FUNÇÕES DO FÍGADO
O fígado é dotado de funções múltiplas.
As reservas energéticas do fígado, mais, as atividades químicas, garantem o funcionamento do organismo entre uma refeição e outra. Além das funções digestivas, nas quais a bile participa como agente emulsificante das gorduras, o fígado desempenha também um conjunto de atividades (que tornam comparável a um laboratório químico) para introduzir modificações em quase todas as substâncias que chegam a ele. Através da veia porta, que leva o sangue do intestino carregado de agentes nutritivos bem como possíveis agentes tóxicos, o fígado filtra todos os produtos ingeridos, papel de alta importância para a eliminação de substâncias tóxicas, mediante alterações químicas.
As grandes moléculas de gorduras, proteínas e hidratos de carbono, compõe as três principais categorias de alimentos que precisam ser decompostas em moléculas menores, que sejam assimiláveis pelo organismo. Dois fatores determinam isso:
1. As moléculas gigantes, como são ingeridas, não poderiam passar pela membrana intestinal;
2. Ainda que isso fosse possível, a estrutura dessa moléculas não corresponde plenamente às necessidades do organismo. Portanto, as enzimas digestivas desmontam as moléculas em outras, menores, o intestino remete as ''peças'' para o fígado, através da veia porta, para que elas sejam montadas novamente, desta vez em obediência aos modelos específicos requeridos pelas funções celulares das várias partes do corpo.
ATITUDES "CAUTELARES"
A especificidade dessas moléculas é muito importante. O organismo reage hostilmente à penetração estranhas de proteínas que caiam diretamente no sangue. Em outras palavras, o fígado torna assimiláveis as substâncias que o organismo repeliria. Além dessa função, o fígado também armazena as substâncias por ele preparadas. Esse estoque destina-se a atender necessidades imprevistas, em caso de interromper-se o abastecimento regular da dieta. Em jejum, por exemplo, a pessoa poderá dispor de substâncias liberadas desse estoque hepático. Dessa forma, é possível preservar a continuidade das funções por algum tempo (na prática, vários dias), sem que o fígado esgote suas reservas normais, mesmo que elas não sejam repostas por novas refeições.
Nas células hepáticas, encontram-se normalmente depositadas moléculas de gordura de proteínas e sobretudo de um tipo de ''amido animal'', um hidrato de carbono chamado glicogênio. O glicogênio resulta da condensação de várias moléculas de glicose (açúcar), que se unem umas às outras por meio de um processo químico específico. Armazenam-se também o fígado as que o organismo humano não é capaz de sintetizar e que, portanto, devem ser obtidas dos alimentos ingeridos. As vitaminas são indispensáveis ao processamento de certas reações químicas vitais para a subsistência orgânica.
Formação do Glicogênio - o glicogênio é a principal fonte de energia de que o organismo dispõe. Sua produção, no fígado, resulta de uma série de reações químicas processadas sobre as moléculas de substâncias da dieta.
O glicogênio é um polissacarídeo, ou seja, um açúcar formado por estrutura molecular complexa. Como tal, o glicogênio se origina dos hidratos de carbono (também chamados glicídeos), que entram na composição de alimentos como as farinhas e o açúcar, entre outros. Os glicogênios encontram-se também no leite (na forma de lactose). Açúcar de cana é um glicídeo chamado sacarose: açúcar de uva é a glicose; e assim por diante.
Todos os tipo de açúcares, quando chegam ao intestino, são decompostos em estruturas moleculares mais simples, chamadas de monossacarídeos. Entre os monossacarídeos mais importantes, figuram a glicose, a galactose e frutose.
Para que os monossacarídeos possam ser ''montados'' e assumirem a estrutura de polissacarídeos, é preciso inicialmente converte-los em glicose. Essa primeira etapa é importante, especialmente porque a glicose é a única forma através da qual os glicídeos podem ser transportados pelo sangue. Além disso, só as moléculas de glicose podem ser ''montadas'' para formar o polissacarídeo de reserva, ou seja, glicogênio.
