O que é?
A Retocolite Ulcerativa (RCUI) junto com a doença de Crohn faz parte das chamadas Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), sendo uma inflamação da mucosa (camada de células que forra a superfície interna do intestino grosso), muitas vezes acompanhada de úlceras.
Perto da metade dos pacientes tem a doença restrita às porções terminais do intestino, que são o sigmóide e o reto. Em 20% dos casos a RCUI atinge toda a extensão do intestino grosso, enquanto que nos demais há inflamação segmentar no cólon ascendente, transverso ou descendente.
Como se desenvolve?
Não se conhece a causa da Retocolite Ulcerativa Inespecífica. Também é desconhecido o motivo da doença desenvolver-se em determinado momento da vida.
Sabe-se, no entanto, que fatores genéticos e do sistema imune (onde estão os mecanismos de defesa natural) estão envolvidos.
É provável que fatores ambientais ainda não determinados ativem inapropriadamente o sistema imune de pessoas geneticamente suscetíveis, causando dano aos seus próprios intestinos, fenômeno conhecido como de auto-imunidade.
O que se sente?
A principal manifestação é diarréia com sangue. Conforme a gravidade da doença, o número de evacuações varia de menos de 5 episódios diários até 10 ou 20 e o volume de sangue pode ser variável, causando ou não sintomas pela conseqüente anemia.
A consistência das fezes varia de completamente líquidas até parcialmente formadas.
Pode ocorrer febre, mal-estar geral, fraqueza, cólicas e dores abdominais difusas. Junto às fezes pode ser observada a presença de muco - uma espécie de catarro gelatinoso - e pus, caracterizando uma diarréia chamada de disenteria. Necessidade imediata ou urgência de evacuar, perda do controle esfincteriano (incontinência) e dor evacuatória também ocorrem devido à inflamação do reto.
Quando a doença é intensa, podem ocorrer anemia, perda de peso, edema (inchaço) nos pés e pernas, desnutrição e desidratação.
Casos ditos fulminantes (2 a 4%) podem complicar-se por uma dilatação gasosa aguda e irreversível - o Megacólon Tóxico - com possibilidade de perfuração seguida de infecção abdominal extensa, acompanhada de insuficiência circulatória e respiratória, com alto risco de óbito.
A Retocolite Ulcerativa Inespecífica (RCUI) é acompanhada, em um quarto dos casos, por manifestações extra-intestinais, numa repercussão de mecanismo também desconhecido.
Podem ocorrer dor e inflamação nas juntas (artrites), alterações da pele (Eritema Nodoso, Pioderma Gangrenoso), inflamações oculares, inflamação e endurecimento dos canais biliares (Colangite Esclerosante), tromboses e embolias (obstruções) dos vasos sangüíneos.
Como o médico faz o diagnóstico?
As referências do paciente com Retocolite Ulcerativa Inespecífica são, por si só, bastante sugestivas de uma inflamação do intestino grosso, incluindo o reto.
Porém, os sintomas não permitem a diferenciação entre as diversas causas de colite, o que pode ser feito através dos exames de fezes, que detectam agentes infecciosos, e das endoscopias que permitem observar lesões e secreções indicadoras de inflamação intestinal. Além disso, através da endoscopia é possível obter fragmentos da mucosa intestinal (biópsias) para análise laboratorial e microscópica. Esse exame é realizado em momento oportuno e, muitas vezes, sob uma leve sedação para evitar dor ou desconforto.
Usualmente são realizados exames gerais de sangue, urina e fezes para avaliar o possível envolvimento dos demais órgãos pela doença intestinal, incluindo anemia e desnutrição. Um Raio-X simples de abdômen é realizado para identificação de possível dilatação exagerada do intestino, complicação que merece especial atenção.
Não há exames que confirmem ou afastem totalmente a Retocolite Ulcerativa Inespecífica como diagnóstico. Recentemente, estão ao nosso alcance o "pANCA" e o "ASCA", no sangue, que auxiliam também na diferenciação entre RCUI e Doença de Crohn. Portanto, havendo dados da história compatíveis e exames bastante sugestivos para tal, excluídas outras causas de colite, adota-se o diagnóstico de Retocolite Ulcerativa Inespecífica.
Como se trata?
Os sintomas agudos da doença com localização predominante no reto - puxos ou tenesmo, acompanhando a diarréia - são controláveis com medicamentos por via retal.
Aparentemente mais desconfortável, na impressão de alguns pacientes, essa via tem a grande vantagem de agir diretamente no local mais doente, evitando os efeitos colaterais das drogas quando usadas por via oral, como os corticóides e a mesalamina. Pacientes com doença que se estende pelos cólons ascendente, transverso e descendente necessitam de tratamento ministrado por via oral ou parenteral.
São considerados mais graves e com necessidade de hospitalização os doentes que, além das evidências básicas, mostram anemia acentuada, os desidratados, aqueles cujos níveis da pressão arterial ficaram muito baixos e os com acentuada distensão abdominal.
O uso de antidiarréicos em certas situações pode precipitar um agravamento do quadro clínico geral, motivo pelo qual requer criteriosa e individualizada prescrição e controle do médico assistente.
Um quadro agudo chega a ter um risco de recidiva, em um ano, de 75%; por isso, é indicado o uso prolongado de medicação por via retal ou oral para diminuir essa chance.
A cirurgia que retira todo o intestino grosso (colectomia) é uma opção de tratamento para os casos sem controle clínico satisfatório, para os que evoluem com dilatação extrema ou perfuração intestinal e para aqueles com associação de câncer.
Na Doença de Crohn a cirurgia não evita o surgimento da enfermidade noutro segmento intestinal; entretanto, na Retocolite Ulcerativa Inespecífica a colectomia é curativa.
A cirurgia apresenta riscos e desvantagens, por exemplo, a ileostomia temporária ou definitiva, com adaptação de uma bolsa coletora de fezes sobre a pele da superfície da parede abdominal.
Manifestações extra-intestinais associadas à Retocolite Ulcerativa Inespecífica, especialmente a Colangite Esclerosante, podem continuar mesmo tendo sido bem sucedido o tratamento da doença intestinal ou a realização de colectomia.
Pacientes com Retocolite Ulcerativa Inespecífica têm risco aumentado de câncer de cólon, que se torna significativo após 8-10 anos de doença. Por isso, é necessária a realização periódica de colonoscopia para a detecção precoce de lesões malignas ou pré-malignas. Quando detectadas, o tratamento é cirúrgico.
Como se previne?
Não há forma de prevenção da doença.
Pode-se diminuir muito a recorrência de crises com o uso correto das medicações.
Recomenda-se para indivíduos com doença leve, com ou sem uso de medicação, que evitem a ingestão de cafeína e de alguns vegetais produtores de gás.... boa sorte!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
2007-02-15 12:10:39
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answer #1
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answered by KKzinha 6
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