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"O negro pode ser belo para o negro, como um gato é belo para um gato; mas não é belo no sentido absoluto, porque os seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos instintos; podem bem exprimir as paixões violentas, mas não saberiam se prestar às nuanças delicadas dos sentimentos e às modulações de um espírito fino.

Eis porque podemos, sem fatuidade, eu creio, nos dizer mais belos do que os negros e os Hotentotes; mas talvez também seremos, para as gerações futuras, o que os Hotentotes são em relação a nós; e quem sabe se, quando encontrarem os nossos fósseis, não os tomarão pelos de alguma variedade de animais."

Allan Kardec, "Obras Póstumas"

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"Descendo sobre este montículo de lama e não tendo maiores noções a respeito do homem, como este não tem a respeito dos habitantes de Marte ou de Júpiter, desembarco às margens do oceano, no país da Cafraria, e começo a procurar um homem. Vejo macacos, elefantes e negros. Todos parecem ter algum lampejo de uma razão imperfeita. Uns e outros possuem uma linguagem que não compreendo e todas as suas ações parecem igualmente relacionar-se com um certo fim. Se julgasse as coisas pelo primeiro efeito que me causam, inclinar-me-ia a crer, inicialmente, que de todos esses seres o elefante é o animal racional. Contudo, para nada decidir levianamente tomo filhotes dessas várias bestas. Examino um filhote de negro de seis meses, um elefantezinho, um macaquinho, um leãozinho, um cachorrinho. Vejo, sem poder duvidar, que esses jovens animais possuem incomparavelmente mais força e destreza, mais idéias, mais paixões, mais memória do que o negrinho e que exprimem muito mais sensivelmente todos os seus desejos do que ele. Entretanto, ao cabo de certo tempo, o negrinho possui tantas idéias quanto todos eles. Chego mesmo a perceber que os animais negros possuem entre si uma linguagem bem mais articulada e variada do que a dos outros animais. Tive tempo de aprender tal linguagem e, enfim, de tanto observar o pequeno grau de superioridade que a longo prazo apresentam em relação aos macacos e aos elefantes, arrisco-me a julgar que efetivamente ali está o homem. E forneço a mim mesmo esta definição:
O homem é um animal preto que possui lã sobre a cabeça, caminha sobre duas patas, é quase tão destro quanto um símio, é menos forte do que outros animais de seu tamanho, provido de um pouco mais de idéias do que eles e dotado de maior facilidade de expressão. Ademais, está submetido igualmente às mesmas necessidades que os outros, nascendo, vivendo e morrendo exatamente como eles.
Após ter passado certo tempo entre essa espécie, desloco-me rumo às regiões marítimas das Índias Orientais. Surpreendo-me com o que vejo: os elefantes, os leões, os macacos e os papagaios não são exatamente como eram na Cafraria; mas o homem, esse parece-me absolutamente diferente. Agora são homens de um belo tom amarelo, não possuem lã, mas têm a cabeça coberta de grandes crinas negras. Parecem ter sobre as coisas idéias totalmente contrárias às dos negros. Sou, portanto, forçado a mudar minha definição e a classificar a natureza humana sob duas espé­cies: a negra com lã e a amarela com crina.
Mas, na Batávia, em Goa e em Surata, ponto de encontro de todas as nações, vejo uma grande multidão de europeus. São brancos, não possuem lã ou crina, mas cabelos louros bem soltos e barba no queixo. Mostram-me também muitos americanos, que não possuem barba. Eis minha definição e minhas espécies de homem bastante ampliadas.
Em Goa encontro uma espécie ainda mais singular do que todas essas. Trata-se de um homem vestido com uma longa batina negra, dizendo-se feito para instruir os outros. Todos esses homens que vedes, diz-me ele, nasceram de um mesmo pai. E, então, conta-me uma longa história. No entanto, o que diz esse animal soa-me bastante suspeito. Informo-me se um negro e uma negra, de lã negra e nariz chato, engendram algumas vezes crianças brancas, de cabelos louros, nariz aquilino e olhos azuis, se nações imberbes vieram de povos barbados e se os brancos e as brancas engendraram povos amarelos. Respondem-me que não, que os negros transplantados, por exemplo, para a Alemanha continuam produzindo negros, a menos que os alemães se encarreguem de mudar a espécie, e assim por diante. Acrescentam que um homem instruído nunca diria que as espécies não misturadas degeneram, a não ser o Padre Dubos, que disse tal besteira num livro intitulado Reflexões sobre a Pintura e sobre a Forma etc.
Quer me parecer que agora estou muito bem fundamentado para crer que os homens são como as árvores: assim como as pereiras, os ciprestes, os carvalhos e os abricoteiros não vêm de uma mesma árvore, assim também os brancos barbados, os negros de lã, os amarelos com crina e os homens imberbes não vêm do mesmo homem. "