O fígado normalmente armazena uns 100 gramas de glicogênio em suas células (reserva importante, mas não é a principal.., porque certos músculos, armazenam quatro vezes mais).
O glicogênio é uma substância ideal para formar estoque energético, principalmente porque é insolúvel e não solúvel, não difunde, portanto, não se dispersa no local de armazenamento. Se não fosse assim, a pressão osmótica o faria extravasar da célula, através da membrana celular, e desse modo, não haveria condições de acondicionamento.
A glicose, encontra-se presente no sangue na proporção de 1 grama por litro, em média. Essa concentração de glicose, constitui uma condição vital, a glicemia, que deve ser mantida em nível estável e adequado.Qualquer oscilação nos níveis de glicose, além de certos limites, poderá determinar graves distúrbios, capazes de levar até mesmo à morte. Um dos dispositivos mais importantes na regulagem da glicemia é a insulina secretada pelas células que constituem as Ilhas de Langerhans, que se localizam no pâncreas. Os diabéticos em geral sofrem de uma disfunção pancreática que resulta na produção insuficiente de insulina. Os níveis de açúcar no sangue, então, tendem a ultrapassar os limites de tolerância: é a hiperglicemia, que conduz a uma perda excessiva de líquido e uma possível desidratação. Hiperglicemia em si não é muito grave, mas indica uma condição de anormalidade em que se produzem outros, distúrbios, independentes dela, como acontece com os diabéticos.
Já o baixo nível de glicose (hipoglicemia) poderá provocar distúrbios muito graves. A glicose é essencial a muitas das atividades celulares, especialmente as das células nervosas. A insuficiência de glicose conduz ao estado de coma e a morte, se o processo não for detido.
O fígado, que produz glicose, é um dos dispositivos de regulagem dos níveis dessa substância no sangue. Se em uma situação de emergência os níveis de açúcar caírem, o fígado entrará em ação para liberar glicose no sangue, mediante transformação do glicogênio armazenado em suas células. Quando uma pessoa se encontra em jejum, as primeiras reservas de glicogênio se esgotam muito rapidamente. Mas o fígado pode continuar a suprir o organismo de glicose, mesmo se o jejum se prolongar por vários dias. Isso porque, quando as reservas de glicogênio alcançam nível muito baixo, o fígado põe em funcionamento um dispositivo automático que controla um segundo mecanismo de reserva. Este mecanismo produz glicogênio e glicose a partir de proteínas, que assim cede suas reservas para manter o corpo em atividade. Mas, nessa operação mais complicada, o fígado não trabalha sozinho: em cooperação com outros tecidos que também armazenam hidratos de carbono, o órgão consegue manter em funcionamento a máquina orgânica por mais algum tempo, até que chegue novo suprimento dietético. Se isso não ocorrer, as reservas de proteína de todo o organismo também acabam por se esgotar (principalmente porque elas provêm do protoplasma das células, que é formado quase exclusivamente de proteínas), os músculos se esvaziam e a pessoa morre.
Processo Inverso - desde de que haja no sangue uma quantidade suficiente de insulina, a ingestão de açúcar em altas doses provoca elevação no nível de glicose do sangue. É que o fígado desempenha a mesma função reguladora, em processo inverso ao da hipoglicemia.
O excesso de glicose presente no sangue vai do intestino delgado para o fígado, através da veia porta. No fígado, a glicose é transformada em glicogênio e armazenada nas células parenquimatosas. Se o nível da glicose estiver tão alto que ultrapasse o limite de capacidade de conversão, o fígado ainda acha uma saída para o problema: em vez de converter a glicose em glicogênio, converte-a em lipídeos (nome genérico de todas as gorduras do organismo). E os lipídeos vão para os depósitos de gordura).
