Caro Murta,
Krishnamurtti foi sem dúvida um dos avatares exponenciais que de tempos em tempos reencarnam na terra com o intuito de trazer luz, esperança e direcionamento a nós, pobres e incultos seres mortais.
Descoberto aos 13 anos por Charles Leadbeater, da Sociedade Teosófica, desde cedo Krishnamurtti fez valer sua forte independência e distanciamento de todos dogmas e religiões. Aos poucos desvencilhou-se de seus antigos tutores e criou um caminho próprio e único. Rapidamente ele viria a emergir para o mundo como um Mestre excepcional e descompromissado.
Seus livros e palestras não se ligam a nenhuma religião específica, seus escritos e direcionamentos não podem ser enquadrados como orientais ou ocidentais, mas sim ao mundo em sua totalidade.
Krishnamurti em sua existência terrena, não cita nenhum livro, nenhum texto, nenhum mestre, nenhuma "verdade", nem Deus sequer. Aliás, se alguém lhe perguntasse sobre Deus, diria ele: "Quereis saber a verdade sobre Deus? Então deveis descobrir primeiro a verdade sobre vós mesmos ou, do contrário, como sabereis se o que encontrais não é apenas vossa própria projeção? Afinal, só podeis buscar o que é conhecido, não é verdade? Deus é o desconhecido e, se o buscais, como O re-conhecereis ao encontrá-Lo?"
Ontem respondi a um amigo sobre a existência ou não de Deus. E acho oportuno transcrever parte de minha resposta que coaduna com o que estamos tratando.
"Yeshua Ben Yozept quando caminhou pela terra disse positivamente: "Sois Deuses." Esse mesmo Yeshua, que por contradizer as religiões vigentes e pregar a crença em um único Deus, viria a ser condenado e morto na cruz, e que seria conhecido no mundo ocidental como Jesus. O mesmo que a despeito de toda sua influência e capacidade, não fundou e nem incentivou a criação de nenhuma religião. Para ele bastava crer no Superior, ser correto nas atitudes, viver baseado em princípios simples mas de difícil execução, como amar ao próximo como a ti mesmo. Mas não estou aqui para divagar a respeito desta pessoa iluminada que por aqui deu o ar da graça.
Queria dizer, partindo do pressuposto que somos Deuses, que somos criador e criatura encerrados em um contexto maior da universalidade. De forma metafórica, somos imagem e semelhança de Deus, pois fomos criados por ele e a ele criamos. Mas não por que "...não queremos nos conformar que como todo ser vivente um dia também acabaremos." Até por que somos a única espécie que tem consciência plena da morte, o mesmo não ocorrendo com os animais. E é interessante observar que para várias religiões a morte é bem vinda, e comemorada com festas e folguedos.
Portanto meu amigo, desencane da idéia da morte como fim. Se pensarmos com um pouco de bom senso poderemos perceber que existe algo além. Que é mais difícil pensar que a vida é uma só e que tudo se acaba. Se observamos a natureza, veremos com clareza sua perfeição que foge do nosso alcance. Se olharmos para o céu veremos uma imensidão inconcebível à nossas mentes. E com certeza não estamos sozinhos neste imenso universo. E então poderemos concluir que não faz sentido a idéia de um "Deus" ou força superiora como queira chamar, criar algo tão elaborado sem um fim ou um propósito. Como diria Mulder e Scully: a verdade está "lá fora". Fora de nosso estágio atual de evolução, fora de nossa capacidade intelectual limitada, fora de nosso tempo...
Não vamos conseguir entender ou definir "Deus", enquanto não conseguirmos entender a nós mesmos."
Assim, caro Murta, compactuo com Krishnamurti ao não defender ou tentar provar a existência ou não de Deus. Este caminho é individual é cabe a cada um descobrir sua própria verdade. O que nos remete ao segundo texto.
Para Krishnamurti, fica claro que não existe uma verdade absoluta. Ou se existe, está fora de nosso alcance.
Repetia sem parar: o homem não nasceu para seguir ninguém, nasceu para a Liberdade e esta deve vir no começo, não no fim de uma busca, não no fim de um esforço ou da adaptação a um padrão ou sistema. Para ele, "pensar no problema é fugir do problema", uma vez que toda solução só vem à tona no intervalo entre dois pensamentos, quando a mente está em silêncio. A verdade sobre o que quer que seja, dizia, não pertence ao temporal mas à eternidade, e esta não pode brilhar se ofuscada pelo pensamento, que é a forma psicológica do tempo. Para ele, a única solução para todos os nossos conflitos é a atenção permanente, a observação passiva e sem julgamento de todas as nossas relações (interpessoais e com a totalidade do mundo), a qual nos faria, assim, descobrir a verdade relativa a nossos condicionamentos, fugas, apegos, medos e demais ilusões. É, então, pelo reconhecimento do falso como falso que a verdade se nos mostra, já que é ela quem nos deve encontrar. Pois a vida é um desafio de momento a momento, e a mente precisa estar atenta para reagir de acordo com cada um desses momentos. A verdade nos espera no atemporal.
