Verdades e Mitos sobre Diabetes
Os mitos estão sempre presentes no imaginário da população, especialmente quando se fala em problemas crônicos, como o diabetes. No entanto, a falta de orientação e informação correta pode levar a pessoa a cometer alguns enganos. Por isso, as dúvidas devem ser tiradas com médicos. Saber a verdade sobre o diabetes é fundamental para o bom controle da glicemia.
Ao receber o diagnóstico, a pessoa passa por uma série de mudanças e adaptações. Entre elas está o tratamento com insulina, que pode confundir caso não seja bem explicado. Apesar do maior acesso à informação científica que existe hoje, ainda são muitos os mitos relacionados ao diabetes e ao uso constante da insulina.
De acordo com a Dra. Denise Reis,, endocrinologista e diretora científica da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), o excesso de informação imprecisa também pode atrapalhar a pessoa com diabetes. “Sempre há um parente ou um vizinho com uma fórmula mágica ou um chazinho que vai curar ou melhorar o diabetes. Não é incomum alguém com diabetes entrar no consultório perguntando se pode tomar um chá e tentar não usar a medicação, acreditando que a insulina vicia”, conta a médica.
A especialista esclarece que a aplicação de insulina não promove qualquer tipo de dependência química ou psíquica. O medicamento é importante para permitir a entrada de glicose na célula, tornando-se fonte de energia. E os chás não curam diabetes.
A Dra. Denise explica ainda que os mitos em relação ao tratamento do diabetes mudam de acordo com a faixa etária das pessoas. “Os mais velhos trazem receitas de supostas formas de cura do diabetes, que ouviram há vários anos. Entre os adolescentes, há sempre a descrença de que algo poderá acontecer com eles ou a crença de que o tratamento com as células-tronco possibilitará a cura do diabetes, assim não precisarão mais se cuidar e ficarão livres das injeções”.
PARA O DR. CARLOS NEGRATO, FUNDADOR E DIRETOR CIENTÍFICO DA ASSOCIAÇÃO DOS DIABÉTICOS DE BAURU, UM DOS MITOS MAIS COMUNS É SOBRE O CONSUMO DE AÇÚCAR. “A PESSOA PENSA QUE DESENVOLVEU DIABETES PORQUE COMIA MUITO AÇÚCAR. A QUESTÃO É QUE A INGESTÃO DESSE ALIMENTO EM EXCESSO PODE LEVAR AO AUMENTO DE PESO, O QUE PODERIA, POR FIM, SER O FATOR CAUSADOR DO APARECIMENTO DA HIPERGLICEMIA”, RELATA. SOBRE ESSE MITO, A DRA. DENISE AFIRMA QUE AS PESSOAS ACREDITAM QUE, EVITANDO O AÇÚCAR, ESTARIAM TAMBÉM EVITANDO O DIABETES, SEM SABER QUE A DOENÇA ESTÁ RELACIONADA AO AUMENTO DE PESO E AO SEDENTARISMO, ALIADOS À CARGA GENÉTICA.
O consumo de carboidratos é outro item importante. Como a sua ingestão está diretamente ligada ao aumento de glicemia, algumas pessoas acham que se cortarem os carboidratos da dieta alimentar não precisarão aplicar a insulina.
“Esse nutriente eleva a glicemia com mais rapidez, por isso sua ingestão deve ser contada. No diabetes tipo 1, a pessoa necessariamente deve usar insulina diariamente. Portanto, mesmo que não coma carboidratos, precisará do medicamento. No caso do diabetes tipo 2, há uma dificuldade na ação da insulina (resistência à insulina) associada à redução de sua produção no pâncreas. Assim, o paciente com diabetes tipo 2 pode vir a precisar de insulina em algum período do tratamento mesmo que esteja controlando a ingestão de carboidratos”, informa a Dra. Denise.
Segundo o Dr. Negrato, é importante lembrar que a alimentação do indivíduo com diabetes não é diferente da dieta das outras pessoas. “A comida que é saudável para quem tem diabetes também é saudável para quem não tem. Toda a alimentação deve ser balanceada, com conteúdo adequado de carboidratos, proteínas e gorduras”, acrescenta o médico.
Além da qualidade da dieta, as pessoas com diabetes preocupam-se com o peso. Nesse sentido, a Dra. Denise diz que, quando o tratamento com insulina é introduzido, o paciente tende a ganhar peso, até para recuperar o que havia perdido. No entanto, se a pessoa começa a ingerir muitos doces junto à aplicação de insulina, pode mesmo vir a ganhar mais peso. É apenas uma questão de balancear a alimentação.
As bebidas alcoólicas são um capítulo à parte na rotina da pessoa com diabetes. O consumo é permitido, mas alguns cuidados devem ser tomados. “Quem tem diabetes pode, sim, tomar bebidas alcoólicas. Porém, e isso é indicado a todas as pessoas, de forma moderada e sempre junto a uma refeição, pois o álcool pode estimular o aparecimento da hipoglicemia ou dificultar a recuperação de uma crise hipoglicêmica”, orienta o Dr. Negrato.
