Leia e descubra
EVOLUÃÃO EM DOIS MUNDOS
1
FluÃdo cósmico
PLASMA DIVINO — O fluÃdo cósmico ê o plasma diviÂno, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio.
Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano.
CO-CRIAÃÃO EM PLANO MAIOR — Nessa substânÂcia original, ao influxo do próprio Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comuÂnhão indescruÃvel, os grandes Devas da teologia hindu ou os Arcanjos da interpretação de variados templos religiosos, exÂtraindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da Imensidade, em serviço de Co-criação em plano maior, de conformidade com os desÃgnios do Todo-MiÂsericordioso, que faz deles agentes orientadores da Criação ExÂcelsa.
Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milêÂnios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, por fim, de vez que o EspÃrito Criado pode formar ou co-criar, mas só Deus ê o Criador de Toda a Eternidade.
IMPÃRIOS ESTELARES — Devido à atuação desses Arquitetos Maiores, surgem nas galáxias as organizações estelaÂres como vastos continentes do Universo em evolução e as nebulosas intragaláticas como imensos domÃnios do Universo, enÂcerrando a evolução em estado potencial, todas gravitando ao redor de pontos atrativos, com admirável uniformidade coordenadora.
à aÃ, no seio dessas formações assombrosas, que se estruturam, inter-relacionados, a matéria, o espaço e o tempo, a se reÂnovarem constantes, oferecendo campos gigantescos ao proÂgresso do EspÃrito.
Cada galáxia quanto cada constelação guardam no cerne a força centrÃfuga própria, controlando a força gravÃtica, com deÂterminado teor energético, apropriado a certos fins.
A Engenharia Celeste equilibra rotação e massa, harmoniÂzando energia e movimento, e mantêm-se, desse modo, na vasÂtidão sideral, magnificentes florestas de estrelas, cada qual transportando consigo os planetas constituÃdos e em formação, que se lhes vinculam magneticamente ao fulcro central, como os eletrões se conjugam ao núcleo atômico, em trajetos perfeitaÂmente ordenados na órbita que se lhes assinala de inÃcio.
NOSSA GALÃXIA — Para idearmos, de algum modo, a grandeza inconcebÃvel da Criação, comparemos a nossa galáxia a grande cidade, perdida entre incontáveis grandes cidades de um paÃs cuja extensão não conseguimos prever.
Tomando o Sol e os mundos nossos vizinhos como aparÂtamentos de nosso edifÃcio, reconheceremos que em derredor repontam outros edifÃcios em todas as direções.
Assestando instrumentos de longo alcance da nossa sala de estudo, perceberemos que nossa casa não é a mais humilde, mas que inúmeras outras lhe superam as expressões de magnituÂde e beleza.
Aprendemos que, além de nossa edificação, salientam-se palácios e arranha-céus como Betelgeuze, no distrito de Ãrion, Canópus, na região do Navio, Arctúrus, no conjunto do Boieiro, Antares, no centro do Escorpião, e outras muitas residências seÂnhoriais, imponentes e belas, exibindo uma glória perante a qual todos os nossos valores se apagariam.
Por processos ópticos, verificamos que a nossa cidade apresenta uma forma espiralada e que a onda de rádio, avançanÂdo com a velocidade da luz, gasta mil séculos terrenos para perÂcorrer-lhe o diâmetro. Nela supreenderemos milhões de lares, nas mais diversas dimensões e feitios, instituÃdos de há muito, recém-organizados, envelhecidos ou em vias de instalação, nos quais a vida e a experiência enxameiam vitoriosas.
FORÃAS ATÃMICAS — Toda essa riqueza de plasmaÂgem, nas linhas da Criação, ergue-se à base de corpúsculos sob irradiações da mente, corpúsculos e irradiações que, no estado atual dos nossos conhecimentos, embora estejamos fora do plaÂno fÃsico, não podemos definir em sua multiplicidade e configuÂração, porqüanto a morte apenas dilata as nossas concepções e nos aclara a introspecção, iluminando-nos o senso moral, sem resolver, de maneira absoluta, os problemas que o Universo nos propõe a cada passo, com os seus espetáculos de grandeza.
Sob a orientação das Inteligências Superiores, congreÂgam-se os átomos em colmeias imensas, e, sob a pressão, espiriÂtualmente dirigida, de ondas eletromagnéticas, são controladamente reduzidas as áreas espaciais intra-atômicas, sem perda de movimento, para que se transformem na massa nuclear adensaÂda, de que se esculpem os planetas, em cujo seio as mônadas ceÂlestes encontrarão adequado berço ao desenvolvimento.
Semelhantes mundos servem à finalidade a que se destiÂnam, por longas eras consagradas à evolução do EspÃrito, até que, pela sobrepressão sistemática, sofram o colapso atômico pelo qual se transmutam em astros cadaverizados. Essas esferas mortas, contudo, volvem a novas diretrizes dos Agentes DiviÂnos, que dispõem sobre a desintegração dos materiais de superfÃcie, dando ensejo a que os elementos comprimidos se libertem através de explosão ordenada, surgindo novo acervo corpuscuÂlar para a reconstrução das moradias celestes, nas quais a obra de Deus se estende e perpetua, em sua glória criativa.
LUZ E CALOR — Os mundos ou campos de desenvolviÂmento da alma, com as suas diversas faixas de matéria em vaÂriada expressão vibratória, ao influxo ainda dos Tutores EspiriÂtuais, são acalentados por irradiações luminosas e calorÃficas, sem nos referirmos à s forças de outra espécie que são arrojadas do Espaço Cósmico sobre a Terra e o homem, garantindo-lhes a estabilidade e a existéncia.
Temos, assim, a luz e o calor, que teoricamente classificaÂmos entre as irradiações nascidas dos átomos supridos de enerÂgia. São estes que, excitados na Ãntima estrutura, despedem as ondas eletromagnéticas.
Todavia, não obstante tatearmos com relativa segurança as realidades da matéria, definindo a natureza corpuscular do calor e da luz, e embora saibamos que outras oscilações eletroÂmagnéticas se associam, insuspeitadas por nós, na vastidão uniÂversal, aquém do infravermelho e além do ultravioleta, compleÂtamente fora da zona de nossas percepções, confessamos com humildade que não sabemos ainda, principalmente no que se reÂfere à elaboração da luz, qual seja a força que provoca a agitaÂção inteligente dos átomos, compelindo-os a produzir irradiações capazes de lançar ondas no Universo com a velocidade de 300.000 quilômetros por segundo, preferindo reconhecer, em toda a parte, com a obrigação de estudarmos e progredirmos sempre, o hálito divino do Criador.
CO-CRIAÃÃO EM PLANO MENOR — Em análogo alicerce, as Inteligências humanas que ombreiam conosco utiliÂzam o mesmo fluÃdo cósmico, em permanente circulação no Universo, para a Co-criação em plano menor, assimilando os corpúsculos da matéria com a energia espiritual que lhes é próÂpria, formando assim o veÃculo fisiopsicossomático em que se exprimem ou cunhando as civilizações que abrangem no mundo a humanidade Encarnada e a Humanidade Desencarnada. DenÂtro das mesmas bases, plasmam também os lugares entenebreciÂdos pela purgação infernal, gerados pelas mentes desequilibraÂdas ou criminosas nos cÃrculos inferiores e abismais, e que vaÂlem por aglutinações de duração breve, no microcosmo em que estagiam, sob o mesmo princÃpio de comando mental com que as Inteligências Maiores modelam as edificações macrocósmiÂcas, que desafiam a passagem dos milênios.
Cabe-nos assinalar, desse modo, que, na essência, toda a matéria é energia tornada visÃvel e que toda a energia, originaÂriamente, é força divina de que nos apropriamos para interpor os nossos propósitos aos propósitos da Criação, cujas leis nos conservam e prestigiam o bem praticado, constrangendo-nos a transformar o mal de nossa autoria no bem que devemos realiÂzar, porque o Bem de Todos é o seu Eterno PrincÃpio.
Compete-nos, pois, anotar que o fluÃdo cósmico ou plasÂma divino é a força em que todos vivemos, nos ângulos variaÂdos da Natureza, motivo pelo qual já se afirmou, e com toda a razão, que “em Deus nos movemos e existimos”. (2)
Uberaba, 15/1/58.
(2) Paulo de Tarso, em Atos, capÃtulo 17º, versÃculo 28. — (Nota do Autor espiritual)
2
Corpo espiritual
RETRATO DO CORPO MENTAL — Para definirmos de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo fÃsico, porque, na realiÂdade, é o corpo fÃsico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental (3) que lhe preside a formação.
Do ponto de vista da constituição e função em que se caÂracteriza na esfera imediata ao trabalho do homem, após a morÂte, é o corpo espiritual o veÃculo fÃsico por excelência, com sua estrutura eletromagnética, algo modificado no que tange aos feÂnômenos genésicos e nutritivos, de acordo, porém, com as aquiÂsições da mente que o maneja.
Todas as alterações que apresenta, depois do estágio berÂço-túmulo, verificam-se na base da conduta espiritual da criatuÂra que se despede do arcabouço terrestre para continuar a jornaÂda evolutiva nos domÃnios da experiência.
Claro está, portanto, que é ele santuário vivo em que a consciência imortal prossegue em manifestação incessante,
(3) O corpo mental, assinalado experimentalmente por diversos estuÂdiosos, é o envoltório sutil da mente, e que, por agora, não podemos definir com mais amplitude de conceituação, além daquela em que tem sido apreÂsentado pelos pesquisadores encarnados, e isto por falta de terminologia adequada no dicionário terrestre. — (Nota do Autor espiritual).
além do sepulcro, formação sutil, urdida em recursos dinâmiÂcos, extremamente porosa e plástica, em cuja tessitura as céluÂlas, noutra faixa vibratória, à face do sistema de permuta visceÂralmente renovado, se distribuem mais ou menos à feição das partÃculas colóides, com a respectiva carga elétrica, comportanÂdo-se no espaço segundo a sua condição especÃfica, e apresenÂtando estados morfológicos conforme o campo mental a que se ajusta.
CENTROS VITAIS — Estudado no plano em que nos encontramos, na posição de criaturas desencarnadas, o corpo espiritual ou psicossoma é, assim, o veÃculo fÃsico, relativamente definido pela ciência humana, com os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode perquirir e reconhecer.
Nele possuÃmos todo o equipamento de recursos automáÂticos que governam os bilhões de entidades microscópicas a serÂviço da Inteligência, nos cÃrculos de ação em que nos demoraÂmos, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em miÂlênios e milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setoÂres da evolução anÃmica.
à assim que, regendo a atividade funcional dos órgãos reÂlacionados pela fisiologia terrena, nele identificamos o centro coronário, instalado na região central do cérebro, sede da menÂte, centro que assimila os estÃmulos do Plano Superior e orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada, nas cintas de aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário. O centro coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe obedecem ao impulso, procedente do EspÃrito, assim como as peças secundinas de uma usina respondem ao comando da peça-motor de que se serve o tirocÃnio do homem para concatená-las e dirigi-las.
Desses centros secundários, entrelaçados no psicossoma e, conseqüentemente, no corpo fÃsico, por redes plexiformes, destacamos o centro cerebral contÃguo ao coronário, com inÂfluência decisiva sobre os demais, governando o córtice encefáÂlico na sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glânÂdulas endocrÃnicas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os neurônios sensitivos até as células efetoras; o centro larÃnÂgeo, controlando notadamente a respiração e a fonação; o centro cardÃaco, dirigindo a emotividade e a circulação das forças de base; o centro esplênico, determinando todas as atividades em que se exprime o sistema hemático, dentro das variações de meio e volume sangüÃneo; o centro gástrico, responsabilizando-se pela digestão e absorção dos alimentos densos ou menos densos que, de qualquer modo, representam concentrados fluÃdicos peÂnetrando-nos a organização, e o centro genésico, guiando a moÂdelagem de novas formas entre os homens ou o estabelecimento de estÃmulos criadores, com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre as almas.
CENTRO CORONÃRIO — Temos particularmente no centro coronário o ponto de interação entre as forças determiÂnantes do espÃrito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas.
Dele parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada de estÃmulos espirituais com ação difusÃvel sobre a maÂtéria mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais impleÂmentos de nossa constituição particular, plasmando em nós próÂprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta.
A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que a circundam, e o centro coÂronário incumbe-se automaticamente de fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as conseqüências felizes ou infelizes de sua movimentação consciencial no campo do destino.
ESTRUTURA MENTAL DAS CÃLULAS — à imporÂtante considerar, todavia, que nós, os desencarnados, na esfera que nos é própria, estudamos, presentemente, a estrutura mental das células, de modo a iniciarmo-nos em aprendizado superior, com mais amplitude de conhecimento, acerca dos fluÃdos que nos integram o clima de manifestação, todos eles de origem mental e todos entretecidos na essência da matéria primária, ou Hausto Corpuscular de Deus, de que se compõe a base do UniÂverso Infinito.
CENTROS VITAIS E CÃLULAS — São os centros viÂtais fulcros energéticos que, sob a direção automática da alma, imprimem à s células a especialização extrema, pela qual o hoÂmem possui no corpo denso, e detemos todos no corpo espiriÂtual em recursos equivalentes, as células que produzem fosfato e carbonato de cálcio para a construção dos ossos, as que se disÂtendem para a recobertura do intestino, as que desempenham complexas funções quÃmicas no fÃgado, as que se transformam em filtros do sangue na intimidade dos rins e outras tantas que se ocupam do fabrico de substâncias indispensáveis à conservaÂção e defesa da vida nas glândulas, nos tecidos e nos órgãos que nos constituem o cosmo vivo de manifestação.
Essas células que obedecem à s ordens do espÃrito, difeÂrenciando-se e adaptando-se à s condições por ele criadas, proÂcedem do elemento primitivo, comum, de que todos provimos em laboriosa marcha no decurso dos milênios, desde o seio tépiÂdo do oceano, quando as formações protoplásmicas nos lastreaÂram as manifestações primeiras.
Tanto quanto a célula individual, a personalizar-se na ameba, ser unicelular que reclama ambiente próprio e nutriÂção adequada para crescer e reproduzir-se, garantindo a soÂbrevivência da espécie no oceano em que respira, os bilhões de células que nos servem ao veÃculo de expressão, agora doÂmesticadas, na sua quase totalidade em funções exclusivas, necessitam de substâncias especiais, água, oxigênio e canais de exoneração excretória para se multiplicarem no trabalho especÃfico que nosso espÃrito lhes traça, encontrando, porém, esse clima, que lhes é indispensável, na estrutura aquosa de nossa constituição fisiopsicossomática, a expressar-se nos lÃquidos extracelulares, formados pelo lÃquido intersticial e pelo plasma sangüÃneo.
EXTERIORIZAÃÃO DOS CENTROS VITAIS — ObÂservando o corpo espiritual ou psicossoma, desse modo em nossa rápida sÃntese, como veÃculo eletromagnético, qual o próprio corpo fÃsico vulgar, reconheceremos fácilmente que, como acontece na exteriorização da sensibilidade dos encarnados, operada pelos magnetizadores comuns, os centros vitais a que nos referimos são também exteriorizáveis, quando a criatura se encontre no campo da encarnação, fenômeno esse a que atenÂdem habitualmente os médicos e enfermeiros desencarnados, durante o sono vulgar, no auxÃlio a doentes fÃsicos de todas as latitudes da Terra, plasmando renovações e transformações no comportamento celular, mediante intervenções no corpo espiriÂtual, segundo a lei do merecimento, recursos esses que se popularizarão na medicina terrestre do grande futuro.
CORPO ESPIRITUAL DEPOIS DA MORTE — Em suma, o psicossoma é ainda corpo de duração variável, segundo o equilÃbrio emotivo e o avanço cultural daqueles que o goverÂnam, além do carro fisiológico, apresentando algumas transforÂmações fundamentais, depois da morte carnal, principalmente no centro gástrico, pela diferenciação dos alimentos de que se provê, e no centro genésico, quando há sublimação do amor, na comunhão das almas que se reúnem no matrimônio divino das próprias forças, gerando novas fórmulas de aperfeiçoamento e progresso para o reino do espÃrito.
Esse corpo que evolve e se aprimora nas experiências de ação e reação, no plano terrestre e nas regiões espirituais que lhe são fronteiriças, é suscetÃvel de sofrer alterações múlÂtiplas, com alicerces na adinamia proveniente da nossa queda mental no remorso, ou na hiperdinamia imposta pelos delÃÂrios da imaginação, a se responsabilizarem por disfunções inúmeras da alma, nascidas do estado de hipo e hipertensão no movimento circulatório das forças que lhe mantém o orgaÂnismo sutil, e pode também desgastar-se, na esfera imediata à esfera fÃsica, para nela se refazer, através do renascimento, segundo o molde mental preexistente, ou ainda restringir-se a fim de se reconstituir de novo, no vaso uterino, para a recapiÂtulação dos ensinamentos e experiências de que se mostre neÂcessitado, de acordo com as falhas da consciência perante a Lei.
Outros aspectos do psicossoma examinaremos quando as circunstâncias nos induzam a apreciar-lhe o comportamento nas regiões espirituais vizinhas da Terra, dentro das sociedades afins, em que as almas se reúnem conforme os ideais e as tareÂfas nobres que abraçam, ou segundo as culpas dilacerantes ou tendências inferiores em que se sintonizam, geralmente prepaÂrando novos eventos, alusivos à s necessidades e problemas que lhes são peculiares nos domÃnios da reencarnação imprescindÃÂvel.
Pedro Leopoldo, 19/1/58.
3
Evolução e corpo espiritual
PRIMÃRDIOS DA VIDA — Procurando fixar idéias seÂguras acerca do corpo espiritual, será preciso remontarmos, de algum modo, aos primórdios da vida na Terra, quando mal cesÂsavam as convulsões telúricas, pelas quais os Ministros AngéliÂcos da Sabedoria Divina, com a supervisão do Cristo de Deus, lançaram os fundamentos da vida no corpo ciclópico do PlaneÂta.
A matéria elementar, de que o eletron é um dos corpúscuÂlos-base (4), na faixa de experiência evolutiva sob nossa análiÂse, acumulada sobre si mesma, ao sopro criador da Eterna InteÂligência, dera nascimento à provÃncia terrestre, no Estado Solar a que pertencemos, cujos fenômenos de formação original não conseguimos por agora abordar em sua mais Ãntima estrutura.
A imensa fornalha atômica estava habilitada a receber as sementes da vida e, sob o impulso dos Gênios Construtores, que operavam no orbe nascituro, vemos o seio da Terra recoberto de mares mornos, invadido por gigantesca massa viscosa a esÂpraiar-se no colo da paisagem primitiva.
Dessa geléia cósmica, verte o princÃpio inteligente, em suas primeiras manifestações...
Trabalhadas, no transcurso de milênios, pelos operários
(4) Na Esfera Espiritual, em que estagiamos, o eletrão é também partÃcula atômica dissociável. — (Nota do Autor espiritual)
espirituais que lhes magnetizam os valores, permutando-os enÂtre si, sob a ação do calor interno e do frio exterior, as mônadas celestes exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma de que se lhes derivaria a existência organizada no Globo constituÃdo.
Séculos de atividade silenciosa perpassam, sucessivos...
NASCIMENTO DO REINO VEGETAL — Aparecem os vÃrus e, com eles, surge o campo primacial da existência, formaÂdo por nucleoproteÃnas e globulinas, oferecendo clima adequaÂdo aos princÃpios inteligentes ou mOnadas fundamentais, que se destacam da substância viva, por centros microscópicos de forÂça positiva, estimulando a divisão cariocinética.
Evidenciam-se, desde então, as bactérias rudimentares, cujas espécies se perderam nos alicerces profundos da evolução, lavrando os minerais na construção do solo, dividindo-se por raças e grupos numerosos, plasmando, pela reprodução asseÂxuada, as células primevas, que se responsabilizariam pelas ecloÂsões do reino vegetal em seu inÃcio.
Milênios e milênios chegam e passam...
FORMAÃÃO DAS ALGAS — Sustentado pelos recurÂsos da vida que na bactéria e na célula se constituem do lÃquido protoplásmico, o princÃpio inteligente nutre-se agora na clorofiÂla, que revela um átomo de magnésio em cada molécula, precedendo a constituição do sangue de que se alimentará no reino animal.
O tempo age sem pressa, em vagarosa movimentação no berço da Humanidade, e aparecem as algas nadadoras, quase inÂvisÃveis, com as suas caudas flexuosas, circulando no corpo das águas, vestidas em membranas celulósicas, e mantendo-se à Custa de resÃduos minerais, dotadas de extrema motilidade e sensibilidade, como formas monocelulares em que a mônada já evoluÃda se ergue a estágio superior.
Todavia, são plantas ainda e que até hoje persistem na Terra, como filtros de evolução primária dos princÃpios inteliÂgentes em constante expansão, mas plantas superevolvidas nos domÃnios da sensação e do instinto embrionário, guardando o magnésio da clorofila como atestado da espécie.
Sucedendo-as, por ordem, emergem as algas verdes de feição pluricelular, com novo núcleo a salientar-se, inaugurando a reprodução sexuada e estabelecendo vigorosos embates nos quais a morte comparece, na esfera de luta, provocando metaÂmorfoses contÃnuas, que perdurarão, no decurso das eras, em diÂnamismo profundo, mantendo a edificação das formas do porvir.
DOS ARTRÃPODOS AOS DROMATÃRIOS E ANFÃÂTRIOS — Mais tarde, assinalamos o ingresso da mônada, a que nos referimos, nos domÃnios dos artrópodos, de exosqueleto quitinoso, cujo sangue diferenciado acusa um átomo de cobre em sua estrutura molecular, para, em seguida, surpreendê-la, guindada à condição de crisálida da consciência, no reino dos animais superiores, em cujo sangue — condensação das forças que alimentam o veÃculo da inteligência no império da alma — detém a hemoglobina por pigmento básico, demonstrando o paÂrentesco inalienável das individuações do espÃrito, nas mutações da forma que atende ao progresso incessante da Criação Divina.
Das cristalizações atômicas e dos minerais, dos vÃrus e do protoplasma, das bactérias e das amebas, das algas e dos vegeÂtais do perÃodo pré-câmbrico aos fetos e à s licopodiáceas, aos trilobites e cistÃdeos aos cefalópodes, foraminÃferos e radioláÂrios dos terrenos silurianos, o princÃpio espiritual atingiu esponÂgiãrios e celentcrados da era paleozóica, esboçando a estrutura esquelética.
Avançando pelos equinodermos e crustáceos, entre os quais ensaiou, durante milênios, o sistema vascular e o sistema nervoso, caminhou na direção dos ganóides e teleósteos, arquegossauros e labirintodontes para culminar nos grandes lacertiÂnos e nas aves estranhas, descendentes dos pterossáurios, no juÂrássico superior, chegando à época supracretácea para entrar na classe dos primeiros mamÃferos, procedentes dos répteis teroÂmorfos.
Viajando sempre, adquire entre os dromatérios e anfitéÂrios os rudimentos das reações psicológicas superiores, incorpoÂrando as conquistas do instinto e da inteligência.
FAIXAS INAUGURAIS DA RAZÃO — Estagiando nos marsupiais e cretáceos do eoceno médio, nos rinocerotÃdcos, cerÂvÃdcos, antilopÃdeos, eqüÃdeos, canÃdeos, proboscÃdeos e antropóides inferiores do mioceno e exteriorizando-se nos mamÃferos mais nobres do plioceno, incorpora aquisições de importância entre os megatérios e mamutes, precursores da fauna atual da Terra, e, alcançando os pitecantropdides da era quaternária, que antecederam as embrionárias civilizações paleolÃticas, a mônada vertida do Plano Espiritual sobre o Plano FÃsico (5) atravessou os mais rudes crivos da adaptação e seleção, assimilando os vaÂlores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, do instinto, da sensibilidade, da percepção e da preservação próÂpria, penetrando, assim, pelas vias da inteligência mais compleÂta e laboriosamente adquirida, nas faixas inaugurais da razão.