Voltaire, Tratado de Metafísica, cap. I (Os Pensadores). São Paulo: Abril, 1978, p.62,63.

Obs: Eis aí, uma "boa" contribuição do Iluminismo ao racismo.

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Olha essa então, Marx defendendo a escravidão no Brasil:

"Permita-me dar a você um exemplo da dialética do Sr. Proudon.
A liberdade e a escravidão constituem um antagonismo. Não há nenhuma necessidade para mim falar dos aspectos bons ou maus da liberdade. Quanto à escravidão, não há nenhuma necessidade para mim falar de seus aspectos maus. A única coisa que requer explanação é o lado bom da escravidão. Eu não me refiro à escravidão indireta, a escravidão do proletariado; eu refiro-me à escravidão direta, à escravidão dos pretos no Suriname, no Brasil, nas regiões do sul da América do Norte.
A escravidão direta é tanto quanto o pivô em cima do qual nosso industrialismo dos dias de hoje faz girar a maquinaria, o crédito, etc. Sem escravidão não haveria nenhum algodão, sem algodão não haveria nenhuma indústria moderna. É a escravidão que tem dado valor às colônias, foram as colônias que criaram o comércio mundial, e o comércio mundial é a condição necessária para a indústria de máquina em grande escala. Conseqüentemente, antes do comércio de escravos, as colônias emitiram muito poucos produtos ao mundo velho, e não mudaram visivelmente a cara do mundo. A escravidão é conseqüentemente uma categoria econômica de suprema importância. Sem escravidão, a América do Norte, a nação a mais progressista, ter-se-ia transformado em um país patriarcal. Apenas apague a América do Norte do mapa e você conseguirá anarquia, a deterioração completa do comércio e da civilização moderna. Mas abolir com a escravidão seria varrer a América para fora do mapa. Sendo uma categoria econômica, a escravidão existiu em todas as nações desde o começo do mundo. Tudo que as nações modernas conseguiram foi disfarçar a escravidão em casa e importá-la abertamente no Novo Mundo. Após estas reflexões sobre escravidão, que o bom Sr. Proudhon fará? Procurará a síntese da liberdade e da escravidão, o verdadeiro caminho dourado, em outras palavras o equilíbrio entre a escravidão e a liberdade. "

Carta de Karl Marx a Pavel Vasilyevich Annenkov, Paris
Escrita em 28 de dezembro de 1846 Rue dOrleans, 42, Faubourg Namur.
Fonte: Marx Engels Collected Works, vol. 38, p. 95.
Editor: International Publishers (1975)
Primeira publicação: completa no original em francês em M.M. Stasyulevich i yego sovremenniki v ikh perepiske, Vol III, 1912
Tradução em inglês pode ser acessada em
http://www.marxists.org/archive/marx/works/1846/letters/46_12_28.htm

2007-05-20 11:14:32 · 11 respostas · perguntado por Anonymous em Sociedade e Cultura Religião e Espiritualidade

MIGO, SE ESTES CARAS ESTIVESSEM VIVOS E PUBLICASSEM HOJE AQUI NO BRASIL ESTAS BARBARIDADES, SERIAM LINCHADOS PELOS PRESOS NA CADEIA!

