Introdução.
O que é o sono?
Fases do sono.
O que faz você dormir?
Trabalhando em noites de turno.
Convivendo com a mudança rápida de fuso horário.
O que o sono faz por nós?
Quanto tempo de sono é suficiente?
Colida na cama e não na estrada.
Mitos sobre o sono.
O que pode prejudicar o sono?
Dicas para uma boa noite de sono.
Roncar é normal?
Transtornos do sono mais frequentes.
Eu tenho um transtorno do sono?
INTRODUÇÃO
Pense em tudo o que faz ao longo do dia. Tente adivinhar qual atividade é tão importante que você dedique 1/3 do seu tempo realizando-a. Provavelmente, a primeira coisa que virá a sua mente é o trabalho, o tempo com a família ou atividades de lazer. Mas existe outra coisa que você faz aproximadamente 1/3 de seu tempo – dormir.
Muitas pessoas entendem o sono como um mero horário de desligamento, quando seus cérebros se desligam e seus corpos descansam. Na ansiedade de se conciliar trabalho, estudo, família ou atividades domésticas, muitos reduzem seu tempo de sono, pensando que isto não trará nenhum problema, pois todas estas atividades, aparentemente, parecem mais importantes. Porém, pesquisas revelam que uma quantidade de tarefas vitais ocorre durante o sono, ajudando a manter uma boa saúde e uma funcionalidade diurna ideal.
Enquanto você está dormindo, seu cérebro está trabalhando duro, criando vias necessárias para o aprendizado, construindo memórias e novos “insights”. Sem uma quantidade suficiente de sono, sua capacidade de focar-se estará comprometida, tornando sua atenção e rapidez nas respostas alteradas. A perda de sono, pode mesmo trazer problemas relacionados ao humor. Além disso, fortes evidências mostram que a perda crônica do sono aumenta o risco para desenvolver obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e infecções.
Apesar da crescente noção de que sono adequado, alimentação saudável e atividade física sejam vitais para nosso bem estar, as pessoas vêm dormindo cada vez menos. A ininterrupta “24/7” natureza do mundo de hoje estimula longas ou noturnas horas de trabalho e oferece contínuo acesso ao entretenimento e outras atividades. Para atender estas ofertas, costuma-se dormir menos. Um mito comum é que as pessoas podem aprender a dormir menos (como por exemplo, 6 horas de sono), sem desenvolver conseqüências adversas. Pesquisas sugerem, porém, que adultos precisam de pelo menos 7 – 8 horas de sono a cada noite para restaurar-se. De fato, em 1910, a maioria das pessoas dormia aproximadamente 9 horas por noite. Hoje os adultos dormem em média menos de 7 horas por noite e mais de 1/3 dos adultos relatam sonolência menos de 7 horas diurna tão importante que compromete sua vida profissional e social, pelo menos alguns dias por mês. Nos E.U.A. são pelo menos 70 milhões de americanos afetados por perda crônica de sono ou distúrbio do sono, com um custo anual de US$ 16 bilhões para o sistema de saúde e US$ 50 bilhões em perda de produtividade.
O que acontece quando você não dorme o suficiente? Pode-se compensar a perda de sono semanal, dormindo mais nos finais de semana? Como o sono muda com o envelhecimento? O ronco é um problema? Como você pode saber se tem algum problema de sono? Leia mais neste site para encontrar algumas respostas e para entender melhor o que é o sono e porque é tão necessário. Aprenda sobre alguns mitos do sono e dicas práticas para ter um sono adequado, lidar com as mudanças bruscas de fuso horário (“jet lag”) e trabalhos em turnos e evitando o perigoso ato de dirigir sonolento. Muitos transtornos do sono passam despercebidos e, conseqüentemente, sem tratamento adequado. Neste site, você poderá obter as mais recentes informações a respeito das conseqüências dos transtornos do sono, tais como: insônia, apnéia do sono, síndrome de pernas inquietas, narcolepsia e parassonias (p.e., sonambulismo, terror noturno e etc.).
“ Desde que eles eram bebês, meus filhos sempre tiveram uma rotina fixa de horários para dormir e isso parece que os ajuda a dormir sem problemas. Criamos um ambiente relaxante, lendo histórias e esfregando suas barriguinhas antes deles irem dormir. Se as crianças não tiverem sono suficiente, fica muito claro que eles não têm energia suficiente na escola ou nas brincadeiras”.
O QUE É O SONO?
O sono já foi considerado somente um bloco uniforme de tempo que ocorre quando não se está acordado. Graças aos estudos do sono feitos nas últimas décadas, sabe-se que o sono tem distintos estágios que ciclam ao longo da noite em padrões previsíveis. O quão descansado você está e quão bem está funcionando, depende não somente da quantidade de horas dormidas, mas também de quantos estágios de sono você obteve em cada noite.
Seu cérebro permanece ativo ao longo da noite e cada estágio de sono relaciona-se a diferentes padrões de atividade elétrica, conhecidas como ondas cerebrais.
O sono é dividido em dois tipos básicos: movimentos rápidos dos olhos (REM – do inglês, “rapid eye movement”) e não-REM (com quatro distintos estágios). (Veja na seção tipos de sono). Tipicamente o sono começa pelo estágio não-REM (NREM). No estágio 1 NREM, seu sono é superficial e pode ser despertado facilmente por ruídos ou outros incômodos. Durante este primeiro estágio, seus olhos movem-se lentamente e sua atividade muscular diminui. Neste momento entra-se no estágio 2 NREM, quando os olhos param de se mover. Seu cérebro mostra distintos padrões de ondas lentas cerebrais com ocasionais surtos de ondas mais rápidas.
Quando o sono progride para o estágio 3 NREM, suas ondas cerebrais ficam ainda mais lentas, apesar de apresentarem ainda alguns episódios de ondas mais rápidas. Já no estágio 4 NREM o cérebro produz quase exclusivamente ondas extremamente lentas. Os estágios 3 e 4 NREM (também denominados juntos de estágio delta de sono) são considerados sono profundo, durante os quais é difícil ser despertado. Crianças que fazem xixi na cama ou sonâmbulas o fazem durante tais estágios. Este sono o fazem profundo é considerado o sono “restaurador”, necessário para sentir-se descansado e com energia ao longo do dia.
Durante o sono REM, seus olhos movem-se rapidamente em diversas direções, mesmo estando de olhos fechados. Sua respiração torna-se irregular e superficial, os batimentos cardíacos e a pressão arterial aumentam. Sonhos ocorrem tipicamente neste estágio. Durante esta fase de sono seus braços e pernas ficam temporariamente paralisados, evitando que haja alguma interação com o conteúdo do sonho que você possa vir a ter.
O primeiro período de sono REM ocorre geralmente uma hora a uma hora e meia após o início do sono. Após este ciclo, os estágios de sono se repetem continuamente enquanto estiver dormindo. Com o progredir da noite, o sono REM torna-se maior, enquanto o tempo de sono 3 e 4 NREM reduz-se. Pela manhã, praticamente todo o seu sono é feito de estágio 1 e 2 NREM e REM. Caso o sono REM seja interrompido em uma noite, na noite subseqüente ele estará aumentado. Resumidamente, metade da sua noite se passa nos estágios 1 e 2 NREM enquanto os estágios 3 e 4 NREM e REM ocupam um quinto da noite respectivamente. Contrastando com adultos, recém-nascidos passam metade da sua noite em sono REM. Gradualmente, com o seu amadurecimento, o tempo passado em sono REM progressivamente diminui, alcançando o nível de um quinto da noite no final da infância.
Por que se sonha e por que o sono é tão importante ainda não é bem compreendido. Sabe-se que o sono REM estimula as áreas do cérebro usadas para o aprendizado e das camadas profundas da memória. Estudos em animais sugerem que os sonhos reflitam o meio de classificação e seleção de armazenamento das novas e importantes informações adquiridas ao longo do dia. Enquanto estas informações são processadas, o cérebro revisa cenas do dia enquanto resgata antigas lembranças. Este processo poderia explicar o porquê memórias da infância podem estar misturadas com eventos mais recentes durante os sonhos. Estudos mostram, porém, que outras fases do sono são necessárias para formar vias cerebrais que nos tornam capazes de aprender e lembrar.
FASES DO SONO
Sono NREM Sono REM
Estágio 1:Sono leve; facilmente despertável; redução de atividade muscular; movimentos lentos dos olhos
Estágio 2: Movimentos dos olhos param; lentificação das ondas cerebrais, com ocasionais surtos de ondas cerebrais rápidas.
Estágio 3: Considerado sono profundo; difícil de despertar; ondas cerebrais mais lentas, mas ainda com algumas ondas rápidas ocasionais.
Estágio 4: Considerado sono profundo, difícil de despertar, ondas cerebrais extremamente lentas. Geralmente ocorre após 90 minutos do início do sono; alterna ciclos com sono NREM ao longo da noite.
Movimentos rápidos dos olhos.
Respiração mais rápida, irregular e superficial.
Batimentos cardíacos e pressão arterial aumentam.
Presença de sonhos.
Braços e pernas temporariamente paralisados.
Figura demonstrando a chamada arquitetura do sono normal.
• O sono começa na fase de sono NREM, seguindo uma ordem de I, II, III/IV (ou delta), REM. • Este ciclo se repete de forma semelhante entre 4 e 6 vezes durante a noite, com mais delta no início e mais REM no final.
O QUE FAZ VOCÊ DORMIR?