ELOS DESCONhECIDOS DA EVOLUÃÃO — ComÂpreendendo-se, porém, que o princÃpio divino aportou na Terra, emanando da Esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o arquétipo a que se destina, qual a bolota de carvalho encerrando em si a árvore veneranda que será de futuro, não podemos cirÂcunscrever-lhe a experiência ao plano fÃsico simplesmente conÂsiderado, porqüanto, através do nascimento e morte da forma, sofre constantes modificações nos dois planos em que se maniÂfesta, razão pela qual variados elos da evolução fogem à pesquiÂsa dos naturalistas, por representarem estágios da consciência fragmentária fora do campo carnal propriamente dito, nas regiões extrafÃsicas, em que essa mesma consciência incompleta prosseÂgue elaborando o seu veÃculo sutil, então classificado como proÂtoforma humana, correspondente ao grau evolutivo em que se encontra.
EVOLUÃÃO NO TEMPO — à assim que dos organisÂmos monocelulares aos organismos complexos, em que a inteliÂgência disciplina as células, colocando-as a seu serviço, o ser viaja no rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do PlaÂno Superior, tecendo com os fios da experiência a túnica da próÂpria exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que mecaniza as próprias aquisições, desde o estÃmulo nervoso à defensiva imuÂnológica, construindo o centro coronário, no próprio cérebro, através da reflexão automática de sensações e impressões em milhões e milhões de anos, pelo qual, com o AuxÃlio das PotênÂcias Sublimes que lhe orientam a marcha, configura os demais centros energéticos do mundo Ãntimo, fixando-os na tessitura da própria alma.
Contudo, para alcançar a idade da razão, com o tÃtulo de homem, dotado de raciocÃnio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do sÃlex denuncia algum primor de técniÂca, nada menos de um bilhão e meio de anos. Isso é perfeitamente verificável na desintegração natural de certos elementos radioativos na massa geológica do Globo. E entendendo-se que a Civilização aludida floresceu há mais ou menos duzentos mil anos, preparando o homem, com a bênção do Cristo, para a resÂponsabilidade, somos induzidos a reconhecer o caráter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na constituição fisiopsicossomática do espÃrito humano as aquisiÂções morais que lhe habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à Consciência Cósmica (6).
Uberaba, 22/1/58.
(5) As expressões “Plano FÃsico” e “Plano ExtrafÃsico”, largamente usadas nestas páginas, foram utilizadas por nós, à falta de termos mais preÂcisos que designem as esferas de evolução para os EspÃritos encarnados e desencarnados, pertencentes ao “habitat” planetário. — (Nota do Autor esÂpiritual)
(6) As presentes estimativas e apontamentos do Plano Espiritual, apesar das compreensÃveis divergências humanas, coincidem exatamente com observações e ilações de vários estudiosos encarnados. — (Nota do AuÂtor espiritual)
4
Automatismo e corpo espiritual
AUTOMATISMO FISIOLÃGICO — CompreensÃvel saÂlientar que o princÃpio inteligente, no decurso dos evos, plasÂmou em seu próprio veÃculo de exteriorização as conquistas que lhe alicerçariam o crescimento para maiores afirmações nos hoÂrizontes evolutivos.
Dominando as células vivas, de natureza fÃsica e espiriÂtual, como que empalmando-as a seu próprio serviço, de modo a senhorear possibilidades mais amplas de expansão e progresÂso, sofre no plano terrestre e no plano extraterrestre as profunÂdas experiências que lhe facultarão, no bojo do tempo, o autoÂmatismo fisiológico, pelo qual, sem qualquer obstáculo, executa todos os atos primários de manutenção, preservação e renovaÂção da própria vida.
ATIVIDADES REFLEXAS DO INCONSCIENTE —Sabemos que, em nos propondo aprender a ler e escrever, antes de tudo nos consagramos à empresa difÃcil de assimilação do alfabeto e da escrita, consumindo energia cerebral e coordenando o movimento dos olhos, dos lábios e das mãos, em múltiplas faÂses de atenção e trabalho, de maneira a superar nossas próprias inibições, para, depois, conseguirmos ler e escrever, mecanicaÂmente, sem qualquer esforço, a não ser aquele que se refere à absorção, comunicação ou materialização do pensamento lido ou escrito, porqüanto a leitura e a grafia ter-se-ão tornado autoÂmáticas na esfera de nossa atividade mental.
Nessa base de incessante repetição dos atos indispensáÂveis ao seu próprio desenvolvimento, vestindo-se de matéria densa no plano fÃsico e desnudando-se dela no fenômeno da morte, para revestir-se de matéria sutil no plano extrafÃsico e reÂnascer de novo na Crosta da Terra, em inumeráveis estações de aprendizado, é que o princÃpio espiritual incorporou todos os cabedais da inteligência que lhe brilhariam no cérebro do futuÂro, pelas chamadas atividades reflexas do inconsciente.
TEORIA DE DESCARTES — Atento a isso e espantado diante do gigantesco patrimônio da mente humana é que DesÂcartes, no século 17, indagando de si mesmo sobre a compleÂxidade dos nervos, formulou a “teoria dos espÃritos animais” que estariam encerrados no cérebro, perpassando nas redes nerÂvosas para atender aos movimentos da respiração, dos humores e da defesa orgânica, sem participação consciente da vontade, chegando o filósofo a asseverar que esses “espÃritos se conjugaÂvam necessariamente refletidos”, aplicando semelhante regra notadamente aos animais que ele classificava por máquinas desÂprovidas de pensamento.
Descartes não logrou apreender toda a amplitude dos caÂminhos que se descerram à evolução na esteira dos séculos, mas abordou a verdade do ato reflexo que obedece ao influxo nervoÂso, no automatismo em que a alma evolui para mais altos planos de consciência, através do nascimento, morte, experiência e reÂnascimento na vida fÃsica e extrafÃsica, em avanço inevitável para a vida superior.
AUTOMATISMO E HERANÃA — Assim como na coÂletividade humana o indivÃduo trabalha para a comunidade a que pertence, entregando-lhe o produto das próprias aquisições, e a sociedade opera em favor do indivÃduo que a compõe, proteÂgendo-lhe a existência, no impositivo do aperfeiçoamento consÂtante, nos reinos menores o ser inferior serve à espécie a que se ajusta, confiando-lhe, maquinalmente, o fruto das próprias conÂquistas, e a espécie labora em benefÃcio dele, amparando-o com todos os valores por ela assimilados, a fim de que a ascensão da vida não sofra qualquer solução de continuidade.
Se, no cÃrculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do transÂformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência nos deÂpósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transÂmissão incessantes, nos milhares de milênios em que o princÃÂpio espiritual atravessa lentamente os cÃrculos elementares da Natureza, qual vaso vivo, de forma em forma, até configurar-se no indivÃduo humano, em trânsito para a maturação sublimada no campo angélico.
Desse modo, em qualquer estudo acerca do corpo espiriÂtual, não podemos esquecer a função preponderante do automatismo e da herança na formação da individualidade responsável, para compreendermos a inexeqüibilidade de qualquer separação enÂtre a Fisiologia e a Psicologia, porqüanto ao longo da atração no mineral, da sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a crisálida de consciência construindo as suas faculdades de orÂganização, sensibilidade e inteligência, transformando, gradatiÂvamente, toda a atividade nervosa em vida psÃquica.
EVOLUÃÃO E PRINCÃPIOS COSMOCINÃTICOS — Os dias da Criação, assinaladas nos livros de Moisés, equivalem a épocas imensas no tempo e no espaço, porque o corpo espiriÂtual que modela o corpo fÃsico e o corpo fÃsico que representa o corpo espiritual constituem a obra de séculos numerosos, paÂcientemente elaborada em duas esferas diferentes da vida, a se retomarem no berço e no túmulo com a orientação dos InstrutoÂres Divinos que supervisionam a evolução terrestre.
Com semelhante enunciado não diligenciamos, de modo algum, explicar a gênese do espÃrito, porque isso, por enquanto, implicaria arrogante e pretensiosa definição do próprio Deus.
Propomo-nos simplesmente salientar que a lei da evoluÂção prevalece para todos os seres do Universo, tanto quanto os princÃpios cosmocinéticos, que determinam o equilÃbrio dos astros, são, na origem, os mesmos que regulam a vida orgânica, na estrutura e movimento dos átomos.
O veÃculo do espÃrito, além do sepulcro, no plano extrafÃÂsico ou quando reconstituÃdo no berço, é a soma de experiências infinitamente repetidas, avançando vagarosamente da obscuriÂdade para a luz. Nele, situamos a individualidade espiritual, que se vale das vidas menores para afirmar-se —, das vidas menores que lhe prestam serviço, dela recolhendo preciosa cooperação para crescerem a seu turno, conforme os inelutáveis objetivos do progresso.
GÃNESE DOS ÃRGÃOS PSICOSSOMÃTICOS — ToÂdos os órgãos do corpo espiritual e, conseqüentemente, do corÂpo fÃsico foram, portanto, construÃdos com lentidão, atendendo-se à necessidade do campo mental em seu condicionamento e exteÂriorização no meio terrestre.
à assim que o tato nasceu no princÃpio inteligente, na sua passagem pelas células nucleares em seus impulsos ameboÃdes; que a visão principiou pela sensibilidade do plasma nos flagelaÂdos monocelulares expostos ao clarão solar, que o olfato comeÂçou nos animais aquáticos de expressão mais simples, por excitaÂções do ambiente em que evolviam; que o gosto surgiu nas plantas, muitas delas armadas de pêlos viscosos destilando suÂcos digestivos, e que as primeiras sensações do sexo apareceÂram com algas marinhas providas não só de células masculinas e femininas que nadam, atraÃdas uma para as outras, mas tamÂbém de um esboço de epiderme sensÃvel, que podemos definir como região secundária de simpatias genésicas.
TRABALHO DA INTELIGÃNCIA — Examinando, pois, o fenômeno da reflexão sistemática, gerando o automaÂtismo que assinala a inteligência de todas as ações espontâÂneas do corpo espiritual, reconhecemos sem dificuldade que a marcha do princÃpio inteligente para o reino humano e que a viagem da consciência humana para o reino angélico simbolizam a expansão multimilenar da criatura de Deus que, por força da Lei Divina, deve merecer, com o trabalho de si mesma, a auréola da imortalidade em pleno Céu.
Pedro Leopoldo, 26/1/58.
5
Células e corpo espiritual
PRINCÃPIOS INTELIGENTES RUDIMENTARES — Com o transcurso dos evos, surpreendemos as células como princÃpios inteligentes de feição rudimentar, a serviço do princÃÂpio inteligente em estágio mais nobre nos animais superiores e nas criaturas humanas, renovando-se continuamente, no corpo fÃsico e no corpo espiritual, em modulações vibratórias diversas, conforme a situação da inteligência que as senhoreia, depois do berço ou depois do túmulo.
FORMAS DAS CÃLULAS — Animálculos infinitesiÂmais, que se revelam domesticados e ordeiros na colmeia orgâÂnica, assumem formas diferentes, segundo a posição dos indivÃÂduos e a natureza dos tecidos em que se agrupam, obedecendo ao pensamento simples ou complexo que lhes comanda a exisÂtência.
São cenositos ou microrganismos que podem viver livreÂmente, como autositos, ou como parasitos; sincÃcios ou massa de células que se fundem para a execução de atividade particular, como, por exemplo, na musculatura cardÃaca ou na camada epitelial que compõe a parte externa da placenta, com ação hisÂtolÃtica sobre a estrutura da organização materna; células anasÂtomosadas, como as que se coordenam na formação dos tecidos conjuntivos; células em grupos coloniais, com movimentos perÂfeitamente coordenados, quais as que se mostram nos volvocÃÂdeos; células com matriz intersticial, que elaboram substâncias imprescindÃveis à conservação da vida na provÃncia corpórea. e as células que podem diversificar-se, constituindo-se elementos livres, como na preparação dos glóbulos da corrente sangüÃnea.
Articulam-se em múltiplas formas, adaptando-se à s funÂções que lhes competem, no veÃculo de manifestação da criatura que temporariamente as segrega, à maneira de peças eletromagÂnéticas inteligentes, em máquina eletromagnética superinteliÂgente, atendendo com precisão matemática aos apelos da mente, assemelhando-se, de certo modo, no organismo, aos milhões de átomos que constituem harmonicamente as cordas de um piano, acionadas pelos martelos minúsculos dos nervos, ao impacto das teclas que podemos simbolizar nos fulcros energéticos do córtice encefálico, movimentado e controlado pelo EspÃrito, através do centro coronário que sustenta a conjunção da vida mental com a forma organizada em que ela própria se expressa.
MOTORES ELÃTRICOS MICROSCÃPICOS — DisÂpostas na construção da forma em processo idêntico ao da suÂperposição dos tijolos numa obra de alvenaria, as células são compelidas à disciplina, perante a idéia orientadora que as assoÂcia e governa, quanto os tijolos vulgares são constrangidos à submissão ante as linhas traçadas pelo arquiteto que lhes aproÂveita o concurso na concretização de projeto especÃfico.
à assim que são funcionárias da reprodução no centro geÂnésico, trabalhadores da digestão e absorção no centro gástrico, operários da respiração e fonação no centro larÃngeo, da circulaÂção no centro cardÃaco, servidoras e guardiãs fixas ou migratóÂrias do tráfego e distribuição, reserva e defesa no centro esplêniÂco, auxiliares da inteligência e elementos de ligação no centro cerebral e administradoras e artistas no centro coronário, amolÂgando-se à s ordens mentais recebidas e traduzindo na região de trabalho que lhes é própria a individualidade que as refreia e inÂfluencia, com justas limitações no tempo e no espaço.
Temo-las, desse modo — repetimos —, por microscópiÂcos motores elétricos, com vida própria, subordinando-se à s deÂterminações do ser que as aglutina e que lhes imprime a fixação ou a mobilidade indispensáveis à s funções que devam exercer no mar interior do mundo orgânico, formado pelos lÃquidos exÂtracelulares, a se definirem no lÃquido lacunar que as irriga e que circula vagarosamente; na linfa que verte dos tecidos, endereçada ao sangue; e no plasma sangüÃneo que se movimenta, ráÂpido, além de outros lÃquidos intersticiais, caracterÃsticos do meio interno.
O TODO INDIVISÃVEL DO ORGANISMO — Lógico entender, dessa forma, que, diante do governo mental, a reunião das células compõe tecidos, assim como a associação dos teciÂdos esculpe os órgãos, partes constituintes do organismo que passa a funcionar, como um todo indivisÃvel em sua integridade, cingido pelo sistema nervoso e controlado pelos hormônios ou substâncias produzidas em determinado órgão e transportadas a outros arraiais da atividade somática, que lhes excitam as proÂpriedades funcionais para certos fins, hormônios esses nascidos de impulsão mecânica da mente sobre o império celular, conforÂme diferentes estados emotivos da consciência, enfeixando carÂgas de elementos quÃmicos em nÃvel ideal, quando o equilÃbrio Ãntimo lhe preside as manifestações, e consubstanciando recurÂsos de manutenção e preservação da vida normal, perfeitamente isoláveis pela ciência comum, como já acontece com a adrenaÂlina das supra-renais, com a insulina do pâncreas, a testosterona dos testÃculos e outras secreções glandulares do cosmo orgâniÂco.
AUTOMATISMO CELULAR — à da doutrina celular corrente no mundo que as células tomam aspectos diferentes conforme a natureza das organizações a que servem, competinÂdo-nos desenvolver mais amplamente o asserto, para asseverar que a inteligência, influenciando o citoplasma, que é, no fundo, o elemento intersticial de vinculação das forças fisiopsicossoÂmáticas, obriga as células ao trabalho de que necessita para exÂpressar-se, trabalho este que, à custa de repetições quase infiniÂtas, se torna perfeitamente automático para as unidades celulaÂres que se renovam, de maneira incessante, na execução das taÂrefas que a vida lhes assinala.
EFEITOS DO AUTOMATISMO — Perfeitamente comÂpreensÃveis, nessa base, os estudos cientÃficos que reconhecem os agrupamentos colaboracionistas das células especializadas, através da cultura artificial dos tecidos orgânicos, em que um fragmento qualquer desses mesmos tecidos, seja da epiderme ou do cérebro, permanece vivo, por muito tempo, quando mergulhado em soro que, cuidadosamente imunizado e mantido na temperatura correspondente à do corpo fÃsico, acusa uma vida intensa. Decorridas algumas horas, os produtos de excreta intoÂxicam o soro, impedindo o desenvolvimento celular; mas, se o lÃquido for renovado, continuam as células a crescer no mesmo ritmo de movimento e expansão que lhes marca a atividade no edifÃcio corpóreo.
Todavia, fora do governo mental que as dirigia, não se reÂvelam iguais à s suas irmãs em função orgânica.
As células nervosas, por exemplo, com as suas fibrilas esÂpeciais, não produzem células com fibrilas análogas, e as que atendem nos músculos aos serviços da contração se desdiferenÂciam, regredindo ao tipo conjuntivo.
Todas as que se ausentam do conjunto estrutural do tecido inclinam-se para a apresentação morfológica da ameba, segundo observações cientificamente provadas.
Isso ocorre porque as células, quando ajustadas ao amÂbiente orgânico, demonstram o comportamento natural do opeÂrário mobilizado em serviço, sob as ordens da Inteligência, coÂmunicando-se umas com as outras sob o influxo espiritual que lhes mantém a coesão, e procedem no soro quais amebas em liÂberdade para satisfazer aos próprios impulsos.
FENÃMENOS EXPLICÃVEIS — Dentro do mesmo princÃpio de submissão das células ao estÃmulo nervoso, é que a experiência de transplante dos tecidos de. embriões entre si, com alguns dias de formação, pode oferecer resultados surpreendenÂtes, de vez que as células orientadas em determinado sentido, quando enxertadas sobre tecidos outros “in vivo”, conseguem gerar órgãos-extras. em regime de monstruosidade, obedecendo a determinações especializadas resultantes das ordens magnétiÂcas de origem que saturavam essas mesmas células.
E é ainda aÃ, pelo mesmo teor de semelhante saturação, que vamos entender as demonstrações do faquirismo e outras realizadas em sessões experimentais do Espiritismo, nas quais a mente superconcentrada pode arremessar fluÃdos de impulsão sobre vidas inferiores, como seja a das plantas, imprimindo-lhes desenvolvimento anormal, e explicar os fenômenos da materialização mediúnica. Neste caso, sob condições excepcionais e com o auxÃlio de Inteligências desencarnadas, o organismo do médium deixa escapar o ectoplasma ou o plasma exteriorizado, no qual as células, em tonalidade vibratória diferente, elasteÂcem-se e se renovam, de conformidade com os moldes mentais que lhes são apresentados, produzindo os mais significativos feÂnômenos em obediência ao comando da Inteligência, por interÂmédio dos quais a Esfera Espiritual sugere ao Plano FÃsico a imortalidade da alma, a caminho da Vida Superior.
Uberaba, 29/1/58.
6
Evolução e sexo
APARECIMENTO DO SEXO — Dobadas longas faixas de tempo, em que bactérias e células são experimentadas em reÂprodução agâmica. eis que determinado grupo apresenta no imo da própria constituição qualidades magnéticas positivas e negaÂtivas que lhe são desfechadas pelos Orientadores Espirituais enÂcarrregados do progresso devido ao Planeta.
Pressente-se a evolução animal em vésperas de nascer...
BACTÃRIA DIFERENCIADA — De todas as espécies de bactérias já formadas, uma se destaca nos imensos depósitos de água doce sobre o leito pétreo do algonquiano.
à diferenciada de quantas se estiram sobre a Crosta TerÂrestre.
Não tem a caracterÃstica absolutamente amebóide.
Mostra configuração elipsoidal, como se fora microscópiÂco bastonete ou girino, a que não falta leve radÃcula à feição de cauda.
à o leptótrix, que, em mirÃades de individuações, permaÂnece por milhares de séculos nas rochas antigas, nutrindo-se simplesmente de ferro.
Quando se desvencilha da minúscula carapaça ferrosa em que se esconde, é instintivamente obrigado a nadar, até que ouÂtra carapaça semelhante o envolva.
Os Instrutores Espirituais valem-se da medida para impulÂsioná-lo à transformação.
Perdendo os diminutos envoltórios metálicos e constranÂgidas a edificar abrigos idênticos que lhes atendam à necessidaÂde de proteção, essas bactérias, que exprimem figura importante de junção no trabalho evolutivo da Natureza, são compelidas ao movimento, em que não apenas se atraem umas à s outras, nos prelúdios iniciais da reprodução sexuada, mas em que conheÂcem, por acidente, a morte em massa, da qual ressurgem nos mesmos tratos de vida em que se encontram, sob a criteriosa atenção dos Condutores da Terra, para renascerem, após longo tempo de novas experimentações, na forma das algas verdes, inaugurando a comunhão sexual sobre o mundo.
AS ALGAS VERDES — Os biologistas dos últimos temÂpos costumam perguntar sem resposta se as algas verdes, proÂprietárias de estrutura particular, descendem das primitivas cianofÃceas, de tessitura mais simples, nas quais a ficocianina, asÂsociada à clorofila, é o pigmento azulado de sua composição fundamental. O hiato existente, de que dá conta Hugo De Vries, ao desenvolver o mutacionismo, foi preenchido pelas atividades dos Servidores da Organogênese Terrestre, que submeteram a famÃlia do leptótrix a profundas alterações nos campos do espÃÂrito, transmutando-lhe os indivÃduos mais completos, que reapaÂreceram metamorfoseados nas algas referidas, a invadirem luxoÂriantemente as águas, instalando novo ciclo de progresso e reÂnovação...
CONCENTRAÃÃES FLUÃDICO-MAGNÃTICAS — Ao toque dos Operários Divinos, a matéria elementar fora no prinÂcÃpio transubstanciada em massa astronômica de eletrões e proÂtões, que teceram o largo berço da vida humana em plena Vida Cósmica. E ainda sob a inteligência deles, com a supervisão do Cristo de Deus, semelhantes recursos baseiam a formação dos átomos em elementos, combinam-se os elementos em conjuntos quÃmicos, abrem os conjuntos quÃmicos lugar aos colóides, mesclam-se os colóides em misturas substanciais, oferecendo ao princÃpio inteligente, oriundo da amplidão celeste, o ninho propÃcio ao desenvolvimento.
Eras imensas transcorreram; e esse princÃpio inteligente, destinado a crescer para a glória da vida, em dois planos distinÂtos de experiência, quando se mostra ativado em constituição mais complexa, recebe desses mesmos Arquitetos da Sabedoria Divina os dons da reprodução mais complexa nos cromossomos, ou concentrações fluÃdico-magnéticas especiais, a se retraÂtarem, através do tempo, pela reflexão constante, no campo ceÂlular, concentrações essas que, por falta de terminologia adeÂquada no dicionário humano, baratearemos, quanto possÃvel, comparando-as aos moldes fabricados para o serviço de fundiÂção na oficina tipográfica.
Os cromossomos, estruturados em grÃmulos infinitesimais de natureza fisiopsicossomática, partilham do corpo fÃsico pelo núcleo da célula em que se mantêm e do corpo espiritual pelo citoplasma em que se implantam.
E como acontece aos moldes tipográficos, que são formaÂdos de linhas para que se lhes expresse o sentido, também eles são constituÃdos pelos elementos chamados genes, o que lhes dá, tanto quanto ocorre ao alfabeto humano, a caracterÃstica de imortalidade nas células que se renovam transmitindo à s sucesÂsoras as suas particulares disposições, nas mesmas circunstânÂcias em que, num texto tipográfico, as letras e os moldes podem viver, indefinidamente, no material destrutÃvel e renovável, por intermédio do qual se conservam e se exprimem na memória das gerações.
