Qual o papel das emoções na crença do ateu?

Question

Tenho visto muitos ateus que dizem que o são porque pensam, investigam, etc. Mas não é só isso que leva alguém a ser ateu: existem desejos, sentimentos, gostos e preferências envolvidos. O desejo de ser livre, de controlar a própria vida, a indignação contra Deus (i.e, a pessoa não gosta do que ela pensa que Deus é ou está fazendo), o orgulho, a vontade de auto-suficiência (não depender de ninguém pra definir seu destino), a aversão a templos... eu poderia citar aqui vários possíveis motivos de fundo emocional e pessoal para alguém ser ateu.
Então, ateu, responda sinceramente: até que ponto sua crença é baseada em fatores que vão além da simples racionalidade? Eu disse pra responder sinceramente.

Quando eu digo "pessoal" e "emocional", não quero dizer "irracional". Me refiro às coisas que não são propriamente provas imparciais e impessoais de algo, mas mexem com a gente de alguma forma e, por isso, são consideradas na hora de decidir o que crer.

Gente, não responda que "ateu não crê em nada". Ateu não pode provar que Deus não existe, portanto, crê que Deus não existe. Simples assim. Se você não entende dessa forma, pelo menos entenda o que eu estou expressando.

Answer 1

Caro Fernando, ser racional não significa não ter emoções. As emoções fazem parte do ser humano assim como a racionalidade. Sua pergunta induz que os ateus passam a não acreditar em Deus por motivos emocionais, mas eu os identifico como uma etapa intermediária. O sofrimento e uma decepção na vida não são razões diretas que levam ao que você chama de “crença do ateu”. Elas podem sim desencadear um processo de reflexão sobre as convicções do crente. Frente a esses questionamentos e reflexões, o indivíduo passa a raciocinar sobre sua fé, e então pensar, investigar, etc. A conclusão de que Deus não existe não é uma negação irracional movida por decepções. Ela é antes uma constatação de que vivíamos em uma ilusão coletiva, criada através de gerações, passada de pai para filho, passada pela sociedade. É uma pressão social muito grande. Quando você constata que tudo não possui evidências ou que as ditas evidências são pseudo-evidências, falsas evidências, você descobre a ilusão. A decepção pode surgir, afinal, quem não gostaria que existisse justiça divina, vida após a morte, que nosso conforto infantil transportado para a vida adulta de que existe alguém superior que cuida e olha por nós fosse verdade? Porém, não é. É uma ilusão. Desejar que fosse verdade, ou pensar que seria bom se fosse verdade, não muda a realidade.

Em uma outra pergunta sua, respondi que todos os seres humanos são racionais. Porém a crença é algo irracional por definição. Você deve acreditar. Você tem que ter fé mesmo CONTRA a razão. Não é assim que dizem os religiosos? Milhares de pessoas durante várias gerações cresceram, viveram e morreram acreditando nos deuses egípcios. Isso não os tornou realidade. Milhares de pessoas cresceram, viveram e morreram acreditando no gênesis como verdade literal. Agora com o progresso da ciência, embora muitos religiosos ainda acreditem no gênesis, existem religiosos que o interpretam como metáfora, simplesmente porque acreditar no gênesis é irracional demais para o homem moderno. Ninguém acredita mais em Deus do trovão, Deus da chuva, etc, porque esses mistérios foram desmistificados. Deus agora foi promovido para algo ainda mais abstrato, místico, misterioso, intocável, improvável, e não comprovável. Você tem que acreditar, tem que sentir. Alguns dizem que devemos sentir com as emoções. Ora, mesmo algo abstrato como o amor possui provas e evidências. Eu não acredito que alguém me ama, eu comprovo que alguém me ama pelos seus atos, suas atitudes, eu “sinto” o amor da outra pessoa a partir dessas atitudes palpáveis. Agora se eu tenho um pôster do Michael Jackson no meu quarto e acredito piamente que ele me ame, isso é irracional, não tem evidências, não é fundamentado em nada. Alguns têm, no lugar do Michael Jackson, a imagem de Jesus Cristo. “Jesus Cristo te ama”, dizem. Não se tem nem evidências científicas de que ele existiu. Como posso acreditar que um mito, um ser imaginário me ama, sem nenhuma evidência para isso. Ou seja, as pessoas são racionais, mas a fé não.