Embora você possa adiar seu sono para encaixar mais atividades no seu dia a dia, eventualmente sua necessidade de dormir se sobrepõe e você se vê forçado a dormir. Esta necessidade diurna de sono parece ser conseqüente, em parte, a uma substância conhecida como adenosina. Esta substância química, natural de nosso organismo, aumenta na corrente sanguínea proporcionalmente ao tempo que se permanece acordado. Quando você dorme, seu organismo destrói a adenosina. Desta forma, esta molécula pode ser o que seu organismo utiliza para acompanhar a sua perda de sono e para desencadear o sono quando você precisa. O acúmulo de adenosina e outros fatores podem explicar o porquê, após diversas noites com quantidades insuficientes de sono, você cria um déficit de sono, tornando necessária uma quantidade de horas de sono maior do que o normal. Por causa deste equilíbrio molecular gerado pelo seu organismo, você não pode se adaptar a uma vida com privação de sono.
A hora do dia que você se sente sonolento e vai dormir é também coordenado por um “relógio biológico” interno e por componentes ambientais – sendo o mais importante a luz e escuridão. De fato, seu relógio biológico é um pequeno cacho de células em seu cérebro que responde a estímulos de luz recebidos através dos olhos. Quando a escuridão surge, o relógio biológico desencadeia a produção de um hormônio chamado melatonina. Este hormônio faz você sentir-se sonolento proporcionalmente ao seu aumento durante a noite. Por causa do seu relógio biológico, naturalmente seu sono ocorre entre meia noite e sete horas da manhã. Outro momento de sonolência, pode ocorrer entre 13:00 h e 16:00 h. Neste momento do dia, outro pico de produção de melatonina pode ocorrer e você sentirá sonolência.
Seu relógio biológico faz você se sentir mais alerta durante as horas de luz do dia e mais sonolento nas primeiras horas da manhã. Conseqüentemente a maioria das pessoas realizam melhor seus trabalhos durante o dia. Nossa 24h/7dias sociedade, porém, exige que algumas pessoas trabalhem a noite. Aproximadamente, um quarto da mão de obra empregada trabalha em turnos que não são durante as horas do dia e mais de dois terços destes trabalhadores têm problemas de sonolência e/ou dificuldade de dormir. Devido as suas horas de trabalho estarem opostas aos poderosos fatores reguladores do sono, como a luz do sol, os trabalhadores por turnos, geralmente sentem-se sonolentos nas horas de trabalho e têm dificuldades de “pegar” no sono ou manter o sono durante as horas do dia, quando estas escalas de trabalho os obrigariam a dormir.
Figura que mostra as estruturas relacionadas ao relógio biológico
A fadiga sentida pelo trabalhador em turnos pode ser perigosa. Acidentes industriais de maior gravidade – Chernobyl e Exxon Valdez – foram causados em parte, por erros conseqüentes a trabalhadores (fadigados) durante o turno noturno ou por excesso de horas de trabalhados.
Trabalhadores por turnos estão propensos a maior risco de acidentes automobilísticos após a jornada, quando retornam a casa, está comprovada através de estudo que quase um quinto dos trabalhadores, por turnos, acidentaram-se, ao volante, motivados pela sonolência. Além disso, estão mais propensos a problemas físicos tais como, doenças cardíacas, problemas digestivos, alterações emocionais e até infertilidade. (veja o item “trabalhando em noites de turno”).
Outro fator que pode influenciar sua necessidade de sono encontra-se no seu sistema imunológico, a produção de uma substância chamada citocina. Esta é produzida em grandes quantidades em resposta a certas infecções ou inflamações crônicas e pode fazer você dormir mais do que o habitual. A quantidade extra de sono ajuda na conservação de energia necessária para combater a infecção. Recentes estudos demonstraram que estar bem descansado melhora a resposta do seu organismo à infecção.
As pessoas são criaturas de hábitos e um destes hábitos difícil de ser violado é o curso natural de sono e vigília. Um número de fatores fisiológicos conspira para ajudar a dormir e a acordar nos mesmos horários, diariamente. Conseqüentemente, você terá dificuldades em se adaptar às mudanças bruscas de fusos horários. Após chegar à Europa, a luz do dia e o relógio podem estar indicando 8 horas da manhã, mas o seu corpo lhe diz ser 04:00 h e você, provavelmente, dormirá. O resultado final é conhecido por “jet lag”- sonolência durante o dia, dificuldade de dormir à noite, baixa concentração, confusão, náusea, irritabilidade e mal estar generalizado. (veja o item “Lidando com o Jet Lag ”).
TRABALHANDO EM NOITES DE TURNO
Tente limitar as noites de trabalho por turno, se for possível. Se você for trabalhar em noites de turno, as dicas abaixo poderão ajudá-lo:
• Aumente seu tempo total de sono, acrescentando cochilos e aumentando o tempo total de seu sono.
• Ilumine bem seu local de trabalho com luz clara.
• Minimize suas mudanças de turno, assim seu relógio biológico poderá se ajustar ao esquema de trabalho noturno.
• Não permita ruídos e claridade no seu quarto de dormir durante seu sono diurno.
• Use cafeína somente no início de seu trabalho noturno, para promover o estado de alerta somente durante as horas de trabalho.
Se você não estiver conseguindo dormir, durante o dia, e tudo, descrito acima, falhar, procure seu médico para avaliar a necessidade de utilizar uma medicação indutora de sono de curta duração.
CONVIVENDO COM A MUDANÇA RÁPIDA DE FUSO HORÁRIO - JET LAG
Viagens para o leste (p.e. Paris), geralmente causam maior efeito de Jet Lag que as viagens para o oeste (p.e. Califórnia), pois viajar para o leste encurta o dia e o seu relógio biológico tem mais facilidade em se adaptar a um dia longo do que a um dia curto. Felizmente, algumas medidas preventivas e terapêuticas parecem ajudar algumas pessoas a aliviarem os sintomas do Jet Lag.
• Ajuste seu relógio biológico. Diversos dias antes da viagem para um local com diferente fuso horário, modifique gradativamente seu sono e seu horário de alimentação para coincidir com a nova hora de destino. Pode-se ajustar o relógio usando a luminoterapia (ou fototerapia). Isto envolve submeter-se a luminárias específicas, muito mais claras que as utilizadas em casa, por diversas horas próximas do horário desejado para despertar. Alternativamente, após a chegada, gaste muito tempo na rua a céu aberto, para seu corpo receber luz suficiente para adaptar-se ao novo fuso horário.
• Evite álcool e cafeína. Mesmo sendo tentador beber álcool para aliviar a tensão da viagem e pegar no sono mais facilmente, na verdade, seu sono será mais superficial e, após algumas horas de sono, com a metabolização do álcool, você acordará no meio da noite. A cafeína ajuda a nos manter acordados mas, caso não seja metabilizado a tempo, poderá dificultar o sono.
• E quanto a melatonina? Este hormônio é produzido pelo nosso organismo e nos deixa sonolentos. A melatonina é liberada com a progressão da noite e reduz-se quando a luz do dia chega. A melatonina é vendida sem receita controlada. Devido ao fato de ser considerada segura por períodos curtos de tempo e por trazer sensação de sonolência, a melatonina é sugerida como tratamento para o Jet Lag, porém, a eficácia da melatonina é controversa e sua segurança por períodos prolongados não está clara. Alguns estudos demonstraram que a utilização de melatonina por diversos dias após a chegada na nova zona de tempo, pode facilitar o sono no horário desejado. Outros estudos porém, demonstraram que a melatonina não tem eficácia no tratamento do Jet Lag.
Fique atento caso sua viagem seja de curta duração, talvez seja melhor manter o horário de seu local de origem, em vez de ajustá-lo muitas vezes em curtos períodos de tempo.
O QUE O SONO FAZ POR NÓS?
Aprendizado, memória e humor
Estudos recentes revelaram que pessoas bem descansadas aprendem melhor uma tarefa. Também lembram melhor do que aprenderam se tiverem uma boa noite de sono ao invés de uma noite com privação de sono. Voluntários tiveram que dormir pelo menos 6 horas de sono para apresentar uma melhora no aprendizado e o percentual de melhora foi diretamente proporcional à quantidade de horas dormidas. Em outras palavras, quem dormiu 8 horas teve um desempenho superior àqueles que dormiram 6 ou 7 horas.
Outro estudo sugeriu que todos os benefícios para tarefas de exercício mental eram maximizados após uma boa noite de sono.
Muitos artistas e cientistas relatam terem tido “insights” criativos após terem dormido.
Mesmo que não esteja provado que os sonhos sejam uma força que nos dirige a inovação, um estudo sugere que o sono é necessário para a solução criativa de problemas. Neste referido estudo, voluntários foram solicitados a solucionar problemas de memória e depois retestados 8 horas após. Aqueles que puderam dormir nestas 8 horas entre os testes encontraram meios mais criativos de solucionar as tarefas do que aqueles que permaneceram as 8 horas acordados.
Não se sabe exatamente o que ocorre durante o sono para melhorar a memória, aprendizado ou “insight”. Suspeita-se de qualquer forma que durante o sono sejam reforçadas as vias celulares cerebrais necessárias para este tipo de desempenho.
Além destes desempenhos, o sono é necessário para aumentar a velocidade. Diversos estudos demonstram que a falta de sono cause uma lentificação do processo de pensar, dificuldade de focar e permanecer atento e deixar o pensamento mais confuso. Desta forma compromete-se a capacidade decisória e aumentam-se os riscos, por reduzirem-se o tempo de reação, o que é muito importante no ato de dirigir, mas também em outras tarefas que exigem rápidas reações. Quando um voluntário é testado em um simulador de trânsito com privação de sono, seu desempenho é semelhante àquele de um voluntário embriagado.