Complementando e finalizando este texto, coloco outro que nos mostra claramente sua posição com relação ao tema:
"Afirmo que a Verdade é uma terra sem caminho. O homem não pode atingi-la por intermédio de nenhuma organização, de nenhum credo (...) Tem de encontrá-la através do espelho do relacionamento, através da compreensão dos conteúdos da sua própria mente, através da observação. (...)"
Portanto, podemos aferir que estamos longe da verdade que pensamos buscar, pois ao pensar nos afastamos dela.
Abraços, Moran
2007-03-28 02:12:31
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answer #1
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answered by Moran 5
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1º
Quando uma pessoa se questiona sobre algo ela ja se decidiu sobre o que pensa, mesmo sem que ela se de conta disso.
2º
Krishnamurti coloca a verdade num contexto como que inalcansavel para meros mortais. De que adianta procurar pela verdade?
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Bem interessante o pensamento dele.
Não conhecia, lerei livros dele quando der.
Obrigado pela dica! ;-)
2007-03-28 08:29:45
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answer #2
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answered by Mega 5
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Nossa! Que saudades!!! Eu lia Krishnamurti quando era adolescente.. me perdia em seus livros! Obrigada... vou procura-lo novamente agora...
Mas eu diria, sobre o primeiro texto, que a verdade só é válida se for encontrada pela própria pessoa... que adianta alguém me dizer dela?! É como uma chama... não adianta me falarem sobre ela. .terei eu mesma que meter o dedo, sentir seu calor, dor, consequências...
E sobre o segundo... que adianta me falarem da verdade?!
Bom Dia!
2007-03-28 08:25:33
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answer #3
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answered by verinha 6
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No caso da primeira afirmação, ele está certíssimo. As pessoas têm suas próprias crenças e, a não ser em casos de certa fraqueza moral, não adianta falar bem ou mal: elas não mudarão.
No caso da segunda afirmação, ela disse tudo e mais um pouco. Mas a maioria das pessoas não tem esse discernimento.
2007-03-28 09:40:58
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answer #4
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answered by Verbena 6
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A primeira eu vejo como alguém alheio, que não quer interagir dando uma opinião exatamente porque não deseja se envolver.
Se você não pode formar uma opinião, pouco será um alguém entre os outros. O verdadeiro sábdio nunca se cala!
Mas é verdade sobre o lance da crença. Crença é algo visceral, o mero fato de saber se Deus existe ou não, não vai mudar em nada o que se tem dentro da alma. É apenas um detalhe histórico, pois hoje acredito que a crença sobrevive sem Deus.
A segunda também faz sentido. Mas, no final das contas, a verdade é o FATO e não o que achamos dele. Se acontece um acidente de carro e 3 pessoas contam a mesma história de maneiras diferentes, não importa. O fato de ter havido um acidente fala por si só.
See ya!
2007-03-28 08:23:15
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answer #5
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answered by ? 7
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Quanto à primeira, eu concordo. Crença(ou não crença) são coisas que estão fortemente arraigadas no interior das pessoas, então não adianta tentar provar nada pra ninguém, pois geralmente, se a pessoa já decidiu o que acreditar(ou não acreditar)é impossível mudar isso.
Quanto à segunda...é como o Megazord falou, dá a impressão de que a verdade "verdadeira" é impossível de ser alcançada.
2007-03-28 09:54:09
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answer #6
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answered by o pequeno aprendiz 3
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A luz vem de cima, por isso não devemos baixar o nivel.
Baixando o nível, o que reina são as trevas.
Murta, que a Força (do Bem) esteja com vc.
Luke Skywalker
2007-03-28 09:31:48
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answer #7
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answered by ĹŲŽ ĐΛ ЦΜБΛПĐΛ 7
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Concordo com a primeira e discordo da segunda.
2007-03-28 08:29:06
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answer #8
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answered by Mariana 2
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claro que existe Deus
2007-03-28 08:36:53
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answer #9
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answered by benedito antonio da silva a 1
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é quase isso, mas toda essa sabedoria não chega a se comparar a do criador, assuma!
2007-03-28 08:20:38
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answer #10
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answered by Johnny Amaro 5
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