O objetivo principal do tratamento da infecção pelo HPV é a remoção das verrugas sintomáticas, levando a períodos livres de lesões em muitos pacientes. Verrugas genitais freqüentemente são assintomáticas. Nenhuma evidencia indica que os tratamentos atualmente disponíveis erradicam ou afetam a história da infecção natural do HPV. A remoção da verruga pode ou não diminuir sua infectividade. Se deixados sem tratamento, os condilomas podem desaparecer, permanecer inalterados, ou aumentar em tamanho ou numero.
Nenhuma evidência indica que o tratamento do condiloma prevenirá o desenvolvimento de câncer cervical.
Os tratamentos disponíveis para condilomas são: crioterapia, eletrocoagulação, podofilina, ácido tricloroacético (ATA) e exérese cirúrgica.
Nenhum dos tratamentos disponíveis é superior aos outros, e nenhum tratamento será o ideal para todos os pacientes nem para todas as verrugas, ou seja, cada caso devera ser avaliado para a escolha da conduta mais adequada.
Fatores que podem influenciar a escolha do tratamento são o tamanho, numero e local da lesão, além de sua morfologia e preferência do paciente, custos, disponibilidade de recursos, conveniência, efeitos adversos e a experiência do profissional de saúde.
Em geral, verrugas localizadas em superfícies úmidas e/ou nas áreas intertriginosas respondem melhor a terapêutica tópica (ATA, podofilina) que as verrugas em superfícies secas.
Planejar o tratamento juntamente com o paciente e importante porque muitos pacientes necessitarão de mais de uma sessão terapêutica. Deve-se mudar de opção terapêutica quando um paciente não melhorar substancialmente depois de três aplicações ou se as verrugas não desaparecerem completamente após seis sessões. O balanço entre risco e beneficio do tratamento devera ser analisado no decorrer do processo para evitar tratamento excessivo.
Raramente ocorrem complicações se os tratamentos são utilizados corretamente. Os pacientes deverão ser advertidos da possibilidade de cicatrizes hipo ou hipercromicas quando são utilizados métodos destrutivos. Também podem resultar, embora raramente, em áreas deprimidas ou hipertróficas, especialmente se o paciente não teve tempo suficiente para cicatrização total antes de uma nova sessão terapêutica.
Mais raramente, o tratamento pode resultar em síndromes dolorosas incapacitantes, como vulvodinia ou hiperestesia do local tratado.
LESÕES NA GENITÁLIA EXTERNA
Podofilina 10-25% em solução alcoólica ou em tintura de Benjoim: deve-se aplicar uma pequena quantidade em cada verruga, e deixar secar. Para evitar a possibilidade de complicações associadas com sua absorção sistêmica e toxicidade, alguns especialistas recomendam que se utilize ate 0,5 ml em cada aplicação ou que se limite a área tratada em ate 10 cm2 por sessão. Outros sugerem que a solução seja retirada por lavagem da área tratada em 1-4 horas depois da aplicação para reduzir a irritação no local. Repetir semanalmente se necessário. Nunca usar durante a gravidez. A podofilina contém uma série de substâncias com ação antimitótica. Todavia, a proporção dessas substâncias varia consideravelmente entre os preparados. A validade e estabilidade dos preparados são desconhecidas. O descuido em permitir que o paciente se vista antes da completa secagem da solução pode espalhá-la em áreas vizinhas levando a uma extensa área de irritação local. Sua absorção em grandes quantidades pode ser tóxica para o coração, rins e sistema nervoso.
Acido tricloroacético (ATA) a 80-90% em solução alcoólica: aplicar pequena quantidade somente nos condilomas e deixar secar, após o que a lesão assumira aspecto branco. Caso seja aplicada quantidade excessiva, pode-se remover o excesso polvilhando talco ou bicarbonato de sódio. Repetir semanalmente se necessário. O ATA e um agente cáustico que promove destruição dos condilomas pela coagulação química de seu conteúdo protéico. Apesar de sua larga utilização, não foi investigado exaustivamente. As soluções de ATA são muito fluidas, comparáveis a água, e podem se espalhar rapidamente, se aplicadas em excesso, causando dano as áreas adjacentes as lesões. Deve ser aplicada com cuidado, deixando-a secar antes mesmo do paciente mudar sua posição, para que a solução não "escorra" para outros locais. Se a dor for intensa, o acido pode ser neutralizado com sabão ou bicarbonato de sódio. Este método poderá ser usado durante a gestação, quando a área lesionada não for multo extensa. Do contrario, este devera ser associado a exérese cirúrgica (ver item especifico).
Eletrocauterizacao ou Eletrocoagulação ou Efetrofulguração: este método utiliza um eletrocautério para remover ou fulgurar lesões isoladas. Exige equipamento especifico e anestesia local. Não se aplica nas lesões vaginais, cervicais e anais, visto que o controle da profundidade do efeito é difícil, podendo levar a necrose tecidual extensa e estenose em estruturas tubulares, como canal anal e vagina.
