Variando de assunto e tentando elevar o nivel do debate?

Question

Vamos variar de assunto?

Gostaria que algum protestante explicasse a doutrina da predestinação calvinista.
Considerando que a Igreja Católica também crê na predestinação ainda que seja fator controverso no âmbito da teologia católica.
Santo Agostinho e São Tomas e tantos outros teólogos aceitam a predestinação dos eleitos ao paraíso, mas também afirma a liberdade da vontade humana, distinguindo-se dessa forma do Calvinismo.
Deus sempre será soberano, o que se discute é a graça em aparente contradição ao livre arbítrio.
A Igreja Católica afirma a predestinação como dogma de fide (o maior nível de certeza teológica), e ao mesmo tempo afirma o livre arbítrio e a possibilidade da queda pelo abandono da fé. Ou seja , ainda que Deus eleja , Ele sempre deixará ao Homem a possibilidade de rejeitar a graça.
Assim sendo, desde o Concilio de Trento , dogmaticamente a Igreja define a predestinação a partir da fé- De fide. A realidade da predestinação está claramente atestada em Rm 8,29 e seguintes: ... cf. Mt 25,34; Jo 10,27 e seguintes; At 13,48; Ef 1,4 e seguintes... A predestinação faz parte do plano divino da Eterna Providência.
Os tomistas , agostinianos e escotistas aceitam que Deus livremente determina por toda a eternidade, independente dos méritos da graça do homem, a chamar certos homens à bem-aventurança e conseqüentemente concede a eles graça que os guiará infalivelmente à correta execução do Decreto Divino.
A maioria dos molinistas, e também São Francisco de Sales (1622) ensinam uma predestinação condicionada (ad gloriam tantum), que é, postand popter praevisa merita. De acordo com eles, Deus, por sua scientia media, vê antecipadamente qual homem irá reagir livremente às várias disposições da graça.
Ele( Deus) conhece por antecipação e infalivelmente qual o uso que cada homem fará com a graça concedida a ele. Então Ele elege à bem-aventurança eterna aqueles que por virtude de seus méritos previstos cooperam perseverantemente com a graça.
Porém, As dificuldades que permanecem dos dois lados provam que a Predestinação, mesmo com uma razão iluminada pela fé, ainda é um mistério insondável (Rm 11,33ss).

O Concílio de Trento declarou-se contra o calvinismo, que a certeza do conhecimento da predestinação de alguém somente pode ser obtida por revelação especial... a Sagrada Escritura ordena o homem a trabalhar por sua salvação com temor e tremor (Fl 2,12). O que acha que está no alto cuide que não caia (1 Cor 10,12).

Você protestante o que acha?