Mesmo que você não tenha um dia cheio de desafios mentais ou físicos pela frente, uma boa noite de sono é importante para manter o bom humor. Muitas pessoas referem ficar irritadas ou até infelizes quando não têm uma boa noite de sono. Pessoas que sofrem cronicamente de privação de sono, seja por não ter uma quantidade de horas dormidas ou por terem um distúrbio do sono ainda não tratado, têm um maior risco de desenvolver depressão. Um grupo de pessoas que não tem geralmente boas noites de sono são as mães de recém-nascidos. Alguns estudos demonstram que mães com recém-nascidos que não desenvolvem ao longo dos meses um sono ininterrupto têm mais chance de desenvolver depressão.
Coração
O sono dá ao seu coração e sistema vascular o descanso que ele necessita. Durante a fase de sono NREM, seus batimentos cardíacos e sua pressão arterial (PA) diminuem progressivamente com o sono tornando-se profundo. Durante a fase de sono REM os batimentos cardíacos e a PA tem alguns picos de maior atividade, mas de forma geral a queda dos batimentos cardíacos e da PA é de aproximadamente 10%.
Caso você não tenha sono suficiente, esta queda da PA durante o sono pode não ocorrer de forma satisfatória e esta queda é importante para uma boa saúde cardiovascular. De acordo com diversos estudos, se sua PA não cai durante o sono, você estará mais predisposto a ter infartos, dores no peito (conhecidas por angina), arritmias cardíacas e paradas cardíacas. A falha na queda da PA a noite pode estar relacionada à quantidade de tempo insuficiente de sono, algum distúrbio do sono não tratado (p.e. apnéia obstrutiva do sono) ou outros fatores, como os genéticos, por exemplo, (a população negra americana tem menos queda da PA a noite do que a branca e por conta deste fator possivelmente tem mais predisposição a doenças cardiovasculares).
A perda de sono coloca o organismo sob um maior estresse, o que pode desencadear uma maior liberação de hormônios como a adrenalina, o cortisol, entre outros hormônios associados ao estresse durante o dia. Estes hormônios contribuem para a PA não ter o descanso necessário durante o sono. O coração e o sistema vascular podem ficar comprometidos também porque a falta de sono pode elevar certas proteínas associadas ao maior risco de doença cardíaca. Já foi demonstrado em estudos que pessoas sem sono suficiente têm uma maior quantidade de proteína C-reativa. Altos níveis desta proteína sugerem um maior risco de desenvolver arteriosclerose (espessamento das artérias).
Hormônios
Quando éramos criança, nossas mães diziam que precisávamos dormir para poder crescer e ficar fortes. Elas estavam certas! O sono profundo desencadeia a liberação da maior quantidade de hormônio do crescimento, o qual abastece o crescimento nas crianças e auxilia o ganho muscular e o reparo de células e tecidos em adultos e crianças. O efeito do sono na liberação de hormônios sexuais também estimula a puberdade e a fertilidade. Conseqüentemente, mulheres que trabalham à noite e tendem a privar o sono, têm maiores problemas de engravidar e maior chance de abortar.
Nossas mães estavam certas também quando diziam que boas noites de sono e mais regulares nos protegeriam contra doenças e nos fariam melhorar se estivéssemos doentes! Durante o sono, seu corpo cria mais citocinas - hormônios celulares que ajudam o sistema imunológico a lutar contra várias infecções. Perda de sono reduz a habilidade de lutar contra infecções corriqueiras. A perda de sono pode reduzir também a capacidade do organismo em responder a vacinas. Um estudo com voluntários demonstrou que a vacina contra a gripe produziu menos da metade dos anticorpos naqueles que foram submetidos à privação de sono comparado com os que tiveram noites regulares de sono.
Apesar do sedentarismo e outros fatores importantes contribuírem com a atual epidemia de diabetes e obesidade, existem fortes evidências que o sono inadequado está relacionado a estes males. O sono está relacionado com o controle do apetite, consumo energético e controle de peso, segundo diversas pesquisas. Durante o sono, a produção de uma substância supressora do apetite (leptina) aumenta e uma substância estimulante do apetite (grelina) diminui. Estudos demonstraram que quanto menos se dorme mais se engorda. Quem dorme 5 horas por noite tem mais chance de se tornar obeso do que aqueles que dormem 7 a 8 horas por noite.
Uma quantidade de hormônios liberados durante o sono é responsável pelo controle do consumo energético corpóreo. Um distinto aumento e queda do açúcar no sangue (glicose) está associado aos diferentes estágios de sono. Não obter sono suficiente de forma total ou dentro dos diferentes estágios pode atrapalhar este padrão de comportamento. Um estudo feito com voluntários mostrou que adultos jovens saudáveis quando dormiram por 6 noites seguidas, apenas 4 horas de sono, apresentaram níveis de insulina e açúcar no sangue semelhantes aos apresentados por pacientes que estavam desenvolvendo diabetes. Outro estudo demonstrou que mulheres que dormiam menos do que 7 horas por noite desenvolveram mais diabetes do que aquelas que dormiam 7 e 8 horas por noite.
QUANTO TEMPO DE SONO É SUFICIENTE?
Estudos em animais sugerem que o sono tenha uma importância vital tanto quanto a alimentação para a sobrevivência. Ratos, por exemplo, vivem normalmente 2 a 3 anos, mas vivem somente 5 semanas se forem privados de estágio de sono REM e somente 2 a 3 semanas se forem privados completamente do sono, período semelhante de mortalidade em caso de inanição.
Quanto de sono é necessário para o ser humano? Cientistas tentam observar o tempo de sono em pessoas saudáveis sem fatores restritivos, ou seja, dormirem quanto tempo desejarem. Analisando assim o valor médio de tempo de sono, de acordo com as distintas faixas etárias e de acordo com a boa funcionalidade diurna determinará a necessidade de sono diária. Adultos, jovens, nestas condições, dormiram em média de 8 a 8 e ½ h, apesar deste tempo variar de pessoa a pessoa, com algumas necessitando apenas 7 horas de sono, enquanto outras até 9 horas ou mais por noite. O fator idade modifica esta média, com recém-nascidos dormindo cerca de 16 a 18 horas nas 24 h, enquanto crianças e pré-escolares de 10 a 12 horas por noite. Crianças em idade escolar precisam de 9 horas de sono por noite.
A influência das mudanças hormonais na puberdade, tende a deslocar o ciclo do relógio biológico dos adolescentes, como resultado, esta faixa etária tende ir para cama mais tarde de crianças e adultos, porém desejando despertar mais tarde pela manhã. Este ciclo de sono/vigília, infelizmente se contrapõe a maioria das escolas que os obrigam a despertar cedo pela manhã para a escola e ajuda a compreender porque a maioria dos adolescentes dormem de 7 a 7 e ½ h por noite.
Ao envelhecermos, ocorrem novas mudanças no padrão de sono, especialmente a quantidade despendida durante o sono profundo. Crianças passam mais tempo que adultos nestes estágios de sono. Isto explica porque crianças conseguem dormir, mesmo na presença de barulho, ou quando carregadas do carro até a cama. Durante a adolescência, existe uma queda significativa do tempo gasto nos estágios profundos, o qual é reposto por estágios mais superficiais de sono (estágio 2 de sono NREM). Entre a idade de adulto jovem e a meia idade, o sono profundo sofre nova queda de 5 a 20%, sendo reposto também por estágios superficiais de sono 1 e 2 NREM. Da meia idade à terceira idade, ocorre mais interrupções durante o sono, com aumento de despertares. Estas, nos idosos, causam uma perda ainda maior também nos estágios 1 e 2 NREM e REM.
A queixa de dificuldade de iniciar o sono, de despertar cedo demais, freqüentes despertares e despertares prolongados durante o sono, além de sonolência excessiva diurna e sono não restaurador, são queixas comuns nos idosos. Muitos problemas de sono nos idosos não fazem parte de uma “história natural” do sono nesta faixa etária. Há sim, na verdade, uma maior freqüência de doenças que podem interromper o sono ou as medicações para elas utilizadas. De fato, um estudo demonstrou que a prevalência de problemas de sono em idosos saudáveis é muito baixa. Outras causas de queixas relacionadas ao sono em idosos são a apnéia obstrutiva do sono, a síndrome de pernas inquietas, além de outros transtornos do sono que vêm mais freqüentemente nesta faixa etária. Há freqüentemente interrupções no sono na terceira idade relacionadas ao despertar para urinar.
O ciclo circadiano (ciclo biológico nas 24 horas) também se desloca nos idosos, com maior facilidade de dormir cedo e acordar cedo. Não existem ainda evidências científicas que comprovem que o idoso possa sentir-se tão bem quanto um adulto jovem com menos horas de sono que este último. A má qualidade de sono no idoso está associado à sonolência excessiva diurna, à deficiência de atenção e memória, ao humor deprimido e ao aumento do consumo de remédios para dormir.
Apesar da variabilidade entre quantidade e qualidade de sono, que estão dependentes das faixas etárias e diferenças interpessoais, estudos sugerem que a quantidade ideal de sono para manter um bom desempenho, sem sonolência durante o dia, está entre 7 e 8 horas de sono nos adultos e de 9 horas ou mais nas crianças escolares e adolescentes. Uma quantidade similar de horas de sono é importante para evitar riscos para desenvolver obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
Muitas pessoas tentam recuperar o sono perdido durante a semana nos finais de semana, mas, infelizmente, esta perda não se recupera nos finais de semana. Certamente, dormir mais no final da semana não melhorará seu desempenho no início da semana mal dormida. Apenas uma noite mal dormida é capaz de afetar de forma adversa o seu funcionamento e seu humor, pelo menos no dia seguinte.