Com o tempo, diferenciam-se os cromossomos nas proÂvÃncias da evolução, segundo as espécies, como variam as criaÂções do pensamento impresso, de acordo com os moldes tipográficos nas esferas da cultura.
Os elementos germinativos são minuciosamente analisaÂdos e testados nas plantas, até que sofram transformações essenÂciais na quÃmica das algas verdes, de cuja compleição camiÂnham no rumo de mais amplos desdobramentos.
FILTROS DE TRANSFORMISMO — O princÃpio inteliÂgente é experimentado de modos múltiplos no laboratório da Natureza, constituindo-se-lhe, pouco a pouco, a organização fÃÂsico-espiritual, e traçando-se-lhe entre a Terra e o Céu a destiÂnação finalista.
Com o amparo dos Trabalhadores Divinos fixa em simesmo os selos vivos da reprodutividade, que se definem e aperfeiçoam no regaço dos milênios, deixando na retaguarda, como filtros de transformismo, não somente os reinos mineral e vegetal, institutos de recepção e expansão da onda criadora da vida, em seu fluxo incessante, como também certas classes de organismos outros que passariam a coexistir com os elementos em ascensão, qual acontece ainda hoje, quando observamos ao lado da inteligência humana, relativamente aprimorada, plantas e vermes que já existiam no pré-câmbrico inferior.
Os tecidos germinais sofrem, por milhares de anos, proÂvas continuadas para que se lhes possa aferir o valor e se lhes apure o adestramento.
Formas monstruosas aparecem e desaparecem, desde os anelÃdeos aos animais de grande porte, por séculos e séculos, até que as espécies conseguissem acomodação nos próprios tiÂpos.
Entre as que chegam à luz e as que se fundem nas somÂbras, traçam-se parentescos profundos.
Os cromossomos permanecem imorredouros, através dos centros genésicos de todos os seres, encarnados e desencarnaÂdos, plasmando alicerces preciosos aos estudos filogenéticos do futuro.
DESCENDÃNCIA E SELEÃÃO — à justo lembrar, no entanto, que os trabalhos gradativos da descendência e da seleÂção, que encontrariam em Lamarck e Darwin expositores dos mais valiosos, operavam-se em dois planos.
As crisálidas de consciência dos reinos inferiores, merguÂlhadas em campo vibratório diferente pelo fenômeno da morte, justapunham-se à s células renascentes que continuavam a servi-las, colhendo elementos de transmutação para a volta à esfera fÃsica, pela reencarnação compulsória, sob a orientação das InteligênÂcias Sublimes que nos sustentam a romagem, circunstância que nos compele a considerar que o transformismo das espécies, como também a constituição de espécies novas, em se ajustando a funções fisiológicas, expansão e herança, baseiam-se no mecaÂnismo e na quÃmica do núcleo e do citoplasma, em que as enerÂgias fisiopsicossomáticas se reúnem.
GENEALOGIA DO ESPÃRITO — Os naturalistas situaÂdos no chão do mundo, desde os sacerdotes egÃpcios, que estuÂdavam a origem da vida planetária em conchas fósseis, até os mais eminentes biólogos modernos, atreitos à unilateralidade de observação, compreensivelmente não conseguirão suprir as laÂcunas existentes no quadro da evolução, não obstante Cuvier, com a Anatomia Comparada, tenha traçado forma básica à sisteÂmática da Paleontologia.
Em verdade, porém, para não cairmos nas recapitulações Incessantes, em torno de apreciações e conclusões que a ciência do mundo tem repetido à saciedade, acrescentaremos simplesÂmente que as leis da reprodução animal, orientadas pelos InstruÂtores Divinos, desde o casulo ferruginoso do leptótrix, através da retração e expansão da energia nas ocorrências do nascimenÂto e morte da forma, recapitulam ainda hoje, na organização de qualquer veÃculo humano, na fase embriogênica, a evolução tiÂlogenética de todo o reino animal, demonstrando que além da ciência que estuda a gênese das formas, há também uma geneaÂlogia do espÃrito.
Com a Supervisão Celeste, o princÃpio inteliÂgente gastou, desde os vÃrus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos quinze milhões de séÂculos, a fim de que pudesse, como ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões de penÂsamento contÃnuo para os Espaços Cósmicos.
Pedro Leopoldo, 2/2/58.
7
Evolução e hereditariedade
PRINCÃPIO INTELIGENTE E HEREDITARIEDADE — Reportando-nos à lei da hereditariedade, é imperioso, de cerÂto modo, recordar a Geometria para simplificar-lhe os conceiÂtos.
Considerando a Geometria por ciência que estuda as proÂpriedades do espaço limitado, vamos encontrar a hereditariedaÂde como lei que define a vida, circunscrita à forma em que se externa.
Só a inteligência consegue traçar linhas inteligentes.
Em razão disso, e atendendo-se aos objetivos finalistas do Universo, não será possÃvel esquecer o Plano Divino, quando se trate de qualquer imersão mais profunda na GenéÂtica, ainda mesmo que isso repugne aos cultores da ciência materialista.
Como se estruturaram os cromatÃdeos nos cromossomos é problema que, de todo, por enquanto, nos escapa ao sentido, mas sabemos que os Arquitetos Espirituais, entrosados à SuperÂvisão Celeste, gastaram longos séculos preparando as células que serviriam de base ao reino vegetal, combinando nucleoproÂtemas a glúcides e a outros elementos primordiais, a fim de que se estabelecessem um nÃvel seguro de forças constantes, entre a bagagem do núcleo e do citoplasma.
Com semelhante realização, o princÃpio inteligente comeÂça a desenvolver-se do ponto de vista fisiopsicossomático.
Não apenas a forma fÃsica do futuro promete então reveÂlar-se, mas também a forma espiritual.
FATORES DA HEREDITARIEDADE — Na intimidaÂde dos corpúsculos simples que evoluiriam para a feição de máquinas microscópicas, formadas de protoplasma e para-plasma, fixam-se, vagarosamente, sob influenciação magnétiÂca, os fragmentos de cromatina, organizando-se os cromossomos em que seriam condensadas as fórmulas vitais da reproÂdução.
Processos múltiplos de divisão passam a ser experimentaÂdos.
A divisão direta ou a mitose é largamente usada para, em seguida, surgir a mitose ou divisão indireta, em que as alterações naturais da mônada celeste se refletem no núcleo, prenunciando sempre maiores transformações.
Lentamente, os cromossomos adquirem a sua apresentaÂção peculiar, em forma de ponto-alça-bastonete-bengala, e a evolução que lhes diz respeito na cariocinese, desde a prófase à telófase, merece a melhor atenção dos Construtores Divinos, que através do centro celular mantêm a junção das forças fÃsicas e espirituais, ponto esse em que se verifica o impulso mental, de natureza eletromagnética, pelo qual se opera o movimento dos cromossomos, na direção do equador para os pólos da célula, cunhando as leis da hereditariedade e da afinidade que se vão exercer, dispondo nos cromatÃdeos, em forma de granulações perfeitamente identificáveis entre o leptotênio e o paquitênio, os genes ou fatores da hereditariedade, que, no transcurso dos séÂculos, são fixados em número e valores diferentes para cada esÂpécie.
ARQUIVO DOS REFLEXOS CONDICIONADOS —Através dos estágios nascimento-experiência-morte-experiênÂcia-renascimento, nos planos fÃsico e extrafÃsico, as crisálidas de consciência, dentro do princÃpio de repetição, respiram sob o sol como seres autótrofos no reino vegetal, onde as células, nas espécies variadas em que se aglutinam, se reproduzem de modo absolutamente semelhante.
Nesse domÃnio, o princÃpio inteligente, servindo-se da heÂrança, e por intermédio das experiências infinitamente recapitu ladas, habilita-se à diferenciação nos flagelados, ascendendo progressivamente à diferenciação maior na escala animal, onde o corpo espiritual, à feição de protoforma humana, já oferece moldes mais complexos, diante das reações do sistema nervoso, eleito para sede dos instintos superiores, com a faculdade de arquivar reflexos condicionados.
CONSTRUÃÃO DO DESTINO — Sofrem as células transformações profundas, porque o elemento espiritual deve agora viver como ser alótrofo, somente conseguindo manter-se com o produto de matérias orgânicas já elaboradas.
Com a passagem do tempo, e sob a inspiração dos ArquiÂtetos Espirituais que lhe orientam a evolução da forma, avança na rota do progresso, plasmando implementos novos no veÃculo de expressão.
Entre a esfera terrena e a esfera espiritual, adquire os orÂgânulos particulares com que passa a atender variadas funções entre os protozoários, como sejam, os vacúolos pulsáteis para a sustentação do equilÃbrio osmótico e os vacúolos digestivos para o equilÃbrio da nutrição.
Nos metazoários, conquista um carro fisiológico, estruÂturado em aparelhos e sistemas constituÃdos de órgãos, que, a seu turno, são formados de tecidos, compostos por células em complicado regime de diferenciação e, passando por lonÂgas e porfiadas metamorfoses, atinge o reino hominal, em que os gametas se erigem, especializados e seguros, no apaÂrelho de reprodução, com elementos e recursos caracterÃstiÂcos para o homem e para a mulher, no imo do centro genésico, entre os aparelhos de metabolismo e os sistemas de relaÂção.
No ato da fecundação, reúnem-se os pronúcleos masculiÂno e feminino, mesclando as unidades cromossômicas paternas e maternas, a fim de que o organismo, obedecendo à repetição na lei da hereditariedade, se desenvolva, dentro dos caracteres genéticos de que descende; mas agora, no reino humano, o EsÂpÃrito, entregue ao comando da própria vontade, determina com a simples presença ou influência, no campo materno, os mais complexos fenômenos endomitóticos no interior do ovo, edifiÂcando as bases de seu próprio destino, no estágio da exisÂtência cujo inÃcio o berço assinala.
ÂHEREDITARIEDADE E AFINIDADE — Nas épocas remotas, os Semeadores Divinos guiavam a elaboração das forÂmas, traçando diretrizes ao mundo celular, em favor do princÃpio inteligente, então conduzido ante a sociedade espiritual como a criança irresponsável ante a sociedade humana; todavia, à medida que se lhe alteia o conhecimento, passa a responsabiliÂzar-se por si mesmo, pavimentando o caminho que o investirá na posse da Herança Celestial no regaço da Consciência CósmiÂca.
Com alicerces na hereditariedade, toma a forma fÃsica e se desvencilha dela, para retomá-la em nova reencarnação capaz de elevar-lhe o nÃvel cultural ou moral, quando não seja para reÂfazer tarefas que deixou viciadas ou esquecidas na retaguarda.
Contudo, ligado inevitavelmente aos princÃpios de seÂqüência, é compelido a renascer na Terra, ou a viver além da morte, com raras exceções, entre os seus próprios semelhantes, porqüanto hereditariedade e afinidade no plano fÃsico e no plano extrafÃsico, respectivamente, são leis inelutáveis, sob as quais a alma se diferencia para a Esfera Superior, por sua própria escoÂlha, aprendendo com larga soma de esforço a reger-se pelo bem invariável, que, em lhe assegurando equilÃbrio, também lhe conÂfere poder sobre os fatores circunstanciais do próprio ambiente, a fim de criar valores mais nobres para os seus impulsos de perÂfeição.
GEOMETRIA TRANSCENDENTE — Chegada a essa eminência, a criatura submete-se à lei da hereditariedade, com o direito de alterar-lhe as disposições fundamentais até ponto não distante do limite justo, segundo o merecimento de que dispoÂnha. Para ajudar aos semelhantes na escalada a mais ampla aquisições na senda evolutiva, recolhe, assim, concurso precioÂso dos Organizadores do Progresso, na mitose do ovo que lhe facultará novo corpo no mundo, de vez que toda permuta de cromossomos, no vaso uterino, está invariavelmente presidida por agentes magnéticos ordinários ou extraordinários, conforme o tipo da existência que se faz ou refaz, com as chaves da hereÂditariedade atendendo aos seus fins.
Eis por que, interpretando os cromossomos à guisa de caÂracteres em que a mente inscreve, nos corpúsculos celulares que a servem, as disposições e os significados dos seus próprios destinos, caracteres que são constituÃdos pelos genes, como as linhas são formadas de pontos, genes aos quais se mesclam os elementos chamados bióforos, e tomando os bióforos, nesses pontos, como sendo os grânulos de tinta que os cobrem, será lÃÂcito comparar os princÃpios germinativos, nos domÃnios inferioÂres, aos traços da Geometria elementar, que apenas cogita de linhas e figuras simples da evolução, para encontrar, nesses mesÂmos princÃpios, nos domÃnios superiores da alma, a Geometria transcendente, aplicada aos cálculos diferenciais e integrais das questões de causa e efeito.
HEREDITARIEDADE E CONDUTA — Portanto, como é fácil de sentir e apreender, o corpo herda naturalmente do corÂpo, segundo as disposições da mente que se ajusta a outras mentes, nos circuitos da afinidade, cabendo, pois, ao homem resÂponsável reconhecer que a hereditariedade relativa mas compulÂsória lhe talhará o corpo fÃsico de que necessita em determinada encarnação, não lhe sendo possÃvel alterar o plano de serviço que mereceu ou de que foi incumbido, segundo as suas aquisiÂções e necessidades, mas pode, pela própria conduta feliz ou inÂfeliz, acentuar ou esbater a coloração dos programas que lhe inÂdicam a rota, através dos bióforos ou unidades de força psicosÂsomática que atuam no citoplasma, projetando sobre as células e, conseqüentemente, sobre o corpo os estados da mente, que estará enobrecendo ou agravando a própria situação, de acordo com a sua escolha do bem ou do mal.
Uberaba, 5/2/58.
8
Evolução e metabolismo
SUPRIMENTOS DA VIDA — Observamos a chegada dos princÃpios inteligentes no mundo e a sua respectiva expanÂsão, assim como um exército que, para atender à s próprias neÂcessidades, organiza, de inÃcio, a precisa cobertura de suprimenÂtos. Primeiro, as bactérias lavrando o solo para que as plantas proliferassem, criando atmosfera adequada ao reino animal. DeÂpois das plantas, aparecem os animais, gerando recursos orgâniÂcos para que o instinto pudesse expandir-se no rumo da inteliÂgência. E, em seguida ao animal, surge o homem, plasmando os valores definitivos da inteligência, para que a Humanidade se concretize a caminho da angelitude.
FASES PROGRESSIVAS DO METABOLISMO — Em todos os reinos da Natureza, o elemento espiritual aprende a nuÂtrir-se e preservar-se.
Por milhares de séculos, repete as operações da fotossÃnÂtese ou assimilação clorofiliana no império verde, pela qual consome energia luminosa e elabora matérias orgânicas, desÂprendendo o oxigênio indispensável à constituição do ar atmosÂférico, e recapitula as operações da quimiossÃntese, em formas autótrofas, como sejam certas classes de bactérias, que se utiliÂzam de energia quÃmica para viver, através da oxidação de comÂpostos minerais.
Gradativamente, no domÃnio vegetal, assimila os mecaÂnismos mais Ãntimos da respiração, absorvendo o oxigênio e eliminando o gás carbônico pelos estômatos e pneumatódios, cutÃÂcula e lenticelas, de modo a conduzir o oxigênio sobre as matéÂrias orgânicas para a formação dos produtos de desassimilação e projeção de energia.
E, lentamente, em meio desprovido de matérias orgânicas, qual acontece com as nitrobactérias, as sulfobactérias, as ferro-bactérias, etc., aprende também a oxidar respectivamente o amonÃaco ou os nitritos, o ácido sulfÃdrico, o óxido ferroso.
Em semelhantes atividades, infinitamente repetidas, habiÂlita-se ao ingresso no reino animal, onde, em estágios evolutiÂvos mais nobres, se matriculará na técnica da elaboração autoÂmática dos catalisadores quÃmicos, com a faculdade de tranÂsubstanciar matérias orgânicas complexas em recursos assimiláÂveis.
Milênios transcorrem para que então consiga adestrar-se nas diástases diversas, como sejam as proteases e as zÃmases, entre os fermentos hidrolisantes e decomponentes.
A crisálida de consciência inicia-se, dessa forma, na fabriÂcação de prótides, glúcides, lÃpides e outros meios de nutrição, aprendendo igualmente a emitir hormônios de crescimento e viÂtaminas diversas no ciclo das plantas.
Não apenas tecidos e órgãos do corpo fÃsico se esboçam nas formas rudimentares da Natureza, mas também os centros vitais do corpo espiritual, que, obedecendo aos impulsos da mente, se organizam em moldes seguros, com a capacidade de assimilar as partÃculas multifárias da vitalidade cósmica, oriunÂdas das fontes vivas de força que alimentam o Universo.
EXCITAÃÃES QUÃMICAS — Governando as células fÃÂsicas, os agentes de natureza espiritual se evidenciam em todos os processos de nutrição, motivando as chamadas excitações quÃmicas, também classificáveis por quimiotactismo eletromagÂnético.
O princÃpio inteligente, tocado por múltiplos estÃmulos, sob o império de atrações e repulsões, haure elementos quimioÂtácticos eletromagnéticos no laboratório das forças universais, através da respiração, para conservar-se e defender-se, preserÂvando os valores de reprodução e sustentação.
à assim que as células masculinas dos fetos são atraÃdas pelo ácido málico, enquanto as bactérias se movimentam obedeÂcendo também a estÃmulos de ordem quÃmica.
Os óvulos de certos peixes e quinodermos, entre estes o ouriço-do-mar, sem a presença da fêmea que os deita têm o poÂder de atrair os espermatozóides separados da mesma espécie, demonstrando que arrojam de si mesmos substância especÃfica na perpetuação que lhes é própria.
Entre os animais, as células da reprodução segregam substâncias particulares com que se procuram mutuamente, evoluindo o veÃculo psicossomático para mais altos nÃveis de consciência sobre as mais amplas formas de quimiotropismo constante, em bases de excitações exógenas e endógenas.
ADMINISTRAÃÃO DO METABOLISMO — LaboranÂdo pacientemente nos séculos e alcançando a civilização eleÂmentar do paleolÃtico, a mente humana controla então, quase que plenamente, o corpo que se exprime, formado sob a tutela e o auxÃlio incessante dos Construtores Espirituais, passando a administrar as ocorrências do metabolismo, em sua organização e adaptação, através da coordenação de seus próprios impulsos sobre os elementos albuminóides do citoplasma, em que as forÂças fÃsicas e espirituais se jungem no campo da experiência terÂrestre.
Os sistemas enzimáticos revelam-se definidos e as glânÂdulas de secreção interna fabricam variados produtos, refletindo o trabalho dos centros vitais da alma.
Hormônios e para-hormônios, fermentos e co-fermentos, vitaminas e outros controladores quÃmicos, tanto quanto precioÂsas reservas nutritivas eqüacionam os problemas orgânicos, harÂmonizando-se em produção e nÃveis precisos, na quota de deterÂminados percentuais, conforme as ordens instintivas da mente.
Todos os serviços da provÃncia biológica, inclusive as emoções mais Ãntimas, são sustentados por semelhantes recurÂsos, constantemente lançados pelo próprio EspÃrito no cosmo de energia dinâmica em que se manifesta.
Experiências valiosas, efetuadas com pleno êxito, comÂprovaram que a própria miosina ou sistema albuminóide da conÂtração muscular detém consigo as qualidades de um fermento, a adenosinatrifosfatase, responsável pela catálise da reação quà mica fundamental que exonera a energia indispensável ao refaÂzimento das parti culas miosÃnicas dos tecidos musculares.
ACUMULAÃÃES DE ENERGIA ESPIRITUAL — Pôr intermédio dos mitocôndrios, que podem ser considerados acuÂmulações de energia espiritual, em forma de grânulos, asseguÂrando a atividade celular, a mente transmite ao carro fÃsico a que se ajusta, durante a encarnação, todos os seus estados feliÂzes ou infelizes, equilibrando ou conturbando o ciclo de causa e efeito das forças por ela própria libertadas nos processos endoÂtêrmicos, mantenedores da biossÃntese.
Nessa base, dispomos largamente dos anticorpos e dos múltiplos agentes ununológicos cunhados pela governança do EspÃrito, em favor da preservação do corpo, de acordo com as multimilenárias experiências adquiridas por ele mesmo, na lenta e laboriosa viagem a que foi constrangido nas faixas inferiores da Natureza.
Da mesma sorte, possuÃmos, funcionando automaticamente, a secretina, a tiroxina, a adrenalina, a luteÃna, a insulina, a foliÂculina, os hormônios gonadotrópicos e unidades outras, entre as secreções internas, à guisa de aceleradores e excitantes, moderaÂdores e reatores, transformadores e calmantes das atividades quÃmicas nos vários departamentos de trabalho em que se subdiÂvide o Estado Fisiológico.
IMPULSOS DETERMINANTES DA MENTE — Sobre os mesmos alicerces referidos, surpreendemos, ainda, as enziÂmas numerosas, como a pepsina, isolada por Northrop, e a cataÂlase definida por von Euler, tanto quanto outras muitas, que a ciência terrestre, gradualmente, saberá descobrir, estudar, fixar e manobrar, com vistas à manutenção e defesa da saúde fÃsiÂca e da integridade mental do homem, no quadro de mereciÂmentos da Humanidade, de vez que todos os estados especiais do mundo orgânico, inclusive o da renovação permanente das células, a prostração do sono, a paixão artÃstica, o êxtase religioÂso e os transes mediúnicos são acalentados nos circuitos celulaÂres por fermentações sutis, aà nascidas através de impulsos deÂterminantes da mente, por ela convertidos, nos órgãos, em subsÂtâncias magnetoeletroquÃmicas, arremessadas de um tecido a outro, guardando a faculdade de interferir bruscamente nas propriedades moléculas ou de catalisar as reações desse ou daÂquele tipo, destinadas a garantir a ordem e a segurança da vida, na urdidura das ações biológicas.
Em identidade de circunstâncias nos traumas cerebrais da cólera e do colapso nervoso, da epilepsia e da esquizofrenia, como em tantas outras condições anômalas da personalidade, vamos encontrar essas mesmas fermentações no campo das céÂlulas, mas em caráter de energias degeneradas, que corresponÂdem à s turvações mentais que as provocam.
METABOLISMO DO CORPO E DA ALMA — O metaÂbolismo Subordina-se desse modo, à direção espiritual, tanto mais intensa e exatamente, quanto maior a quota de responsabilidade do ser pelo conhecimento e discernimento de que dispoÂnha, e, em plena floração da inteligência, podemos identificá-lo não apenas no embate das forças orgânicas, mas também no doÂmÃnio da alma, porqüanto raciocÃnio organizado é pensamento dinâmico e, com o pensamento consciente e vivo, o homem arÂroja de si mesmo forças criadoras e renovadoras, forjando, desÂse modo, na matéria, no espaço e no tempo, os meandros de seu próprio destino.
Pedro Leopoldo, 9/2/58.
9
Evolução e cérebro
FORMAÃÃO DO MUNDO CEREBRAL — No regaço do tempo, os Arquitetos Divinos auxiliam a consciencia fragÂmentária na construção do cérebro, o maravilhoso ninho da mente, necessitada de mais ampla exteriorização.
A massa de células nervosas que precede a formação do mundo cerebral, nos invertebrados, dá lugar à invaginação do ectoderma nos vertebrados, constituindo-se, lentamente, a vesÃÂcula anterior ou prosencéfalo, a vesÃcula média ou mesencéfalo e a vesÃcula posterior ou rombencéfalo.
Nos peixes, os hemisférios cerebrais mostram-se ainda muito reduzidos, nos anfÃbios denotam desenvolvinento encoÂrajador e nos répteis avançam em progresso mais vasto, confiÂgurando já, com alguma perfeição, o aqueduto de Sylvius, apriÂmorando-se, com mais segurança, em semelhante fase, na forma espiritual, o centro coronário do psicossoma futuro, a refletir-se na glândula pineal, já razoavelmente plasmada em alguns lacerÂtÃdeos, qual o rincocéfalo da Nova Zelândia, em que a epÃfise embrionária se prolonga até à região parietal, aà assumindo a feição de um olho com implementos caracterÃsticos.
