Os desinfetantes podem não ser a melhor opção para a eliminação de bactérias, presentes em vários ambientes domésticos, como banheiros, lavanderias e cozinhas. Esta é a conclusão de um teste realizado pelo Idec, que contratou o laboratório Adolfo Lutz para analisar sete marcas de desinfetantes e sete águas sanitárias. Entre os primeiros, apenas dois não falharam na ação antibacteriana: Coop Plus e Extra (os respectivos lotes e demais informações estão disponíveis na tabela das páginas 18 e 19). Já as águas sanitárias mostraram ser bem mais eficazes nessa tarefa. Das sete marcas testadas, todas receberam conceito "eficaz".
Use um desinfetante falha em sua ação antibacteriana, a saúde do consumidor sofrerá as conseqüências. Por exemplo, microrganismos como a Salmonella choleraesuis podem causar infecções por meio da ingestão de alimentos contaminados. No entanto, lotes das marcas Pinho Bril Lavanda, Pinho Sol Original e Lysol foram desclassificados porque não conseguiram eliminar um ou ambos microrganismos (a análise procurou saber se os desinfetantes e águas sanitárias matavam as bactérias Salmonella choleraesuis e Staphylococcus aureus, como determina a legislação).
Para os técnicos do Idec, o resultado da avaliação é muito preocupante. "Os produtos desclassificados são amplamente utilizados pelos consumidores. Apesar de serem líderes de mercado, essas marcas são ineficazes em sua principal função, a de eliminar bactérias. Fato, inclusive, que pode deixar os usuários sujeitos a graves doenças", explica Murilo Diversi, técnico do instituto responsável pelo estudo.
Produtos a granel rendem menos
Ainda segundo o teste, duas águas sanitárias e dois desinfetantes, produtos vendidos a granel, também foram reprovados por não ter registro no Ministério da Saúde. O consumo de tais mercadorias é muito perigoso, pois podem não seguir os padrões de boas práticas de fabricação, exigidos pela legislação, nem passar pela fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O mercado informal, composto de produtos como os vendidos em caminhões porta a porta, é preocupante e está longe de representar uma alternativa econômica. Segundo a avaliação, além de serem ineficazes na eliminação de bactérias, os desinfetantes a granel acabam custando mais, se considerada a relação custo x benefício. Ou seja, seu preço é menor, mas também rendem proporcionalmente menos: no fim das contas, acabam saindo mais caro.
Tais produtos também não contam com rótulos nem embalagens adequados, o que pode agravar ainda mais o número já elevado de intoxicações envolvendo saneantes. De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, mais de 16% das intoxicações registradas em todo o País entre 1997 e 2001 foram causadas por saneantes domésticos. Do total de óbitos por intoxicação, os produtos são responsáveis por 15,9% dos casos. Em letalidade, isso significa que, a cada mil pessoas intoxicadas, cinco morreram. As crianças de 1 a 4 anos e os idosos acima de 80 anos são os mais afetados.
Os mais baratos em custo x benefício
Além da eficácia antibacteriana, o teste também avaliou aspectos como o preço por unidade equivalente (PE), isto é, o custo do produto dividido pelo seu rendimento. Esse cálculo foi efetuado com base nas informações oferecidas pelos fabricantes e levou em consideração o grau de diluição de cada produto. Para efeito de comparação, quanto maior o valor do preço por unidade equivalente, maior o custo final da mercadoria.
De acordo com o cálculo do PE, a marca Great Value tem o menor custo entre as águas sanitárias analisadas. Já o desinfetante Coop Plus é o mais barato na relação custo x benefício. Para fazer o cálculo, divida o preço do produto pela sua capacidade de diluição, informada no rótulo.
O potencial de diluição também foi motivo de atenção no decorrer do teste. No caso do Lysol, por exemplo, o rótulo informava que o desinfetante poderia ser diluído. No entanto, o produto só foi eficaz na ação antibacteriana quando utilizado puro. Já o Pinho Bril Lavanda e o Pinho Sol Original, mesmo usados puros (conforme recomendavam seus respectivos rótulos), falharam na eliminação dos microrganismos.
Os técnicos também verificaram a presença de informações importantes nos rótulos dos produtos. Entre os dados essenciais ao consumidor estão nome, endereço e CNPJ do fabricante; características químicas; telefones de emergência; forma correta de uso; lote, data de fabricação e validade; e os perigos que envolvem a mercadoria. Nesse quesito, todos os produtos testados receberam o conceito máximo na classificação.
Sem sistema de lacre
Por fim, a segurança das tampas também foi avaliada. A maioria dos desinfetantes e águas sanitárias não oferece qualquer tipo de proteção, além da tampa, ao manuseio nem ao transporte das mercadorias. Esse é um capítulo à parte devido aos riscos que podem estar sujeitos os consumidores, uma vez que a ausência de sistema de lacre muitas vezes facilita vazamentos, acidentes domésticos (intoxicações) e fraudes.
A próxima edição da Consumidor S.A., de no 74, tratará do assunto com mais profundidade. Entre outras medidas em prol de mais segurança, o Idec está reivindicando que os fabricantes adotem tampas do tipo "Child-Proof" (à prova de crianças). Há, por exemplo, projetos de lei que traçam regras mais rígidas para os produtos que apresentam algum grau de risco à saúde, como é o caso dos saneantes. Porém, esses projetos estão engavetados, e um deles aguarda votação desde 1994. Quem perde com essa demora novamente é o consumidor.
Exageros não garantem a limpeza
Especialistas recomendam o uso moderado de saneantes na higienização de ambientes. De nada adianta usar uma grande quantidade de desinfetante, por exemplo. O que vale numa higienização é um conjunto de fatores, como uma limpeza adequada antes da aplicação do desinfetante. A limpeza prévia bem-feita pode eliminar aproximadamente 80% dos microrganismos existentes na superfície.
ok
2007-03-10 08:47:54
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answer #2
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answered by M.M 7
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