Paz e Bem

Answer 1

Caro Frei Bento,
Fiquei impressionada por alguém se interessar pelo mesmo assunto que eu! Geralmente, os evangélicos não têm muito interesse por estas questões.
Há 10 anos venho estudando este assunto. É um dos assuntos que mais me instigam.
Por ironia do destino, embora calvinista vivo no seio de uma igreja arminiana, onde todos entendem a questão da salvação de forma diametralmente oposta à minha.
É difícil apresentar uma resposta em um curto espaço, por isso, indico como leitura um dos melhores livros já escritos sobre o assunto: "Deus é Soberano." (A.W.PINK).
De qualquer forma embora a pergunta envolva aspectos como 'conselho, propósito, determinação, eleição, presciência, livre arbítrio do homem, soberania de Deus' vou tentar responder,segundo o que tenho estudado e aprendido com um dos meus professores preferidos, João Karp (tudo o que escrevo abaixo, foi extraído do seu livro, o qual cito no final).
"No tocante ao método do qual Deus se serve para salvar àqueles que Ele determinou fazê-lo, Paulo nos informa, em I Cor 1.21, que "pela loucurada pregação, aprouve a Deus salvar os que crêem", acrescentando, no verso 24 do mesmo capítulo, que a referida pregação é extensiva aos que forem chamados, e esclarecendo no verso 26 que "não foram chamados muito sábios...nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento". Finalizando o citado capítulo, completa o assunto afirmando, por três vezes, que "Deus escolheu cousas loucas, fracas e humildes, para envergonhar as fortes e reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus...para que aquele que se gloria, glorie-se no Senhor".
Jonas enfatiza, no capítulo 2 e verso 9 de seu livro, o que todos os glorificados, um dia, repetirão, em coro, dizendo: "A salvação pertence a Deus". (vide Apocalipse 7.10).
A loucura da pregação do Evangelho, oficialmente, foi iniciada no dia de Pentecostes, e os apóstolos corretamente a enquadraram como extensiva a "vossos filhos, a todos que ainda estão longe...", mas limitada "a todos quantos o Senhor nosso Deus chamar". ( At 2.39).
Em João 5.25, Jesus já havia dito que "vem a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem, viverão". Logicamente, só os que, prévia e soberanamente, nascerem de novo.
Paulo não qualificou a pregação do Evangelho de loucura por considerar o teor da mensagem como tal, mas, única e simplesmente, pelo fato de a mesma ser pronunciada e dirigida a mortos espirituais (Em gênesis 2.17 o Senhor havia dito que se Adão e Eva desobedecessem sua determinação, certamente morreriam. Á luz da Bíblia o que neles morreu, no dia em que pecaram, foi o espírito, restou-lhes apenas a vida física. Sobre o assunto, Frei Bento - ler Watmann Nee - 'O Homem Espiritual').
Em Ezequiel 37.4, Deus ordenou: "Profetiza a estes ossos, e dize-lhes: ossos secos, ouvi a Palavra do Senhor".
Pelo contexto de toda a Biblia e pelos fatos que a cada dia se sucedem, no final da loucura de cada pregação, uma verdade se destaca: a loucura da pregação indistintamente extensiva a todos os mortos, em obediência à específica ordem dada à Igreja de pregar o Evangelho a todo o mundo está, invariavelmente, restrita à prévia vivificação divina daqueles que, soberanamente, forem chamados "dentre os mortos", conforme a categórica afirmação de Jesus registrada em João 6.44 e 6.37 de que ninguém pode vir a Ele, se o Pai não o trouxer, e só virão a Ele aqueles que o Pai lhe der (Atos 16.14 - Se Deus não tivesse aberto o coração de Lídia, até hoje Paulo poderia estar pregando à ela sem resultado algum; Em Atos 26.29 - Paulo disse ao Rei Agripa:.."quem dera assim Deus permitisse." Note que Paulo conhecia a Soberania de Deus no tocante a salvação.)
A primeira parte de uma boa obra é a vontade de realizá-la; a segunda é a capacidade de praticá-la. O Autor de ambas é Deus (Jr 31.18; Lm 5.21; Dt 29.4, 30.6; Mt 11.27, Jo 1.13; Tg 1.18)
Não adianta tentar harmonizar a palavra "todos" encontrada em textos bíblicos a exemplo de "Deus deseja que todos sejam salvos", de Timóteo 2.4, com o reduzido número de decisões para Cristo que ocorrem na prática, apelando para os textos condicionais tais como "quantas vezes quis Eu e vós não quisestes", de Mateus 23.37. Pois a Palavra de Deus é harmoniosa e sem contradições, e a qualificação de "escolhidos e eleitos", biblicamente dada aos salvos, deveria ser suficiente para provar que Deus planejou salvar apenas um limitado número de pessoas. Jesus disse: "Não fostes vós que me escolhestes, mas, pelo contrário, Eu vos escolhi (Jo 15.16). E Paulo disse que: "Ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus, quanto à elelição prevalecesse, não por obras, mas por Aquele que chama". (Rom 9.11). Em atos 15.14 lemos que "Deus visitou os gentios para constituir, DENTRE eles, um povo para o Seu nome", significando, alguns sendo tirados dentre outros, que ficam. Em João 17 versos 2,6,9,12 e 24, Jesus orou cinco vezes por aqueles que o Pai lhe havia dado.
Nenhum texto condicional jamais anulou, nem anulará, a divina vontade de propósitos. A única vontade que o homem pode violar ou desobedecer é a vontade divina de preceitos, geralmente dada ao povo de Deus que, na condição de filhos, podem desobedecê-lo e vir a sofrer, por isso, pesados castigos e a perda de recompensas, galardões, coroas, postos, etc.
C. H. Spurgeon, o grande pregador inglês, costumava afirmar que ninguém jamais escaparia do texto de Atos 13.48, que diz: "...E creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna." Pois não está escrito apenas 'previstos' mas 'destinados', devendo-se notar que prever nunca foi sinônimo de destinar.'