Zoólogos respeitáveis consideram o mencionado aparelho como sendo um globo ocular abandonado pela Natureza; contuÂdo, é aà que a epÃfise começa a consolidar-se, por fulcro energético de sensações sutis para a tradução e seleção dos estados mentais diversos, nos mecanismos da reflexão e do pensamento, da meditação e do discernimento, prenunciando as operações da mediunidade, consciente ou inconsciente, pelas quais EspÃritos encarnados e desencarnados se consorciam, uns com os outros, na mesma faixa de vibrações, para as grandes criações da CiênÂcia e da Religião, da Cultura e da Arte, na jornada ascensional para Deus, quando não seja nas associações psÃquicas de espéÂcie inferior ou de natureza vulgar, em que as almas prisioneiras da provação ou da sombra se retratam reciprocamente.
GIRENCEFALIA E LISSENCEFALIA — Prossegue o crescimento dos hemisférios cerebrais nas aves, com significatiÂvas porções cerebelares, para encontrarmos, nos mamÃferos, o encéfalo com apreciáveis dotações, apresentando circunvoluções nos girencéfalos e aumento expressivo na área do córtex.
Quanto mais se verticaliza a escalada, mais se reduz a percentagem volumétrica do cerebelo, enquanto que os hemisféÂrios cerebrais se dilatam; contudo, é preciso destacar que esse fenômeno de progressão, fundamentalmente, não se relaciona com a inteligência e nem esta é, a rigor, proporcional ao número de circunvoluções cerebrais, tanto que mamÃferos, quais o coeÂlho, o canguru, o ornitorrinco e até mesmo certos primatas, posÂsuem cérebro lissencéfalo ou sem circunvoluções.
A girencefalia e a lissencefalia obedecem a tipificações traçadas pelos Orientadores Maiores, no extenso domÃnio dos vertebrados, preparando o cérebro humano com a estratificação de lentas e múltiplas experiências sobre a vasta classe dos seres vivos.
A maneira de crianças tenras, internadas em jardim-de-inÂrancia para aprendizados rudimentares, animais nobres desenÂcarnados, a se destacarem dos núcleos de evolução fisiopsÃquica em que se agrupam por simbiose, acolhem a intervenção de insÂtrutores celestes, em regiões especiais, exercitando os centros nervosos.
FATOR DE FIXAÃÃO — Os neurônios nascem e se reÂnovam, milhões de vezes, no plano fÃsico e no plano extrafÃsico, na estruturação de cérebros experimentais, com mais vivos e mais amplos ingredientes do corpo espiritual, quando em funÂção nos tecidos fÃsicos, até que se ergam em unidades morfolóÂgicas definitivas do sistema nervoso.
Demonstrando formação especialÃssima, porqüanto reproÂduz mais profundamente a tessitura das células psicossomáticas, o neurônio é toda uma usina microscópica, constituÃdo-se de um corpo celular com prolongamentos, apresentando o núcleo escassa cromatina e um nucléolo
Acha-se o núcleo cercado de protoplasnia em que há miÂtocôndrios neurofibrilas, aparelho de Golgi, melanina abundanÂte e um pigmento ocre, estreitamente relacionado com o corpo espiritual, de função muito importante na vida do pensamento, aumentando consideravelmente na madureza e na velhice das criaturas, além de uma substância, invisÃvel na célula em ativiÂdade, a espalhar-se no citoplasma e nos dendritos fácilmente reconhecÃvel por intermédio de corantes básicos, quando a céÂlula se encontra devidamente fixada; essa substância — a expresÂsar-se nos chamados corpúsculos de Nissi, que podem sofrer a Cromatólise — representa alimento psÃquico, haurindo pelo corpo espiritual no laboratório da vida cósmica, através da respiração, durante o repouso fÃsico para a restauração das células fatigadas e insubstituÃveis
Opigmento ocre que a ciência humana observa, sem maiores definições é conhecido no Mundo Espiritual como faÂtor de fixação, como que a encerrar a mente em si mesma, quando esta se distancia do movimento renovador em que a vida se exprime e avança, adensando-se ou rarefazendo-se ele, nos cÃrculos humanos, conforme a atitude mental do EspÃrito na quota de tempo em que se lhe perdure a existência carnal.
REFLEXOS-TIPOS — Estabelecidos os centros nervosos, em que se entrosam as forças fisiopsicossomáticas os refleÂxos-tipos são organizadas no reino animal, fixando-se o reflexo de flexão, que consta da flexão de um membro atacado na suÂperfÃcie por estÃmulos de variadas origens, o reflexo fásico que interessa a defesa própria na remoção de estÃmulos perniciosos o reflexo miotático a evidenciarse na contração de um músculo quando responde à extensão de suas fibras, os reflexos posturais diversos e os múltiplos reflexos segmentares e intersegmentares, com os arcos que lhes são caracterÃsticos, tanto na parte afeÂrente como na eferente, preparando-se o veÃculo fisiopsicossomático do porvir em suas reações nervosas fundamentais.
Através deles, O encéfalo, conservando consigo o centro coronário e o centro cerebral, registra excitações inúmeras, para que as faculdades de percepção e seleção, atenção e escolha se consolidem.
FORMAÃÃO DOS SENTIDOS — No corpo dos animais superiores, obra-prima de supervisão e construção dos ArquiteÂtos do EspÃrito, no transcurso dos séculos, a consciência fragmentária acrisola, então, os sentidos.
Findo longo perÃodo de trabalho, afirma-se o tato, por sentido cutâneo essencial, a espraiar-se por toda a pele. Esta se converte em superfÃcie receptora, com variadas terminações nervosas que se salientam por extrema complexidade, desde as arborizações simples até os corpúsculos especializados que se localizam dentro da derme, utilizando células especiais, em coÂmunicação incessante com o cérebro, para que as sensações táÂteis constantes possam defender os patrimônios da vida.
Adestrada a atenção, o animal na esfera fÃsica e na esfera extrafÃsica elabora, por atividades reflexas, várias substâncias que lhe excitam os centros receptivos, definindo os chamados sentidos quÃmicos, a culminarem no olfato e no gosto.
No epitélio olfatório, as células basais, as de sustentação e as olfativas, sobre as glândulas de Bowman, que se encarregam de fornecer o muco necessário à discriminação dos elementos odorÃferos, operam a seleção das propriedades aromáticas das substâncias, e, no dorso da lÃngua, na epiglote, na face posterior da faringe como no véu do paladar, os corpúsculos gustativos, guardando as células epiteliais de sustentação e as células gustaÂtivas, associados à s pequenas glândulas salivares, fazem o reÂgistro das substâncias destinadas à nutrição.
VISÃO E AUDIÃÃO — O sentido da vista, admiravelÂmente fixado, passa a permitir a constituição das imagens dos objetos na retina, segundo um sistema dióptrico particular, aperfeiçoando-se as células receptoras da luz, cujo impulso nervoso alcança as vias ópticas, transportando as imagens captadas até à profundez do cérebro, onde a mente incorpora as interpretações que lhe são próprias e analisa-as, plasmando observações para o arquivo da memória e da experiência.
E a audição, alicerçando-se em órgão complexo, consoliÂda-se no ouvido interno (protegido pelo ouvido externo e pelo ouvido médio), em que o tubo coclear, a dividir-se em três compartimentos, vai encontrar as células evoluÃdas dos órgãos de Corti e as fibras nervosas do acústico encarregadas de transmitir as vibrações sonoras que atingem o ouvido médio, em estÃmulos nervosos, a saÃrem através do nervo auditivo na direção da menÂte, que realiza a seleção dos valores atinentes à s sensações de tom, intensidade e timbre, estabelecendo, em seu próprio favor, vasta rede de reflexos condicionados com expressão decisiva em seu desenvolvimento.
Sob a orientação das Inteligências Sublimes, cada sentido se instala em organização especial, formada de vários aparelhos e implementos. Também o cérebro integral se organiza em lóÂbos diversos, com vasta margem de recursos para o futuro, quando a alma então nascente, em atividade instintiva na consÂtrução de seu próprio veÃculo, se erigirá em consciência desperÂta com capacidade de utilizar as vantagens potenciais que a DiÂvina Sabedoria lhe oferta.
MICROCOSMO PRODIGIOSO — Com o tempo, a DiÂreção Espiritual da Vida consegue, enfim, organizar, com mais eficiência, o sistema nervoso autônomo, regulando e coordenando as funções das vÃsceras.
Estruturam-se desse modo, primorosamente, a inervação visceral aferente e eferente e os centros coordenadores, os sisteÂmas simpático e parassimpático e as fibras pré e pós-ganglionares de Langley, com os neurônios a edificarem vias eletromagÂnéticas de comunicação entre o governo espiritual e as provÃnÂcias orgânicas.
Em todos os ângulos do cérebro, esse microcosmo prodigioso, células especiais permanecem sob o controle do espÃrito, assimilando - um os desejos e executando-lhe as ordens no autoÂmatismo que a evolução lhe confere.
Desde o grupo tectobulbar das fibras prê-ganglionares, saindo com os pares cranianos, tecidas com neurônios no meÂsencéfalo, protuberância e bulbo e incluindo os núcleos supra-ópticos, paraventriculares e a parede anterior do infundÃbulo, até o grupo sacro, com neurônios localizados na medula sacra, nervos especiais funcionam como estações emissoras e receptoras, maÂnipulando a energia mental, projetada ou recolhida pela mente, em ação constante, nos domÃnios da sensação e da idéia, em coÂnexões e trajetos que a ciência do homem mal começa a perceber, atuando nos demais centros do corpo espiritual e nas zonas fisiológicas que os configuram no veÃculo somático, através de circuitos reflexos.
No diencéfalo, campo essencialmente sensitivo e vegetaÂtivo, parte das mais primitivas do sistema nervoso central, o centro coronário, por fulcro luminoso, entrosa-Se com o centro cerebral, a exprimir-se no córtex e em todos os mecaniSmos do mundo cerebral, e, dessa junção de forças, o espÃrito encontra no cérebro o gabinete de comando das energias que o servem, como aparelho de expressão dos seus sentimentos e pensamenÂtos, com os quais, no regime de responsabilidade e de auto-esÂcolha, plasmará, no espaço e no tempo, o seu próprio caminho de ascensão para Deus.
Uberaba, 12/2/58.Â
10
Palavra e responsabilidade
LINGUAGEM ANIMAL — Aperfeiçoando as engrenaÂgens do cérebro, o princÃpio inteligente sentiu a necessidade de comunicação com os semelhantes e, para isso, a linguagem surgiu entre os animais, sob o patrocÃnio dos Gênios VenerAveis que nos presidem a existência.
De inÃcio, o fonema e a mÃmica foram os processos indisÂpensáveis ao intercâmbio de impressões ou para o serviço de defesa, como, por exemplo, o silvo de vários répteis, o coaxar dos batráquios, as manifestações sonoras das aves e o mimetisÂmo de alguns insetos e vertebrados, a se modificarem subitaÂmente de cor, preservando-se contra o perigo.
Contudo, à medida que se lhe acentuava a evolução, a consciência fragmentária investia-se na posse de mais amplos recursos.
Olobo grita pelos companheiros na sombra noturna, o gato encolerizado mostra fúria caracterÃstica, miando raivosamente, o cavalo relincha de maneira particular, expressando aleÂgria ou contrariedade, a galinha emite inteijeições adequadas para anunciar a postura, acomodar a prole, alimentar os pintiÂnhos ou rogar socorro quando assustada, e o cão é quase humaÂno, em seus gestos de contentamento e em seus ganidos de dor.
INTERVENÃÃES ESPIRiTUAIS — à assim que, atinÂgindo os alicerces da Humanidade, o corpo espiritual do homem infraprimitivo demora-se longo tempo em regiões espaciais próprias, sob a assistência dos Instrutores do EspÃrito, recebendo intervenções sutis nos petrechos da fonação para que a palavra articulada pudesse assinalar novo ciclo de progresso.
O laringe, situado acima da traquéia e adiante da faringe, consubstanciado num esqueleto cartilaginoso, urdido em fibras e ligamentos, com uma seleta de pequenos músculos, sofre, nas mãos sábias dos Condutores Espirituais, à maneira de um órgão precioso entre os dedos de cirurgiões exÃmios no serviço de plástica, delicadas operações no curso dos séculos, para que os músculos mencionados se façam simétricos e para que se vincuÂlem, tão destros quanto possÃvel, à produção fisiológica da voz.
Em sua contextura interna aglutina-se uma mucosa ciliada que se destina ao trabalho de lançamento do som e que verte peÂlos estreitamentos, transformando-se em pavimentosa-estratifiÂcada na borda livre das cordas vocais verdadeiras.
Fora da ação das cordas vocais, o laringe revela no pescoÂço movimentos de ascensão e descensão, elevando-se na expiraÂção e na deglutição e baixando na inspiração, na sucção e no bocejar, salientando-se no corpo qual perfeito instrumento de efeitos musicais.
MECANISMO DA PALAVRA — Com o extremo cariÂnho de vagarosa confecção, os Técnicos da Espiritualidade SuÂperior compõem a cartilagem situada em plano inferior, a cricóide, que representa um anel modificado da traquéia, sustenÂtando uma placa na parte posterior, sobre a qual, no bordo supeÂrior e de ambos os lados da linha média, se apóiam as duas ariÂtenóides, que se permitem, assim, a conjunção ou o afastamento entre si. Cada uma possui na base uma apófise: a interna, vocal, em que está inserida a parte posterior da corda vocal verdadeira do mesmo lado, e a outra, que é externa, muscular. Com a mesÂma habilidade, os Técnicos tecem a cartilagem localizada na reÂgião anterior ou cartilagem tireóide, a destacar-se sob a pele no chamado Pomo-de-Adão, em suas lâminas verticais que se conÂjugam na linha mediana, traçando um ângulo diedro que se volÂta para a retaguarda e onde se fixam as cordas vocais verdadeiÂras, cartilagem essa que, por baixo, se une com o anel da cricóiÂde, e, por cima, com o osso hióide, através de membranas e liÂgamentos, o qual fornece apoio para a implantação do laringe.
Acima das cordas vocais verdadeiras, surgem as cordas vocais falsas a limitarem com a parede os ventrÃculos laterais de Morgagni.
Todos os músculos que garantem o movimento das corÂdas são pares, exceto o ari-aritenóideo, assegurando as funções da glote vocal e formando, com avançado primor de previsão e eficiência, a abóbada de precioso condicionamento, onde a presÂsão do ar pode fazer-se com segurança para separar as cordas vocais em serviço.
LINGUAGEM CONVENCIONAL — Aprende então o homem, com o amparo dos Sábios Tutores que o inspiram, a constituição mecânica das palavras, provindo da mente a força com que aciona os implementos da voz, gerando vibrações nos músculos torácicos, incluindo os pulmões e a traquéia como num fole, e fazendo ressoar o som no laringe e na boca, que exÂprimem também cavidades supraglóticas, para a criação, enfim, da linguagem convencional, com que reforça a linguagem mÃÂmica e primitiva, por ele adquirida na longa viagem através do reino animal.
A esse modo natural de exprimir-se por gestos e atitudes silenciosos, em que derrama as suas forças acumuladas de afetiÂvidade e satisfação, desagrado ou rancor, em descargas fluÃdico-eletromagnéticas de natureza construtiva ou destrutiva, superpõe a criatura humana os valores do verbo articulado, com que acrisoÂla as manifestações mais Ãntimas, habilitando-se a recolher, por intermédio de sinalética especial na escala dos sons, a experiênÂcia dos irmãos que caminham na vanguarda e aprendendo a educar-se para merecer esse tipo de assistência que lhe outorgaÂrá o estado de alegria maior, ante as perspectivas da cultura com que a vida lhe responde à s indagações.
PENSAMENTO CONTÃNUO — Com o exercÃcio incesÂsante e fácil da palavra, a energia mental do homem primitivo encontra insopitável desenvolvimento, por adquirir gradativaÂmente a mobilidade e a elasticidade imprescindÃveis à expansão do pensamento que, então paulatinamente, se dilata, estabeleÂcendo no mundo tribal todo um oceano de energia sutil, em que as consciências encarnadas e desencarnadas se refletem, sem diÂficuldade, umas à s outras.
Valendo-se dessa instituição de permuta constante, as In teligências Divinas dosam os recursos da influência e da sugesÂtão e convidam o EspÃrito terrestre ao justo despertamento na responsabilidade com que lhe cabe conduzir a própria jornada...
Pela compreensão progressiva entre as criaturas, por inÂtermédio da palavra que assegura o pronto intercâmbio, fundaÂmenta-se no cérebro o pensamento contÃnuo e, por semelhante maravilha da alma, as idéias-relâmpagos ou as idéias-fragmenÂtos da crisálida de consciência, no reino animal, se transformam em conceitos e inquirições, traduzindo desejos e idéias de alenÂtada substância Ãntima.
Começando a fixar o pensamento em si mesmo, fatiganÂdo-se para concatená-lo e exprimi-lo, confiou-se o homem a novo tipo de repouso — a meditação compulsória, ante os proÂblemas da própria vida —, passando a exteriorizar, inconscienÂtemente, as próprias idéias e, com isso, a desprender-se do carro denso de carne, desligando as células de seu corpo espiritual das células fÃsicas, durante o sono comum, para receber, em atitude passiva ou de curta movimentação, junto do próprio corpo adorÂmecido, a visita dos Benfeitores Espirituais que o instruem soÂbre as questões morais.
O continuÃsmo da idéia consciente acende a luz da memóÂria sobre o pedestal do automatismo.
LUTA EVOLUTIVA — Entre a alma que pergunta, a existência que se expande, a ansiedade que se agrava e o EspÃriÂto que responde ao EspÃrito, no campo da intuição pura, esboça-se imensa luta.
O homem que lascava a pedra e que se escondia na furna, escravizando os elementos com a violência da fera e matando indiscriminadamente para viver, instado pelos Instrutores AmiÂgos que lhe amparam a senda, passou a indagar sobre a causa das coisas... Constrangido a aceitar os princÃpios de renovação e progresso, refugia-se no amor-egoÃsmo, na intimidade da prole, que lhe entretém o campo Ãntimo, ajudando-o a pensar.
Observa-se tocado por estranha metamorfose.
Vê, instintivamente, que não mais se poderia guiar pela excitabilidade dos seus tecidos orgânicos ou pelos apetites fuÂriosos herdados dos animais...
Desligado lentamente dos laços mais fortes que o prenÂdiam à s Inteligências Divinas, a lhe tutelarem o desenvolvimen to, para que se lhe afirmem as diretrizes próprias, sente-se soziÂnho, esmagado pela grandeza do Universo.
A idéia moral da vida começa a ocupar-lhe o crânio.
O Sol propicia-lhe a concepção de um Criador, oculto no seio invisÃvel da Natureza, e a noite povoa-lhe a alma de Visões nebulosas e pesadelos imaginários, dando-lhe a idéia do combaÂte incessante em que a treva e a luz se digladiam.
Abraça os filhinhos com enternecimento feroz, buscando a solidariedade possÃvel dos semelhantes na selva que o desafia.
Mentaliza a constituição da famÃlia e padece na defesa do lar.
Os porquês a lhe nascerem fragmentários, no Ãntimo, inÂsuflam-lhe aflição e temor.
Percebe que não mais pode obedecer cegamente aos imÂpulsos da Natureza, ao modo dos animais que lhe comungam a paisagem, mas sim que lhe cabe agora o dever de superar-lhes os mecanismos, como quem ve no mundo em que vive a própria moradia, cuja ordem lhe requisita apoio e cooperação.
NASCIMENTO DA RESPONSABILIDADE — A idéia de Deus iniciando a religião, a indagação prenunciando a FiloÂsofia, a experimentação anunciando a Ciência, o instinto de solidariedade prefigurando o amor puro, e a sede de conforto e beÂleza inspirando o nascimento das indústrias e das artes, eram pensamentos nebulosos torturando-lhe a cabeça e inflamando-Âlhe o Sentimento.
Nesse concerto de forças, a morte passou a impor-lhe anÂgustiosas perquiriçoes e, enterrando os seus entes amados em sepulcros de pedra, o homem rude, a iniciar-se na evolução de natureza moral, perdido na desértica vastidão do paleolÃtico, aprendeu a chorar, amando e perguntando para ajustar-se à s Leis Divinas a se lhe esculpirem na face imortal e invisÃvel da própria COnSciência.
Foi, então, que, em se reconhecendo Ãnfimo e frágil diante da vida, compreendeu que, perante Deus, seu Criador e seu Pai, estava entregue a si mesmo.
O PrincÃpio da responsabilidade havia nascido.
Pedro Leopoldo, 16/2/58.
11
Existência da alma
EVOLUÃÃO MORFOLÃGICA E MORAL — A evoluÂção morfológica prosseguiu, emparelhando-se com a evolução moral.
O crânio avançou, com vagar, no rumo de aprimoramento maior, os braços refinavam-se, as mãos adquiriam excelência táctil não sonhada, e os sentidos, todos eles, progrediam em acrisolamento e percepção.
Todavia, com o advento da responsabilidade que o sepaÂrara da orientação direta dos Benfeitores da Vida Maior, entreÂgou-se o homem a múltiplos tentames de progresso no campo do espÃrito.
No regime interior de livre indagação, conferia asas audaÂciosas ao pensamento, e, com isso, mais se lhe acentuava o poÂder de imaginar, facilitando-se-lhe a mentalização e o desprenÂdimento do corpo espiritual, cujas células em conexão com as células do corpo fÃsico se automatizavam assim, na emancipaÂção parcial, através do sono, para acesso da alma a ensinamenÂtos de estrutura superior.
Guarda a criatura humana, então, consigo, na tessitura dos próprios órgãos, a herança dos milhões de estágios diferentes, os reinos inferiores, e, no fundo, sente-se inclinada a viver no plano dos outros mamÃferos que lhe respiram a vizinhança, com o instinto absoluto dominando sem restrições; no entanto, com a evolução irreversÃvel, o amor agigantou-se-lhe no ser, sugerinÂdo-lhe novas disposições à própria existência.
NOÃÃO DO DIREITO — Em razão do apego aos rebenÂtos da própria carne, institw a propriedade da faixa de solo em que se lhe encrava a moradia e, atendendo a essa mesma raiz de afetividade, traça a si próprio determinadas regras de conduta, para que não imponha aos semelhantes ofensas e prejuÃzos que não deseja receber.
Acontece, assim, o inesperado.
O homem selvático que não pretende abandonar os apetiÂtes e prazeres da experiência animal, fabrica para si mesmo os freios que lhe controlarão a liberdade, a fim de que se lhe enoÂbreça o caráter iniciante.
Estabelecendo a posse tirânica em tudo o que julga seu, desiste de aproveitar o que pertence ao vizinho, sob pena de exÂpor-se a penalidades cruéis.
Nasce, desse modo, para ele a noção do direito sobre o alicerce das obrigações respeitadas.
CONSCIÃNCIA DESPERTA — à assim que ele transÂformado interpreta, sob novo prisma, a importância de sua preÂsença na Terra.
Não mais lhe seduzem a despreocupação e o nomadisÂmo, assim como para o homem adulto é já passado o ciclo da infância.
Sabe agora que o berço carnal se reveste de significação mais profunda.
Compreende, a pouco e pouco, que a vida lhe registra as contas pessoais, porqüanto aprende que pode negar o braço ao companheiro necessitado de apoio, sabendo, porém, que o companheiro poderá recusar-lhe o seu, no momento em que o deseÂquilÃbrio lhe bata à porta.
Reconhece que dispõe de liberdade para matar o desafeto, mas não ignora que o desafeto, a seu turno, pode igualmente exÂterminar-lhe o corpo ou amargar-lhe o caminho.