Energia do Açúcar - depois que todos os monossacarídeos provenientes do intestino foram transformados em glicose, o fígado inicia o processo de policondensação que converterá a glicose em glicogênio. A primeira reação da cadeia de transformação é a fosforilização: cada molécula de glicose é associada a uma molécula de fosfato, por sua vez, provém de uma substância doadora de fosfato, chamada adenosinatrifosfato (ATP). Por sua vez, o ATP resulta de um processo químico ainda mais complexo, que se desenvolve nas mitocôndrias de cada célula hepática. O ATP possui, em cada molécula, três unidades de fosfato, uma delas em condições de ser cedida à glicose, quando determina enzima entra em ação. Ao mesmo tempo em que a glicose se enriquece com o acréscimo do fosfato, o ATP se empobrece e transforma-se em adenosinadifosfato (ADP). Quando volta à mitocôndria, a molécula de ADP ganha nova unidade de fosfato e volta a ser ATP. Essa capacidade de carga e descarga explica porque os biólogos costumam comparar o ATP a uma bateria recarregável. Por outro lado, a função de fosforilização explica o alto número de mitocôndrias existentes nas células hepáticas: chega-se a encontrar 2.500 delas em uma única célula do fígado.
A fosforilização da glicose é uma etapa essencial às funções orgânicas. Para desempenhar as funções bioquímicas que lhe estão destinadas, a glicose precisa ser ativada, isto é, enriquecida com energia latente. E esse acréscimo energético decorre justamente da fosforilização. Além desse processo químico, a glicose sofre uma alteração de natureza física. Antes da fosforilização, a molécula de glicose é capaz de dissolver-se em meio líquido. Assim, por pressão osmótica, a molécula de glicose não fosforilizada pode atravessar livremente a membrana das células, para entrar ou sair. No momento em que se enriquece com o fosfato, porém, perde-se essa propriedade. Uma vez dentro da célula, permanece ali. O fenômeno é chamado captação endocelular da glicose.
Essa condição é fundamental para que a glicose desempenhe adequadamente seu papel, sobretudo porque somente dentro das células existem as enzimas capazes de utilizar a glicose para a geração de energia. Outra importância da captação endocelular é que, se a molécula de glicose não perdesse a propriedade de se difundir e escapar da célula através da membrana, não seria possível armazená-la sob a forma de glicogênio. A glicose ligada ao fosfato passa a chamar-se glicoe-6-fosfato (porque a molécula de fosfato liga-se à do carbono-6, que entra na estrutura da molécula de glicose). Essa grande molécula formada por outras de várias substâncias é a única que serve de combustível apropriado ao organismo. Ela poderá ser destruída (com a conseqüente liberação de energia requerida por certas funções vitais), ou poderá ser convertida em glicogênio, para enriquecer o estoque de combustível do corpo, no caso de não existirem necessidades imediatas.
O processo de conversão da glicose-6-fosfato em glicogênio é rápido e curto, mas não muito simples: a molécula de fosfato precisa desligar-se do carbono-6 e migrar para o carbono-1. Essa alteração é determinada por outra enzima, que, sem se combinar com as moléculas modificadas, força a transformação da glicose-6-fosfato em glicose-1-fosfato. A etapa seguinte é mais simples, e consiste na agregação e condensação de numerosas moléculas de glicose-1-fosfato, umas com as outras. Essa agregação constitui um polímero (nome genérico para esse tipo de estrutura molecular) específico, o glicogênio.
Glicogênio - durante a reação química de agregação das moléculas de glicose-1-fosfato, as moléculas de fosfato se liberam, de modo que as longas moléculas de glicogênio resultantes são constituídas pelo encadeamento de numerosas moléculas de glicose. Quando o organismo registra necessidades adicionais de glicose, cada molécula de glicogênio é desmembrada. Uma enzima especial decompõe as moléculas de glicose da estrutura do glicogênio, que sofrem nova fosforilização, voltam a ser glico-6-fosfato e são remetidas ao interior das células para promover as necessidades de energia do organismo.