Frei Bento, quando vc fala:
'Assim sendo, desde o Concilio de Trento , dogmaticamente a Igreja define a predestinação a partir da fé- De fide. A realidade da predestinação está claramente atestada em Rm 8,29 e seguintes: ... cf. Mt 25,34; Jo 10,27 e seguintes; At 13,48; Ef 1,4 e seguintes... A predestinação faz parte do plano divino da Eterna Providência.'

Resposta:
Quero esclarecer que Mt 25.34 não está tratando da predestinação da Igreja. Quando estudamos um texto temos que cuidar porque podemos cometer erros de aplicação, interpretação e colocação.
Dos 4 evangelhos, o de João é o evangelho destinado à Igreja. O grande julgamento descrito em Mt 25.34 diz respeito a um fase posterior ao arrebatamento da igreja, trata-se da separação daqueles que entrarão no milênio.

Quando vc fala:
'A maioria dos molinistas, e também São Francisco de Sales (1622) ensinam uma predestinação condicionada (ad gloriam tantum), que é, postand popter praevisa merita. De acordo com eles, Deus, por sua scientia media, vê antecipadamente qual homem irá reagir livremente às várias disposições da graça.'

Resposta:
Deus é Soberano. Se não Ele não seria Deus. Ou Ele é Soberno ou Ele não é Deus.
A presciência de Deus é precedida pela predeterminação. A presciência relaciona-se com o aspecto passivo de conhecer aquilo que Ele já determinou. "Logicamente, ainda que não cronologicamente, o decreto vem antes da presciência". (Strong) . Vide At 2.23 e At 4.27,28
"Donde vem o conhecimento de Deus de eventos futuros, fora do seu propósito de causá-los ou permití-los?" (Boyce)
"A presciência de Deus descança sobre o Seu determinado conselho". ( Graves, The Seven Dispensations)
'Pela Palavra de Deus sabemos que, num passado remotíssimo, antes dos tempos eternos (II Tim 1.9), Deus se reuniu em conselho com os outros membros da Trindade, propondo e determinando a criação e o destino de tudo e de todos, sem votos contrários de ninguém, por não haver ninguém, acima dEle, a perguntar: "que fazes?" ( Is 46.9-10; Dn 4.35).
Como Soberano absoluto do universo, Deus sempre age livremente. Criou os mundos e o homem porque assim o quis, e sempre fará de tudo e de todos o que quiser, sem necessidade de dar satisfações a ninguém, pois Seu livre arbítrio é absoluto (o do homem é relativo).
Deus controla a entrada e a saída de cada pessoa no mundo. Ninguém jamais nascerá nem morrerá sem que Ele assim o queira (I Sm 2.6; Dt 32.39). As chaves das portas de entrada e saída do mundo estão em Suas mãos, e Ele só abre a quem e quando Ele quer. Como as portas de saída da grande casa que é o mundo são duas, isto é, uma pra baixo e a outra para cima, igualmente, ninguém sairá para o além por nenhuma delas sem Sua soberana e expressa determinação, previamente fixada no conselho referido acima, ocorrido antes dos tempos eternos (Sl 139.16)

Quando vc fala:
Ele( Deus) conhece por antecipação e infalivelmente qual o uso que cada homem fará com a graça concedida a ele. Então Ele elege à bem-aventurança eterna aqueles que por virtude de seus méritos previstos cooperam perseverantemente com a graça.