Percebe que os seus gestos e atitudes, para com os outros, criam nos outros atitudes e gestos semelhantes para com ele.
Com esse novo cabedal de observação, revela-se-lhe a vida mental mais surpreendente e mais rica e, por essa mais intensa vida Ãntima, retrata com relativa segurança as idéias dos EspÃritos Abnegados que lhe custodiam a rota.
Desde então, não guarda a existência circunscrita à romagem berço-túmulo, por alongá-la, do ponto de vista de causa e efeito, para além do sepulcro em que se lhe guarda o invólucro anulado ou imprestável.
Incorporando a responsabilidade, a consciência vibra desÂperta e, pela consciência desperta, os princÃpios de ação e reaÂção funcionam, exatos, dentro do próprio ser, assegurando-se a liberdade de escolha e impondo-lhe, mecanicamente os resultaÂdos respectivos, tanto na esfera fÃsica quanto no Mundo EspiriÂtual.
A LARVA E A CRIANÃA — Nesse sentido, importa lembrar aqui, com as diferenças justas, o sÃmile que a vida assiÂnala entre as alterações da existência para a alma humana e para os insetos de metamorfose integral.
A larva que se afasta do ovo ingressa em novo perÃodo de desenvolvimento, que pode perdurar por muito tempo, como ocorre entre os efemerÃdeos, mostrando, no começo, a membrana do corpo ainda amolecida e conservando no tubo digestivo os remanescentes de gema da fase embrionária, para iniciar, depois da excreção, os processos de alimentação e digestão.
A criança recém-nata retira-se do útero e entra em nova fase de evolução, que se firma através de alguns anos. A princÃÂpio, tenra e frágil, retém na própria organização os recursos sangüÃneos que lhes foram doados, por manutenção endosmótica, no organismo materno, para, somente depois, eliminar, quanto lhe seja possÃvel, esses mesmos recursos, gerando os que lhe são próprios.
Avançando na execução dos programas traçados para a sua existência, a larva cresce e recorre a matérias nutritivas que lhe garantam o aumento do corpo e, conforme a espécie, promoÂve por si mesma a mudança de pele, indispensável ao condicioÂnamento de seu próprio volume.
Satisfazendo os imperativos da própria vida, a criança se desenvolve, tornando o alimento preciso à expansão de sua máquina orgânica, passando a realizar por si, isto é, ao comando da mente, a renovação celuÂlar dos tecidos e órgãos que lhe constituem o campo somático, de maneira a que se lhe ajuste a forma fÃsica aos moldes do corpo espiritual.
METAMORFOSE DO INSETO — A larva dos insetos de transformação completa experimenta vários perÃodos de reÂnovação para atingir a condição de adulto, embora permaneça com o mesmo aspecto, porqüanto apenas depois da derradeira mudança de pele é que se torna pupa.
Em semelhante estAgio, acusa progressiva diminuição de atividade, até que não mais suporte a alimentação.
Esvaziam-se-lhe os intestinos e paralisam-se-lhe os movimentos.
A larva protege-se, então, no solo ou na planta, preparanÂdo a própria liberação.
Permanece, assim, imóvel, e não se alimenta do ponto de vista fisiológico, encrisalidando-se, segundo a espécie, em fios de seda por ela própria constituÃdos com a secreção das glânduÂlas salivares, agregados a pequeninos tratos de terra ou a tecidos vegetais, formando, desse modo, o casulo em que repousa, duÂrante certo tempo, fixado em alguns dias e até meses.
Na posição de pupa, ao impacto das vibrações de sua próÂpria organização psicossomática, sofre essencial modificação em seu organismo, modificação que, no fundo, equivale a verÂdadeiro aniquilamento ou histólise, ao mesmo tempo que elaboÂra órgãos novos pelo fenômeno da histogênese, valendo-se dos tecidos que perduraram.
A histólise, que se efetua por ação dos fermentos, verifiÂca-se notadamente nos músculos, no aparelho digestivo e nos tubos de Malpighi, com reduzida atuação no sistema nervoso e circulatório.
Pela histogênese, os remanescentes dos músculos estriaÂdos desfazem-se das caracterÃsticas que lhes são próprias, perÂdendo, gradativamente, a sua estriação, até que se convertam, qual se obedecessem a processo involutivo, em células embrioÂnárias fusiformes, com um núcleo exclusivo, ou mioblastos, que se dividem por segmentação, plasmando novos elementos esÂtriados para a configuração dos órgãos tÃpicos.
Somente então, quando as ocorrências da metamorfose se realizam, é que o inseto, integralmente renovado, abandona o casulo, revelando-se por falena leve e ágil, com o sistema bucal transformado, como acontece na borboleta de tipo sugador, na qual as maxilas se alongam, convertendo-se numa trompa, enÂquanto que o lábio superior e as mandÃbulas se atrofiam.
Entretanto, embora magnificentemente modificada, a borÂboleta alada e multicor éo mesmo indivÃduo, somando em si as experiências dos três aspectos fundamentais de sua existência de larva-ninfa-inseto adulto.
“HISTOGÃNESE ESPIRITUAL” — Assim também, a criatura humana, depois do perÃodo infantil, atravessa expressiÂvas etapas de renovação interior, até alcançar a madureza corpóÂrea, não obstante apresenta-se com a mesma forma exterior, porqüanto somente após o esgotamento da força vital no curso da vida, através da senectude ou da caquexia por intervenção da enfermidade, é que se habilita à transformação mais profunda.
Nesse perÃodo caracterÃstico da caducidade celular ou da moléstia irreversÃvel, demonstra gradativa diminuição de ativiÂdade, não mais tolerando a alimentação.
Pouco a pouco, declinam as suas atividades fisiológicas e a inércia substitui-lhe os movimentos.
Protege-se, desde então, no repouso horizontal em decúÂbito, quase sempre no leito, preparando o trabalho liberatório.
Chega, assim, o momento em que se imobiliza na cadaverização, mumificandoÂ-se à feição da crisálida, mas envolvendo-se no imo do ser com os fios dos próprios pensamentos, conserÂvando-se nesse casulo de forças mentais, tecido com as suas próprias idéias reflexas dominantes ou secreções de sua própria mente, durante um perÃodo que pode variar entre minutos, hoÂras, dias, meses ou decênios.
No ciclo de cadaverização da forma somática, sob o goÂverno dinâmico de seu corpo espiritual, padece extremas alteraÂções que, na essência, correspondem à histólise das células fÃsicas, ao mesmo tempo que elabora órgãos novos pelo fenômeno que podemos nomear, por falta de termo equivalente, como senÂdo histogênese espiritual, aproveitando os elementos vivos, desagregados do tecido citoplasmático, e que se mantinham até então, ligados à colmeia fisiológica entregue ao desequilÃbrio ou à decomposição.
A histólise ou processo destrutivo na desencarnação reÂsulta da ação dos catalisadores quÃmicos e de Outros recursos do mundo orgânico que, alentados em nÃveis de degenerescéncia, operam a mortificação dos tecidos e, do ponto de vista do corpo espiritual, afetam principalmente a morfologia dos músculos e os aparelhos da nutrição, com escassa influência sobre os sisteÂmas nervoso e circulatório.
Pela histogênese espiritual, os tecidos citoplasmáticos se desvencilham em definitivo de alguns dos caracterÃsticos que lhes são próprios, voltando temporariamente, qual se atendessem a processo involutivo, à condição de células embrionárias multiformes que se dividem, através da cariocinese, plasmando, em novas condições, a forma do corpo espiritual, segundo o tipo imposto pela mente.
DESENCARNAÃÃO DO ESPÃRITO — Apenas aÃ, quando os acontecimentos da morte se realizam, é que a criatura humana desencarnada, plenamente renovada em si mesma, abandona o veÃculo carnal a que se jungia; contudo, muitas veÂzes Ãntimamente aprisionada ao casulo dos seus pensamentos dominantes, quando não trabalhou para renovar-se, nos recessos do espÃrito, passa a revelar-se em novo peso especÃfico, segundo a densidade da vida mental em que se gradua, dispondo de noÂvos elementos com que atender à própria alimentação, equivaÂlentes à s trompas fluÃdico-magnéticas de sucção, embora sem perder de modo algum o aparelho bucal que nos é caracterÃstico, salientando-se, aliás, que semelhantes trompas ou antenas de matéria sutil estão patentes nas criaturas encarnadas, a se lhes expressarem na aura comum, como radÃculas alongadas de esÂsência dinâmica, exteriorizando-lhes as radiações especÃficas, trompas ou antenas essas pelas quais assimilamos ou repelimos as emanações das coisas e dos seres que nos cercam, tanto quanto as irradiações de nós mesmos, uns para com os outros.
CONTINUAÃÃO DA EXISTENCIA — MetamorfoseaÂda, pois, não obstante o fenômeno da desencarnação, a personaÂlidade humana continua, além-túmulo, o estágio educativo que iniciou no berço, sem perder a própria identidade, somando consigo as experiências da vida carnal, da desencarnação e da metamorfose no plano extrafÃsico.
Perceberemos, desse modo, que a existência da criatura, na reencarnação, substancializa-se não apenas na Terra, onde atende à plantação dos sentimentos, palavras, atitudes e ações com que se caracteriza, mas também no Mundo Espiritual, onde incorpora a si mesma a colheita da sementeira praticada no campo fÃsico, pelo desdobramento do aprendizado com que enÂtesoura as experiências necessárias à sublime ascensão a que se destina.
Uberaba, 5/3/58.
12
Alma e desencarnação
METAMORFOSE E DESENCARNAÃÃO — GraduanÂdo os acontecimentos da desencarnação, é importante recorrer ainda ao mundo dos insetos para lembrar que, se existem aqueÂles de metamorfose total, existem os de metamorfose incompleÂta, os hemimetibolos, cuja larva sai do ovo e se converte imeÂdiatamente num indivÃduo, sem passar pela fase pupal, à feição dos malófagos, desprovidos de asas, embora possuam aparelho bucal triturador.
Apresentando caracterÃsticas singulares, no capÃtulo da transfiguração, em todas as ordens nas quais se subdividem, os insetos, de algum modo, exprimem, no desenvolvimento da meÂtamorfose que lhes marca a existência, a escala de fenômenos que vige para a desencarnação dos seres de natureza superior.
Em relação ao homem, os mamÃferos que se ligam a nós outros por extremos laços de parentesco, em se desencarnando, agregam-se aos ninhos em que se lhes desenvolvem os companheiros e, qual ocorre entre os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se escalonam, não possuem pensamenÂto contÃnuo para a obtenção de meios destinados à manutenção de nova forma.
Encontram-se, desse modo, aquém da histogênese espiriÂtual, inabilitados a mais amplo equilÃbrio que lhes asseguraria ascensão a novo plano de consciência.
Em razão disso, efetuada a histólise dos tecidos celulares, nos sucessos recônditos da morte fÃsica, dilata-se-lhes o perÃodo de vida latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras espécies, se demoram por tempo curto, incapazes de manobrar os órgãos do aparelho psicossomático que lhes é caracterÃstico, por ausência de substância mental consciente.
Quando não se fazem aproveitados na Espiritualidade, em serviço ao qual se filiam durante certa quota de tempo, caem, quase sempre de imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia, semelhante à hibernação, acabando automaÂticamente atraÃdos para o campo genésico das famÃlias a que se ajustam, retomando o organismo com que se confiarão a nova etapa de experiência, com os ascendentes do automatismo e do instinto que já se lhes fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço hipotecável aos valores decisivos da evolução.
ALÃM DA HISTOGÃNESE — Através desse movimenÂto incessante da palingenesia universal o princÃpio inteligente incorpora a experiência que lhe é necessária, estagiando no plaÂno fÃsico e no plano extrafÃsico, recolhendo, como é justo, a orientação e o influxo das Inteligências Superiores em sua marÂcha laboriosa para mais elevadas aquisições.
Pouco acima dessas mesmas bases, vamos encontrar o hoÂmem infraprimitivo, na nisticidade da forma em que se esconde, surpreendido no fenômeno da morte, ante a glória da vida, como criança tenra e deslumbrada à frente de paisagem maraviÂlhosa, cuja grandeza, nem de leve, pode ainda compreender.
O pensamento constante ofereceu-lhe a precisa estabilidaÂde para a metamorfose completa.
Pela persistência e consistência das idéias, adquiriu o poÂder de integrar-se mentalmente, para além da histogênese, em seu corpo espiritual, arrebatando-o, com a alavanca da própria vontade que a indagação e o trabalho enriqueceram, para novo estado individual.
Acariciada pelo bafejo edificante dos Condutores Divinos que lhe acalentam a marcha, a criatura humana dorme o sono da morte, mumificando-se na cadaverização, como acontece à pupa.
E segregando substâncias mentais, à base de impulsos reÂnovadores, tanto quanto certas crisálidas que segregam um lÃquido especial que lhes facilita a saÃda do próprio casulo, a alma que desencarna, findo o processo histolÃtico das células que lhe construiam o carro biológico, e fortificado o campo mental em que se lhe enovelaram os novos anseios e as novas disposições, logra desvencilhar-se, mecanicamente, dos órgãos fÃÂsicos, agora imprestáveis, realizando, por avançado automatÂismo, o trabalho histogenético pelo qual desliga as células sutis do seu veÃculo espiritual dos remanescentes celulares do veÃculo fÃsico arrojado à queda irreversÃvel, agindo agora com a eficiência e a segurança que as longas e reiteradas reÂcapitulações lhe conferiram.
O SELVAGEM DESENCARNADO — Entretanto, o hoÂmem selvagem, que se reconhece dominador na hierarquia aniÂmal, cruel habitante da floresta, que apura a inteligência, através da força e da astúcia, na escravização dos seres inferiores que se lhe avizinham da caverna, desperta, fora do corpo denso, qual menino aterrado, que, em se sentindo incapaz da separação para arrostar o desconhecido, permanece, tÃmido, ao pé dos seus, em cuja companhia passa a viver, noutras condições vibratórias, em processos multifários de simbiose, ansioso por retomar a vida fÃsica que lhe surge à imaginação como sendo a única abordável à própria mente.
Não dispõe, nessa fase, de suprimento espiritual que o ajude a pensar em termos diferentes da vida tribal em que se apóia.
O espetáculo da vastidão cósmica perturba-lhe o olhar e a visita de seres extraterrestres, mesmo benevolentes e sábios, inÂfunde-lhe pavor, crendo-se à frente de deuses bons ou maus, cuja natureza ele próprio se incumbe de fantasiar, na exigüidade das próprias concepções.
Acuado na choça, onde a morte lhe furtou o veÃculo fÃsiÂco, respira a atmosfera morna em que se acasalam os seus herÂdeiros do sangue, para somente ausentar-se do reduto doméstico quando a famÃlia se afasta, instada por duras necessidades de subsistência e de asilo.
E o homem primitivo que desencarnou, suspirando pelo devotamento dos pais e, notadamente, pelo carinho do colo materno, expulso do vaso fisiológico, não tem outro pensamento senão voltar — voltar ao convÃvio revitalizanÂte daqueles que lhe usam a linguagem e lhe comungam os interesses.
MONOIDEÃSMO E REENCARNAÃÃO — Ressurgir na própria taba e renascer na carne, cujas exalações lhe magnetiÂzam a alma, constituem aspiração incessante do selvagem desencarnado.
Estabelece-se nele o monoideÃsmo pelo qual os outros deÂsejos se lhe esmaecem no Ãntimo.
Pela oclusão de estÃmulos outros, os órgãos do corpo esÂpiritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se voltam, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmos, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo.
Em tais circunstâncias, se o monoideÃsmo é somente reÂversÃvel através da reencarnação, a criatura humana desencarnaÂda, mantida a justa distância, lembra as bactérias que se transformam em esporos quando as condições de meio se lhes apreÂsentam inadequadas, tornando-se imóveis e resistindo admiraÂvelmente ao frio e ao calor, durante anos, para regressarem ao ciclo de evolução que lhes é peculiar, tão logo se identifiquem, de novo, em ambiente propÃcio.
Sentindo-se em clima adverso ao seu modo de ser, o hoÂmem primitivo, desenfaixado do envoltório fÃsico, recusa-se ao movimento na esfera extrafÃsica, submergindo-se lentamente, na atrofia das células que lhe tecem o corpo espiritual, por moÂnoideÃsnw auto-hipnotizante, provocado pelo pensamento fixo-depressivo que lhe define o anseio de retorno ao abrigo fisiológico.
Nesse perÃodo, afirmamos habitualmente que o desencarÂnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóide (7), o que ocorre, aliás, a inúmeros desencarnados outros, em situação de desequilÃbrio, cabendo-nos notar que essa forma, segundo a nossa maneira atual de percepção, exÂpressa o corpo mental da individualidade, a encerrar consigo, conforme os princÃpios ontogenéticos da Criação Divina, todos os órgãos virtuais de exteriorização da alma, nos cÃrculos terrestres
(7) Ver no livro “Libertação”, do mesmo Autor espiritual, recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, capÃtulos 6º e 7º, páginass 84 e seÂguintes, observações sobre estas formas ovóides. — (Nota da Editora.)
e espirituais, assim como o ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã, ou como a semente miÂnúscula, que conserva nos tecidos embrionários a árvore vigorosa em que se transformará no porvir.
FORMA CARNAL — Todavia, assim como o germe para desenvolverse no ovo precisa aquecer-se ao calor da ave que o acolha maternalmente ou do ambiente térmico apropriado, no recinto da chocadeira, e assim como a semenÂte, para liberar os princÃpios germinativos do vegetal giganÂtesco em que se converterg, não prescinde do berço tépido no solo, os EspÃritos desencarnados, sequiosos de reintegração no mundo fÃsico, necessitam do vaso genésico da mulher que com eles se harmoniza, nas linhas da afinidade e, conseqüentemente, da herança, vaso esse a que se aglutinam, mecanicamente, e onde, conforme as leis da reencarnação operam em alguns dias todas as ocorrências de sua evolução nos reinos inferiores da Natureza
Assimilando recursos orgânicos com o auxÃlio da céluÂla feminina, fecundada e fundamentalmente marcada pelo gene paterno, a mente elabora, por si mesma, novo veÃculo fisiopsicossomátÃco, atraindo para os seus moldes ocultos as células fÃsicas a se reproduzirem por cariocinese, de conforÂmidade com a Orientação que lhes é imposta, isto é, refletinÂdo as condições em que ela, a mente desencarnada, se enconÂtra.
Plasma-se-lhe, desse modo, com a nova forma carnal, novo veÃculo ao EspÃrito, que se refaz ou se reconstitui em forÂmação recente, entretecido de células sutis, veÃculo este que evoluirá igualmente depois do berço e que persistirá depois do túmulo.
DESENCARNAÃÃO NATURAL — Por milênios conÂsecutivos o homem ensaia a desencarnação natural, progredindo vagarosamente em graus de consciência, após a decomposição do corpo somático.
Recordando as anteriores comparações com o domÃnio dos insetos, a matriz uterina oferece-lhe novas formas e, assim como a larva se alimenta, assegurando a esperada metamorfose, a alma avança em experiência, enquanto no corpo carnal, adquiÂÂrindo méritos ou deméritos, segundo a própria conduta, e entreÂgando-se em seguida, no fenômeno da morte ou histólise do inÂvólucro de matéria fÃsica, à pausa imprescindÃvel nas próprias atividades ou hiato de refazimento, que pode ser longo ou rápiÂdo, para ressurgir, pela histogênese espiritual, senhoreando noÂvos órgãos e implementos necessários ao seu novo campo de ação, demorando-se nele, à medida dos conhecimentos conquisÂtados na romagem humana.
E assim que a consciência nascente do homem pratica as lições da vida, no plano espiritual, pela desencarnação ou libertação da alma, como praticou essas mesmas lições da vida no plano fÃsico, pelo renascimento ou internação do eleÂmento espiritual na matéria densa, evoluindo, degrau a deÂgrau, desde a excitabilidade rudimentar das bactérias até o automatismo perfeito dos animais superiores em que se baseia o domÃnio da inteligência.
REVISÃO DAS EXPERIÃNCIAS — De liberação a libeÂração, na ocorrência da morte, a criatura começa a familiarizar-se com a esfera extrafÃsica.
Assim como recapitula, nos primeiros dias da existência intra-uterina, no processo reencarnatório, todos os lances de sua evolução filogenética, a consciência examina em retrospecto de minutos ou de longas horas, ao integrar-se definitivamente em seu corpo sutil, pela histogênese espiritual, durante o coma ou a cadaverização do veÃculo fÃsico, todos os acontecimentos da própria vida, nos prodÃgios de memória, a que se referem os deÂsencarnados quando descrevem para os homens a grande passaÂgem para o sepulcro.
à que a mente, no limiar da recomposição de seu próprio veÃculo, seja no renascimento biológico ou na desencarnação, revisa automaticamente e de modo rápido todas as experiências por ela própria vividas, imprimindo magneticamente à s células, que se desdobrarão em unidades fÃsicas e psicossomáticas, no corpo fÃsico e no corpo espiritual, as diretrizes a que estarão suÂjeitas, dentro do novo ciclo de evolução em que ingressam.
Acresce lembrar, ainda, como nota confirmativa de nossas asserções, que, esporadicamente, encarnados saÃdos ilesos de grandes perigos como acidentes e suicÃdios frustraÂdos, relatam semelhante fenômeno de revisão das próprias experiências, também chamado visão panorâmica e sÃntese mental.
LEI DE CAUSA E EFEITO — Encetando, pois, a sua iniciação no plano espiritual, de consciência desperta e responÂsável, o homem começa a penetrar na essência da lei de causa e efeito, encontrando em si mesmo os resultados enobrecedores ou deprimentes das próprias ações.
Quando dilacerado e desditoso, grita a própria aflição, ao longo dos largos continentes do Espaço Cósmico, reunindo-se a outros culpados do mesmo jaez, com os quais permuta os quaÂdros inquietantes da imaginação em desvario, tecendo, com o plasma sutil do pensamento contÃnuo e atormentado, as telas inÂfernais em que as conseqüências de suas faltas se desenvolvem, mediante as profundas e estranhas fecundações de loucura e soÂfrimento que antecedem as reencarnações reparadoras; contudo, é também aà que começa, sobrepairando o inferno e o purgatóÂrio do remorso e da crueldade, da rebelião e da delinqüência, o sublime apostolado dos seres que se colocam em harmonia com as Leis Divinas, almas elevadas e heróicas que, em se agrupanÂdo Ãntimamente, tocadas de compaixão pelos laços que deixaÂram no mundo fÃsico, iniciam, com a inspiração das Potências Angélicas, o serviço de abnegação e renúncia, com que a glória e a divindade do amor edificam o império do Sumo Bem, no chamado Céu, de onde vertem mais ampla luz sobre a noite dos homens.
Pedro Leopoldo, 9/3/58.
13
Alma e fluÃdos
FLUÃDOS EM GERAL — A consciência que aprendera a realizar complexas transubstanciações de força nas diversas liÂnhas da Natureza, em se adaptando aos continentes da esfera extrafÃsica, passa a manobrar com os fenômenos de mentação e reflexão, de que o pensamento é a base fundamental.
Definimos o fluÃdo, dessa ou daquela procedência, como sendo um corpo cujas moléculas cedem invariavelmente à mÃniÂma pressão, movendo-se entre si, quando retidas por um agente de contenção, ou separando-se, quando entregues a si mesmas.
Temos, assim, os fluÃdos lÃquidos, elásticos ou aeriformes e os outrora chamados fluÃdos imponderáveis, tidos como agenÂtes dos fenômenos luminosos, calorÃficos e outros mais.
FLUÃDO ViVO — No plano espiritual, o homem desenÂcarnado vai lidar, mais diretamente, com um fluÃdo vivo e mulÂtiforme, estuante e inestancável, a nascer-lhe da própria alma, de vez que podemos defini-lo, até certo ponto, por subproduto do fluÃdo cósmico, absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante à respiração, pelo qual a criatura assimila a força emanante do Criador, esparsa em todo o Cosmo, transubsÂtanciando-a, sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si mesma.
