NY Times
Quarta, 7 de março de 2007, 11h37
Crianças são maiores vítimas de erros médicos
As crianças pequenas são as vítimas mais prováveis de erros de medicação relacionados a cirurgias, de acordo com um novo estudo, e erros de comunicação quando o paciente é transferido da sala de operações para o quarto são os mais prováveis culpados pela tendência.
O estudo, divulgado na terça-feira, foi conduzido pela U. S. Pharmacopeia, que determina padrões para o setor farmacêutico, e pela Uniformed Services University of the Health Sciences, em Maryland, bem como por duas associações de enfermeiras.
Os erros médicos vêm sendo um tema controverso desde a publicação de um relatório do Instituto de Medicina, em 1999. O trabalho, intitulado "Errar é Humano", estimava que erros como esses haviam conduzido a até 98 mil mortes anuais no período sob investigação ¿ número que supera o de óbitos causados por acidentes de trânsito e câncer de mama combinados.
2007-03-07
02:01:14
·
8 respostas
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perguntado por
Anonymous
em
Saúde
➔ Doenças e Patologias
➔ Outras - Doenças
O novo estudo não tenta estimar o índice de erros médicos como um todo, mas sim analisa 11 mil erros que foram reportados voluntária e anonimamente à U. S. Pharmacopeia por centenas de hospitais, desde 1998.
O estudo se limita a erros cometidos quanto a pacientes que passam por cirurgias, e o índice constatado, 5%, supera em muito o padrão típico dos erros de medicação. Entre as crianças, o índice de erro cirúrgico ou pós-cirúrgico atinge os 12%. A maior parte dos erros envolve o uso de analgésicos e antibióticos. Quatro deles resultaram em morte, e uma das vítimas fatais foi uma criança.
Os problemas tipicamente surgem quando um paciente é transferido da equipe pré-operatória para a equipe de cirurgia, e a seguir para a sala de recuperação e para as enfermeiras das alas regulares do hospital, disse Diane Cousins, especialista em saúde da U. S. Pharmacopeia e uma das autoras do relatório. "O sistema é freqüentemente muito fragmentado", afirma.
2007-03-07
02:06:10 ·
update #1
Erros perigosos típicos incluem não administrar antibióticos aos pacientes antes da cirurgia, desatenção à presença de alergias, erros na programação de bombas que distribuem anticoagulantes ou analgésicos e doses excessivas de medicamentos administradas a crianças pequenas. Em diversos dos casos descritos pelo relatório, letra ilegível, desatenção ou erros de aritmética fizeram com que pacientes recebessem dosagem 10 ou até 50 vezes superior à que deveriam de um dado medicamento.
"É terrivelmente preocupante que os pacientes menores e mais jovens sofram os maiores riscos", afirmou Cousins. Ela afirma que existem 10 mil medicamentos no mercado, e muitos não foram testados clinicamente para uso em crianças, de modo que a dosagem em muitas ocasiões é determinada por palpite com base no peso do paciente, e envolve conversão de libras para quilos, algumas vezes por enfermeiras que não são especialistas em assuntos pediátricos.
2007-03-07
02:07:39 ·
update #2
"As contas de conversão podem ser rabiscadas na hora, e talvez não sejam verificadas por ninguém", disse, "além de freqüentemente envolverem quantidades muito pequenas - mililitros - o que em si já basta para suscitar erros".
O relatório fez 42 recomendações, entre as quais que os hospitais melhorem a comunicação e designem um farmacêutico a ser consultado quanto às prescrições para cada paciente. Desde 1999, os comitês que vêm investigando erros médicos rotineiramente recomendam que os hospitais instalem sistemas computadorizados para receitar remédios, que disparariam um alarme quando combinação potencialmente tóxica for receitada para um paciente. Mas menos de 10% dos hospitais os têm em operação no momento
Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME
The New York Times
2007-03-07
02:08:32 ·
update #3