O ateu não acredita em Deus (e em todas as outras hipóteses que vêm junto com a religião) porque não existem evidências, não existe razão para acreditar nele. E ponto final. Chegamos a essa conclusão (pelo menos comigo foi assim), após reflexão, pesquisa e razão. Mesmo que esse processo possa ser catalisado por motivos emocionais como os que você mencionou em sua pergunta, mas eles não são as motivações DIRETAS! Pode ser que existam ateus que tenham sido movidos diretamente pelas emoções que você identificou, mas essas são razões erradas para se tornar ateu. E esses ainda podem acabar voltando a ser religiosos.

Hoje, sou ateu convicto. Pela razão, não pela crença de que Deus não exista. Foi um encanto quebrado, mas não tem volta. Não voltarei a acreditar em Papai Noel, embora com meus sentimentos eu possa admitir que se Papai Noel existisse seria ótimo. Da mesma forma, não voltarei a acreditar em Deus. Não tem jeito. Já acreditei antes, agora me desfiz da ilusão. E não sou infeliz por isso. Sou casado (no civil), tenho um relacionamento fantástico com minha esposa, meus familiares e amigos, me considero uma pessoa boa, independente, que segue as leis do homem, e princípios morais que podemos retirar do direito, da ética e da filosofia. Não preciso de crença para isso. E acredito que a religião é muito prejudicial nos seres humanos pela simples razão de ENSINAR nossas crianças a não duvidar, a aceitar verdades absolutas. Que acreditar sem duvidar, sem evidências, ou contra a razão é uma virtude. Como já lhe disse antes, alguns religiosos podem raciocinar com a religião, mas sempre existirão dogmas e verdades que são verdadeiras somente pela fé. No limite e nos casos extremos, temos os crimes em nome da fé. Todo ato justificado pela fé é, por princípio, irracional.

Desculpe pela longa resposta. Um abraço cordial.

Answer 2

Eu sou agnostico pq religião se contradiz demais e não explica nada, ciencias explica tudo.

Answer 3

"ateu, responda sinceramente: até que ponto sua crença é baseada em fatores que vão além da simples racionalidade? Eu disse pra responder sinceramente."

Como assim crença?Se sou ateu não creio em nada.Sou racional e naturalista, até um pouco materialista.Penso que a morte é o fim ,não creio na existência da alma ou espírito.

Quanto as emoções eu sinto falta de alguém pra falar dos meus problemas,pra chorar,pedir ajuda,pois quando eu tinha fé,essas coisas eu fazia com deus,até que eu vi que esse deus era uma extenção da minha imaginação.Esse é um problema pra mim,porque a religião servia como uma muleta psicológica.Hoje tenho tendências suicidas.

Mas esse é o meu caso,por favor não generalize.

Answer 4

Não sei, Fernando, mas desconfio que o que leva um ateu a ser ateu é o fato de ele não acreditar em Deus.
Como eu não sou ateu, creio que Deus nos deu o chamado Livre Arbítrio, ou seja, o direito de escolhermos de que maneira queremos conduzir as nossas vidas.
Conheço muitos ateus e muitos agnósticos que são pessoas maravilhosas e muitos chamados crentes evangélicos que não valem nem o ar que respiram.
Creio que quando chega a nossa hora de acertarmos as nossas contas com Deus e ele conosco, teremos uma reunião particular na qual falaramos às claras e somente ele dará o seu veredito sobre o nosso período de vivência na Terra e o que aprendemos com isso. Se vivemos e aprendemos bem, ficaremos ao junto com Deus. Se não vivemos bem e não aprendemos o que tínhamos que aprender, cabe a ele tomar as providências cabíveis. Ou nos manda para o inferno, ou faz a gente nascer de novo e começar tudo de novo, ou nos manda para outro planeta ou outra dimensão... Sei lá... Isso cabe a ele decidir e não a nós ficarmos imaginando "qual será o castigo" ou algo do gênero, você não acha?
Gosto muito daquela passagem do Novo Testamento na qual Jesus sai a procura dos apóstolos.
Ele diz a mesma coisa para todos:
"Largue tudo o que tem e me siga"
Dos milhares de faladores e donos da verdade, só sobraram 12 e mesmo assim, um deles foi um tremendo "trairão".
70 anos após a morte de Jesus, apareceu um cara chamado Saulo de Tarso que largou tudo, seus deuses, o posto privilegiado que ocupava numa das empresas mais sólidas de todos os tempos (o Império Romano durou mais de 8 séculos), sua cidade, seus amigos, sua fortuna e até trocou seu nome para Paulo a fim de ser melçhor compreendido pelos que o ouviam e falavam o seu nome. Hoje o chamado "Apóstolo Paulo" é o autor mais lido de todos os tempos.
Tá vendo? A coisa não tem uma lógica. Varia de pessoa para pessoa.
Só Deus pode julgar.
Eu, pela parte que me toca, amo e respeito todas as pessoas do mundo, conforme o meu mais brilhante professor ensinou.
Abs

