado e Absoluto. Também a noção de “Iniciação” é eliminada. As doutrinas gnósticas e esotéricas, cujos ensinamentos incidiam na evolução espiritual, tornaram-se supérfluas e indesejáveis. A teologia resultante do Credo Niceno promoveu uma passividade em que, de acordo com aquela fórmula, qualquer pessoa tem apenas que aceitar o credo, partilhar dos sacramentos, obedecer aos Bispos e à Igreja, bem como à s decisões dos concÃlios, e será “salvo”.
Este concÃlio e as doutrinas daà advenientes prepararam também o terreno no qual floresceram as doutrinas do pecado original e do Inferno Eterno, contribuindo para a degradação e aviltamento da humanidade.
Vimos ainda que o triunfo do Cristianismo não pode ser separado da influência politica do Império Romano. Ao promover o casamento entre igreja e estado, os lÃderes da igreja tornaram-se monarcas e Constantino foi quase foi considerado um santo. Consequentemente, uma das grandes preocupações da Igreja foi (não a teologia) mas a eliminação de todos os elementos que se atravessaram na obtenção do poder absoluto. A partir daqui e até 1798 (quando os exércitos de Napoleão entraram em Roma), o Papa e as Monarquias governaram em unÃssono.
Quando Constantino morreu, em 337, foi Baptizado (ironicamente só no seu leito de morte e por um seguidor de Arius) e enterrado na consideração que se tornara um décimo terceiro apóstolo. Na iconografia eclesiástica foi representado como recebendo uma coroa da mão de Deus…
2007-06-24 13:35:40
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answer #3
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