Cochilos diurnos, também são utilizados como estratégia por algumas pessoas para se recuperar da perda de sono durante a noite. Algumas evidências mostram que cochilos curtos, não mais do que uma hora, conseguem recuperar pelo menos parcialmente a perda de sono na noite anterior e melhorar a capacidade de estar alerta, o humor e o desempenho diurno no trabalho. Porém, cochilos não substituem uma boa noite de sono. Um estudo encontrou que o cochilo diurno, após uma perda de sono à noite, não restaura completamente os níveis de açúcar no sangue, comparativamente a uma noite de sono adequada. Se o cochilo dura mais de uma hora, pode-se ter uma maior dificuldade de despertar completamente e adicionando-se a isso um cochilo no final da tarde pode tornar sua noite de sono mais difícil.
COLIDA NA CAMA E NÃO NA ESTRADA
A maioria das pessoas tem consciência do perigo existente entre álcool e direção, porém não tem a noção que a relação entre direção e sonolência tem os mesmos riscos. Acidentes com motorista sonolentos são tão fatais quanto os acidentes de motoristas embriagados. Não é necessário que se durma ao volante para por em risco vidas. Tanto o álcool quanto a privação de sono diminuem sua capacidade de reagir rapidamente, como alguém freando subitamente a sua frente ou uma curva mais estreita do que se imaginava ou outras situações que exijam que seus reflexos estejam rápidos. Alguns segundos de atraso na sua reação pode ser um divisor de águas entre vida e morte ao volante. Quando indivíduos que são testados em simuladores de trânsito com privação de sono, têm um desempenho tão ruim ou pior que os testados embriagados. A combinação de álcool e privação de sono é ainda mais dramática.
Evidente que também é perigoso adormecer ao volante e isto ocorre com mais freqüência do que se imagina. Um quarto dos acidentados no estado de Nova Iorque relatou ter dormido ao volante e aqui no Brasil, s egundo pesquisa realizada pela SOS Estradas (programa para redução de acidentes que envolvem usuários e especialistas em transporte), em metade dos 17 mil acidentes que acontece por ano nas estradas brasileiras, não há marca de freadas no asfalto, o que faz crer que o motorista tenha dormido ao volante.
Freqüentemente, motoristas têm breves sensações de ausências sem perceber que isto ocorreu, eles simplesmente não se lembram o que ocorreu alguns segundos antes enquanto dirigiam. Pessoas com privação de sono costumam arriscar-se mais e têm capacidade de julgamento mais comprometida, o que também aumenta a chance de se envolver em acidentes.
A seguir descreveremos algumas dicas para evitar dirigir sonolento:
Esteja descansado antes de fazer alguma viagem . Se você acumulou diversas noites dormindo menos do que 7-8 horas, seus reflexos lentificam. Recuperar seus reflexos pode levar mais do que uma noite bem dormida, pois seu débito de sono se acumula após cada noite em que houver uma privação de sono. Poderão ser necessárias diversas noites de sono adequado para restaurar seu sono e garantir que você esteja pronto para dirigir por uma longa viagem.
Evite dirigir entre meia noite e 07:00 h . A não ser que você esteja acostumado a estar acordado nestes horários, este horário é o período natural para se sentir cansado.
Não dirija sozinho . Alguém com quem conversar poderá ajudar a se manter acordado.
Planeje freqüentes paradas durante uma longa viagem . No caso de sentir sonolência durante uma viagem, encoste e cochile por 15 a 20 minutos antes de prosseguir.
Não ingira álcool . Apenas uma cerveja quando você está sonolento poderá te afetar tanto quanto duas ou três cervejas estando descansado.
Não aposte tudo na cafeína . Mesmo que café ou bebidas tipo cola aumentem sua vigilância, não será capaz de mantê-lo alerta como quando descansado.
Abrir a janela do carro ou aumentar o som não nos mantém acordados enquanto dirigimos. Fique atento nestes sinais de alerta, os quais denunciam a presença de sonolência: dificuldade de manter seus olhos focados, bocejos freqüentes e a incapacidade de lembrar por onde esteve dirigindo nos últimos quilômetros.
Lembre-se, se você dormiu pouco, fique longe do banco do motorista!
MITOS SOBRE O SONO
1) O sono é um momento do dia que seu corpo e mente se desligam para descansar e relaxar . Não existem evidencias demonstrando que nenhum órgão do corpo (incluindo o cérebro) ou sistema regulador do organismo esteja desligado durante o sono. Pelo contrário, alguns processos fisiológicos tornam-se ainda mais ativos durante o sono. Por exemplo, a secreção de alguns hormônios, como o do crescimento é estimulado pelo sono e a atividade das vias cerebrais necessárias para o aprendizado está aumentada.
2) Dormir apenas uma hora a menos do necessário para o sono por noite não afetará as minhas funções durante o dia. Esta quantidade de perda de sono diária pode não te deixar sonolento, mas pode comprometer sua capacidade de pensar adequadamente e lentifica sua capacidade mental de resposta. Além disto, pode comprometer seu sistema cardiovascular e equilíbrio energético, como também a capacidade de lutar contra infecções, principalmente se este estado se cronificar e a sensação de cansaço diário poderá se instaurar.
3) Seu corpo se ajusta rapidamente aos diferentes horários de sono. Seu relógio biológico está programado para te deixar alerta durante o dia e sonolento a noite. Desta forma, mesmo que você trabalhe durante a noite, você se sentirá sonolento quando a noite chega. A maioria das pessoas pode reorganizar seu relógio biológico, no máximo 1 a 2 horas por dia. Conseqüentemente pode vir a ser necessário mais de uma semana para ajustar-se a mudanças drásticas de ciclo sono-vigília, como quando ao viajar de avião para regiões com distintos fusos horários ou ao mudar o turno de trabalho.
4) As pessoas necessitam menos sono ao passo que envelhecem. Idosos não precisam de menos sono, mas geralmente dormem menos ou sentem o sono menos restaurador. Isto se deve ao fato do envelhecimento reduzir o tempo de sono profundo (estágios restauradores do sono) e são mais facilmente despertáveis. Idosos têm mais predisposição a insônia ou outras condições médicas que perturbam o sono.
5) Horas extras de sono, podem curar seus problemas de fadiga excessiva diurna. Não é somente a quantidade de horas de sono importante, mas também a qualidade do sono. Existem pessoas que dormem 8 a 9 horas de sono por noite, mas não se sentem restauradas quando acordam, devido ao fato da qualidade de seu sono estar comprometida. Existem diversos distúrbios do sono e condições médicas que afetam a qualidade do sono, sendo diversas destas porém tratáveis de forma eficaz, através de mudanças comportamentais e/ou por tratamento médico.
6) Podem-se recuperar as horas de sono perdidas durante a semana, dormindo mais nos finais de semana. Mesmo este comportamento aliviar parcialmente os sintomas de cansaço, isto não irá recuperar completamente as horas perdidas durante a semana e não irá recuperar o possível comprometimento de seu desempenho mental afetado pela perda do sono durante a semana. Pior ainda, dormir até tarde nos finas de semana pode prejudicar seu sono domingo à noite e seu despertar na segunda feira pela manhã.
7) Cochilos são uma perda de tempo. Apesar dos cochilos não serem substitutos a uma boa noite de sono, eles podem ser restauradores e ajudar na superação de dificuldades no desempenho mental conseqüente a uma noite de sono mal dormida. Porém deve-se evitar cochilos maiores do que uma hora e após às 15 horas, os quais podem interferir na capacidade de dormir à noite. Caso você faça freqüentes cochilos durante o dia, provavelmente, você está com algum transtorno do sono e deve ser tratado.
8) Roncar dormindo é normal. Roncar durante o sono é comum, principalmente com o envelhecimento. Evidências crescentes sugerem que roncos diários podem aumentar a sonolência diurna e tornar mais susceptível ao diabetes e doenças cardiovasculares. Além disto, em crianças os roncos freqüentes estão associados a alterações de comportamento e mau desempenho escolar. Roncos altos e freqüentes podem ser um sinal de uma doença séria, conhecida por Síndrome de Apnéia Obstrutiva do Sono, a qual deve ser tratada.
9) Crianças que não dormem o suficiente à noite terão sonolência durante o dia. Diferentemente do adulto, crianças que não dormem bem, tipicamente tornam-se mais ativas que o normal durante o dia. Têm também dificuldade de ficar atentas e problemas de comportamento. Conseqüentemente podem ter um diagnóstico inadequado de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
10) A maior causa de insônia é a preocupação. Apesar das preocupações e o estresse causarem breves períodos de insônia, uma persistente dificuldade de iniciar e manter o sono pode ser causado por uma quantidade de outros fatores. Algumas medicações e transtornos do sono podem te deixar acordado à noite. Outras causas comuns de insônia são: a depressão, a ansiedade, a asma, artrite, além de outras doenças clínicas que aumentam seus sintomas à noite. Algumas pessoas com insônia crônica parecem ter um sistema de vigilância mais exacerbado, o que torna sua capacidade de dormir mais difícil.
O QUE PODE PREJUDICAR O SONO?