Resposta:
A salvação é por graça e não por obras, se não a graça não é mais graça. Se houver 1% de obra humana, já não é mais graça.
Somente a pessoa que é soberanamente vivificada - por isso Jesus disse a Nicodemos, que importava nascer de novo - pode ser salva.
'Com isso, não se quer dizer que cada pessoa não seja livre para decidir tudo o que quiser, respeitada a cláusula bíblica "se Deus quiser", no toconte a tudo o que diz respeito à vida terrena e física, nas escolhas e decisões, que todos nós, como seres racionais, diariamente fazemos através das faculdades da alma: mente, emoção e vontade.
Não obstante, no tocante à salvação específicamente, à luz da Bíblia, desde a queda de Adão e Eva para cá, ninguém mais conseguiu exercer livre arbítrio para voltar-se para Deus. Neste sentido a Palavra de Deus afirma que "não há ninguém que busque a Deus,...,não há um sequer." (Rom 3.11)
A Salvação é atribuição divina do início ao fim (Jo 6.44; 6.65) - por isso não é possível também perdê-la; uma vez salvo sempre salvo - . Trata-se a salvação de uma operação divina, em que o Espírito Santo vivifica a pessoa espiritualmente morta, que então passa a exercer arrependimento e fé na Palavra (Por isso Jesus disse a Zaqueu: "Hoje entrou salvação nesta casa".)

Qdo vc diz:
O Concílio de Trento declarou-se contra o calvinismo, que a certeza do conhecimento da predestinação de alguém somente pode ser obtida por revelação especial... a Sagrada Escritura ordena o homem a trabalhar por sua salvação com temor e tremor (Fl 2,12). O que acha que está no alto cuide que não caia (1 Cor 10,12).


Meia Resposta:
"DEUS É SOBERANO E O HOMEM É RESPONSÁVEL." EIS UM PARADOXO À NOSSA MENTE HUMANA E FINITA. POR ISSO DEVERIAMOS FAZER TUDO COMO SE A SALVAÇÃO DEPENDESSE SOMENTE DE NÓS, MAS SABENDO QUE ELA DEPENDE INTEIRAMENTE DE DEUS. REALMENTE DEVEMOS TRABALHAR NOSSA SALVAÇÃO COM TEMOR E TREMOR. (Salvação, Frei Bento, envolve tudo aquilo que Watmann Nee escreveu em seus 3 volumes sobre o "Homem Espiritual)

Frei Bento, sei que suas questões expostas acima não foram em sua maioria tratadas nesta resposta. Até comecei a respondê-las, mas a resposta iria virar um verdadeiro tratado, por isso deixei de lado a empreitada. Espero que uma mínima luz ao menos tenha sido lançada sobre questão tão complexa.
Afetuosamente,
Jaqueline

Answer 2

A doutrina da Predestinação já foi considerada uma das mais complicadas na história da Igreja.Para muitos de cristãos,como eu e você Bento,ela continua obscura, com tantas indagações e se sentem num labirinto sem saída.Se vamos falar dela, então temos que nos aperceber que adentramos no campo dos mistérios divinos, e a partir daí, devemos ter o máximo de cuidado para que não seja invertida a mensagem teológica da doutrina sobre a predestinação.
Desde o AT, existe a noção sobre a predestinação, tais como a cosmovisão judaica acerca de serem o povo escolhido por Deus,"...o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo..."Dt 7.6-8. Sendo assim no NT, também temos a mesma noção de que o povo de Deus se considera predestinado pela iniciativa do próprio Deus"...Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus.." IPe 2.9.

