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Por favor, só responda se ler. Ninguém é obrigado a ler um texto grande se não quiser.

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João e Helena chegavam do trabalho como sempre faziam. Mas naquela noite quando abriram a porta, levaram um susto: havia algumas pessoas dentro da casa. Achando que eram ladrões, marido e mulher ficaram assustados. Mas, um homem forte e saudável, com o corpo de atleta disse:
- Calma, nós somos velhos conhecidos e estamos em toda a parte do mundo. – Helena pergunta:
- Mas quem são vocês? – O homem com corpo de atleta responde:
- Eu sou a PREGUIÇA. Estamos aqui para sair definitivamente da vida de vocês.
Helena, nervosa, mas curiosa pergunta:
- Como você pode ser a PREGUIÇA se tem um corpo de atleta que vive malhando e praticando esportes? A PREGUIÇA rapidamente responde:
- A PREGUIÇA é forte como um touro e pesa toneladas nos ombros dos preguiçosos. Com ela, ninguém pode chegar a ser um vencedor.
Num canto, uma mulher velha curvada, com a pele cheia de rugas, que mais parecia uma bruxa diz:
- Eu, meus queridos, sou a LUXÚRIA. – João, indignado fala:
- Não é possível! Você não pode atrair ninguém com essa feiúra. A velha responde:
- Não há feiúra para a LUXÚRIA. Sou velha porque existo há muito tempo entre os homens. Sou capaz de destruir famílias inteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos, até a morte. Sou esperta e posso me disfarçar na mais linda mulher.
Um cheiro ruim invadiu a casa e um homem todo sujo, com roupas rasgadas, parecendo um mendigo fala para o casal:
- Eu sou a COBIÇA. Por mim, muitos já mataram, abandonaram famílias e pátria. Sou tão antigo quanto a LUXÚRIA. Mas dependo dela para existir.
Uma mulher lindíssima, com o corpo escultural aparece e diz:
- E eu, sou a GULA. – Os donos da casa se assustaram e a esposa disse:
- Sempre imaginei que a GULA seria gorda. – A GULA responde:
- Sou linda e atraente, porque se assim não fosse, seria muito fácil se livrarem de mim. Minha natureza é delicada, normalmente sou discreta, quem tem a mim, não percebe. Me mostro sempre disposta a ajudar na busca da LUXÚRIA.
Sentado em cadeira, em outro canto da casa, um senhor, também velho, mas com o rosto suave e voz calma diz:
- Eu sou a IRA. Alguns me conhecem como cólera. Tenho muitos milênios também. Não sou homem, nem mulher, assim como meus companheiros que estão aqui. – Helena desapontada fala:
- IRA? Você parece mais um vovô que todos gostariam de ter. – E a IRA responde:
- E a grande maioria me tem! Matam com crueldade, provocam brigas horríveis e destroem cidades quando me aproximo. Sou capaz de acabar com qualquer sentimento diferente de mim. Posso estar em qualquer lugar e entrar nas mais protegidas casas. Pareço calmo e sereno para lhes mostrar que a IRA pode estar no aparentemente manso. Posso ficar dentro do íntimo das pessoas sem me manifestar, provocando as mais terríveis doenças.
De repente, uma jovem, exibindo uma coroa de ouro cravada de diamantes, braceletes de brilhantes e usando roupas caras, como se fosse uma princesa rica e poderosa fala:
- E eu sou a INVEJA. Faço parte da história do homem desde a sua criação. Helena então pergunta:
- Como você pode ser a INVEJA, se é rica e bonita e parece ter tudo o que deseja? – E a INVEJA responde:
- Há os que são ricos, os que são famosos e os que não são nada disso, mas eu estou entre todos. A INVEJA surge pelo que não se tem e o que não tem é a felicidade. Felicidade depende de amor, e isso é o que demais precisa a humanidade. Onde eu estou, também está a Tristeza.
Enquanto os invasores se explicavam, um garoto, que parecia ter uns cinco, seis anos, brincava pela casa sorrindo, inocente, com toda a sua juventude pela frente, olhos ativos.
Helena, curiosa, pergunta:
- E você, garoto, o que faz junto a esses que parecem ser o mal em pessoa? – O garoto responde sorrindo e com um olhar profundo:
- Eu sou o ORGULHO – Helena não acredita:
- ORGULHO? Mas você é apenas uma criança! Tão inocente como todas as outras.
O menino ficou tão sério a ponto de assustar o casal e diz:
- O ORGULHO é como uma criança mesmo. Se mostra inocente e inofensivo. Mas não se enganem, sou tão destrutível quanto todos aqui. Quer brincar comigo?
Nesse momento, a PREGUIÇA interrompe a conversa:
- Vocês devem escolher quem de nós sairá definitivamente de suas vidas. Queremos uma resposta.
João diz:
- Por favor, dêem dez minutos para pensarmos.
O casal se dirige para seu quarto e lá fazem várias considerações. Dez minutos depois voltam. – A GULA pergunta:
- E então, o que decidiram? – João responde:
- Queremos que o ORGULHO saia de nossas vidas.
O garoto olha com muito ódio para o casal, pois queria continuar ali. Mas, vai embora. Os outros, em silêncio, iam acompanhando o garoto quando João pergunta:
- Ei! Vocês vão embora também?
O menino, que é o ORGULHO, então diz com raiva e com a voz forte:
- Vocês escolheram que o ORGULHO saísse de suas vidas e fizeram a melhor escolha, porque onde não há ORGULHO, não há PREGUIÇA. Os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nada fazerem para viver, não percebendo que na verdade, vegetam.
Onde não há ORGULHO, não há LUXÚRIA, pois os que têm LUXÚRIA, têm ORGULHO de seus corpos e se julgam merecedores. Onde não há ORGULHO, não há COBIÇA, pois os que têm COBIÇA, têm ORGULHO das migalhas que possuem, juntando tesouros na terra e INVEJAndo a felicidade dos outros. Não percebem que na verdade, são instrumentos do dinheiro.
Onde não há ORGULHO, não há GULA, pois os gulosos se orgulham de suas condições e jamais admitem que o são. Arrumam desculpas para justificar a GULA, não percebendo que na verdade, são marionetes dos desejos. Onde não há ORGULHO, não há IRA, pois os que têm IRA, com facilidade, destroem aqueles que, segundo o próprio julgamento, não são perfeitos, não percebendo que na verdade, sua IRA é resultado de suas próprias imperfeições.
Onde não há ORGULHO, não há INVEJA, pois os invejosos sentem o ORGULHO ferido ao verem o sucesso dos outros, seja ele qual for. Precisam constantemente superar os demais nas conquistas, não percebendo que na verdade, são ferramentas da insegurança.
Todos saíram sem olhar para trás e, ao baterem a porta, um fulminante raio de luz invadiu a casa.