Muitos Fatores podem prejudicar uma boa noite de sono. Estes fatores variam entre estimulantes bem conhecidos como o café até alguns analgésicos e descongestionantes nasais, entre outros. Muitas pessoas dependem da cafeína do café ou chá para despertar pela manhã ou para permanecer acordados. A cafeína bloqueia os receptores cerebrais que a adenosina utiliza para desencadear o processo de sono. Desta forma o café engana o organismo, fazendo-o pensar que não está cansado. Pode ser necessário de 6 a 8 horas para o efeito de a cafeína desaparecer completamente. Portanto, tomar café, chá, mate, ou bebidas à base de cola no final da tarde, pode dificultar seu sono à noite.
A nicotina é outro estimulante que nos mantém alerta. Ela também mantém o sono mais superficial que o normal. Tabagistas pesados tendem a acordar cedo de manhã, por causa do efeito da abstinência de nicotina. O álcool mesmo sendo um sedativo que nos induz ao sono, reduz também a quantidade de sono profundo e de estágio REM, aumentado desta forma o sono superficial. Pessoas que ingerem álcool à noite tendem a acordar no meio da noite, conseqüente ao término do efeito indutor do sono pelo álcool.
Alguns remédios comprados livremente nas farmácias ou prescritos por médicos podem dificultar o sono, como os descongestionantes nasais e os esteróides. Muitos remédios para dor de cabeça contêm cafeína e os “beta bloqueadores” comumente utilizados pelos pacientes com hipertensão arterial ou outras doenças cardiológicas também dificultam o sono e aumentam os despertares à noite. Quem sofre de asma ou bronquite também tem mais dificuldade de iniciar ou manter o sono que pessoas saudáveis, seja pela própria doença como também pelas medicações utilizadas. Outros transtornos crônicos dolorosos ou desconfortáveis também podem causar dificuldades de dormir, tais como a artrite, a insuficiência cardíaca e a anemia falciforme.
Alguns transtornos psicológicos prejudicam o sono, como a esquizofrenia, os transtornos bipolares e os transtornos de ansiedade são bem reconhecidos como causadores de insônia. A depressão freqüentemente causa insônia e a insônia pode levar à depressão. Alguns destes transtornos psicológicos comprometem mais o estágio REM. O estresse também tem sua importância no sono, causando uma maior dificuldade de iniciar o sono ou manter o sono. As pessoas que se sentem estressadas têm uma maior quantidade de sono superficial, reduzindo desta forma o sono REM e o sono profundo. Muitas pessoas se queixam de dificuldade de dormir se perderam algum ente querido ou se passaram por um divórcio ou alguma dificuldade no trabalho.
Os ciclos dos hormônios menstruais podem alterar o sono nas mulheres. O progesterona é conhecido como um hormônio que facilita o sono e circula em grande quantidade na segunda metade do ciclo menstrual. Por essa razão, as mulheres podem dormir melhor nesta fase do ciclo menstrual, mas muitas se queixam de dificuldades de dormir antes do início da menstruação. Esse transtorno está relacionado à queda abrupta de progesterona exatamente antes do início da menstruação. Mulheres nos finais dos 40 anos e início dos 50 têm mais queixas relacionadas à insônia, do que mulheres mais jovens. Estas dificuldades estão relacionadas à menopausa. Nesta fase há uma menor concentração de progesterona. Os ataques de calor durante o climatério, podem causar uma maior dificuldade de dormir ou maior quantidade de interrupções durante o sono.
O estilo de vida de muitas pessoas pode prejudicar o sono. Alimentação pesada ou atividade física antes de dormir, pode tornar o sono mais difícil. Estudos demonstraram que exercícios à noite podem atrasar a liberação de melatonina, que é um hormônio facilitador do sono. Em contrapartida, exercícios diurnos, de acordo com o condicionamento físico de cada um, facilita uma boa noite de sono.
Se seu sono não está sendo suficiente ou não consegue dormir no horário programado, provavelmente você deve estar sobrecarregando suas atividades diurnas, o que pode prevenir seu relaxamento necessário para poder induzir o sono. A maioria das pessoas refere ser mais fácil dormir se obtiverem tempo suficiente para relaxar à noite, das atividades diurnas. Relaxar em um banho quente pode ajudar, de fato a temperatura do corpo cai após um banho quente à noite e isto é exatamente o que ocorre quando iniciamos a dormir. Provavelmente por estas razões, pessoas relatam uma maior facilidade de dormir após um banho quente.
O ambiente de dormir também afeta o seu sono. Limpe seu quarto de potencias fatores prejudiciais para o sono, assim como ruídos, claridade, TV e computadores. Tenha um colchão confortável e um travesseiro que lhe permita uma boa noite de sono. A temperatura do quarto também influencia seu sono, portanto tente mantê-la mais fria.
DICAS PARA UMA BOA NOITE DE SONO
• Mantenha horários regulares para dormir e despertar. Ir para cama e levantar em horários regulares. Como criaturas que mantêm hábitos, temos maiores dificuldades de ajustar as mudanças de padrões de sono. Dormir até tarde não compensará a perda de sono durante a semana e será mais difícil voltar a dormir cedo aos domingos.
• Exercícios fazem bem de dia. Faça pelo menos 30 minutos de exercícios por dia ou na maioria dos dias, mas não tarde na noite. Pelo menos interrompa 5 a 6 horas antes de dormir e conforme seu condicionamento físico (ir além da capacidade física, piora o sono).
• Evite cafeína e nicotina. Café, bebidas à base de cola, chocalate, guaraná, mate e diversos chás. Esse efeito pode durar até 8 horas. Assim um café expresso no final da tarde poderá dificultar o sono. A nicotina também é um estimulante, causando nos tabagistas um aumento do sono superficial. Além disto, os tabagistas sofrem pela manhã de síndrome de abstinência da nicotina.
• Evite álcool e drinks antes de dormir. O álcool pode ser um bom indutor de sono, porém apesar desta ajuda, o álcool reduz o sono profundo e o sono REM, aumentando desta forma o sono superficial, aumentando assim o despertares durante a noite.
• Evite grande quantidade de alimentos e bebidas antes de dormir. Uma alimentação leve é indispensável, pois dormir com fome atrapalha o sono, mas muita comida dificulta a digestão e conseqüentemente seu sono. Beber em grande quantidade aumentará a chance de despertar para urinar.
• Evite remédios que atrapalhem o sono se possível. Algumas medicações prescritas ou compradas livremente na farmácia podem interferir no sono. Algumas medicações prescritas para o coração, pressão ou asma, assim como algumas vendidas livremente na farmácia ou ditas naturais para tosse, resfriado e alergia, podem prejudicar o seu sono. Caso você tenha dificuldade de dormir, pergunte a seu médico se as medicações podem interferir no seu sono.
• Não cochile após as 15 horas. Cochilos ajudam a manter-nos mais alerta, porém se o fizer no final da tarde, aumentará o risco de atrasar seu sono À noite.
• Relaxe antes de dormir. Não se encha de atividades durante todo o dia, a ponto de chegar em casa na hora de dormir. Atividades relaxantes, como ler, ouvir música, desenvolver alguns “hobbies”, meditação, ler o terço, entre outros, deve fazer parte do seu ritual precedendo sua ida para a cama.
• Tome um banho quente/morno antes de dormir. A queda da temperatura, após um banho quente, pode induzir o sono, além de relaxar, desacelerando suas atividades mentais.
• Tenha um bom ambiente para dormir. Livre-se de coisas que podem distrair o seu sono, assim como ruído, claridade, colchões pouco confortáveis, temperatura quente (a temperatura baixa no quarto, ajuda o sono). A TV, o computador pode se tornar uma distração que priva sua necessidade de sono. Bons travesseiros e colchão são importantes para dormir bem.
• Exponha-se à luz do sol. A luz do dia é um importante regulador do seu ciclo sono-vigília. Tente manter contato com a luz do dia pelo menos 30 minutos pela manhã. Se possível acorde com a luz do dia ou utilize luz brilhante pela manhã. Caso tenha dificuldades de dormir, o contato de uma hora com a luz do dia após o despertar é recomendado.
• Não deite na cama acordado. Se após, 20/30 minutos, aproximadamente, deitado não conseguir pegar no sono, saia da cama, faça alguma coisa relaxante fora do quarto até o sono voltar. A ansiedade de não conseguir estar dormindo pode tornar-se mais difícil.
Caso você, constantemente, encontre-se cansado, com sono não restaurador, apesar de permanecer dormindo um tempo satisfatório, provavelmente isto se deve a alguma doença do sono. Procure um médico neste momento.
RONCAR É NORMAL?
Sempre foi motivo de piadas e encarado como normal, apesar de perturbador, em adultos é considerado algo para não se preocupar. Porém, o ronco não é uma comédia, mas sim um drama. O ronco alto pode ser um sinal de apnéia do sono, que pode aumentar o risco de desenvolver hipertensão arterial e diabetes, assim como leva a uma sonolência diurna e uma queda do desempenho mental.
O ronco é causado por um estreitamento das vias aéreas superiores, principalmente atrás da boca e na parte superior da garganta. Essa obstrução resulta no turbilhonamento do ar quando você respira, levando desta forma os tecidos moles da via aérea superior a vibrarem. O resultado final é um ruído do ronco, que pode interromper o sono de seu companheiro(a) de cama. Este estreitamento da via aérea é tipicamente causado pelo palato mole, pela língua e pela garganta, que estão relaxados enquanto dormimos. Porém, sinusites ou alergias, podem contribuir para o estreitamento da via aérea. Assim como o sobrepeso e ter tecidos moles de vias aéreas superiores aumentados.