Se estamos falando acerca da predestinação, temos que falar acerca dos não-predestinados.O que está por trás de sua não-predestinação, já que não tiveram a oportunidade do livre-arbítrio e a opção pela salvação? A essa questão, Calvino aponta para a possibilidade da DUPLA PREDESTINAÇÃO, mesmo que ele mesmo nunca tenha utilizado esse termo.
Para Calvino, predestinação é um decreto de Deus que determina o destino e a condição de cada ser humano na eternidade. Assim, Deus ordenou uns para a vida eterna(predestinados) e outros para a condenação eterna(não-predestinados).Existem, portanto, a predestinação para a vida e a predestinação para a morte.Para os seguidores de Calvino, Deus não esta sendo injusto com os não-predestinados, POIS TODOS NÓS MERECEMOSA CONDENAÇÃO E A MORTE por sermos pecadores e indignos. É a famosa visão de um cesto com maçãs apodrecendo.Então Deus, por sua livre vontade resolve tirar algumas dali e aproveitá-las.Deus está sendo bondoso e gracioso com aqueles que predestinou, não porque merecem, mas porque foram justificados pela obra de Cristo Jesus.

Vale ressaltar sua ótima iniciativaa despertamos a um debate construtivo e produtivo.
Shalom Adonai!!

Answer 3

Frei Bento, boa pergunta e realmente temos que sair do blá, blá de Maria, Papa , adoração e começar a discutir Teologia, dogmática e outros assuntos.

Assim posso afirmar que segundo João Calvino, existiria no mundo um grupo de pessoas que poderiam fazer tudo errado, mas seriam salvas. E outro grupo as pessoas poderiam fazer tudo certo, mas jamais se salvariam. É aqui que se justifica a ética protestante e o capitalismo que domina o mundo. Pois como eu sei que estou o primeiro grupo? Calvino responde: se possui riqueza é sinal de que gosta de você e foi escolhido.

Ouça o que João Calvino, declarou em 1537:
“Ora, a semente da Palavra de Deus só se enraíza e produz frutos nas pessoas que o Senhor, por Sua eleição eterna, predestinou para serem filhos e herdeiros do Reino Celestial. Para todos os outros (que pelo mesmo conselho de Deus foram rejeitados antes da fundação do mundo) a clara e evidente pregação da verdade só pode ser um cheiro de morte para a morte.” – Instruction in Faith (Paulo T. Fuhrmann. 1/949, pág. 136). Citado pelo Pr. Pedro Apolinário.

Assim a predestinação Calvinista portanto, é:
• Deus já decretou quem vai ser salvo e quem se perderá. Não precisa obediência nem desobediência para que Deus manifeste Sua justiça ou misericórdia.
• Os que Deus destinou a salvação serão salvos mesmo pecando ou não querendo ser salvos. E os que destinou à perdição não serão salvos mesmo aceitando o Sacrifício de Jesus, e vivendo vida santificada.
• Que Jesus não morreu por todos os homens, mas tão somente pelos que foram predestinados.
João Calvino, foi inegavelmente, um dos grandes Reformadores Protestantes, mas o princípio de fé que estabeleceu para seus seguidores, não afina com a Palavra de Deus.

A questão então é saber como os Protestantes definem a predestinação hoje, pois a católica você já definiu bem. Pois o problema não é quem será ou não será salvo! Se a predestinação fosse uma doutrina verdadeira, creio que não precisávamos de Jesus, do Seu sacrifício, nem do evangelho, nem da igreja, muito menos do Plano de Salvação. Bastava viver e aguardar a morte. No entanto, eis aí o Senhor Jesus, demonstrando claramente que os que decidem ir a Ele terão vida e vida eterna.