Esse fluÃdo é o seu próprio pensamento contÃnuo, gerando potenciais energéticos com que não havia sonhado.
Decerto que na esfera nova de ação, a que se vê arrebatado pela morte, encontra a matéria conhecida no mundo, em nova escala vibratória.
Elementos atômicos mais complicados e sutis, aquém do hidrogênio e além do urânio, em forma diversa daquela em que se caracterizam na gleba planetária, engrandecem-lhe a série esÂtequiogenética.
O solo do mundo espiritual, estruturado com semelhantes recursos, todos eles miando na quintessência, corresponde ao peso especÃfico do EspÃrito, e, detendo possibilidades e riquezas virtuais, espera por ele a fim de povoar-se de glória e beleza, porqüanto, se o plano terrestre é o seio tépido da vida em que o princÃpio inteligente deve nascer, medrar, florir e amadurecer em energia consciente, o plano espiritual é a escola em que a alma se aperfeiçoará em trabalho de frutescência antes que posÂsa desferir mais amplos vôos no rumo da Luz Eterna.
VIDA NA ESPIRITUALIDADE — Na moradia de contiÂnuidade para a qual se transfere, encontra, pois, o homem as mesmas leis de gravitação que controlam a Terra, com os dias e as noites marcando a conta do tempo, embora os rigores das esÂtações estejam suprimidos pelos fatores de ambiente que asseÂguram a harmonia da Natureza, estabelecendo clima quase constante e quase uniforme, como se os equinóceos e solstÃceos entrelaçassem as próprias forças, retificando automaticamente os excessos de influenciação com que se dividem.
Plantas e animais domesticados pela inteligência humana, durante milênios, podem ser aà aclimatados e aprimorados, por determinados perÃodos de existência, ao fim dos quais regresÂsam aos seus núcleos de origem no solo terrestre, para que avancem na romagem evolutiva, compensados com valiosas aquisições de acrisolamento, pelas quais auxiliam a flora e a fauna habituais à Terra, com os benefÃcios das chamadas mutaÂções espontâneas.
As plantas, pela configuração celular mais simples, atenÂdem, no plano extrafÃsico, à reprodução limitada, aà deixando descendentes que, mais tarde, volvem também à leira do homem comum, favorecendo, porém, de maneira espontânea, a soÂlução de diferentes problemas que lhes dizem respeito, sem exiÂgir maior sacrifÃcio dos habitantes em sua conservação.
Ao longo dessas vastÃssimas regiões de matéria sutil que circundam o corpo ciclópico do Planeta, com extensas zonas caÂvitárias, sob as linhas que lhes demarcam o inÃcio de aproveitamento, qual se observa na crosta da própria Terra, a estender-se da superfÃcie continental até o leito dos oceanos, começam as povoações felizes e menos felizes, tanto quanto as aglomerações infernais de criaturas desencarnadas que, por temerem as formaÂções dos próprios pensamentos, se refugiam nas sombras, reÂceando ou detestando a presença da luz.
ESFERAS ESPIRITUAIS — Muitos comunicantes da Vida Espiritual têm afirmado, em diversos paÃses, que o plano imediato à residência dos homens jaz subdividido em várias esferas. Assim é com efeito, não do ponto de vista do espaço, mas sim sob o prisma de condições, qual ocorre no globo de matéria mais densa, cujo dorso o homem pisa orgulhosamente.
Para justificar a nossa asserção, lembraremos, em rápida sÃntese, que a crosta terrestre, na maior parte dos elementos que a constituem, é sólida, mas conservando, aqui e ali, vastas cavidades repletas de lÃquido quente ou de material plástico.
Guarda o orbe grande núcleo no seio, e que podemos considerar como sendo plasmado num aço de nÃquel natural, revestido por grossa camada de rocha basáltica, medindo dois mil quilômetros, aproximadamente, de raio, no tope da qual, ali e acolá, surgem finas superfÃcies de rocha granÃtica, entre as quais a face basáltica está recoberta de água. Mais ou menos nessa superfÃcie, reside a zona mais apropriada para indicar o limite do solo que é, conseqüentemente, o leito do oceano.
Temos, desse modo, os continentes do mundo, como ligeira pelÃcula, com a propriedade de flutuar, à maneira de barÂcaças imensas, sobre o maciço basáltico, pelÃcula essa que mantém a espessura de cinqüenta quilômetros em média.
Encontramos, assim, na constituição natural do Planeta, desde a barisfera à ionosfera, múltiplos cÃrculos de força e ativiÂdade na terra, na água e no ar, tanto quanto nos continentes identificamos as esferas de civilização e nas civilizações as esÂferas de classe, a se totalizarem numa só faixa do espaço.
CENTROS ENCEFÃLICOS — Ã, pois, em novo plano, a dividir-se em variados setores de ação e de luta, que a consciência desencarnada, agora relativamente responsável, vai conhecer o resultado de suas próprias criações na passagem pelo campo
carnal, através dos reflexos respectivos em seu pensamento, —
o fluÃdo em que se lhe imprimem os mais Ãntimos sentimentos e
que lhe define os mais Ãntimos desejos.
Com a supervisão dos Orientadores Divinos, associaÂram-se-lhe no cérebro o centro coronário e o centro cerebral em movimento sincrônico de trabalho e sintonia.
Por intermédio do primeiro, a mente administra o seu veÃÂculo de exteriorização, utilizando-se, a rigor, do segundo que lhe recolhe os estÃmulos, transmitindo impulsos e avisos, ordens e sugestões mentais aos órgãos e tecidos, células e implementos do corpo por que se expressa.
E assim como o centro cerebral se representa no córtex encefálico por vários núcleos de comando, controlando sensaÂções e impressões do mundo sensório, o centro coronário, atraÂvés de todo um conjunto de núcleos do diencéfalo, possui no táÂlamo, para onde confluem todas as vias aferentes à cortiça cereÂbral, com exceção da vida do olfato, que é a única via sensitiva de ligações corticais que não passa por ele (8), vasto sistema de governança do espÃrito. AÃ, nessa delicada rede de forças, atraÂvés dos núcleos intercalados nas vias aferentes, através do sisteÂma talâmico de projeção difusa e dos núcleos parcialmente abordados pela ciência da Terra (quais os da linha média, que não se degeneram após a extirpação do córtex, segundo expeÂriências conhecidas), verte o pensamento ou fluÃdo mental, por secreção sutil não do cérebro, mas da mente, fluÃdo que influenÂcia primeiro, por intermédio de impulsos repetidos, toda a reÂgião cortical e as zonas psicossomatossensitivas, vitalizando e dirigindo todo o cosmo biológico, para, em seguida, atendendo ao próprio continuÃsmo de seu fluxo incessante, espalhar-se em torno do corpo fÃsico da individualidade consciente e responsáÂvel pelo tipo, qualidade e aplicação do fluÃdo, organizando-lhe a psicosfera ou halo psÃquico, qual ocorre com a chama de uma
8) Devemos esclarecer que a via olfatória não passa pelo tálamo, contudo, mantêm conexões com alguns núcleos talâmicos através de fibras provenientes do corpo mamilar, situado no hipotálamo. — (Nota do Autor espiritual)
vela que, em se valendo do combustÃvel que a nutre, estabelece o campo em que se lhe prevalece a influência.
Esse fluÃdo ou matéria mental tem a sua ponderabilidade e as suas propriedades quimioeletromagnética especÃficas, deÂfinindo-se em unidades perfeitamente mensuráveis, qual aconteÂce no Sistema periódico dos elementos quÃmicos, no plano terÂrestre, compreendendo-Âse que, em cÃrculos da inteligência mais evoluÃda, Surpreendentes combinações dos fatores conhecidos podem ser efetuadas com vistas a certos fins, como sucede atualmente na Terra, onde elementos como o netuno, o plutôÂnio, o amerÃcio e o cúrio podem ser artificialmente produzidos.
REFLEXÃO DAS IDÃIAS — A partÃcula de pensamenÂto, pois, como corpúsculo fluÃdico, tanto quanto o átomo, é uma unidade na essência, a Subdividir-se, porém, em diversos tipos, conforme a quantidade, qualidade, comportamento e trajetórias dos componentes que a integram
E assim como o átomo é uma força viva e poderosa na própria contextura, passiva, entretanto, diante da inteligência que a mobiliza para o bem ou para o mal, a partÃcula de pensamento, embora viva e poderosa na composição em que se derraÂma do espÃrito que a produz, é igualmente passiva perante o sentimento que lhe dá forma e natureza para o bem ou para o mal, convertendoÂ-se, por acumulação, em fluÃdo gravitante ou libertador, ácido ou balsâmico, doce ou amargo, alimentÃcio ou esgotante, vivificador ou mortÃfero, segundo a força do sentiÂmento que o tipifica e configura, nomeável, à falta de terminoÂlogia equivalente, como “raio da emoção” ou “raio do desejo”, força essa que lhe opera a diferenciação de massa e trajeto, imÂpacto e estrutura.
Com o fluÃdo mental carreiam-se desse modo, não apenas as disposições mentossensitivas das criaturas, em atuação recÃÂproca, mas também as imagens que transitam entre os cérebros que se afinam pela reflexão natural e incessante, estabelecendo-se as ideações progressivas que. originariamente vertidas dos EspÃÂritos Superiores, transmitem aos desencarnados da Terra as noções de civilização mais apurada. E por essas mesmas entidades, em contato com as tribos encarnadas do paleolÃtico, semeÂlhantes noções descem para o chão planetário, disciplinando as criaturas e ofertando-lhes novos horizontes à visão e ao entendiÂmento.
Pela reflexão das idéias, surge, assim, entre as duas esfeÂras entranhado circuito de forças.
INTELIGÃNCIA ARTESANAL — O plano fÃsico é o berço da evolução que o plano extrafÃsico aprimora.
O primeiro insufla o sopro da vida, cujas edificações o seÂgundo aperfeiçoa.
A reencarnação multiplica as experiências, somando-as, pouco a pouco.
A desencarnação subtrai-lhes lentamente as parcelas inúÂteis ao progresso do EspÃrito e divide os remanescentes, defininÂdo os resultados com que o EspÃrito se encontra enobrecido ou endividado perante a Lei.
Consolidada a incessante eclosão do fluÃdo mental entre as duas esferas, começa para o homem novo ciclo de cultura.
Em verdade, a mente da era paleolÃtica mostra-se, ainda, limitada, nascitura, mas não tanto que não possa absorver, emÂbora em baixa dosagem, as idéias renovadoras que lhe são sugeÂridas no Plano Superior.
Em razão disso, pela reflexão possÃvel, aparece entre os homens, mal saÃdos da selva, a inteligência artesanal, instalando no mundo a indústria elementar do utensÃlio.
Por ela, o habitante do império verde encontra meios de efetuar com mais segurança velhos atos instintivos, utilizando o varapau para alongar o braço na colheita dos frutos dificilmente acessÃveis, fabricando anzóis e arpões que lhe substituam os deÂdos na profundez das águas, burilando o sÃlex que lhe veicule a energia dos punhos e plasmando a roda que lhe poupe, de alguma sorte, o sacrifÃcio dos pés.
PLASMA CRIADOR DA MENTE — à pelo fluÃdo menÂtal com qualidades magnéticas de indução que o progresso se faz notavelmente acelerado.
Pela troca dos pensamentos de cultura e beleza, em dinâÂmica expansão, os grandes princÃpios da Religião e da Ciência, da Virtude e da Educação, da Indústria e da Arte descem das Esferas Sublimes e impressionam a mente do homem, traçando-lhe profunda renovação ao corpo espiritual, a refletir-se no veÃculo fÃsico que, gradativamente, se acomoda a novos hábitos.
Ãpocas imensas despendera o princÃpio inteligente para edificar os prodÃgios da sensação e do automatismo, do instinto e da inteligência rudimentar; entretanto, com a difusão do plasma criador oriundo da mente, em circuitos contÃnuos, consoliÂda-se a reflexão avançada entre o Céu e a Terra, e os fluÃdos mentais ou pensamentos atuantes, no reino da alma, imprimem radicais transformações no veÃculo fisiopsicossomático, assoÂciando e desassociando civilizações numerosas para construÃ-las de novo, em que o homem, herdeiro da animalidade instintiva, continua, até hoje, no trabalho progressivo de sua própria elevaÂção aos verdadeiros atributos da Humanidade.
Uberaba, 12/3/58.
14
Simbiose espiritual
SUSTENTO DO PRINCÃPIO INTELIGENTE — O prinÂcÃpio inteligente, que exercitara a projeção de impulsos mentais fragmentários para nutrir-se durante largas eras, alçado ao Plano Espiritual, na condição de consciência humana desencarnada, começa a plasmar novos meios de exteriorização, em favor do Sustento próprio.
No mundo das plantas, com o parênquima clorofiliano, aprendeu a decifrar os segredos da fotossÃntese, absorvendo energia luminosa para elaborar as matérias orgânicas, e lançando de si os gases essenciais que contribuem para o equilÃbrio da atÂmosfera.
No domÃnio de certas bactérias, inteirou-se dos processos da quimiossÃntese, aproveitando a energia quÃmica haurida na oxidação de corpos minerais.
Entre os seres superiores, consagrou-se à biossÃntese, em novo câmbio de substâncias nos vários perÃodos da expeÂriência fÃsica, para garantir a segurança própria, sob o ponto de vista material e energético.
Habituado aos fenômenos do anabolismo, na incorporaÂção dos elementos de que se nutre, e do catabolismo, na deÂsassimilação respectiva, automatiza-se-lhe a existência, em metamorfose contÃnua das forças que lhe alcançam a máquiÂna fisiológica, através dos alimentos necessários à restauraÂção constante das células e ao equilÃbrio dos reguladores orÂgânicos.
INÃCIO DA “MENTOSSÃNTESE” — Erguido, porém, à geração do pensamento ininterrupto, altera-se-lhe, na individuaÂlidade, o modo particular de ser.
O princÃpio inteligente inicia-se, desde então, nas operaÂções que classificaremos como sendo de “mentossÃntese”, porÂque baseadas na troca de fluÃdos mentais multiformes, através dos quais emite as próprias idéias e radiações, assimilando as radiações e idéias alheias.
O impulso que Lhe surgia na mente embrionária, por inteÂresse acidental de posse, ante a necessidade de alimento esporáÂdico, é agora desejo consciente. E, sobretudo, o anseio genésico instintivo que se Lhe sobrepunha à vida normal em perÃodos cerÂtos, converteu-se em atração afetiva constante.
Aparece, assim, a sede de satisfação invariável como estÃÂmulo à experiência e prefigura-se-lhe nalma a excelsitude do amor encravado no egoÃsmo, como o diamante em formação no carbono obscuro.
A morte fÃsica interrompe-lhe as construções no terreno da propriedade e do afeto e a criatura humana, a iniciar-se no pensamento contÃnuo, sente-se quebrada e aflita, cada vez que se desvencilha do corpo carnal adulto.
A liberação da veste densa, impõe-lhe novas condições vibratórias, como que obrigando-o à ocultação temporária entre os seus para que se lhe revitalizem as experiências, qual ocorre à planta necessitada de poda para exaltar-se em renovação do próprio valor.
Ãpocas numerosas são empregadas para que o homem seÂnhoreie o corpo espiritual, nos cÃrculos da consciência mais amÂpla, porque, como deve compreender por si o caminho em que se conduzirá para a Glória Divina, cabe-lhe também debitar a si mesmo os bens e os males e as alegrias e as dores da caminhada.
Arrebatado aos que mais ama e ainda incapaz de entender a transformação da paisagem doméstica de que foi alijado, reÂvolta-se comumente contra as novas lições da vida a que é convocado, em plano diferente, e permanece fluidicamente algemaÂdo aos que se lhe afinam com o sangue e com os desejos, coÂmungando-lhes a experiência vulgar.
Nesse sentido, será, pois, razoável recordar que em seu recuado pretérito aprendeu, automaticamente, a respirar e a viÂver, justaposto ao hausto e ao calor alheios.
SIMBIOSE ÃTIL — Revisemos, assim, a simbiose entre os vegetais, como, por exemplo, a que existe entre o cogumelo e a alga, na esfera dos liquens, em que as hifas ou filamentos dos cogumelos se intrometem nas gonÃdias ou células das algas e projetam-lhes no interior certos apêndices, equivalendo a comÂplicados haustórios, efetuando a sucção das matérias orgânicas que a alga elabora por intermédio da fotossÃntese.
O cogumelo empalma-lhe a existência, todavia, em compensação, a alga se revela protegida por ele contra a perÂda de água, e dele recolhe, por absorção permanente, água e sais minerais, gás carbônico e elementos azotados, motivo pelo qual os lÃquens conseguem superar as maiores dificuldaÂdes do meio.
Entretanto, o processo de semelhante associação pode esÂtender-se em ocorrências completamente novas. à que se dois lÃquens, estruturados por diferentes cogumelos, se encontram, podem viver, um ao lado do outro, com talo comum, pelo fenôÂmeno da parabiose ou união natural de indivÃduos vivos.
Dessa maneira, a mesma alga pode produzir lÃquens diÂversos com cogumelos variados, podendo também suceder que um lÃquen se transfigure de aspecto, quando uma espécie micológica se sucede à outra.
Julgava-se antigamente, na botânica terrestre, que os liquens participassem do grupo das criptogâmicas, mas Schwendener incumbiu-se de salientar-Lhes a existência comÂplexa, e Bonnier e Bornet, mais tarde, chamaram a si a obriÂgação de positivar-lhes a simbiose, experimentando a cultura independente de ambos os elementos integrantes, cultura essa que, iniciada no século findo, somente nos tempos últimos logrou pleno êxito, evidenciando, porém, que a vida desses mesmos componentes, sem o ajuste da simbiose, é indiscutivelmente frágil e precária.
Outro exemplo de agregação da mesma natureza vamos encontrar em certas plantas leguminosas, que guardam os seus tubérculos nas raÃzes, cujas nodosidades albergam determinadas bactérias do solo que realizam a assimilação do azoto atmosfêrico, processo esse pelo qual essas plantas se fazem preciosas à gleba, devolvendo-lhe o azoto despendido em serviço.
SIMBIOSE EXPLORADORA — Contudo, além desses fenômenos em que a simbiose é simples e útil, temos as ocorÂrências desagradáveis, como sejam as micorrizas das orquidáÂceas, em que o cogumelo comparece como sendo invasor da raiz da planta, caso esse em que a planta assume atitude anorÂmal para adaptar-se, de algum modo, à s disposições do assaltante, encontrando, por vezes, a morte, quando persiste esse ou aquele excesso no conflito para a combinação necessária.
Nesse acontecimento, como assinalou Caullery, com jusÂteza de conceituação, tal simbiose deve ser capitulada na patoloÂgia comum, por enquadrar-se perfeitamente ao parasitismo.
Identificaremos, ainda, a simbiose entre algas e animais, em que as algas se alojam no plasma das células que atacam, como acontece a protozoários e esponjas, turbelários e moluscos, nos quais se implantam, seguras.
SIMBIOSE DAS MENTES — Semelhantes processos de associação aparecem largamente empregados pela mente desenÂcarnada, ainda tateante, na existência além-túmulo.
Amedrontada perante o desconhecido, que não consegue arrostar de pronto, vale-se da receptividade dos que lhe choram a perda e demora-se colada aos que mais ama.
E qual cogumelo que projeta para dentro dos tecidos da alga dominadores apêndices, com os quais lhe suga grande parÂte dos elementos orgânicos por ela própria assimilados, o EspÃÂrito desenfaixado da veste fÃsica lança habitualmente, para a inÂtimidade dos tecidos fisiopsicossomáticos daqueles que o asilam, as emanações do seu corpo espiritual, como radÃculas alonÂgadas ou sutis alavancas de força, subtraindo-lhes a vitalidade, elaborada por eles nos processos da biossÃntese, sustentando-se, por vezes, largo tempo, nessa permuta viva de forças.
Qual se verifica entre a alga e o cogumelo, a mente encarÂnada entrega-se, inconscientemente, ao desencarnado que lhe controla a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domÃnio até certo ponto, mas, em troca, à face da sensibilidade excessiva de que se reveste, passa a viver, enquanto perdure semelhante influência, necessariamente protegida contra o assalto de forças ocultas ainda mais deprimentes. Por esse motivo, ainda agora, em plena atualidade, encontramos os problemas da mediunidaÂde evidente, ou da irreconhecida, destacando, a cada passo, inteÂligências nobres Ãntimamente aprisionadas a cultos estranhos, em matéria de fé, as quais padecem a intromissão de idéias de terror, ante a perspectiva de se afastarem das entidades familiaÂres que lhes dominam a mente através de palavras ou sÃmbolos mágicos, com vistas a falaciosas vantagens materiais. Essas inteligências fogem deliberadamente ao estudo que aslibertaria do cativeiro interior, quando não se mostram apáticas, em periÂgosos processos de fanatismo, inofensivas e humildes, mas arreÂdadas do progresso que lhes garantiria a renovação.
HISTERIA E PSICONEUROSE — Entretanto, as simÂbioses dessa espécie, em que tantas existências respiram em reciprocidade de furto psÃquico, não se limitam aos fenômeÂnos desse teor, nos quais EspÃritos desencarnados, estanques em determinadas concepções religiosas, anestesiam ou infanÂtilizam temporariamente consciências menos aptas ao auto-controle, porqüanto se expressam igualmente nas moléstias nervosas complexas, como a hlstero-epilepsia, em que o paÂciente sofre o espasmo tônico em opistótono, acompanhado de convulsões clônicas de feição múltipla, à s vezes sem qualÂquer perda de consciência equivalendo a transe mediúnico autêntico, no qual a personalidade invisÃvel se aproveita dos estados emotivos mais intensos para acentuar a própria inÂfluenciação.
E, na mesma trilha de ajustamento simbiótico, somos deÂfrontados na Terra, aqui e ali, pela presença de psiconeuróticos da mais extensa classificação, com diagnose extremamente difÃcil, entregues aos mais obscuros quadros mentais, sem se arrojaÂrem à loucura completa.
Tais entidades imanizadas ao painel fisiológico e agreÂgadas a ele sem o corpo de matéria mais densa, vivem assim, quase sempre por tempo longo, entrosadas psiquicamente aos seus hospedadores, porqüanto o EspÃrito humano desencarnaÂdo, erguido a novo estado de consciência. começa a elaborar recursos magnéticos diferenciados, condizentes com os ii»-positivos da própria sustentação, tanto quanto, no corpo terÂrestre, aprendeu a criar, por automatismo, as enzimas e os hormônios que lhe asseguravam o equilÃbrio biológico, e, impressionando o paciente que explora, muita vez com a melhor intenção, subjuga-lhe o campo mental, impondo-lhe ao centro coronário a substância dos próprios pensamentos, que a vÃtima passa a acolher qual se fossem os seus próprios. Assim, em perÂfeita simbiose, refletem-se mutuamente, estacionários ambos no tempo, até que as leis da vida lhes reclamem, pela dificuldade ou pela dor, a alteração imprescindÃvel.
OUTROS PROCESSOS SIMBIÃTICOS — De outras vezes, o desencarnado que teme as experiências do Mundo EsÂpiritual ou que insiste em prender-se por egoÃsmo aos que jazem na retaguarda, se possui inteligência mais vasta que a do hospeÂdeiro, inspira-lhe atividade progressiva que resulta em benefÃcio do meio a que se vincula, tal como sucede com a bactéria nitriÂficadora na raiz da leguminosa.