Esta figura mostra a anatomia da VAS e como respiramos normalmente, e, quando roncamos.
Quanto mais largo o tecido no seu palato mole, maior será o ronco. Álcool e sedativos também podem causar ronco. Estas drogas aumentam o relaxamento do tecido na garganta e na boca. Estudos revelam que aproximadamente metade dos adultos roncam e 50% destes roncam muito alto e freqüente. Negros, asiáticos e hispânicos têm maior prevalência de roncos altos que caucasianos e os problemas de roncos aumentam com a idade.
Nem todos os roncadores têm apnéia do sono, mas os portadores de apnéia do sono roncam alto e freqüente. A apnéia do sono é um problema sério e sua maior característica é o ronco alto e freqüente, associado a pausas da respiração durante o sono. Mesmo que você não experimencie as pausas respiratórios o ronco pode ser um problema para você, assim como para seu parceiro de cama. O aumento do esforço respiratório associado ao ronco pode prejudicar a qualidade do sono e ter os mesmos problemas de saúde de quem tem apnéia do sono.
Um estudo comprovou que em idosos, sem apnéia do sono, mas que roncavam 6 a 7 noites por semana tiveram 2 vezes mais chances de ter sonolência que os que não roncavam. Quanto mais as pessoas roncam, mais sonolência apresentarão. A sonolência pode explicar por que os roncadores têm mais acidentes de trânsito que os não roncadores. Ronco alto pode perturbar o sono de seu parceiro de cama e trazer conflitos matrimoniais, principalmente, se o ronco prejudicar o sono do parceiro, obrigando(o) a dormir em outro aposento.
O ronco também aumenta o risco de desenvolver diabetes e hipertensão arterial. Um estudo encontrou em mulheres que roncam regularmente 2 x mais chance de desenvolver diabetes comparadas com as que não roncam, mesmo se estas estiverem sobrepeso. Outro estudo sugere que o ronco persistente pode aumentar o risco ao longo da vida de se desenvolver hipertensão, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral.
Um terço das mulheres grávidas roncam no segundo trimestre da gravidez. Se você ronca durante a gravidez deve avisar o seu obstetra. O ronco na gravidez pode estar associado ao aumento da pressão arterial e pode levar a efeitos deletérios para sua criança em termos de crescimento e desenvolvimento. Com esta informação o seu obstetra irá acompanhar mais de perto a pressão arterial até o término da gestação e irá lhe avisar a necessidade de algum estudo extra para avaliar o ronco.
O ronco pode ser também um problema para as crianças, 1/3 destas roncam regularmente e geralmente tem associado aumento das amídalas e adenóides. Estudos demonstraram que crianças que roncam regularmente (com ou sem apnéia do sono) tem alterações em testes de inteligência, memória e atenção, comparativamente com as que não roncam. Tem também, mais problemas de comportamento como, por exemplo, a hiperatividade. O resultado final é que as crianças que roncam regularmente tem pior desempenho, comparado com as crianças que não roncam. Geralmente ao serem tratadas, tendem a melhorar seu desempenho e comportamento. Portanto se seu filho ronca mais de 3 vezes por semana, busque auxílio médico.
A cirurgia para retirada de adenóides e amídalas em crianças, freqüentemente podem curar o ronco e as apnéias associadas. Esta cirurgia tem sido associada à redução da hiperatividade e melhora no desempenho da atenção, mesmo em crianças sem apnéias na polissonografia. Porém, a importância da polissonografia antes da cirurgia é fundamental, pois crianças com apnéia do sono grave, devem permanecer internadas por 24 horas e monitorizadas, pois correm um risco no pós-operatório comparado com crianças somente com roncos ou apnéias leves de sofrer um quadro conhecido por sofrimento respiratório, o qual sem monitorização principalmente na primeira noite de pós-operatório coloca em risco a integridade física destas crianças.
Ronco em crianças mais velhas ou em adultos pode ser tratado de forma menos invasiva. Entre as medidas encontram-se a perda de peso, parar de fumar, dormir de lado ao invés de barriga para cima ou elevando a cabeceira. O tratamento da congestão nasal crônica, não ingerir álcool ou sedativos antes de dormir, pode parar com o ronco. Aparelhos dentários específicos para roncos podem ser utilizados e apesar de diversas propagandas relacionadas a tiras nasais, “sprays” e remédios para o ronco serem comercializados, não existem evidências científicas na eficácia destes produtos.
TRANSTORNOS DO SONO MAIS FREQUENTES
APNÉIA DO SONO
Indivíduos que sofrem de apnéia do sono, também conhecida como transtorno respiratório sono-relacionado à respiração para brevemente ou torna-se muito reduzida durante o sono. Quando de origem obstrutiva, está relacionada ao bloqueio intermitente das vias aéreas superiores (veja a figura do tópico roncar é normal?), causado pelo colabamento da garganta total ou parcial. Cada pausa respiratória geralmente dura de 10 a 20 segundos, podendo durar até muito mais, ocorrendo 20 a 30 vezes ou mais por hora de sono.
Quem sofre de apnéia obstrutiva do sono (AOS), não tem fluxo de ar suficiente chegando aos pulmões, apesar do esforço respiratório continuar. Quando isto ocorre a quantidade de oxigênio do sangue diminui e o cérebro responde com um despertar, recrutando os músculos adormecidos para abrir de forma adequada a passagem de ar. Desta forma a respiração volta ao normal ou até aumenta em intensidade e associada a um ronco mais intenso. Apesar das pessoas com AOS roncarem muito e freqüentemente, nem todas as pessoas que roncam têm AOS.
Conseqüentemente a estes despertares durante as apnéias, o sono de quem sofre de AOS fica fragmentado, com redução dos estágios profundos e restauradores de sono e aumento dos estágios de sono superficial, causando assim sintomas de sonolência diurna e sono não restaurador. Acredita-se que esta sonolência diurna traga problemas de humor e comportamento, como a depressão e aumentam o risco de acidentes de trânsito e de trabalho.
As freqüentes quedas de oxigenação cerebral, podem estar associadas à dor de cabeça matinal, prejuízo na concentração, pensar adequadamente, aprender e memorizar. Na AOS a associação de quedas na oxigenação e despertares freqüentes leva ao aumento na liberação de hormônios relacionados ao estresse. Estes hormônios, por sua vez, aumentam a pressão arterial, a freqüência cardíaca e elevam o risco de um ataque cardíaco, derrame, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca. Além destes problemas, a AOS não tratada altera o metabolismo de tal forma, aumentando o risco de se desenvolver obesidade e diabetes.
Qualquer pessoa pode ter AOS. Nos E.U.A. estima-se que entre 12 e 18 milhões de americanos sejam portadores de AOS, tornando esta doença tão freqüente quanto a asma. Mais da metade dos pacientes com AOS estão acima do peso. AOS é mais comum em homens. Mais do que 1 a cada 25 homens de meia idade e 1 a cada 50 mulheres nesta faixa etária tem AOS com sonolência excessiva diurna e por volta de 3% das crianças e 10% dos idosos têm AOS.
Mais da metade dos portadores de AOS não foram diagnosticados. Portadores de AOS não têm consciência geralmente destas pausas respiratórias e apenas percebem que seu sono não é restaurador. O(A)s parceiro(a)s de cama é que, geralmente, observam a presença de ronco e, por vezes, breves alterações na respiração durante o sono. Com estas observações, qualquer médico pode suspeitar da presença de AOS, porém o diagnóstico correto deve ser confirmado com uma noite de estudo do sono (veja o tópico como diagnosticar um transtorno do sono?).
Assim como os adultos que têm AOS, crianças com este mal roncam, têm pausas respiratórias, mas freqüentemente tem adenóide e amídalas aumentadas de tamanho. Porém, por vezes não têm esta suspeita diagnóstica feita pelos médicos, por não terem na maioria das vezes sonolência e sim agitação e hiperatividade. O efeito da AOS em crianças inclui um baixo rendimento escolar e comportamento mais agressivo.
Diversos fatores podem predispor uma pessoa a AOS e entre eles incluem-se:
Musculatura da garganta e da língua que durante o sono relaxa mais do que o normal.
Adenóides e amídalas aumentadas de tamanho.
Estar acima do peso – o excesso de tecido gorduroso ao redor da garganta torna mais difícil mantê-la aberta.
Formatos da cabeça e pescoço que de alguma forma tornam a via aérea superior mais estreitada (um exemplo clássico é a retrognatia e micrognatia – queixo pequeno e posicionado para traz como, por exemplo, o do nosso famoso compositor Noel Rosa).
Congestões secundárias a alergia, levando a um estreitamento da passagem do ar.
Histórico familiar de AOS.
Se o seu médico suspeitar que você tenha AOS, você deverá ser encaminhado a um especialista em medicina do sono (veja no site da Sociedade Brasileira do Sono – www.sbsono.com.br ). Algumas das maneiras no auxílio diagnóstico da AOS são:
• Uma história clínica que incluirão perguntas a familiares sobre como é o seu sono e como você funciona durante o dia.
• Examinar sua boca, nariz, garganta, cabeça e pescoço, com o objetivo de procurar fatores de risco para obstrução da via aérea superior.
• Um registro do seu sono de noite inteira, através de polissonografia (PSG).
Um Teste de Latência Múltipla de Sono (TLMS), para avaliar o quão rápido você pega no sono, em horários que normalmente deveria estar acordado.