2007-05-20 11:19:33 · update #1

11 respostas

Eu não preciso responder nada...
vim aqui só pra ler... e confesso...
TEM MUITA COISA ESCRITA!!!

2007-05-20 11:19:41 · answer #1 · answered by barbatana 5 · 1 2

Se estivessem vivos, iriam publicar de acordo com os conceitos e grau de compreenção da sociedade atual.
Ainda mais aqui no Brasil como você mesmo demonstrou, a incapacidade de compreenção de conceitos alheias é grande, e as pessoas tendem a levar tudo pelo lado pessoal, com uma visão extremista e limitada.

Kardec não era racista, e sim fez um comparatido de acordo com a mentalidade e conceito científico da época.
Isso é claro, e demonstra o quão mesquinha e interesseira é nossa sociedade atual, que ao invéz de procurar o conhecimento por meio de interpretação e avaliação da data corrente em que foram publicadas as obras, busca somente dados pra sustentar o próprio ego para tomar uma posição de acusador pseudo-coerente.

Paz.

2007-05-20 11:28:08 · answer #2 · answered by Hokus Phokus 7 · 6 1

Não conheço os textos de que falas. Mas não vejo racismo em se descrever os aspectos físicos de uma raça, desde que na descrição não haja palavras de baixo calão ou xingamento ou uma real vontade em denegrir...

Podemos fazer descrições físicas sem medo: dizer do europeu: Em geral, cabelos lisos ou encaracolados, louros, olhos claros, pele branca, nariz fino e aquilino.

Do indígena: Em geral, pele parda, cabelos negros e lisos, olhos esticados estilo oriental.

Do negro: Pele escura, cabelos encarapinhados, olhos negros, nariz achatado.

Do oriental: Pele clara/amarelada, olhos negros esticados, cabelos negros e lisos, baixa estatura.

Vejamos que são descrições físicas de ordem geral, sem particularidades - nada de racismo.

Devemos ver sempre qual a intenção do autor, qual o objetivo da obra em questão. Seria provocar o racismo?

Trabalho em um hospital federal, onde enviamos diáriamente, boletins de atendimento médico às autoridades judiciais e em todos eles vêm essas descrições acima, segundo o paciente atendido.

2007-05-20 11:37:09 · answer #3 · answered by Naruto 5 · 2 0

Não achei elogio à escravidão nas palavras de Marx, cara, o que houve é uma análise fria de fatos, isso sim.

2007-05-20 11:45:18 · answer #4 · answered by Argo 4 · 1 0

tale... Pra mim são esses... ( a million )Sinal de que os corruptos se dão bem neste país. ( 2 ) Sinal de que o Brasil tem que entender que corrupção é nojento! É lamentável! Bjão!

2016-12-29 15:56:43 · answer #5 · answered by scelfo 3 · 0 0

Com certeza seriam presos por racismo. Isto era o pensamento daquela época. Os tempos são outros. Felizmente tudo evolui. Mas não podemos desmerecer as suas obras de valor indiscutível. As obras de Kardec, embora tendo muito que ser estendido ou completado, contém as matrizes doutrinárias. Cada espírito por ser mais ou menos evoluído, disse coisas mais ou menos sábias. Jesus disse tudo quanto sabia? Kardec completou a sua obra? A Bíblia não tem erros e contradições? A Codificação é perfeita? Há na Terra alguma coisa perfeita? De qualquer forma, Palavra de Deus é a Revelação; que se busquem os melhores Profetas ou Médiuns; que se use bastante o Discernimento; que se aplique bastante a Lógica da Revelação, para que se tenha cada vez mais Conhecimento da Verdade que livra. Os lugares de pranto e ranger de dentes estão repletos de religiosos, sectários, fanáticos por Bíblias, Codificações, homens, livros, instituições ou estatutos humanos. Lá, porém, não vão parar os que amam e praticam a Verdade, o Amor e a Virtude. É difícil compreender?