Noutras circunstâncias, porém, efetua-se a simbiose em condições infelizes, nas quais o desencarnado permanece eiÂvado de ódio ou perversidade enfermiça ao pé das próprias vÃtimas, inoculando-lhes fluÃdos letais, seja copiando a ação do cogumelo que se faz verdugo da orquÃdea, impulsionando-a a situações anormais, quando não lhe impõe lentamente a morte, seja reproduzindo a atitude das algas invasoras no corpo dos anelÃdeos, conduzindo-os a longas perturbações, fenômenos esses, no entanto, que capitularemos, com apontaÂmentos breves, em torno do vampirismo, como responsável por vários distúrbios do corpo espiritual a se estamparem no corpo fÃsico.
ANCIANIDADE DA SIMBIOSE ESPIRITUAL —Justo, assim, registrar que a simbiose espiritual permanece enÂtre os homens, desde as eras mais remotas, em multifários processos de mediunismo consciente ou inconsciente, através dos quais os chamados “mortos”, traumatizados ou ignoranÂtes, fracos ou indecisos, se aglutinam, em grande parte, ao “habitat” dos chamados “vivos”, partilhando-lhes a existênÂcia, a absorver-lhes parcialmente a vitalidade, até que os próÂprios EspÃritos encarnados, com a força do seu próprio trabaÂlho, no estudo edificante e nas virtudes vividas, lhes ofereÂçam material para mais amplas meditações, pelas quais se habilitem à necessária transformação com que se adaptem a novos caminhos e aceitem encargos novos, à frente da evolução deles mesmos, no rumo de esferas mais elevadas.
Pedro Leopoldo, 16/3/58.Â
15
Vampirismo espiritual
PARASITISMO NOS REINOS INFERIORES — CoÂmentando as ocorrências da obsessão e do vampirismo no veÃÂculo fisiopsicossomático, é importante lembrar os fenômenos do parasitismo nos reinos inferiores da Natureza.
Sem nos reportarmos à s simbioses fisiológicas, em que microorganismos se albergam no trato intestinal dos seus hosÂpedadores, apropriando-se-lhes dos sucos nutritivos, mas geranÂdo substâncias úteis à existência dos anfitriões, encontraremos a associação parasitária, no domÃnio dos animais, à maneira de uma sociedade, na qual uma das partes, quase sempre após insiÂnuar-se com astúcia, criou para si mesma vantagens especiais, com manifesto prejuÃzo para a outra, que passa. em seguida, à condição de vÃtima.
Em semelhante desequilÃbrio, as vÃtimas se acomodam, por tempo indeterminado, à pressão externa dos verdugos; conÂtudo, em outras eventualidades, sofrem-lhes a intromissão direta na intimidade dos próprios tecidos, em ocupação impertinente que, à s vezes, se degenera em conflito destruidor e, na maioria dos casos, se transforma num acordo de tolerância, por necessiÂdade de adaptação, perdurando até à morte dos hospedeiros esÂpoliados, chegando mesmo a originar os remanescentes das agregações imensamente demoradas no tempo, interferindo nos princÃpios da hereditariedade, como raÃzes do conquistador, a se entranharem nas células que lhes padecem a invasão nos componentes protoplasmáticos, para além da geração em que o conÂsórcio parasitário começa.
Em razão disso, apreciando a situação dos parasitas, peÂrante os hospedadores, temo-los por ectoparasitas, quando limiÂtam a própria ação à s zonas de superfÃcie, e endoparasitas, quando se alojam nas reentrâncias do corpo a que se impõem.
Não será lÃcito esquecer, porém, que toda simbiose exploÂradora de longo curso, principalmente a que se verifica no camÂpo interno, resulta de adaptação progressiva entre o hospedador e o parasita, os quais, não obstante reagindo um sobre o outro, lentamente concordam na sociedade em que persistem, sem que o hospedador considere os riscos e perdas a que se expõe, comÂprometendo não apenas a própria vida, mas a existência da próÂpria espécie.
TRANSFORMAÃÃES DOS PARASITAS — Temos, asÂsim, na larga escala dos acontecimentos dessa ordem, os parasiÂtas temporários, quais as sanguessugas e quase todos os insetos hematófagos, que apenas transitoriamente visitam os hospedaÂdores; os ocasionais ou os pseudoparasitas, que sistematicamenÂte não são parasitas, mas que vampirizam outros animais, quanÂdo as situações do ambiente a isso os conduzam; os permanenÂtes de desenvolvimento direto, que dispõem de um hospedador exclusivo e a cuja existência se encontram ajustados por laços indissolúveis, quase todos relacionáveis entre os endoparasitas; os parasitas chamados heteroxênicos, que se fazem adultos, em ciclo biológico determinado, contando com um ou mais hospeÂdeiros intermediários, quando se encontram em perÃodo larval, para atingirem a forma completa no hospedeiro definitivo; os hiperparasitas, que são parasitas de outros parasitas.
Concluindo-se que o parasitismo, entre os animais, não decorre de uma condição natural, mas sim de uma autêntica adaptação deles a modo particular de comportamento, é justo admitir se inclinem para novos caracterÃsticos na espécie.
Assim é que o parasita, no regime de adaptação a que se entrega, experimenta mutações de vulto a se lhe exprimirem na forma, por reduções ou acentuações orgânicas, compreendendo-se, desse modo, que o desaparecimento de certos órgãos de locoÂmoção em parasitas fixados e a conseqüente formação de órgãos necessários à estabilidade em que se harmonizam devem ser analisados como fenômenos inerentes à simbiose injuriante, noÂtando-se nesses seres a fácilidade de fecundação e a resistência vital, com a extrema capacidade de encistamento, pela qual seÂgregam recursos protetores e se isolam dos fatores adversos do meio, como o frio ou o calor, tolerando vastos perÃodos de absÂtenção de qualquer alimento, a exemplo do que ocorre com o percevejo do leito, que consegue viver, mais de seis meses consecutivos, em completo jejum.
Continuando a examinar as alterações nos parasitas em atividade, assinalamos muitos platelmintos e anelÃdeos que, em virtude do parasitismo, perderam os apêndices locomotores, substituindo-os por ventosas ou ganchos.
Identificamos a degeneração do aparelho digestivo em váÂrios endoparasitas do campo intestinal e, por vezes, a total exÂtinção desse aparelho, como acontece a muitos cestóides e acantocéfalos que, vivendo, de maneira invariável, na corrente abunÂdante de sucos nutritivos já elaborados no intestino de seus hosÂpedadores, convertem os órgãos bucais em órgãos de fixação, prescindindo de sistema intestinal próprio, de vez que passam a realizar a nutrição respectiva por osmose, utilizando toda a suÂperfÃcie do corpo.
De outras vezes, quando o parasita costuma ingerir granÂde massa de sangue, demonstra desenvolvimento anormal do intestino médio, que se transforma em bolsa volumosa a funcionar por depósito de reserva, onde a assimilação se opera, vagaÂrosa, para que esses animais, como sejam as sanguessugas e os mosquitos, se sobreponham a longos jejuns eventuais.
TRANSFORMAÃÃES DOS HOSPEDEIROS — TodaÂvia, se os parasitas podem acusar expressivas transformações, à face do novo regime de existência a que se afeiçoam, os resultados de tais associações sobre o hospedeiro são mais profundos, porque os assaltantes, depois de instalados, se multiplicam, ameaçadores, estabelecendo espoliações sobre as provÃncias orÂgânicas da vÃtima, sugando-lhe a vitalidade, traumatizando-lhe os tecidos, provocando lesões parciais ou totais ou estendendo ações tóxicas, como a exaltação febril nas infecções, com que, algumas vezes, lhe apressam a morte.
Nessa movimentação perniciosa ou letal, conseguem irriÂtar as células ou destruÃ-las, obstruir cavidades, seja nos intestiÂnos ou nos vasos, embaraçar funções e obliterar glândulas imÂportantes, quais as glândulas genitais, que podem levar até à castração, embora os recursos defensivos do hospedeiro sejam postos em evidência, criando exércitos celulares de combate à s infestações, expulsando os invasores por via comum, ou neutraÂlizando-lhes a penetração, pelas membranas fibrosas que os enÂvolvem, encistando-os a princÃpio, para aniquilá-los, depois, em pequeninos invólucros calcificados, no interior dos tecidos.
E lembrando os efeitos de certos parasitas heteroxênicos, que se desenvolvem no hospedeiro intermediário para alcançar a posição adulta no hospedeiro definitivo, bastará menção espeÂcial aos tripanossomas que, em espécies várias, se multiplicam nos tecidos e lÃquidos orgânicos, traçando aflitivos problemas da parasitologia humana, em complicadas operações de transÂmissão, evolução e instalação no quadro fisiológico de suas vÃtiÂmas. Vale citar, dentre eles, o ‘Trypanosoma cruzi” que se hosÂpeda, habitualmente no intestino médio de um “triatoma” ou de outro reduviÃdeo, onde apresenta formas arredondadas em diviÂsão para adquirir novamente a forma de tripanossoma no intestiÂno posterior do hemiptero que, vivendo à custa de sangue, obtiÂdo por picada, vem a transmiti-lo pelas fezes, ao organismo huÂmano, no qual, geralmente, passa a residir, em forma endoceluÂlar, nos músculos, no sistema nervoso, na medula dos ossos ou na intimidade de tecidos outros, aà se difundindo, na medida das resistências que lhe ofereça o mundo orgânico, desempenhando o papel de carrasco microscópico a perseguir e aniquilar popuÂlações indefesas.
OBSESSÃO E VAMPIRISMO — Em processos diferenÂtes, mas atendendo aos mesmos princÃpios de simbiose prejudiÂcial, encontramos os circuitos de obsessão e de vampirismo entre encarnados e desencarnados, desde as eras recuadas em que o espÃrito humano, iluminado pela razão, foi chamado pelos princÃpios da Lei Divina a renunciar ao egoÃsmo e à crueldade, à ignorância e ao crime.
Rebelando-se, no entanto, em grande maioria, contra as sagradas convocações, e livres para escolher o próprio caminho, as criaturas humanas desencarnadas, em alto número, começaÂram a oprimir os companheiros da retaguarda, disputando afeiÂções e riquezas que ficavam na carne, ou tentando empreitadas de vingança e delinqüência, quando sofriam o processo liberatóÂrio da desencarnação em circunstâncias delituosas.
As vÃtimas de homicÃdio, e violência, brutalidade maniÂfesta ou perseguição disfarçada, fora do vaso fÃsico, entram na faixa mental dos ofensores, conhecendo-lhes a enormidade das faltas ocultas, e, ao invés do perdão, com que se exonerariam da cadeia de trevas, empenham-se em vinditas atrozes, retribuindo golpe a golpe e mal por mal.
Outros desencarnados, exigindo que Deus lhes providenÂcie solução aos caprichos pueris e proclamando-se inabilitados para o resgate do preço devido à evolução que lhes é necessária, tornam-se madraços e gozadores, e, alegando a suposta imposÂsibilidade de a Sabedoria Divina dirimir os padecimentos dos homens, pelos próprios homens criados, fogem, acovardados e preguiçosos, aos deveres e serviços que lhes competem.
“INFECÃÃES FLUÃDICAS” — Muitos acometem os adversários que ainda se entrosam no corpo terrestre, empolganÂdo-lhes a imaginação com formas mentais monstruosas, operando perturbações que podemos classificar como “infecções fluÃÂdicas” e que determinam o colapso cerebral com arrasadora loucura.
E ainda muitos outros, imobilizados nas paixões egoÃstiÂcas desse ou daquele teor, descansam em pesado monodeÃsmo, ao pé dos encarnados, de cuja presença não se sentem capazes de afastar-se.
Alguns, como os ectoparasitas temporários, procedem à semelhança dos mosquitos e dos ácaros, absorvendo as emaÂnações vitais dos encarnados que com eles se harmonizam, aqui e ali; mas outros muitos, quais endoparasitas conscienÂtes, após se inteirarem dos pontos vulneráveis de suas vÃtiÂmas, segregam sobre elas determinados produtos, filiados ao quimismo do EspÃrito, e que podemos nomear como simpatiÂnas e aglutininas mentais, produtos esses que, sub-repticiaÂmente, lhes modificam a essência dos próprios pensamentos a verterem, contÃnuos, dos fulcros energéticos do tálamo, no diencéfalo.
Estabelecida essa operação de ajuste, que os desencarnaÂdos e encarnados, comprometidos em aviltamento mútuo, realiÂzam em franco automatismo, à maneira dos animais em absoluto primitivismo nas linhas da Natureza, os verdugos comumente senhoreiam os neurônios do hipotálamo, acentuando a própria dominação sobre o feixe amielÃnico que o liga ao córtex frontal, controlando as estações sensÃveis do centro coronário que aà se fixam para o governo das excitações, e produzem nas suas vÃtiÂmas, quando contrariados em seus desÃgnios, inibições de funções viscerais diversas, mediante influência mecânica sobre o simpático e o parassimpático. Tais manobras, em processos inÂtrincados de vampirismo, prestigiam o regime de medo ou de guerra nervosa nas criaturas de que se vingam, alterando-lhes a tela psÃquica ou impondo prejuÃzos constantes aos tecidos soÂmáticos.
“PARASITAS OVÃIDES” — Inúmeros infelizes, obstinados na idéia de fazerem justiça pelas próprias mãos ou confiados a vicioso apego, quando desafivelados do carro fÃsico, envolvem sutilmente aqueles que se lhes faÂzem objeto da calculada atenção e, auto-hipnotizados por imagens de afetividade ou desforço, infinitamente repetidas por eles próprios, acabam em deplorável fixação moÂnoideÃstica, fora das noções de espaço e tempo, acusando, passo a passo, enormes transformações na morfologia do veÃculo espiritual, porqüanto, de órgãos psicossomáticos retraÃdos, por falta de função, assemelham-se a ovóides, vinculados à s próprias vÃtimas que, de modo geral, lhes aceitam, mecanicamente, a influenciação, à face dos penÂsamentos de remorso ou arrependimento tardio, ódio voraz ou egoÃsmo exigente que alimentam no próprio cérebro, através de ondas mentais incessantes.
Nessas condições, o obsessor ou parasita espiritual pode ser comparado, de certo modo, à sacculina carcini, que, provida de órgãos perfeitamente diferenciados na fase de vida livre, enÂraiza-se, depois, nos tecidos do crustáceo hospedador, perdendo as caracterÃsticas morfológicas primitivas, para converter-se em massa celular parasitária.
No tocante à criatura humana, o obsessor passa a viver no clima pessoal da vÃtima, em perfeita simbiose mórbida, absorÂvendo-lhe as forças psÃquicas, situação essa que, em muitos caÂsos, se prolonga para além da morte fÃsica do hospedeiro, conÂforme a natureza e a extensão dos compromissos morais entre credor e devedor.
PARASITISMO E REENCARNAÃÃO — Nas ocorrências dessa ordem, quando a decomposição da vestimenta carnal não basta para consumar o resgate preciso, vÃtima e verdugo se equiparam na mesma gama de sentimentos e pensamentos, caindo, além-tumulo, em dolorosos painéis infernais, até que a Misericórdia Divina, por seus agentes vigilantes, após estudo minucioso dos crimes cometiÂdos, pesando atenuantes e agravantes, promove a reencarnação daÂquele EspÃrito que, em primeiro lugar, mereça tal recurso.
E, executado o projeto de retorno do beneficiário, a reÂgressar do Plano Espiritual para o Plano Terrestre, sofre a muÂlher, indicada por seus débitos à gravidez respectiva, o assédio de forças obscuras que, em muitas ocasiões, se lhe implantam no vaso genésico por simbiontes que influenciam o feto em gesÂtação, estabelecendo-se, desde essa hora inicial da nova existênÂcia, ligações fluÃdicas através dos tecidos do corpo em formaÂção, pelas quais a entidade reencarnante, a partir da infância, continua enlaçada ao companheiro ou aos companheiros menos felizes, que integram com ela toda uma equipe de almas culpaÂdas em reajuste.
Desenvolve-se-lhe, então, a meninice, cresce, reinstrui-se e retorna à juvenilidade das energias fÃsicas, padecendo, porém, a influência constante dos assediantes, até que, freqüentemente por intermédio de uniões conjugais, em que a provação emolduÂra o amor, ou em circunstâncias difÃceis do destino, lhes ofereça novo corpo na Terra, para que, como filhos de seu sangue e de seu coração, lhes devolva em moeda de renúncia os bens que lhes deve, desde o passado próximo ou remoto.
Em tais fatos, vamos anotar situações quase idênticas à s que são provocadas pelos parasitas heteroxênicos, porqüanto, se os adversários do EspÃrito reencarnado são em maior número, atuam, muitos deles, à feição dos tripanossoÂmas, tomando os filhos de suas vÃtimas e afins deles próÂprios, por hospedeiros intermediários das formas-pensamenÂtos deploráveis que arremessam de si, alcançando em seguiÂda, a mente dos pais ou hospedeiros definitivos, a inocular-lhes perigosos fluÃdos sutis, com que lhes infernizam as almas, muitas vezes até à ocasião da própria morte.
TERAPÃUTICA DO PARASITISMO DA ALMA — Importa, no entanto, observar que todos os sofrimentos e corÂrigendas a que nos referimos estão conjugados para as consÂciências encarnadas ou não, dentro da lei de ação e reação que a cada um confere hoje o equilÃbrio ou o desequilÃbrio, por suas obras de ontem, reconhecendo-se Uunbém que assim como existem medidas terapêuticas contra o parasitismo no mundo orgânico, qualquer criatura encontra, na aplicação viva do bem, eficiente remédio contra o parasitismo da alma.
Não bastará, porém, a palavra que ajude e a oração que ilumina.
O hospedeiro de influências inquietantes que, por suas aflições na existência carnal, pode avaliar da qualidade e extenÂsão das próprias dÃvidas, precisará do próprio exemplo, no serÂviço do amor puro aos semelhantes, com educação e sublimaÂção de si mesmo, porque só o exemplo é suficientemente forte para renovar e reajustar.
A ação do bem genuÃno, com a quebra voluntária de nosÂsos sentimentos inferiores, produz vigorosos fatores de transforÂmação sobre aqueles que nos observam, notadamente naqueles que se nos agregam à existência, influenciando-nos a atmosfera espiritual, de vez que as nossas demonstrações de fraternidade inspiram nos outros pensamentos edificantes e amigos que, em circuitos sucessivos ou contÃnuas ondulações de energia renovados, modificam nos desafetos mais acirrados qualquer disposiÂção hostil a nosso respeito.
Ninguém necessita, portanto, aguardar reencarnações fuÂturas, entretecidas de dor e lágrimas, em ligações expiatórias, para diligenciar a paz com os inimigos trazidos do pretérito, porque, pelo devotamento ao próximo e pela humildade realÂmente praticada e sentida, é possÃvel valorizar nossa frase e sanÂtificar nossa prece, atraindo simpatias valiosas, com intervenções providenciais, em nosso favor.
à que, em nos reparando transfigurados para o melhor, os nossos adversários igualmente se desarmam para o mal, comÂpreendendo, por fim, que só o bem será, perante Deus, o nosso caminho de liberdade e vida.
Uberaba, 19/3/58.
16
Mecanismos da mente
ALMA E CORPO — Aclarando os problemas complexos da alienação mental na maioria dos EspÃritos desencarnados, pelo menos durante algum tempo além da morte, vale comentar, ainda que superficialmente, alguns dos experimentos efetuados pela ciência terrestre nos mecanismos nervosos, para que possaÂmos ajuizar da importância da harmonia entre a mente e o seu veÃculo fisiopsicossomático, no plano fÃsico ou extrafÃsico.
Assemelhando-se no conjunto ao musicista e seu instruÂmento, alma e corpo hão-de conjugar-se profundamente um com o outro para a execução do trabalho que a vida lhes reserÂva.
E, sabendo-se que a alma é direção e o corpo obediência, é da Lei Divina que o homem receba em si mesmo o fruto da plantação que realizou, visto que, nos órgãos de sua manifestaÂção, recolhe as maiores concessões do Criador para que efetive o seu aperfeiçoamento na Criação.
Assim sendo, de seu próprio comportamento retira, nos vastos setores em que se lhe processa a evolução, o bem ou o mal que, lançando ao caminho, estará impondo a si mesmo.
SECÃÃO DA MEDULA — Através de experimentação positiva, conhece a Ciência de hoje a inalienável correlação enÂtre o cérebro e todas as provÃncias celulares do mundo corpóreo.
Tomando, pois, em nossas anotações, o sistema cerebral por gabinete administrativo da mente, reconheceremos sempre que a conduta do corpo fÃsico está invariavelmente condicionaÂda à conduta do corpo espiritual, como a orientação do corpo espiritual está submetida ao governo da nossa vontade.
Sabemos, assim, que depois de seccionada a medula de um paciente se observa, de imediato, a insensibilidade compleÂta, o relaxamento muscular, a paralisia e a eliminação dos refleÂxos somáticos e viscerais, em todas as partes que recebem os nervos nascidos abaixo do ponto em que se verificou o prejuÃzo.
A insensibilidade e a paralisia são decisivas, porqüanto procedem da secção dos feixes ascendentes e do feixe piramiÂdal, ou seja, do desligamento das regiões do corpo espiritual correspondentes nos tecidos orgânicos e no cérebro, qual se desse a retirada da força elétrica de determinado setor num camÂpo extenso de ação.
Semelhante desligamento, porém, não se verifica de todo, o que acarretaria, quando em nÃveis altos, irreÂversivelmente, o processo liberatório da alma com a desenÂcarnação. Junções fluÃdicas sutis permanecem, ativas, entre as células dos implementos fÃsicos e espirituais, como recurÂsos fisiopsicossomáticos, em ajustes possÃveis de emergênÂcia. Em razão disso, não obstante a insensibilidade a que nos reportamos, comparável ao “silêncio orgânico”, deixado pela execução de uma neurotomia, muitos pacientes se queixam de dor em zonas localizadas para baixo do nÃvel em que se expressou o corte, fenômeno esse perfeitamente atribuÃvel ao contato das células do corpo espiritual com as fibras aferenÂtes que vibram na cadeia simpática, penetrando a medula, acima do ponto molestado.
RECUPERAÃÃO DOS REFLEXOS — Devido, ainda, a esse reajustamento organizado instintivamente entre a alma e o corpo, os reflexos são gradativamente recuperados.
Em condições muito especiais de equilÃbrio fisiopsicossoÂmático do enfermo, os reflexos superficiais ressurgem quase sempre em vinte e quatro horas, depois do insulto sofrido, embora os reflexos anal e cremasteriano jamais se percam, insulto esse em que o sinal de Babinski ou extensão dos pedartÃculos, principalmente do primeiro, não raro acompanhada por determiÂnado grau de contração dos músculos do joelho, denuncia a vioÂlação do feixe piramidal, equivalente à nitura de ligação das céÂlulas do corpo espiritual nos implementos nervosos da veste fÃÂsica, assemelhando-se ao curto-circuito da energia elétrica nos condutores ininterruptos que lhe atendem à necessária circulaÂção.
Na generalidade dos casos, porém, os reflexos em pacienÂtes dessa espécie apenas reaparecem com mais vagar, no curso de semanas, tempo indispensável para que as células do corpo espiritual, vencendo as resistências do corpo fÃsico, a ele se reimponham, quanto possÃvel.
IMPORTÃNCIA DA ENCEFALIZAÃÃO — SabeÂmos, igualmente, que a depressão em estudo é tanto mais perdurável quanto mais complexa a encefalização do aniÂmal.
Nos batráquios, os reflexos desaparecem apenas por alÂguns minutos. No gato, a diminuição da atividade vital é maior; no cão, ainda mais; no chimpanzé, o refazimento pede vários dias, e, na criatura humana, a restauração dos reflexos referidos exige mais tempo, como, por exemplo, o reflexo de extensão cruzada, cuja recuperação reclama seis semanas, aproximadaÂmente, após o trauma espinhal.