2007-06-23 00:41:40 · 13 respostas · perguntado por Jorge Murta 6 em Sociedade e Cultura Religião e Espiritualidade

13 respostas

Ainda estão faltando alguns elementos desta perversa família que verificamos instalada no interior de cada ser, Murta, conquanto João e Helena conviviam apenas com estes em seu lar, ótimo.
A família "Falhas de Caráter" ainda é numerosa, mas sua fábula é interessantíssima para que possamos cerrar os olhos por um momento, refletir quem somos e identificá-la em nosso íntimo e exigir que estes fastidiosos elemetnos se extirpem de nosso interior.
Abraços, Murta.

2007-06-23 01:06:42 · answer #1 · answered by ? 6 · 1 0

Show tua parábola. Bastante completa e interessante, por este motivo eu tenho fé no ser humano e acredito que possamos transformar estas palavras em realidade.

2007-06-23 13:13:49 · answer #2 · answered by Rock Rider 3 · 1 0

Gostei muito da parábola, Murta. Sempre me causando surpresas boas...

E para receber coisas boas por meio da leitura, não podemos mesmo ter preguiça!

2007-06-23 06:55:19 · answer #3 · answered by Anonymous · 1 0

gostei posso repassar? conheço diversas pessoas que precisam ler estas palavras, inclusive eu mesmsa, obrigado

2007-06-23 02:41:33 · answer #4 · answered by martidina 5 · 1 0

Para fazer o elogio das virtudes nada melhor que o que S.Francisco escreveu:
Salve, rainha sabedoria, o Senhor te guarde por tua santa irmã, a pura simplicidade!
Senhora santa Pobreza, o Senhor te guarde portua santa irmã a humildade!
Senhora santa caridade, o Senhor te guarde por tua santa irmã, a obediência!
Santíssimas virtudes todas, guarde-vos o Senhor, de quem procedeis e vindes a nós!
Não existe no mundo inteiro homem algum em condições de possuir uma de vós, sem que ele morra primeiro.
Quem possuir uma de vós e não ofender as demais, a todas possui; e quem a uma ofender, nenhuma possui e a todas ofende. E cada uma por si destrói os vícios e pecados.
A santa sabedoria confunde Satanás e todas as suas astúcias.
A pura e santa simplicidade confunde toda sabedoria deste mundo e a prudência da carne.
A santa pobreza confunde confunde toda cobiça e avareza e colicitudes deste século.
A santa humildade confunde o orgulho e todos os homens deste mundo e tudo quanto há no mundo.
A santa caridade confunde todas as tentações do demônio e da carne e todos os temores carnais.
A santa obediência confunde todos os desejos sensuais e carnais e mantém o corpo mortificado para obedecer ao espírito e obedecer ao seu irmão, e torna o homem submisso a todos os homens desse mundo, e nem só aos homens, senão também a todas as feras e animais irracionais, para que dele possam dispor a seu talante, até o ponto que lho for permitido do alto pelo Senhor(cf. Jo 19,11)

2007-06-23 02:22:44 · answer #5 · answered by Frei Bento 7 · 1 0

É... faz sentido!

2007-06-23 02:09:38 · answer #6 · answered by Ronin Yu Makoto 6 · 1 0

Grande Murta, toma estrelinha.

2007-06-23 02:03:14 · answer #7 · answered by zecavaleiro 5 · 1 0

teria possibilidade de escolher a melhor pergunta e essa seria a minha escolhida

já estrelei, já copiei e já salvei

que bela lição...

grande abraço

2007-06-23 01:12:10 · answer #8 · answered by astrorei, carioca e busólogo 6 · 1 0

Eu ja tinha ouvido essa história. Muito bela mesmo. Só tenho a comentar que ao lado do orgulho anda de mãos dadas o egoísmo, as duas chagas da humanidade, que geram todas as outras.

2007-06-23 01:02:39 · answer #9 · answered by sebatalhão 1 · 1 0

Bela parábola amigo Murta, realmente o orgulho é algo que nos cega, que nos faz estagnar, ficarmos satisfeitos com o puco que temos de dái emergem todos os sentimentos de apego que a humanidade da Terra conhece...

2007-06-23 00:55:54 · answer #10 · answered by Advicer 7 · 1 0

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