2007-05-20 12:49:23 · answer #6 · answered by Hermes 6 · 0 0

Olá Vital! Allan Kardec viveu há quase duzentos anos atrás numa época em que a escravidão ainda existia. Mesmo assim ele teve a coragem de se pronunciar contra a escravidão, como vemos no texto abaixo:

Escravidão

829. Haverá homens que estejam, por natureza, destinados a ser propriedades de outros homens?
“É contrária à lei de Deus toda sujeição absoluta de um homem a outro homem. A escravidão é um abuso da força. Desaparece com o progresso, como gradativamente desaparecerão todos os abusos.”

É contrária à Natureza a lei humana que consagra a escravidão, pois que assemelha o homem ao irracional e o degrada física e moralmente.

830. Quando a escravidão faz parte dos costumes de um povo, são censuráveis os que dela aproveitam, embora só o façam conformando-se com um uso que lhes parece natural?
“O mal é sempre o mal e não há sofisma que faça se torne boa uma ação má. A responsabilidade, porém, do mal é relativa aos meios de que o homem disponha para compreendê-lo. Aquele que tira proveito da lei da escravidão é sempre culpado de violação da lei da Natureza. Mas, aí, como em tudo, a culpabilidade é relativa. Tendo-se a escravidão introduzido nos costumes de certos povos, possível se tornou que, de boa-fé, o homem se
aproveitasse dela como de uma coisa que lhe parecia natural. Entretanto, desde que, mais desenvolvida e, sobretudo, esclarecida pelas luzes do Cristianismo, sua razão lhe mostrou que o escravo era um seu igual perante Deus, nenhuma desculpa mais ele tem.”

831. A desigualdade natural das aptidões não coloca certas raças humanas sob a dependência das raças mais inteligentes?
“Sim, mas para que estas as elevem, não para embrutecê-las ainda mais pela escravização. Durante longo tempo, os homens consideram certas raças humanas como animais de trabalho, munidos de braços e mãos, e se julgaram com o direito de vender os dessas raças como bestas de carga. Consideram-se de sangue mais puro os que assim procedem. Insensatos! Nada vêem senão a matéria. Mais ou menos puro não é o sangue, porém o Espírito.” (361-803)

832. Há, no entanto, homens que tratam seus escravos com humanidade; que não deixam lhes falte nada e acreditam que a liberdade os exporia a maiores privações. Que dizeis disso?
“Digo que esses compreendem melhor os seus interesses. Igual cuidado dispensam aos seus bois e cavalos, para que obtenham bom preço no mercado. Não são tão culpados como os que maltratam os escravos, mas, nem por isso deixam de dispor deles como de uma mercadoria, privando-os do direito de se pertencerem a si mesmos.”

Extraído de: O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

2007-05-20 12:09:29 · answer #7 · answered by Antonio Vieira Sobrinho 7 · 0 0

Hotentote: natural ou habitante da Hotentótia, África; raça negra, primitiva.
Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomardes uma criança hotentote recém-nascida e a educardes nas escolas mais renomadas, fareis dela algum dia um Laplace ou um Newton? sem dúvida se dirá que o hotentote é de uma raça inferior. Então perguntaremos se o hotentote é ou não é um homem. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdados de privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, por que procurar fazê-lo cristão? A Doutrina Espírita é mais ampla que tudo isso; para ela não há diversas espécies de homens, há apenas homens cujos Espíritos estão mais ou menos atrasados, todos, porém, suscetíveis de progredir. Não está, este princípio, mais de acordo com a justiça de Deus?

2007-05-20 11:59:56 · answer #8 · answered by rami 7 · 0 0

Oi.
Cadê o Waldir?
Quando não é um, é outro.
Até o Sergio também?
Que coisa.
Porque não estudam antes de falar?


xixa

2007-05-20 11:27:17 · answer #9 · answered by xixa 7 · 3 4

Os três eram brancos de "alma negra"...

2007-05-20 11:28:18 · answer #10 · answered by Mister R 7 · 0 4

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