Essa reserva de glicogênio não ocorre apenas nas células hepáticas, mas sim em todo o corpo. Os principais depósitos localizam-se no fígado e no músculos. Os depósitos musculares apresentam localização estratégica importante, porque é justamente nos músculos que a glicose-6-fosfato é mais útil: a contração muscular depende da oxidação da glicose.
Toda vez que a ação muscular consome glicose, e baixa o nível dos depósitos locais, entra em ação um mecanismo que determina a denominação de moléculas de glicose fosforilizada são lançadas no sangue e vão alcançar os depósitos desfalcados dos músculos, onde se depositam, depois de serem novamente convertidas em glicogênio.
O fígado, portanto, corresponde a um depósito central que abastece os depósitos ''regionais'' de qualquer músculo. Uma das razões que permitem ao fígado tal desempenho é o fato de que suas necessidades próprias são muito inferiores às dos músculos requer soma de energia muito superior às das funções físico-químicas do fígado. Portanto, se as necessidades musculares baixarem os níveis de estoque de glicogênio, o equilíbrio pode restabelecer-se mediante recurso ao fígado, que não tem necessidades imediatas de reposição e poderá aguardar novo suprimento proveniente da dieta. Já os músculos, evidentemente, precisam desempenhar suas funções motoras e, portanto, têm necessidade de dispor de reservas mobilizáveis imediatamente. Fígado e as Gorduras - no intestino, as moléculas de gordura neutra, ou triglicerídeos, são cindidas em moléculas de substâncias mais simples que as constituem: a glicerina e os ácidos graxos. Essa cisão necessária para que as gorduras, '' desmontadas'', possam passar pela membrana celular. Logo que deixam o interior da célula, as moléculas de glicerina e as de ácidos graxos voltam a unir-se em moléculas de triglicerídeos, pequenas esferas insolúveis nos líquidos no organismo e chamadas quilomícrons. Cada quilomícrom é constituído por um núcleo central de natureza protéica, circundando por moléculas de gorduras. Uns 40% das gorduras assim transformadas são levados diretamente ao fígado, pelo sangue da veia porta. O restante é lançado no sistema linfático, de onde mais a tarde passará à corrente sangüínea.
As moléculas de triglicerídeos podem seguir três caminhos:
1. Depositar-se nas células adiposas que formam as camadas de gordura subcutânea, presentes em todo o corpo e que têm uma função de isolante térmico e de amortecedor de choques. Quando alcançam essas células, os triglicerídeos sofrem cisão hidrolítica, isto é, desmontam-se em glicerina e ácidos graxos. Tais componentes atravessam a membrana da célula e, uma vez no interior dela, voltam a ser sintetizados e armazenados, chegando a constituir gotículas microscópicas de gordura, envoltadas pelo citoplasma. Cada uma destas gotículas, além das funções isolantes e anti-reumáticas mencionadas, representa um reservatório de combustível de alto rendimento, a ser utilizado em emergências, como quando se interrompe o suprimento de substância nutritivas provenientes da dieta;
2. Acumular-se nos tecidos musculares, onde ocorre alto consumo de enrgia. Também ali as moléculas decompõem-se para penetrar as células, mas nem chegam a sintetizar-se novamente em triglecérideos; as glicerina e os ácidos graxos são imediatamente consumidos como combustível.
3. Unir-se, no fígado, aos quilomícrons que ali chegaram oriundos do intestino. As células hepáticas poderão utilizar os triglicerídeos para satisfazer necessidades próprias de energia, ou de devolve-los à corrente sangüínea. Para que os triglicerídeos possam ser veiculados pela corrente sangüínea, o fígado lhes acrescenta uma molécula de albumina. As grandes moléculas resultantes, chamadas complexos lipoprotéicos, poderão ser destinadas, por sua vez, a duas funções diferentes:
* Servirem de combustível para as células ativas do sistema muscular;
* Serem captadas pelas células adiposas e converterem-se em material suplementar de reserva de combustível.
