Oliveira,
Saúde pública no Brasil está em como profunda faz anos, vc q não s ligou em tempo, no meu blog há um artigo q fala sobre isto, que é o seguinte:
Três movimentos.
Ricardo Gondim.
Hoje visitei o Hospital São Paulo da Universidade Federal.
Convidado pelo grupo de capelania liderado por um pastor batista chamado Nino, caminhei pelos corredores da emergência, espiei a unidade semi-intensiva da pediatria e ainda tive tempo para falar para os doentes que conseguiram alcançar o auditório do décimo quinto andar.
Quando saà pelos quarteirões que me separavam do carro, fui invadido por um turbilhão de emoções, idéias, compaixão, revolta e fadiga.
Já que também faço da escrita uma catarse, cá estou diante do teclado tentando exorcizar ou purificar-me – sei lá o que desejo fazer – do tumulto causado por uma casa de saúde brasileira; ninguém visita um hospital público no Brasil e consegue se manter o mesmo,
Antes, senhoras e senhores, lembremos que estive no hospital da Universidade Federal de Medicina da maior e mais rica cidade da América do Sul.
Minhas impressões da visita:
1. O movimento "evangélico" brasileiro, com seus pressupostos teológicos, com sua antropologia, com sua cosmovisão, com sua cristologia, com seu pragmatismo, é promotor de neuroses absurdamente disfuncionais, não tem como consolar pessoas carentes e, pior, causa vexames por onde passa. Um cristão que desejar manter sua sanidade existencial ou estabelecer qualquer contato com o mundo, precisa pensar fora dos moldes da atual igreja "evangélica".
O pastor Nino me contou da dificuldade de aceitar voluntários "evangélicos" em condições de visitar os enfermos. Repetidamente ele é chamado a atenção pela diretoria do hospital, porque crentes, aos gritos, querem expulsar demônios " escondidos" debaixo dos leitos, ou oprimir com remorsos quem já sofre - fazem afirmações absurdas de que toda doença é fruto de pecados escondidos.
Ele me relatou o caso de uma senhora que pediu oração pelo filho doente a uma voluntária. A crente começou falando em lÃnguas estranhas; no meio de sua prece, parou e disse para a mãe aflita: "Não posso continuar!, o pastor Nino não permite que eu fale esse tipo de coisa". A mãe insistiu, desesperada: "Não faça isso comigo, não me deixe assim sem saber o que está acontecendo". A irmãzinha sem nenhum senso, sem nenhuma graça, sem Deus e sem o seu EspÃrito, profetizou: "à que eu acabo de ter uma visão do seu filho, morto dentro de um caixão". O resto da história, nem adianta comentar. Tétrico.
2. Por outro lado, saudei a grandeza de heroÃnas e de grandes homens da fé. Um punhado de gente reluz todos os sábados naquele hospital. Algumas mulheres, com idade de serem minha mãe, corriam para cima e para baixo para não deixar ninguém sem uma visita antes do almoço.
Assisti a uma pequena apresentação de fantoche; enchi meus olhos de lágrimas quando uma paciente entrou no auditório amparada por dois senhores, puxando seu soro. Quero celebrar esses anônimos que trabalham para o Reino e se dão para o próximo sem jamais esperarem qualquer galardão.
Eles são o remanescente de Deus, fazem parte da grande nuvem de testemunhas que honram a fé; o mundo não é digno deles.
3. Finalmente, hoje me desiludi de uma vez por todas com o futuro do Brasil. Sou filho de um paÃs fajuto; tenho vergonha de minha pátria. Este hospital público estava lotado de macas que entupiam os corredores. Nelas vi meus patrÃcios doentes, estropiados em acidentes, vÃtimas de crimes; minha gente, que padecia com doenças agudas.
As macas eram enferrujadas, a maioria não tinha um mÃsero colchão fino. Meus compatriotas esperavam atendimento deitados no ferro sujo. Nino, então, me pediu ajuda para fazer uma campanha e comprar 60 colchões para a enfermaria. Perguntei-lhe quanto custava cada colchão. Displicentemente, respondeu-me: "Sessenta reais". – menos de trinta dólares, senhores deputados.
Comentei que no ano passado nossa igreja contribuiu com cerca de 300 cobertores para aquecer os pacientes das enfermarias daquele mesmo hospital. O capelão reagiu prontamente: - "Sim, agradeça a igreja Betesda pelos cobertores, eles são de grande valia até no verão".
Sem entender o que ele queria dizer, perguntei: - Como? Cobertor no verão? De grande valia? O capelão me levou até um leito, puxou a ponta do lençol e constatei que muitos cobertores são dobrados para servirem de colchão.
Fiquei indignado. Contive o Ãmpeto de falar uma palavra de baixo calão. Sem querer, Nino fez transbordar minha revolta: "No ano passado as verbas do hospital foram cortadas pelo governo do PT para subsidiar o programa do Bolsa FamÃlia, considerado o único programa que podia garantir a reeleição do Lula". AÃ, não teve jeito, o nome feio saiu forte e sem culpa.
Não acredito mais que o modelo dessa igreja "evangélica" que se espalhou em minha terra e se tornou hegemônico consiga cumprir, minimamente, a agenda do Reino de Deus.
Estou totalmente desencantado com o Brasil; com sua democracia; com seus partidos polÃticos; com seu judiciário; com seu poder legislativo; com suas polÃcias militar, civil e federal.
O Brasil não tem mais jeito e, daqui para frente, despencará velozmente no abismo da violência, da miséria e do sofrimento.
O que vou fazer da minha vida? Continuarei visitando hospitais; incentivarei os "pastores Ninos" da vida; ensinarei os meus discÃpulos a viverem com integridade em seus cÃrculos de influência e amizade; pregarei o que minha consciência me ensina sobre o Evangelho; tentarei viver com alegria ao redor de quem amo; e procurarei amenizar o sofrimento dos poucos que eu conseguir.
Isso foi o que restou de mim hoje.
Soli Deo Gloria.
2007-05-16 11:02:26
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answer #2
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answered by ricbrsp 4
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