Uma vez que sua avaliação esteja completa, o especialista em medicina do sono irá rever os resultados e desenvolver com o paciente e seus familiares uma estratégia de tratamento. Mudanças em atividades diárias e hábitos podem ajudar a reduzir os sintomas:
Prefira dormir de lado a dormir de barriga para cima. Dormindo de lado ao invés de barriga para cima, reduzem-se as chances de ocorrerem os colabamentos das vias aéreas superiores.
Evite álcool, cigarro, remédios para dormir, suplementos naturais e qualquer outra medicação que aumente o sono. Estas substâncias podem tornar mais difícil manter a via aérea aberta quando estiver dormindo. Os sedativos e hipnóticos podem tornar as apnéias mais prolongadas e graves. O tabaco é um irritante da garganta facilitando seu colabamento.
Perca peso se estiver acima do peso. Até pequenas reduções do peso podem melhorar os sintomas.
Estas mudanças podem ser suficientes para tratar quadros de AOS leves, mas se houver presença de AOS moderada ou intensa, serão necessários tratamentos adicionais e mais específicos.
Pressão Aérea Positiva Contínua é a forma mais eficaz de tratamento, a sigla comumente utilizada é em inglês CPAP - “Contínuos Positive Airway Pressure”. O CPAP coloca ar ambiente através de uma máscara nasal, acoplada a um compressor micro processado. A máscara não respira por você, ela apenas mantem uma pressão de ar que impede o fechamento da via aérea. A pressão aérea positiva (PAP) será ajustada de tal forma que mantenha a via aérea aberta e não atrapalhe o sono. Este valor da PAP é definido por um exame terapêutico de noite inteira conhecido por PSG com titulação de CPAP.
Figura que exemplifica o funcionamento do CPAP, o qual mantém a via aérea superior aberta através da PAP colocada por uma máscara nasal.
Pacientes com AOS intensa, geralmente sentem-se muito melhor com o início do tratamento com CPAP. O CPAP pode ter alguns efeitos colaterais, como deixar o nariz ressecado ou congesto, irritação da pele do rosto, sensação de ar no estômago, conjuntivite e dor de cabeça. Caso haja problemas no uso do CPAP, procure um especialista em medicina do sono, para juntos trabalharem nas soluções destes problemas.
Não existem medicações que tratem a AOS de forma eficaz, porém, em alguns casos, a persistência de sonolência residual em uso de CPAP pode ser tratada com medicações como o modafinal (ainda não produzido no Brasil) ou cloridrato de metilfenidato.
Para pacientes com AOS de intensidade leve e moderada sem sintomas de sonolência, pode ser utilizado aparelho dentário para ronco e apnéia.
Alguns pacientes com AOS, dependendo dos achados na avaliação de um especialista em medicina do sono, podem ser beneficiados por algum procedimento cirúrgico. A remoção das adenóides e amídalas tem bom resultado em crianças e por vezes associadas à úvulo-pálato-faringoplastia (procedimento que retira total ou parcialmente a úvula e reduz o tamanho do palato mole) são utilizadas em adultos. Outra cirurgia eficaz, mas mais cruenta é o avanço maxilo-mandibular, que através de uma cirurgia ortopédica, cerra e avança alguns milímetros o maxilar superior e a mandíbula, que serão fixados por placas e parafusos. Esta cirurgia é tão eficaz quanto o CPAP nos pacientes com AOS intensa, mas por se tratar de um procedimento cruento e que envolve risco, deve ser realizada somente caso não haja aceitação do CPAP nos pacientes com AOS intensa.
INSÔNIA
Insônia é definida como uma dificuldade de iniciar o sono, permanecer dormindo, despertar cedo demais ou sensação de sono não restaurador, apesar de tempo suficiente de sono. A vida é cheia de situações que ocasionalmente causam insônia por períodos curtos de tempo. Estas insônias temporárias são comuns e surgem frente a estresses vividos no trabalho, pressões familiares ou eventos traumáticos. No Brasil pouco mais da metade das pessoas passa por situações assim a cada ano.
A insônia crônica está presente quando, pelo menos, durante 3 noites por semana e por, pelo menos, um mês estes sintomas estão presentes. Na maioria das vezes a insônia crônica, tem uma causa secundária, o que quer dizer que a insônia é conseqüência de outro transtorno ou até medicação. A insônia crônica primária é um transtorno do sono distinto e sua causa ainda não é bem compreendida. A insônia crônica aumenta com a idade e mulheres sofrem mais deste mal do que homens e atinge 10 a 15% dos adultos.
A insônia freqüentemente causa problemas durante o dia, como sonolência, fadiga, falta de energia, dificuldade de concentração, humor deprimido e irritabilidade. Devido a estas conseqüências, a insônia crônica quando não tratada compromete de forma significativa a qualidade de vida.
A insônia crônica, geralmente, é causada por uma mais das situações abaixo:
Outra doença clínica ou psiquiátrica. As causas mais freqüentes de insônia são os transtornos de humor (depressão) ou ansiedade. Doenças neurológicas, como Alzheimer e Parkinson também causam insônia. Doenças clínicas como asma, rinite, artrite e insuficiência cardíaca podem causar insônia.
Medicações prescritas ou compradas, naturais ou não, podem causar insônia. Alguns remédios contra asma, descongestionantes, remédios para emagrecer, extratos de guaraná e alguns anti-hipertensivos, entre outras substâncias podem causar insônia.
Comportamentos anti-sono também são freqüentes, como ingerir álcool para relaxar antes de dormir, cafeína à tarde, atividade física à noite, assistir à TV ou ler na cama ou horários de sono e vigília irregulares.
Outras doenças do sono, como por exemplo, a apnéia do sono e a síndrome de pernas inquietas.
Algumas pessoas, porém, têm a insônia crônica primária. Esta condição está mais associada a uma tendência intrínseca de “hipervigilância”. Estes indivíduos têm uma tendência a secretar mais alguns hormônios, ter uma temperatura mais elevada, freqüência cardíaca mais acelerada e um padrão diferente nas ondas cerebrais durante o sono.
Os especialistas em medicina do sono farão o diagnóstico da insônia, baseados na história clínica, exame físico e diário do sono. Uma noite de estudo do sono, pode ser necessária, caso haja a suspeita de um transtorno do sono como apnéia do sono. O tratamento de sua causa principal médica ou psicológica, assim como os comportamentos inadequados causadores de insônia.
Geralmente, pessoas que têm insônia entram em um ciclo vicioso – devido ao fato de ter dormido mal na noite anterior, eles se tornam ansiosos no primeiro sinal de que possa ter dificuldade de dormir imediatamente. Tal ansiedade tornará o sono mais difícil. Quanto mais tempo permanecer acordado na cama, olhando as horas, mais ansiedade terá e a insônia aumentará.
Para interromper este ciclo vicioso, recomenda-se ir para cama somente quando estiver com sono. Caso o sono não venha em 30 minutos (considerar este horário aproximado sem olhar as horas), saia da cama e vá para outro aposento, onde possa fazer alguma atividade relaxante, até se sentir sonolento novamente e neste momento volte para cama.
Outra estratégia comportamental é a utilização de técnicas de relaxamento. Por exemplo, progressivamente tencione e relaxe cada grupo muscular do seu corpo antes de dormir. Outro método é concentrar-se em sua respiração e fazê-la profunda. As técnicas de relaxamento podem proporcionar um período de desaceleração mental, favorecendo o surgimento de sonolência, necessária para ir dormir.
A terapia restritiva é outra estratégia para o tratamento da insônia. Inicialmente, limite seu tempo na cama a 4 ou 5 horas por noite e gradativamente aumente este tempo na cama até atingir o seu tempo necessário de sono. Cochilos diurnos devem ser evitados durante a terapia restritiva. Além disto, durante a terapia restritiva, evite dirigir e operar máquinas perigosas, até que se tenha atingido um tempo necessário de sono.
Todas estas mudanças comportamentais fazem parte da terapia cognitiva comportamental (TCC). A TCC poderá mudar pensamentos automáticos negativos (preencha escale de crenças e atitudes sobre o sono) em relação à insônia, tais como “eu nunca conseguirei dormir sem remédios indutores de sono!”, por pensamentos positivos mais realistas. A TCC é eficaz na maioria dos casos de insônia crônica.
Algumas pessoas que não apresentarem melhora pela TCC ou tratando as condições predisponentes precisarão de tratamento medicamentoso. A avaliação por um especialista em medicina do sono é importante para que se evite a escolha de medicações inadequadas, principalmente aquelas compradas sem prescrição médica, devido aos seus efeitos colaterais, tempo de duração da medicação e especificidade do medicamento.
Para tratar a insônia, algumas pessoas fazem uso de medicações ditas naturais (melatonina ou extratos de valeriana), porém estes remédios possuem poucas e insuficientes pesquisas feitas para tratamento da insônia, além da pureza e dosagem destas substâncias variarem de produto para produto, tornando sua segurança questionável.
SÍNDROME DE PERNAS INQUIETAS (SPI)
A SPI causa uma sensação desconfortável de formigamento ou tipo pinicar, especialmente nos calcanhares, os quais são aliviados movimentando ou massageando os membros inferiores. Esta sensação torna necessário esticar ou mover as pernas para aliviar esta sensação desconfortável e dolorosa. Como conseqüência destas sensações, há uma dificuldade de iniciar e manter o sono, estes eventos podem ocorrer em uma ou ambas as pernas e por vezes também nos braços. Estas sensações geralmente ocorrem ao deitar, mas podem ocorrer quando sentados por tempo prolongado, assim como sentado à mesa, estudando ou trabalhando, dirigindo ou no cinema. Outro dado importante é o comprometimento noturno ou vespertino, mas quando durante todo o dia, com início predominante à noite no passado.
