Uma onda de fanatismo religioso e nacionalista está crescendo por todo o mundo islâmico, das Filipinas a Gaza, Líbia e Argélia, do Afeganistão, Irã e Iraque até o Líbano e o Sudão.
Aqui, em Israel, temos sofrido os efeitos desta maré de fanatismo letal: quase diariamente somos testemunhas de assassinatos em massa e incitamentos odiosos, entre sermões religiosos que tecem loas à Jihad e sua concretização por meio de bombas suicidas e carros-bomba lançados contra civis inocentes.
O fato de sermos vítimas do fundamentalismo árabe e muçulmano frequentemente nos deixa cegos, de modo que tendemos a deixar passar em branco a ascensão do extremismo chauvinista e religioso não apenas no mundo islâmico mas também em várias partes do mundo cristão e, de fato, também no judaico.
Se ficar comprovado que a terrível provação sofrida pelos Estados Unidos resulta do fato de mulás e aiatolás fanáticos persistirem em retratar o país como "o Grande Satã", então os EUA e Israel, o "Pequeno Satã", terão que preparar-se para enfrentar uma luta longa e árdua.
Talvez seja apenas humano que, por baixo do choque e da dor, sempre persista em alguns de nós, aqui em Israel, uma voz pequena dizendo: "Agora, finalmente, todos eles vão compreender o que estamos passando", ou "agora, finalmente, eles vão ficar de nosso lado".
Mas esta voz pequena é extremamente perigosa para nós. Ela pode facilmente nos levar a esquecer que, com ou sem fundamentalismo islâmico, com ou sem terrorismo árabe, nada justifica a duradoura ocupação e repressão da população palestina por Israel. Não temos nenhum direito de negar aos palestinos seu direito natural à autodeterminação.
Dois enormes oceanos não puderam proteger os EUA do terrorismo; a Cisjordânia e a Faixa de Gaza certamente não protegem Israel. Pelo contrário, dificultam e complicam nossa autodefesa. Quanto antes terminar essa ocupação, melhor será tanto para os ocupantes quanto para os ocupados.
Neste momento, é muito fácil e tentador cair em clichês racistas sobre a "mentalidade muçulmana", o "caráter árabe" ou outras bobagens desse tipo.
O crime hediondo cometido contra Nova York e Washington vem nos lembrar, de maneira contundente, que esta não é uma guerra entre religiões nem uma luta entre países. É, mais uma vez, a batalha entre fanáticos, para quem os fins - sejam eles religiosos, nacionalistas ou ideológicos - santificam os meios, e o resto de nós, que atribuímos santidade à própria vida.
Apesar da manifestação repulsiva de alegria e comemoração vista em Gaza e Ramallah enquanto pessoas em Nova York ainda estavam sendo queimadas vivas, que nenhum ser humano decente se esqueça de que a imensa maioria dos árabes e outros muçulmanos não é cúmplice do crime nem se regozija com ele. Quase todos estão tão chocados e aflitos quanto o resto da humanidade.
Talvez eles até tenham algum motivo especial de preocupação, na medida em que alguns sons ameaçadores de sentimentos antiislâmicos indiscriminados já se fazem ouvir em alguns lugares. Tais manifestações não constituem reação apropriada a este crime - pelo contrário, elas servem aos propósitos daqueles que o perpetraram.
Lembremo-nos: nem o Ocidente, nem o islamismo, nem os árabes são o "Grande Satã". O "Grande Satã" é personificado no ódio e no fanatismo.
Essas duas doenças mentais que vêm da Antiguidade ainda nos afligem hoje. Precisamos tomar muito cuidado para não deixar que nos contagiem.
Amos Oz, escritor israelense, é autor, entre outros, de "O Mesmo Mar" (2001), "A Caixa Preta" (1993) e "Fima" (1996), publicados no Brasil pela Companhia das Letras
Tradução de Clara Allain
2007-04-14 03:21:00
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answer #1
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answered by Anonymous
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Primeiro porque as grandes religiões são usadas pelos governantes como forças polÃticas para administração das grandes massas populacionais e se prestam para impor regras que os poderes legislativo e judiciário não conseguem por si só fazer valer sobre os habitantes dos povos. O cidadão simples e crente teme mais arder no fogo do “inferno” pela “eternidade” do que passar uns maus bocados numa cadeia superlotada durante 30 anos de sua vida, a religião ocupando o lugar dos poderes legislativo e judiciário nas nações é conveniente para todos os governos! A Lei de “Deus” vale mais que a lei dos homens, esse é o consenso geral e coletivo mas só que pela Lei de “Deus” existem a remissão dos pecados, existe a misericórdia “Divina” existe a obrigação de perdoar a quem nos tem ofendido, existem mais brechas que na lei dos homens e no fim das contas até hoje já mataram mais em nome da Lei de“Deus” do que em nome da Lei dos Homens.
*Note que vigoram duas Leis e é a realidade e é aceito!
à mais ou menos assim, a Lei de Deus é para os pobres e a Lei dos Homens é para os ricos, no fundo essa é a realidade.
As religiões ditando as regras também no planejamento familiar, a poligamia oficializada no oriente e a proibição de anticoncepcionais no ocidente, a religião acima do governo sempre, até na saúde! Não pode usar camisinha, não pode pesquisar células tronco e por aà vai.
O cidadão raramente daria sua vida em defesa da pátria, mas freqüentemente dá a vida em defesa da palavra de seu DEUS e se a vontade polÃtica lhe apresentar algum inimigo como sendo o “Mal” o “Diabo” e que ele deve enfrentar para defender seu “Deus” com certeza lutará bravamente mesmo que morra pois sua religião lhe incute a idéia de um paraÃso maravilhoso à sua espera se tiver morrido por seu “Deus”! Isso é extremamente interessante para os governos e também esse é o principal problema da humanidade.
O terrorismo e as guerras.
A indústria da fé para finalidades polÃticas e comerciais.
2007-04-14 10:06:27
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answer #2
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answered by ▒▒ Da Terra ▒▒ 7
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Olha
Ser fanatico não tem nenhum cunho racional.
O correto não é questionar se o fanatismo é procedente se ele for racional. O ser humano é muito mais irracional do que qualquer outra coisa. A questão a cerca do fanatismo não é deixar de ser irracional. Você sempre será irracional, todos sempre seremos irracionais. Existem pessoas que são fanaticas pela razão, procuram despir o ser humano de qualquer significado, mesmo que ilusorio, que ele procure para a vida. A consequencia disso é obvia, desilusão, hedoneismo exarcebado em detrimento de qualquer ética.
A questão é saber se envolver com as coisas na medida certa.
2007-04-14 10:10:45
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answer #6
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answered by Diego C 3
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