Answer 4

OLha. Deus tem o poder mas respeita o livre arbítrio. Acho que não tem essa de predestinação. Porque se somos predestinados, mas pecamos, não iremos ser salvos. Como vc mesmo disse, pode até ser que alguém é escolhido por Deus etc, mas essa pessoa pode rejeitar a graça. O que Deus faz com os predestinados é lhe mostrar o caminho certo etc. Não acho que Deus olha pro nosso futuro e sabe exatamente o que vai acontecer, mas Ele sabe como vai ser de acordo com cada decisão nossa. Tipo novela com vários finais. Porque a biblia mesmo mostra várias passagens em que Deus se decepcionou com alguém, pra se decepcionar Ele precisaria estar contando com outra atitude da pessoa né??!!! Por isso acredito no LIVRE arbítrio. Deus predestinou todos a servirem à Ele, serve quem quer.

Answer 5

Caríssimo irmão Bento. Paz e bem e que as bênçãos do Pai venham a alimentar de amor as nossas almas.
Gostaria de rogar-lhe, Bento, as mais sinceras escusas pela iniciativa de responder a sua pergunta, dirigida a nossos irmãos protestantes, mas devido ao seu caráter de afinidades com o que devemos refletir a propósito das instruções da Doutrina Espírita sobre o nosso destino futuro, tomei a liberdade de atender a esta questão de acurada inteligência, tão produtiva para um debate instrutivo.
A Doutrina Espírita preconiza que os espíritos foram criados inocentes e puros e passam por sucessivas vivências nos mundos físicos animando um corpo material que vai permitir-lhe o aprendizado necessário para atingir o grau máximo da evolução moral e intelectual alcançando a categoria de espíritos superiores e habitar uma das muitas moradas da casa do Pai, auxiliando nossos irmãos ainda em estado de progresso.
O adiantamento ou a estagnação da progressão depende exclusivamente do livre arbítrio de cada um, segundo a assimilação e a prática das instruções do caminho do bem, não interferindo Deus e tampouco o mundo da espiritualidade superior nas decisões da conduta da pessoa e quanto mais nos afastar-mos das paixões materiais, mais nos aproximamos da nossa salvação, conquanto mais inclinar-mos aos prazeres terrenos, retardamos nosso desenvolvimento, como nos ensina nosso irmão Paulo em suas epístolas, que aqueles que são de Cristo Jesus, estão libertos de toda sorte de paixões, como vemos em Romanos, 6:12: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões”, em I Pedro, 2:11“Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma” e em tantas outras citações de nosso amado irmão Paulo.
Assim, caríssimo irmão Bento, o Espiritismo deixa-nos a reflexão de que somos nós mesmos os responsáveis pela nossa salvação e que devemos chegar ao grau máximo da evolução através de nossos próprios esforços, assim como o PHD o fez desde o inicio de seus primeiros passos nas salas de educação infantil, até alcançar o mestrado.
Que profissional seria, irmão Bento, aquele retardado no aprendizado pela preguiça e a incúria, fosse privilegiado pela direção da universidade para concluir seu curso isento das devidas provas que certificam sua aprovação para períodos mais avançados?
Assim a Doutrina leva-nos a meditar que as Teologias da Justificação pela Fé, de Lutero e a Teologia da Predestinação calvinista, não encontram sustentação na Justiça Divina, pois a primeira acentua que estamos salvos somente por termos fé, conquanto a segunda nos leva a entender que se afasta totalmente da bondade divina, pois preconiza que Deus privilegia alguns de seus filhos para serem salvos e outros condenados ao castigo eterno despojados das oportunidades de se reconciliarem de suas faltas. Desta forma entendemos claramente a Justiça de Deus quanto à salvação de cada um de seus filhos e é a única alternativa para compreendermos não existir contradições quanto à salvação Para Deus, mas sim nas inexplicáveis teorias humanas.
Observe irmão Bento, a similitude das instruções da Doutrina Espírita com os ensinamentos do apóstolo Paulo na citação bíblica de suas conclusões:
Paz e bem, irmão Bento e continue exercitando sua admirável inteligência para elaborar outras tantas perguntas com o teor tão instrutivo como esta.

Answer 6

Desculpe se eu meto a minha colher de pau nesse angu mesmo não sendo protestante.