Muitas pessoas com SPI têm movimentos breves involuntários dos pés e pernas durante o sono (MPMS) e sonolência, ocorrendo a cada 5 e 90 segundos. Estes movimentos podem despertar os pacientes durante o sono, reduzindo desta forma o tempo de sono dormido. Algumas pessoas têm MPMS sem ter SPI.
A SPI afeta entre 5 e 10% da população, com maior predomínio em idosos e mulheres. Crianças também podem ter SPI ou MPMS e neste caso ser confundido com hiperatividade ou dor do crescimento.
A SPI é geralmente hereditária, porém pode ser secundária à gravidez, insuficiência renal, anemia por deficiência de ferro ou vitaminas e doenças de nervos periféricos.
A SPI primária é tratável, mas sem cura. Melhoras dramáticas são vistas em uso de medicações precursoras de dopamina (substância comprometida neste mal). Alternativamente, pessoas com formas brandas de SPI podem ser tratados com sedativos ou mudanças comportamentais. Entre as estratégias está alongamento das pernas, exercícios respeitando o condicionamento físico, banhos quentes ou massagens nas pernas antes de dormir. Evitar cafeína e álcool. No caso de deficiência de ferro ou vitamina, a reposição é indispensável.
NARCOLEPSIA
O principal sintoma da narcolepsia é a sonolência excessiva diurna, mesmo após uma adequada noite de sono. Além disto, a noite de sono pode ser fragmentada por freqüentes despertares. Pessoas com narcolepsia geralmente dormem em horários e locais inapropriados. Pacientes com narcolepsia têm ataques de sono que podem durar alguns segundos a meia hora, podendo ocorrer de forma inesperada e causando por vezes lesões corporais. Estes ataques de sono podem causar dificuldades na relação no trabalho, familiar e social.
Além da sonolência diurna, a narcolepsia tem três outros sintomas associados, os quais não estão necessariamente presentes em todos os pacientes:
Fraqueza muscular súbita (Cataplexia) – este fenômeno é uma fraqueza súbita total, levando a queda, ou parcial podendo atingir grupos musculares isoladamente, trazendo sensação de fraqueza nos joelhos ou dificuldade na fala. Freqüentemente esta fraqueza é desencadeada por alguma emoção positiva (rir) ou negativa (medo, surpresa ou raiva).
Paralisia do sono. Pessoas que têm narcolepsia podem experimentar uma incapacidade temporária de falar ou se mover quando está iniciando o sono ou acordando.
Sonhos vívidos (alucinações hipnagógicas) – Estes sonhos tendem a ocorrer quando os pacientes iniciam o sono ou quando acordam. Parece que se confundem com a realidade.
Esta doença é tão freqüente quanto a Doença de Parkinson ou Esclerose Múltipla e mais freqüente que fibrose cística. Muitas vezes é confundida com depressão ou epilepsia.
Quando o sintoma de sonolência excessiva diurna é o único presente o diagnóstico é difícil e necessita de uma Polissonografia noturna, seguida por um Teste de Latências Múltiplas de Sono. Estes exames demonstrarão uma facilidade em iniciar o sono e uma entrada de estágio REM precoce, mesmo durante cochilos diurnos.
A narcolepsia surge em qualquer idade, mas os sintomas costumam ocorrer durante a adolescência e vida adulta jovem. Um a cada 10 narcolépticos, tem um familiar com a doença, sugestivo de padrão hereditário. Estudos sugerem que a narcolepsia está associado com a perda de um neurotransmissor chamado hipocretina, responsável pelo despertar. Acredita-se que um processo auto-imune, desencadeado por infecção ou trauma craniano, destrua as células produtoras de hipocretina.
Até o momento, o tratamento da narcolepsia é sintomático e comportamental, com cochilos programados nos momentos de maior intensidade de sonolência.
PARASSONIAS
Em algumas pessoas, funções do corpo, normalmente inibidas durante o sono, como falar, sentar, andar, emergem durante alguns estágios de sono e desta forma são coletivamente chamadas de parassonias. Alguns destes transtornos ocorrem durante a infância e desaparecem com o amadurecimento cerebral, enquanto outros destes ocorrem por doenças degenerativas nos idosos e em outros casos pode ser conseqüente a formas específicas de epilepsia. Abaixo segue uma tabela que orienta o diagnóstico destes transtornos, mas quando presentes com muita freqüência a avaliação com um especialista em medicina do sono e estudo por polissonografia acoplada a monitorização por vídeo e EEG expandido torna-se indispensável.
PARASSONIA e outros transtornos motores do sono semelhantes
FASE DE SONO
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
Sonambulismo
Delta (III/IV NREM)
Eventos esporádicos, com movimentos complexos, como sentar andar, abrir a porta, geralmente de forma mais tranqüila.
Terror noturno
Delta
Eventos esporádicos, com choro, gritos, aparente medo e terror, mas sem associação com pesadelos ou medos específicos.
Despertar confusional
Delta
Eventos esporádicos, com comportamento fora do habitual para pessoa ao despertar, podendo durar de poucos segundos a vários minutos.
Movimentos rítmicos do sono (bater a cabeça e balançar o tronco entre outros)
Qualquer fase NREM, geralmente início do sono
Movimentos ritmados e repetitivos, geralmente no início do sono, porém podendo ocorrer em qualquer fase do sono.
Bruxismo
Qualquer fase do sono
Ranger de dentes, geralmente levando ao desgaste dos mesmos e dores na articulação têmporo mandibular (a frente da orelha).
Transtorno Comportamental do Sono REM
REM
Episódios motores, geralmente associados com o conteúdo do sonho (parece interagir com o sonho – luta, risadas, falas...).
Epilepsias sono relacionadas
Fase I e II NREM
Episódios freqüentes, estereotipados, repetitivos, geralmente várias vezes durante a noite, que vão desde um simples despertar até uma agitação extrema.
Transtorno alimentar sono relacionado
Vigília
Despertar durante o sono, seguido por alimentação copiosa, sem recordar do fato no dia seguinte.
Transtornos Psiquiátricos durante o sono
Vigília
Diferentes tipos de manifestações motoras e comportamentais associadas a transtornos psiquiátricos, como pânico, pós-trauma, histeria entre outros.
Mioclonias do sono
I e II NREM
Contrações involuntárias, geralmente de membros inferiores, que podem ou não despertar o paciente durante o sono.
Cathatrenia
REM
Ruído tipo suspiro, associado à expiração.
Estado dissociado
Incapacidade de organização de fases de sono e vigília
Geralmente associado à síndrome de abstinência alcoólica, com movimentos involuntários em estado que não parece acordado, mas também sem estar dormindo.
Paralisia do sono
REM
Despertar sem conseguir mover-se, sensação terrificante que dura alguns segundos.
Alucinação sono-relacionada
REM
Sensação de vultos ao acordar ou iniciar o sono ou sensação de experiências paranormais.
Pesadelos recorrentes
REM
Episódios freqüentes de pesadelos.
Cãibras do sono
NREM
Episódios de contrações do músculo gastrocnêmico (batata da perna) com despertares por dor tipo câimbra.
Sonilóquio
Qualquer fase
Fala, geralmente pouco compreensível durante o sono.
Algumas pessoas com privação de sono, podem apresentar alguns destes transtornos, como o sonambulismo, o despertar confusional e a paralisia do sono, enquanto algumas medicações e doenças neurológicas parecem estar associadas ao transtorno comportamental do sono REM.
Na presença destes episódios motores indesejados durante o sono, procure seu médico que ele poderá encaminhá-lo para um centro de medicina do sono, para avaliação, diagnóstico e tratamento.
EU TENHO UM TRANSTORNO DO SONO?
Veja nesta lista abaixo, os sinais e sintomas freqüentes nos transtornos do sono e caso você encaixe-se em algum deles, procure um especialista em medicina do sono:
Levar mais do que 30 minutos, freqüentemente, para pegar no sono.
Acordar, freqüentemente (3 ou mais vezes), durante o sono, com dificuldade para voltar a dormir.
Acordar muito antes do programado.
Não sentir que o sono foi restaurador, mesmo após 7 – 8 horas de sono.
Sentir-se sonolento durante o dia e pegar no sono em menos de 5 minutos se tiver uma oportunidade ou cochilar em situações inapropriadas.
For observado que durante seu sono ocorrem roncos freqüentes altos, com engasgos ou sensação de que há algo errado com sua respiração.
Sensação de desconforto ou agonia nas pernas, principalmente quando deita para dormir e que para sentir alívio precisa de massagem ou mover as pernas ou até andar.
Sensação de sonhos vívidos ao iniciar o sono ou ao despertar.
Episódios de fraqueza muscular generalizada ou focal, quando irritado, amedrontado ou rindo.
Sensação de não conseguir se mover por alguns segundos, ao despertar.
For observado que durante seu sono, as pernas ou braços contraem-se com freqüência.
Necessidade freqüente de estimulantes (naturais ou não) para manter-se atento e desperto durante o dia.
For observado que freqüentemente durante o sono, você se move, senta, levanta ou fala.
No caso de crianças, os sintomas diurnos geralmente são paradoxais, com presença de hiperatividade, dificuldade de manter a atenção e baixo rendimento escolar, além de problemas de comportamento.
2007-03-05 06:01:46
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answer #5
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answered by Sinara d 1
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