Proteínas e Vitaminas - a função do fígado em relação às proteínas é a de sintetizá-las para servirem de veículo para o transporte de componentes graxos, homônimos e outras substâncias. Além disso, as proteínas que o fígado sintetiza a partir de moléculas de aminoácidos passam a fazer parte da ''fórmula'' normal do sangue, com a função específica de determinar um tipo de pressão (pressão oncótica) que influi nas trocas de líquido entre o sangue e os tecidos.
O fígado armazena 95% da vitamina A do organismo, além de armazenar também vitamina D, vitamina E, vitamina K e as do complexos B, A vitamina B, por exemplo, precisa ser ativada no fígado para manter a normalidade das fibrilas nervosas. De modo geral, as vitaminas dependem das ácidos biliares para se tornarem solúveis e assimiláveis aos processos vitais.
Proteção do Organismo - as importantes funções hepáticas de produção e armazenagem de açúcar e seu papel na digestão de gorduras não esgotam o conjunto de atividades de desempenhadas pelo fígado no organismo. Em experiências nas quais se extirpa o fígado de animais como cão, percebe-se que a morte ocorre depois de algumas horas, mesmo que injeções de glicose possam retardá-la. Aparentemente, isso decorre da ação de substâncias que não podem ser eliminadas sem as células hepáticas.
A essa função protetora deu-se o nome, hoje considerado impróprio, de ''ação desintoxicante'' do fígado. A definição é incorreta porque nem sempre o fígado suprime a toxidade de certas substâncias; ao contrário, pode aumentá-la. Nos casos em que isto acontece, porém, a substância transformadora adquire maior solubilidade, o que permite ao organismo a rápida eliminação, geralmente com a urina. Essas funções protetoras do fígado, essenciais para a defesa do organismo, não são atividades exclusivas desse órgão. Os rins também cooperam, embora em pequena escala.
Fígado e Álcool - o álcool, ingerido em altas doses, pode representar uma sobrecarga para as células hepáticas, e prejudica o fígado mais indireta que diretamente. É o caso, por exemplo, da lesão hepática apresentada pelos alcoólatras, uma consequência de deficiências alimentares típicas do alcoolismo e, em menor escala, da ação tóxica direta da bebida. É a carência de aminoácidos e vitaminas hepatoprotetoras, principalmente, que dá origem a essas lesões.
Pequena proporção do álcool ingerido é eliminada sem alteração pela saliva, o hálito, o suor pancreático, a urina, a secreção láctea. Outra parte será absorvida pelo intestino a passará á veia porta juntamente com o conteúdo assimilável que se destina ao fígado. E, uma vez no fígado, será oxidada. A oxidação do álcool no fígado se faz por ação inicial de uma enzima, a nicotinamida (vitamina do complexo B). A ação de oxidar equivale à de queimar e envolve a libertação de energia. Da ação da nicotinamida resulta a formação ou libertação de aldeído (substância formada pela combinação incompleta de álcoois com oxigênio) acético (com as propriedades características do vinagre). Parte desse aldeído acético transforma-se em ácido acético, aquela substância que dá cor ao vinagre o característico sabor azedo. Outra parte é transportada em um subproduto que se combina com o ácido glicurônico presente no fígado, para dessa maneira alcançar condições de solubilidade que lhe permitam se excretado na urina. Calcula-se que a capacidade de oxidação do álcool seja proporcional ao peso corpóreo e, consequentemente, ao tamanho do fígado.