Answer 5

Fernando S... positivo e operante, on line neste momento, na escuta...câmbio

F. Qual o papel das emoções na crença do ateu?
Resp. Total, cada inspiração de ar, para o ateu já é uma grande emoção, sente-se vivo muito mais que os crentes com pressa de ir logo para o "paraíso", o ateu sabe que a vida é uma só.
Vive intensamente e com sua própria liberdade diante das crenças que obscurecem a visão da maioria da população. O ateu é um previlegiado em relação à maioria, é livre.

F. Tenho visto muitos ateus que dizem que o são porque pensam, investigam, etc. Mas não é só isso que leva alguém a ser ateu.
Resp: Na maioria dos países há uma divisão de categoria, os ateus numa categoria e os Não-Religiosos em outra, mas juntos formam a parcela da população que não acredita em vida depois da morte, são os que já se conformaram que a vida é assim mesmo e o que segue para o futuro são os genes de nossos descendentes e não nós mesmos em pessoa, equipados com um "espírito" imaginário... Não é porque um sujeito imagina algo ou alguma coisa que essa imaginação vá existir na realidade, são só inconformismo com a morte e procuram se consolar acreditando em espírito santo, enfim. Ateus não acreditam em espíritos nem em vida depois da morte.

F. existem desejos, sentimentos, gostos e preferências envolvidos.
R. Sim existem todos eles...

F.O desejo de ser livre, de controlar a própria vida, a indignação contra Deus
R. Eu não tenho nenhuma indignação por Deus, nenhuma mesmo. Não vou me indignar com o que não existe.

F. (i.e, a pessoa não gosta do que ela pensa que Deus é ou está fazendo), o orgulho, a vontade de auto-suficiência (não depender de ninguém pra definir seu destino), a aversão a templos... eu poderia citar aqui vários possíveis motivos de fundo emocional e pessoal para alguém ser ateu.
R. Pô tudo isso e muito mais, ser ateu é nascer de novo! É acordar de um pesadelo, é clarear tudo é a luz da razão.

F. Então, ateu, responda sinceramente: até que ponto sua crença é baseada em fatores que vão além da simples racionalidade? Eu disse pra responder sinceramente.

Resp. Ateu não tem crenças, lembre sempre disso ao olhar para o Céu.

F. Fatores que vão além!!!!
Resp. Para ateus não existe crenças no além de coisa nenhuma. Não existem fenômenos sobrenaturais nem além túmulo.

F. da simples racionalidade?

Resp. De onde você tirou essa idéia de jirico em chamar a racionalidade (A Razão) de simples, ao contrário a RAZÃO é extremamente complexa e de difícil interpretação a razão humana está 600 mil anos à frente dos Gorilas e dos Chimpanzés nossos parentes mais próximos e por por outro lado estamos 9 bilhões de anos atrazados em relação à razão dos Ets que nos visitam aqui em discos voadores.
<>http://www.thc.tv/ Assista "Arquivos Extraterrestres" 4ª feira


RAZÃO:
razão
do Lat. ratione
s. f.,
modo de pensar próprio ao Homem;
faculdade de raciocinar ou de estabelecer conceitos e proposições de modo discursivo (não intuitivo), segundo as regras lógicas do raciocínio;
faculdade dos princípios;
faculdade de distinguir o verdadeiro do falso, o bem do mal;
bom senso;
justiça;
dever;
retidão de espírito;
prova por argumento;
causa;
motivo;
ideia justificativa;
percentagem;
taxa de juros;
Mat.,
relação entre grandezas da mesma espécie;
s. m.,
livro comercial de contas correntes.
à - de: na proporção de.