Criocauterização ou Crioterapia ou Crio-coagulação: este método promove a destruição térmica por dispositivos metálicos resfriados por CO2 (criocautérios). A crioterapia depende de equipamento especifico e elimina as verrugas por induzir citólise térmica. É útil quando ha poucas lesões ou nas lesões muito ceratinizadas e raramente necessita de anestesia. Pode ser necessária mais de uma sessão terapêutica, respeitando um intervalo de 1 a 2 semanas. Sua maior desvantagem esta em exigir razoável nível de treinamento sem o qual os condilomas são freqüentemente tratados excessivamente ou de forma insuficiente, resultando em diminuição de sua eficácia e maior chance de complicações. Apesar da anestesia local não ser necessária rotineiramente, poderá facilitar o tratamento se existirem muitas lesões ou uma extensa área envolvida.
Exérese cirúrgica: e método apropriado para o tratamento de poucas lesões em nível ambulatorial, especialmente quando e desejável exame histopatológico do espécime. A exérese cirúrgica tem a vantagem de, assim como na eletrocauterização, eliminar as lesões em apenas uma sessão de tratamento. Todavia, e necessário treinamento, anestesia local e equipamento específico, além de alongar o tempo de consulta. Os condilomas podem ser retirados por meio de uma incisão tangencial com tesoura delicada, bisturi ou cureta. Como a maioria das lesões são exofíticas, estes métodos resultam em uma ferida que envolve a porção superficial da derme.
A hemostasia pode ser obtida por eletrocoagulação. Normalmente a sutura não e necessária. Esse método traz maiores benefícios aos pacientes que tenham grande numero de lesões ou extensa área acometida, ou ainda, em casos resistentes a outras formas de tratamento.
LESÕES VEGETANTES DO COLO UTERINO
Na presença de lesão vegetante no colo uterino deve-se excluir a possibilidade de tratar-se de uma neoplasia intra-epitelial antes de iniciar o tratamento. Estas pacientes devem ser referidas a um serviço de colposcopia para diagnóstico diferencial e tratamento.
.LESÕES VAGINAIS
1. ATA a 80-90%: aplicar somente sobre as lesões. Deixar secar antes de retirar o especulo vaginal. Não aplicar sobre área extensa em uma única sessão para evitar estenose vaginal. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Para remoção do acido quando aplicado em excesso, recomenda-se a aplicação de bicarbonato de sódio ou talco.
2. Podofilina 10-25%: aplicar sobre as lesões e deixar secar antes de retirar o especulo. Tratar, no máximo, 2 cm2 por sessão, repetindo a aplicação em intervalos semanais, se necessário. Alguns especialistas são contraries ao seu uso em lesões vaginais devido aos seus efeitos tóxicos e a capacidade aumentada de absorção vaginal. Não utilizar durante a gestação
3. Observação: a crioterapia não se aplica para lesões vaginais, em virtude do risco de perfuração vaginal e formação de fistulas.
LESÕES NO MEATO URETRAL
4. ATA a 80-90%: aplicar somente sobre as lesões. Deixar secar antes de permitir o contato da área tratada com a mucosa normal. Não aplicar sobre área extensa em uma única sessão para evitar estenose. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Para remoção do acido quando aplicado em excesso, recomenda-se a aplicação de bicarbonato de sódio ou talco.
5. Podofilina 10-25%: aplicar sobre as lesões e deixar secar antes de permitir o contato da área tratada com a mucosa normal. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Não utilizar durante a gestação
LESÕES ANAIS
6. ATA a 80-90%. Aplicar somente sobre as lesões. Deixar secar antes de permitir o contato da área tratada com a mucosa normal. Não aplicar sobre área extensa em uma única sessão para evitar estenose. Pode ser aplicado semanalmente, se necessário. Para remoção do acido, quando aplicado em excesso, recomenda-se a aplicação de bicarbonato de sódio ou talco.
7. Exérese cirúrgica.
Observação: a conduta frente a lesões em mucosa anal deve ser decidida por um especialista.
LESÕES ORAIS
8. Exérese cirúrgica.
SEGUIMENTO
Após o desaparecimento dos condilomas, não é necessário controle. Os pacientes devem ser notificados das possibilidades de recorrência, que freqüentemente ocorre nos três primeiros meses.
Como não se conhece a sensibilidade e a especificidade do auto-diagnóstico, os pacientes devem ser examinados três meses após o final do tratamento. Novos exames em intervalos menores podem ser úteis para:
· Documentar a inexistência de condilomas;
· Controlar ou tratar complicações do tratamento; e reforçar a orientação e aconselhamento quanto a prevenção do HIV e de outras DST.
As mulheres devem ser aconselhadas quanto a necessidade de submeterem-se ao rastreio de doenças pré-invasivas do colo uterino, na mesma freqüência que as mulheres não contaminadas pelo HPV. A presença de condilomas genitais sem lesão macroscópica cervical ou suspeita colpocitológica (Papanicolaou) de lesão pré-invasiva, não e indicação para colposcopia.
As mulheres tratadas por lesões cervicais devem ser seguidas de rotina, após tratamento, pelo exame ginecológico e citologia oncótica a cada três meses, por seis meses; em seguida, a cada seis meses, por 12 meses e após este período, anualmente, se não houver evidencia de recorrência.
2007-03-22 08:20:46
·
answer #1
·
answered by Amanda 7
·
0⤊
2⤋