Antes eu até achava que o "sola gratia" não tinha grande influência no pensamento geral dos evangélicos, mas aos poucos vou chegando à impressão que, mesmo sem que a maioria deles conheçam realmente o conceito e suas implicações, há uma certa idéia nessa direção no que eles afirmam sim.

Há alguns que, tentando discutir os preceitos do Espiritismo, negam o "livre-arbítrio". É lógico que eu não espero de evangélicos nenhuma defesa ao Determinismo, mas o modo como eu via algumas afirmações categóricas contra esse, mesmo que o amigo não fosse capaz de exprimir exatamente as suas idéias (ele estava muito mais interessado em demonizar o Espiritismo), consegui captar que o modo de pensar dele - e de alguns outros comentários que se seguiram - tinham sim um quê de "sola gratia" embutido.

Acho que o ponto deles é que Deus está acima de tudo, e, sem a vontade dele, nada é feito. Ou seja, em teoria ele poderia decidir deliberadamente pela não "salvação" do indivíduo. Para mim essa informação entraria em contradição com o fato de esta "salvação" ser vista como dependente única e exclusivamente do indivíduo em si.
Mas acho que isso vem lá da época do Lutero, que de qualquer jeito dizia que qualquer expectativa do ser humano sobre a vontade de Deus não é legítima.

Esse é um ponto que eu também gostaria de ter uma explicação deles.
Vamos ver se algum dos amigos evangélicos nos esclarece esse ponto.

Boa pergunta!

Answer 7

Deus realmente sabe no que vai dar cada escolha, os nossos caminhos são como uma árvore um tronco grande e vários galhos o tronco seria um caminho grande e largo e os galhos todos os outros caminhos que podemos seguir!!!
Deus nos deu o livre arbítrio e o poder de decidir qual caminho tomar, Deus sempre quer que escolhamos o melhor caminho, mas as vezes ele se decepciona, porque nem sempre nossas escolhas são as mais acertadas, na bíblia isso é mostrado em algumas passagens, não ligo muito para o que esses protestantes que vc sitou dizem, para falar a verdade é muito chato, achar que as nossas vidas estão predestinadas somente para aquele caminho apontado, temos o lívre arbítrio podemos escolher o que mais convir!!!
Bjs

Answer 8

O Magistério diz: Deus desde toda a eternidade previu com certeza e preordenou imutavelmente todas as coisas futuras. Deus positivamente predestinou todas as boas obras e a glória dos que se salvarão, de tal sorte que na eleição dos que se salvarão, a misericórdia de Deus precede ao bom mérito: mas ninguém predestinou ao mal. Assim como ninguém se salva contra a própria vontade, assim, tudo o que perece é condenado pelo mérito de sua própria iniquidade. Deus previu e predestinou as penas dos ímpios, porém de tal sorte que, na condenação dos que perecerão, o mérito ruim precede ao justo juízo de Deus. Apesar do dito, não por isso tudo acontece por absoluta necessidade, mas o homem permanece na sua liberdade de fazer o bem com a graça ou eleger o mal rejeitando-a.
As nossas obras ou atos não são suficientes para nossa salvação, pois essa é gratuita, entretanto, nossas boas obras nos ajuda a permanecer na graça. Deus é autor ou presdestina as coisas como princípio, origem, não como desenvolvimento, isto é, se escolhermos esse ou aquele caminho o destino será aqule ali ou aquele outro, mas na nossa liberdade, podemos mudar de caminho e de escolha ao longo da caminhada... Deus não interfere no que diz respeito à nossa livre escolha ou decisão...

Answer 9

Se existe alguma predestinação bíblica, sem dúvida é esta:

Em Adão todos são predestinados para a perdição - "Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados. " I Cor. 15:22

Em Cristo todos são predestinados para a salvação - "Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus;" João 1:12

Algumas provas bíblicas contra a predestinação calvinista.