“Ninguém deve consumir álcool em excesso. É importante que quem tem diabetes faça a monitorização de glicemia antes e depois de tomar bebidas alcoólicas. Devemos lembrar ainda que, no caso de pessoas com diabetes que têm comprometimento dos nervos, o álcool torna-se um componente a mais para a neuropatia, piorando o quadro”, ressalta a Dra. Denise.
Exercícios
A prática de exercícios físicos faz parte do tratamento. Entretanto, existe o mito de que quem tem diabetes deve fazer exercícios leves, por ser menos resistente. Com relação a esse tema, o Dr. Negrato relata que toda pessoa com diabetes deve ser estimulada a fazer atividades físicas o maior número de vezes possível, respeitando contra-indicações, se houver.
“Na verdade, quem tem diabetes deve evitar a prática de atividades físicas quando a glicemia estiver fora de controle: ou muito alta (maior que 250-300mg/dl), porque o nível pode aumentar ainda mais, ou quando houver hipoglicemia, pois ela também pode piorar. Com a glicemia normalizada, a pessoa deve ser orientada a retomar suas atividades rotineiras. De uma forma geral, os exercícios melhoram os níveis glicêmicos, as doses de medicamentos orais e da insulina”, comenta o médico.
Sexualidade
A possibilidade de existir impotência sexual é uma das questões mais marcantes para os homens que têm diabetes, especialmente para os que usam insulina. De acordo com a Dra. Denise, embora a impotência seja uma complicação do diabetes, sua ocorrência não está ligada ao uso da insulina. Pelo contrário, a falta de tratamento adequado para a glicemia, o colesterol e a pressão alta acelera e aumenta a chance de seu aparecimento. “muitas vezes, introduzindo a insulina e controlando a glicemia, conseguimos melhorar o quadro de impotência sexual”, declara.
A endocrinologista comenta ainda que, se a pessoa com diabetes está com a glicemia bem controlada, não sofre alteração de libido ou desejo sexual.
Outras Complicações
As pessoas com diabetes acabam pensando que são propensas a todos os outros tipos de complicações. Quem tem diabetes precisa mesmo estar mais alerta, de olho nos problemas que podem surgir se a glicemia não estiver bem controlada, ou naqueles que podem aumentá-la, como as infecções.
Segundo a Dra. Denise, quando a infecção se instala, qualquer organismo reage aumentando a produção de hormônios que elevam a glicemia, o que pode gerar uma dificuldade de ajuste do valor glicêmico e a necessidade do aumento da dose de insulina para quem tem diabetes.
O diabetes também pode estar relacionado aos problemas de tireóide. “Doenças auto-imunes, como o diabetes tipo 1, podem estar associadas a outras. Nesse caso, existe 25% de chance da pessoa desenvolver problemas de tireóide, como hipotireoidismo e o hipertireoidismo. Por isso, checamos a tireóide de quem tem diabetes tipo 1 uma vez por ano”, conta a especialista.
A cicatrização também está presente no imaginário da população. Boa parte das pessoas acredita quem tem diabetes não cicatriza. Mas, de acordo com a Dra. Denise, isso só ocorre quando o paciente está descompensado e já tem comprometimento vascular e neurológico. “Paciente bem cuidado não deve levar esse mito em conta”.
De acordo com o Dr. Negrato, outra idéia errada sobre a doença é a de que o diabetes tipo 1 é mais grave do que o tipo 2. “Não existe uma relação de gravidade entre os dois tipos de diabetes. Na realidade, são situações diferentes, cada uma com suas características próprias, tendo em comum a presença da hiperglicemia”, informa.
Além disso, também não é correto acreditar que o diabetes tipo 1 atinge apenas jovens e o diabetes tipo 2, apenas adultos. “O diabetes tipo 1, antigamente chamado de infanto-juvenil, ocorre, na maioria das vezes, em crianças e adolescentes, mas pode ocorrer também em adultos. Já o diabetes tipo 2 ocorre mormente em adultos, mas, ultimamente, está sendo cada vez mais diagnosticado em crianças e adolescentes, devido ao aumento da obesidade nesta faixa etária da população”, explica o Dr. Negrato.
O endocrinologista esclarece ainda que usar insulina não significa que o diabetes está mais grave, como pensam algumas pessoas. “Quem tem diabetes tipo 2 poderá, em determinado momento, ter que usar a insulina em seu tratamento, devido a uma evolução natural do quadro, o que não significa agravamento”, pondera.
O relato dos médicos deixa claro que a informação é uma ferramenta essencial. A compreensão de limites e necessidades ajuda a pessoa com diabetes a melhorar o controle glicêmico e viver com mais possibilidades. Por isso, fuja dos mitos e procure estar sempre bem informado. Encare o tratamento de forma positiva e aproveite a vida com mais tranqüilidade.
2007-03-11 08:25:13
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answer #1
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answered by tatyodonto 3
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