De modo geral, o homem pode oxidar de 3,5 a 10 cm3 de álcool por hora. A tremenda quantidade de energia contida no álcool (7 calorias por grama) confere-lhe certas propriedades alimentícias, de aproveitamento imediato. As células o utilizam tão cedo o obtenham e esse contato é facilitado pelo fato de o álcool atravessar as paredes do tubo digestivo mesmo sem ser digerido (o que reduz a quase nada a eficácia das lavagens estomacais; em casos de coma alcoólico). Mas, como dizem certos, higienistas, o álcool é um excelente combustível que pode estragar o motor. Seus efeitos sobre o organismo são comparáveis aos de um combustível superpotente no motor comum do automóvel: força e desgasta as peças devido ao excesso de atividade. Além disso, o álcool apresenta o inconveniente de não se utilizado no trabalho muscular, o que dificulta sua eliminação. Como alimento, o álcool é o único que pode desencadear intoxicação aguda e crônica, capazes de levar à morte.
Intoxicação Aguda e Crônica - para aliviar a sobrecarga imposta ao fígado pelo consumo excessivo de álcool, os médicos não se põe de inteiro acordo. Parece que a oxidação do álcool seria favorecida pela injeção de glicose. Substâncias como a nicotinamida, além de outros componentes do complexo B, podem ativar a oxidação, assim como vitamina C. esses medicamentos, que constituem a base do tratamento do coma alcoólico, só podem ser administrados pelo médico, nas doses adequadas . mesmo vitaminas aparentemente inócuas, como a B, podem gerar complicações, quando administradas por via parenteral.
A cafeína exerce ação antidepressiva (o que dá algum fundamento ao hábito de se tomar café forte na ressaca). Mas é preciso lembrar que a cafeína contida em certos comprimidos está associada ao ácido acetil-salicílico, que sobrecarga a ação ''desintoxicante'' do fígado.
O alcoolismo crônico, por sua vez, produz, problemas como a infiltração de gorduras no tecido hepático. Essa anomalia pode ser parcialmente corrigida por aminoácidos que ativam a função protetora do fígado, como a colina e a metionina (esta aproveitada na síntese da colina). Mas qualquer deita adequada pode prover essas substâncias, chamadas fatores lipotrópicos ( lipos, gordura, tropos, movimento). A adição desses fatores na forma de medicamentos só se justifica em casos de carência dietética, pois alimentos ricos em proteínas (carnes, queijos) geralmente provêem o organismo de colina e metionina em níveis suficientes. Em outras palavras, a concentração de gorduras no fígado pode ser corrigida pela dieta, sem necessidade de medicamentos específicos.
Já um problema mais grave é a necrose das células hepáticas, provocada por alguns fatores desconhecidos, mas também, sabidamente, pela carência de aminoácidos. A necrose das células hepáticas, que morrem por não poderem dar conta do trabalho excessivo a elas imposto, pode conduzir à cirrose hepática. Na cirrose, larga extensão do parênquima hepático adquire consistência fibrosa, com evidente deficiência das funções do órgão. É a cirrose hepática, que mata tantos alcoólatras, principalmente.
A metionina e cisteína exercem efeito inibidor da necrose.
Outros Processos - basicamente, o fígado emprega os seguintes processos de ''desintoxicação''.
1.
Degradação, que consiste em decompor determina substância em outra de estrutura química mais simples; é o processo pelo qual o organismo elimina alcalóides como o quinino e a morfina, além de hormônios;
2.
Oxidação, destruição, como a descrita no caso do álcool; nicotina, a estricnina e alguns barbitúricos (drogas hipnóticas como o luminal) são eliminados por oxidação;
3. Conjugação, que consiste em combinar substância indesejáveis com ácidos ou aminoácidos presentes no fígado. Este processo, que elimina o ácido salicílico entre outros, muitas vezes precede a oxidação ou a degradação da substância (como acontece com morfina);
4. Transformação estérica, um tipo especial de modificação química que serve para eliminar, por exemplo, o colesterol, depois de transforma-los em ácido cólico e juntá-lo à bile; neste caso, a excreção não se faz pela urina, mas pelas fezes.
2007-03-13 09:31:53
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answer #5
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answered by Hanna 2
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