Dentre as várias citações bíblicas que contradizem o errôneo ensino de Deus haver predestinado pessoas para a perdição, as 11 seguintes devem ser destacadas, por sua objetividade e clareza:

I Tim 2:4 "O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade"
O relato de Paulo não deixa dúvidas. Sua declaração nos leva a afirmar que ninguém foi designado para a perdição.
II Pedro 3:9 "... não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento"
É impossível harmonizar - Deus não deseja que ninguém se perca - com a idéia de que Ele escolhe pessoas para serem destruídas.
Apoc. 22:17 "... quem quiser receba de graça a água da vida"
Todos têm a oportunidade, graças a Deus! Aqui entra em cena a vontade pessoal. Querer é um verbo que indica vontade, portanto a pessoa escolhe; não aparece imposição.
João 3:16 "... para todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"
Deus decretou que todos os que aceitarem a Cristo se salvem. Não decretou que todos devem aceitar a salvação que Ele oferece. Deus não força a vontade de ninguém.
Ezequiel 18:32 "Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto convertei-vos e vivei"
Deus tem prazer na Salvação, nunca na perdição. Se não respeitasse a vontade dos homens, Ele salvaria a todos.
Mateus 7:21 "nem todo o que diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus"
Muitos não serão salvos, não porque estão "predestinados", mas porque não aceitam as condições da salvação.
Jeremias 21:8 "... Eis que ponho diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte"
Para que dois caminhos, se a sorte de cada um já foi traçada antes?
Apoc. 2:10 "...Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida"
Notem que a salvação também depende de nós, da nossa perseverança.
Atos 17:30 "... agora, porém notificai aos homens que todos em toda parte se arrependam"
Notemos o convite para o arrependimento é para todos.
Paulo declara em Tito 2:11 "que a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens."
Mais uma vez, a graça de Deus é para TODOS!
I Tes. 5:9 "Porquê Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo"
Esta declaração, por si só, já faria desmoronar a teoria calvinista.

Answer 10

Jesus, em algum lugar do N. Testamento, declarou: "Pai, te dou graças porque ocultastes estas coisas dos vaidosos, orgulhosos e entendidos , mas as revelastes aos humildes, incultos e pequeninos". Nesse base vou tentar responder, sem tanto explicar para não complicar. Deus nos colocou no mesmo barco da vida terrena cujo destino é um só, a morte do corpo e a sobre-vida espiritual para refazimento e juízo do qual somos advogados de defesa, promotores, testemunhas e jurados de nossos próprios atos. Dentro do navio temos livre arbítrio para fazermos o que quisermos. Podemos viajar na classe mais privilegiada ou mesmo no porão, conforme nosso poder aquisitivo, tomando drinks deliciosos, nos divertindo á larga e apreciando a paisagem, ou podemos estar servindo aos passageiros como tripulantes do navio. Em suma, Deus concede-nos livre arbítrio para fazermos o que quisermos enquanto embarcados, até mesmo pularmos no oceano se não estivermos satisfeitos com os serviços a bordo, mas não podemos mudar o destino da nave. Como a suposta Arca de Noé, Deus é nosso leme e timoneiro, ninguém poderá mudar o destino traçado por Ele. Daí, tudo o que nos possa ocorrer nesta romagem é pela permissão divina, que vê nossa tragetória do princípio ao fim e para o nosso bem, mesmo que nos pareça um "anjo de luto". "Todas as coisas, acontecem para o bem de quem Deus ama" diz-nos o grande São Paulo, e "Deus ama a todos, sem acepção de pessoas". Aproveitemos, portanto, com agradecimentos, nossa viagem terrena, fazendo todo o bem que pudermos aos nossos semelhantes, porque por nossos atos seremos julgados e não por ficarmos esmiuçando teorias e mais teorias filosóficas como testemunho de nossa alta erudição religiosa, nos esqueçendo, talvez, do principal. "Misericórdia quero", diz o Senhor Jeová, "e não sacrifícios" físicos, mentais, emocionais e até mesmo espirituais, se não forem motivados por amor incondicional aos nossos semelhantes. Amem.