Nos estudos de Schiff e Sherrington, avaliamos, com maior nitidez, a extensão da ocorrência entre os setores do corÂpo espiritual e do corpo fÃsico, mediante a secção completa da medula espinhal, realizada ao nÃvel dos segmentos lombares, pela qual vemos o cão experimentado, com a medula dorsal secÂcionada, acusando paraplegia e alterações sensitivas conseqüenÂtes, abaixo da região prejudicada, assim como uma extensão esÂpástica dos membros anteriores devido à ausência da inibição oriunda dos membros posteriores, inibição que normalmente neutralizaria os impulsos do sistema labirÃntico-cerebelar.
à que o corpo espiritual preside no campo fÃsico a todas as atividades nervosas, resultantes da entrosagem de sinergias funcionais diversas.
Disso temos estrita conta nos reflexos, cuja complexidade cresce invariavelmente na medida em que solicitam o concurso de maior campo dos neurônios internunciais para que se efeÂtuem, qual pianista, requisitando maior número de escalas de tons e semitons para elevar-se da simplicidade à suntuosidade na expansão da melodia.
DESCORTICAÃÃO ANIMAL — Desse modo, comÂpreendendo-se que a integração mente-corpo é cada vez mais importante, à medida que se dilatam os valores da encefalização, reconheceremos que a integração cortical é sempre mais expressiva quão mais amplo se faz o desenvolvimento do sisteÂma nervoso.
Na pauta de semelhante realidade, a descorticação em baÂtráquios e peixes não interfere nos reflexos e na motilidade, e, nas aves, modificações emergem, inequÃvocas, porqüanto apeÂnas conseguem vôos fragmentários na luz, permanecendo em prostração, quando na obscuridade.
O cão que sofre a ablação do córtex, segundo já demonsÂtrou Goltz, no século 19, pode viver além de um ano com moÂtilidade reflexa normal aparente, efetuando os movimentos próprios com relativa correção; todavia, jaz inerte quando lhe falte incentivo à ação e, se esse incentivo aparece, coloca-se em moÂvimento exagerado; ignora como se defender até que se veja positivamente atacado; não se decide a buscar alimento, recebendo a ração que se lhe administre e, embora as funções viscerais prossigam sem maiores alterações, não reconhece as pessoas, baldo de memória, revelando a disjunção dos recursos fisiopsiÂcossomáticos que Lhe são peculiares, fenômeno pelo qual eviÂdencia compreensÃvel e aparente regressão a estágio evolutivo inferior.
Os chimpanzés, entretanto, com encefalização mais comÂplexa, não sobrevivem, largo tempo, após a extirpação total do córtex, e, quando sofrem a destruição parcial desse ou daquele elemento cortical, apresentam, como acontece na criatura humaÂna, modificações extensas e profundas.
Cabe mencionar, ainda aqui, a continuidade das indiscutÃÂveis impressões em pessoas mutiladas, que prosseguem sentinÂdo, integrados ao próprio corpo, esse ou aquele membro que, fisicamente, não mais existe.
SINCRONIA DE ESTÃMULOS — Entenderemos, assim, fácilmente, que o córtex encefálico, com as suas delicadas diviÂsões e subdivisões, governando os núcleos reguladores dos senÂtidos, dos movimentos, dos reflexos e de todas as manifestações nervosas da individualidade encarnada, corresponde à sede do centro cerebral do psicossoma (ou corpo espiritual) no corpo fÃsico, unida à sede do centro coronário, localizada no diencéfalo, entrosando-se ambos em perfeita sincronia de estÃmulos, pelos quais se manifesta o EspÃrito em sua constituição mental, harÂmônica, difÃcil ou desequilibrada, segundo a posição em que ele mesmo valoriza, conserva, prejudica ou desordena os recursos que a Lei Divina lhe faculta à própria exteriorização no Plano FÃsico e no Plano Espiritual.
E assim como dispomos, no córtex, de ligações energétiÂcas da consciência para os serviços do tato, da audição, da viÂsão, do olfato, do gosto, da memória, da fala, da escrita e de automatismos diversos, possuÃmos no diencêfalo (tálamo e hiÂpotálamo), a se irradiarem para o mesencéfalo, ligações energéÂticas semelhantes da consciência para os serviços da mesma naÂtureza, com acréscimos de atributos para enriquecimento e suÂblimação do campo sensorial, como sejam a reflexão, a atenção, a análise, o estudo, a meditação, o discernimento, a memória crÃtica, a compreensão, as virtudes morais e todas as fixações emotivas que nos sejam particulares.
Emitindo a onda de indagação e trabalho que nos diga respeito, através do centro coronário, conjugado ao centro cereÂbral, recebemo-la de volta, em circuito de raios substanciais da nossa própria força mental, com impactos aferentes e eferentes, para que a nossa consciência, por si, ajuÃze, pela essência dos resultados ou reflexos de nossas próprias ações, quanto ao acerÂto ou desacerto de nossa escolha, nessa ou naquela circunstânÂcia da vida.
Não podemos esquecer que cada núcleo das ligações a que nos reportamos se subdivide em peculiaridades diversas, entendendo-se, pois, que os fenômenos de obliteração suscetÃÂveis de ocorrer em alguns dos setores corticais do corpo fÃsico podem surgir igualmente no corpo espiritual, quando a turvação da mente é capaz de obstruir temporariamente esse ou aquele fulcro energético da região diencefálica, no centro coronário da entidade desencarnada.
MECANISMO DO MONOIDEÃSMO — Em vista disso, se a criatura encarnada pode cair em aminésia ou afasia pela oclusão dos núcleos da memória ou da fala, sem desequilÃbrio integral da inteligência, a criatura desencarnada pode arrojar-se a frustrações semelhantes, sem perturbação total do pensamenÂto, enquanto se lhe mantenha a distonia.
Segundo critério idêntico, se a habilidade de um homem para manobrar determinado idioma pode cessar numa das sub-divisões do núcleo da fala, no córtex, persistindo a habilidade para lidar com idiomas outros, assim também o núcleo da visão profunda, no centro coronário, pode sofrer disfunção especÃfica pela qual um EspÃrito desencarnado contemplará tão-somente, por tempo equivalente à conturbação em que se encontre, os quadros terrÃficos que lhe digam respeito à s culpas contraÃdas, sem capacidade para observar paisagens de outra espécie; escuÂtará exclusivamente vozes acusadoras que lhe testemunhem os compromissos inconfessáveis, sem possibilidade de ouvir quaisquer outros valores sônicos, tanto quanto poderá recordar apenas acontecimentos que se lhe refiram aos padecimentos morais, com absoluto olvido de fatos outros, até mesmo daqueÂles que se relacionem com a sua personalidade, motivo pelo qual se fazem tão raros os processos de perfeita identificação inÂdividual, na generalidade das comunicações mediúnicas, com entidades dementadas ou sofredoras, comumente estacionárias no monoideÃsmo que as isola em tipos exclusivos de recordação ou emoção, de vez que, nessas condições, o pensamento contÃÂnuo que lhes flui da mente, em circuito viciado sobre si mesmo, age coagulando ou materializando pesadelos fantásticos, em coÂnexão com as lembranças que albergam.
E esses pesadelos não são realmente meras criações absÂtratas, porqüanto, em fluxo constante, as imagens repetidas, forÂmadas pelas partÃculas vivas de matéria mental, se articulam em quadros que obedecem também à vitalidade mais ou menos lonÂga do pensamento, justapondo-se à s criaturas desencarnadas que lhes dão a forma e que, congregando criações do mesmo teor, de outros EspÃritos afins, estabelecem, por associações esÂpontâneas, os painéis apavorantes em que a consciência culpada expia, por tempo justo, as conseqüências dos crimes a que se empenhou, prejudicando a harmonia das Leis Divinas e conturÂbando, concomitantemente, a si mesma.
ZONAS PURGATORIAIS — Obliterados os núcleos energéticos da alma, capazes de conduzi-la à s sensações de euÂforia e elevação, entendimento e beleza, precipita-se a mente, pelo excesso da taxa de remorso nos fulcros da memória, na dor do arrependimento a que se encarcera por automatismo, conforÂme os princÃpios de responsabilidade a se lhe delinearem no ser, plasmando com os seus próprios pensamentos as telas temporáÂrias, mas por vezes de longuÃssima duração, em que contempla, incessantemente, por reflexão mecânica, o fruto amargo de suas próprias obras, até que esgote os resÃduos das culpas esposadas ou receba caridosa intervenção dos agentes do amor divino, que, habitualmente, lhe oferecem o preparo adequado para a reencarnação necessária, pela qual retomará ao aprendizado prático das lições em que faliu.
à dessa forma que os suicidas, com agravantes à frente do Plano Espiritual, como também os delinqüentes de variada cateÂgoria, padecem por largo tempo a influência constante das aflitiÂvas criações mentais deles mesmos, a elas aprisionados, pela fiÂxação monoidéica de certos núcleos do corpo espiritual, em deÂtrimento de outros que se mantém malbaratados e oclusos.
E porque o pensamento é força criativa e aglutinante na criatura consciente em plena Criação, as imagens plasmadas pelo mal, à custa da energia inestancável que lhe constitui atriÂbuto inalienável e imanente, servem para a formação das paisaÂgens regenerativas em que a alma alucinada pelos próprios reÂmorsos é detida em sua marcha, ilhando-se nas conseqüências dos próprios delitos, em lugares que, retendo a associação de centenas e milhares de transviados, se transformam em verdaÂdeiros continentes de angústia, filtros de aflição e de dor, em que a loucura ou a crueldade, juguladas pelo sofrimento que geÂram para si mesmas, se rendem lentamente ao raciocÃnio equiliÂbrado, para a readmissão indispensável ao trabalho remissor.
Pedro Leopoldo, 23/3/58.
17
Mediunidade e corpo espiritual
AURA HUMANA — Considerando-se toda célula em ação por unidade viva, qual motor microscópico, em conexão com a usina mental, é claramente compreensÃvel que todas as agregações celulares emitam radiações e que essas radiações se articulem, através de sinergias funcionais, a se constituÃrem de recursos que podemos nomear por “tecidos de força”, em torno dos corpos que as exteriorizam.
Todos os seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um “halo energético” que lhes corresponde à natureza.
No homem, contudo, semelhante projeção surge profunÂdamente enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento contÃnuo que, em se ajustando à s emanações do campo celular, lhe modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo de algumas escolas espiritualistas, duplicaÂta mais ou menos radiante da criatura.
Nas reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagnética de que o homem se entraja, circula o pensamento, coloÂrindo-a com as vibrações e imagens de que se constitui, aà exiÂbindo, em primeira mão, as solicitações e os quadros que imÂprovisa, antes de irradiá-los no rumo dos objetos e das metas que demanda.
Aà temos, nessa conjugação de forças fÃsico-quÃmicas e mentais, a aura humana, peculiar a cada indivÃduo, interpeneÂtrando-o, ao mesmo tempo que parece emergir dele, à maneira de campo ovóide, não obstante a feição irregular em que se conÂfigura, valendo por espelho sensÃvel em que todos os estados da alma se estampam com sinais caracterÃsticos e em que todas as idéias se evidenciam, plasmando telas vivas, quando perduram em vigor e semelhança como no cinematógrafo comum.
Fotosfera psÃquica, entretecida em elementos dinâmicos, atende à cromática variada, segundo a onda mental que emitiÂmos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos respondem aos objetivos e escolhas, enobrecedores ou deprimentes.
MEDIUNIDADE INICIAL — A aura é, portanto, a nossa plataforma onipresente em toda comunicação com as rotas alheias, antecâmara do EspÃrito, em todas as nossas atividades de intercâmbio com a vida que nos rodeia, através da qual soÂmos vistos e examinados pelas Inteligências Superiores, sentiÂdos e reconhecidos pelos nossos afins, e temidos e hostilizados ou amados e auxiliados pelos irmãos que caminham em posição inferior à nossa.
Isso porque exteriorizamos, de maneira invariável, o reÂflexo de nós mesmos, nos contatos de pensamento a pensamenÂto, sem necessidade das palavras para as simpatias ou repulsões fundamentais.
à por essa couraça vibratória, espécie de carapaça fluÃdiÂca, em que cada consciência constrói o seu ninho ideal, que coÂmeçaram todos os serviços da mediunidade na Terra, consideÂrando-se a mediunidade como atributo do homem encarnado para corresponder-se com os homens liberados do corpo fÃsico.
Essa obra de permuta, no entanto, foi iniciada no mundo sem qualquer direção consciente, porque, pela natural apresenÂtação da própria aura, os homens melhores atraÃram para si os EspÃritos humanos melhorados, cujo coração generoso se voltaÂva, compadecido, para a esfera terrena, auxiliando os compaÂnheiros da retaguarda, e os homens rebeldes à Lei Divina aliciaÂram a companhia de entidades da mesma classe, transformando-se em pontos de contato entre o bem e o mal ou entre a Luz e a Sombra que se digladiam na própria Terra.
Pelas ondas de pensamento a se enovelarem umas sobre as outras, segundo a combinação de freqüência e trajeto, natureÂza e objetivo, encontraram-se as mentes semelhantes entre si, formando núcleos de progresso em que homens nobres assimiÂlaram as correntes mentais dos EspÃritos Superiores, para gerar trabalho edificante e educativo, ou originando processos vários de simbiose em que almas estacionárias se enquistaram mutuamente, desafiando debalde os imperativos da evolução e estabeÂlecendo obsessões lamentáveis, a se elastecerem sempre novas, nas teias do crime ou na etiologia complexa das enfermidades mentais.
A intuição foi, por esse motivo, o sistema inicial de interÂcâmbio, facilitando a comunhão das criaturas, mesmo a distânÂcia, para transfundi-las no trabalho sutil da telementação, nesse ou naquele domÃnio do sentimento e da idéia, por intermédio de remoinhos mensuráveis de força mental, assim como na atualidade o remoinho eletrônico infunde em aparelhos especiais a voz ou a figura de pessoas ausentes, em comunicação recÃproca na radiotelefonia e na televisão.
SONO E DESPRENDIMENTO — Releva, contudo, assiÂnalar que, em se iniciando a criatura na produção do pensamenÂto contÃnuo, o sono adquiriu para ela uma importância que a consciência em processo evolutivo, até aÃ, não conhecera.
Usado instintivamente pelo elemento espiritual, como reÂcurso reparador, no refazimento das células em serviço, semeÂlhante estado fisiológico carreou novas possibilidades de realização para quantos se consagrassem ao trabalho mais amplo de desejar e mentalizar.
Ansiando livrar-se da fadiga fÃsica, após determinada quota de tempo no esforço da vigÃlia diária e, por isso mesmo, entregue ao relaxamento muscular, o homem operante e indagaÂdor adormecia com a idéia fixada a serviços de sua predileção.
Amadurecido para pensar e lançando de si a substância de seus propósitos mais Ãntimos, ensaiou, pouco a pouco, tal como aprendera, vagarosamente, o desprendimento definitivo nas operações da morte, o desprendimento parcial do corpo sutil, durante o sono, desenfaixando-o do veÃculo de matéria mais densa, embora sustentando-o, ligado a ele, por laços fluÃdico-magÂnéticos, a se dilatarem levemente dos plexos e, com mais seguÂrança, da fossa rombóide.
Encetado o processo de sonolência, com as reações motoÂras empobrecidas e impondo mecanicamente a si mesma o descanso temporário, no auxÃlio à s células fatigadas de tensão, isto desde as eras remotas em que o pensamento se lhe articulou com fluência e continuidade, permanece a mente, através do corpo espiritual, na maioria das vezes, justaposta ao veÃculo fÃÂsico, à guisa de um cavaleiro que repousa ao pé do animal de que necessita para a travessia de grande região, em complicada viagem, dando-lhe ensejo à recuperação e pastagem, enquanto ele se recolhe ao próprio Ãntimo, ensimesmando-se para refletir ou imaginar, de conformidade com seus problemas e inquietaÂções, necessidades e desejos.
ASPECTOS DO DESPRENDIMENTO — Dessa forma, aliviando o controle sobre as células que a servem no corpo carÂnal, a mente se volta, no sono, para o refúgio de si mesma, plasmando na onda constante de suas próprias idéias as imagens com que se compraz nos sonhos agradáveis em que saca da meÂmória a essência de seus próprios desejos, retemperando-se na antecipada contemplação dos painéis ou situações que almeja concretizar.
Para isso, mobiliza os recursos do núcleo da visão supeÂrior, no diencéfalo, de vez que, aÃ, as qualidades essencialmente ópticas do centro coronário lhe acalentam no silêncio do desnerÂvamento transitório todos os pensamentos que lhe emergem do seio.
Noutras ocasiões, no mesmo estado de insulamento, recoÂlhe, no curso do sono, os resultados de seus próprios excessos, padecendo a inquietação das vÃsceras ou dos nervos injuriados pela sua rendição à licenciosidade, quando não seja o asfixiante pesar do remorso por faltas cometidas, cujos reflexos absorvem do arquivo em que se lhe amontoam as próprias lembranças.
Numa e noutra condição, todavia, é a mente suscetÃvel à influenciação dos desencarnados que, evoluÃdos ou não, lhe viÂsitam o ser, atraidos pelos quadros que se lhe filtram da aura, ofertando-lhe auxÃlio eficiente quando se mostre inclinada à asÂcensão de ordem moral, ou sugando-lhe as energias e assopranÂdo-lhe sugestões infelizes quando, pela própria ociosidade ou intenção maligna, adere ao consórcio psÃquico de espécie avilÂtante, que lhe favorece a estagnação na preguiça ou a envolve nas obsessões viciosas pelas quais se entrega a temÃveis contraÂtos com as forças sombrias.
Mas dessa posição de espectador à função de agente exisÂte apenas um passo.
O pensamento contÃnuo, em fluxo insopitável, desloca-lhe a organização celular perispiritual, à maneira do córrego que em sua passagem desarticula da gleba em que desliza todo um rosáÂrio de seixos. E assim como os seixos soltos seguem a direção da corrente, lapidando-se no curso dos dias, o corpo espiritual acompanha, de inÃcio, o impulso da corrente mental que por ele extravasa, conscienciando-se muito vagarosamente no sono, que lhe propicia meia-libertação.
MEDIUNIDADE ESPONTÃNEA — Nessa fase primária de novo desenvolvimento, encontra-se, como é natural, ao pé dos objetos que lhe tomam o interesse.
E assim que o lavrador, no repouso fÃsico, retoma, em corpo espiritual, ao campo em que semeia, entrando em contato com as entidades que amparam a Natureza; o caçador volta para a floresta; o escultor regressa, freqüentemente, no sono, ao bloÂco de mármore de que aspira a desentranhar a obra-prima, o seareiro do bem volve à leira de serviço em que se lhe desdobra a virtude, e o culpado torna ao local do crime, cada qual receÂbendo de EspÃritos afins os estÃmulos elevados ou degradantes de que se fazem merecedores.
Consolidadas semelhantes relações com o Plano EspiriÂtual, por intermédio da hipnose comum, começaram na Terra os movimentos da mediunidade espontânea, porqüanto os encarnaÂdos que demonstrassem capacidades mediúnicas mais evidenÂtes, pela comunhão menos estreita entre as células do corpo fÃsiÂco e do corpo espiritual, em certas regiões do campo somático, passaram das observações durante o sono à s observações da viÂgÃlia, a princÃpio fragmentárias, mas acentuáveis com o tempo, conforme os graus de cultura a que fossem expostos.
Quanto menos densos os elos de ligação entre os impleÂmentos fÃsicos e espirituais, nos órgãos da visão, mais amplas as possibilidades na clarividência, prevalecendo as mesmas normas para a clariaudiência e para modalidades outras, no interÂcâmbio entre as duas esferas, inclusive as peculiaridades da maÂterialização, pelas quais os recursos periféricos do citoplasma, a se condensarem no ectoplasma da definição cientÃfica vulgar, se exteriorizam do corpo carnal do médium, na conjugação com as forças circulantes do ambiente, para a efêmera constituição de formas diversas.
Desde então, iniciou-se o correio entre o plano fÃsico e o plano extrafÃsico, mas, porque a ignorância embotasse ainda a mente humana, os médiuns primitivos nada mais puderam realiÂzar que a fascinação recÃproca, ou magia elementar, em que os desencarnados igualmente inferiores eram aproveitados, por via hipnótica, na execução de atividades materiais, mas, sem qualÂquer alicerce na sublimação pessoal.
FORMAÃÃO DA MITOLOGIA — Apareceu então a goecia ou magia negra, à qual as Inteligências Superiores opuÂseram a religião por magia divina, encetando-se a formação da mitologia em todos os setores da vida tribal.
Numes familiares, interessados em favorecer as tarefas edificantes para levantar a vida humana a nÃvel mais nobre, foÂram categorizadas à conta de deuses, em diversas faixas da Natureza, e, realmente, através dos instrumentos humanos mobiliÂzáveis, esses gênios tutelares incentivaram, por todas as formas possÃveis, o progresso da agricultura e do pastoreio, das indúsÂtrias e das artes.
A luta entre os EspÃritos retardados na sombra e os aspiÂrantes da luz encontrou seguro apoio nas almas encarnadas que lhes eram irmãs.
Desde essas eras recuadas, empenharam-Se O bem e o mal em tremendo conflito que ainda está muito longe de terminar, com bases na mediunidade consciente ou inconsciente, técnica ou empÃrica.
FUNÃÃO DA DOUTRINA ESPÃRITA — Forçoso recoÂnhecer, todavia, que a mediunidade, na essência, quanto a enerÂgia elétrica em si mesma, nada tem a ver com os princÃpios moÂrais que regem os problemas do destino e do ser.
Dela podem dispor, pela espontaneidade com que se eviÂdencia, sábios e ignorantes, justos e injustos, expressando-Se-lhe, desse modo, a necessidade de condução reta, quanto a força eléÂtrica exige disciplina a fim de auxiliar.
Esse o motivo por que os Orientadores do Progresso susÂtentam a Doutrina EspÃrita na atualidade do mundo, por Chama Divina, cristianizando fenômenos e objetivos, caracteres e faculdades, para que o Evangelho de Jesus Seja de fato incorporaÂdo à s relações humanas.
Como nas intervenções cirúrgicas em que tecidos são transplantados com êxito para melhoria das condições orgâniÂcas, é indispensável nos atenhamos ao impositivo das operações mediúnicas pelas quais se efetuem proveitosas enxertias psÃquiÂcas, com vistas à difusão do conhecimento superior.
MEDIUNIDADE E VIDA — Eminentes fisiologistas e pesquisadores de laboratório procuraram fixar mediunidades e médiuns a nomenclaturas e conceitos da ciência metapsÃquica, entretanto, o problema, como todos os problemas humanos, émais profundo, porque a mediunidade jaz adstrita à própria vida, não existindo, por isso mesmo, dois médiuns iguais, não obstante a semelhança no campo das impressões.
Por outro lado, espiritualistas distintos julgam-Se no direiÂto de hostilizar-lhe os serviços e impedir-lhe a eclosão, encareÂcendo-lhe os supostos perigos, como se eles próprios, mentalizando os argumentos que avocam, não estivessem assimilando, por via mediúnica, as correntes mentais intuitivas, contendo inÂterpretações particulares das Inteligências desencarnadas que os assistem.
A mediunidade, no entanto, é faculdade inerente à própria vida e, com todas as suas deficiências e grandezas, acertos e deÂsacertos, é qual o dom da visão comum, peculiar a todas as criaÂturas, responsável por tantas glórias e tantos infortúnios na TerÂra.
Ninguém se lembrará, contudo, de suprimir os olhos, porÂque milhões de pessoas, à face de circunstâncias imponderáveis da evolução, deles se tenham valido para perseguir e matar nas guerras de terror e destruição.
Urge iluminá-los, orientá-los e esclarecê-los.
Também a mediunidade não requisitará desenvolvimento indiscriminado, mas sim, antes de tudo, aprimoramento da perÂsonalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o corpo espiriÂtual, modelando o corpo fÃsico e sustentando-o, possa igualmenÂte erigir-se em filtro leal das Esferas Superiores, facilitando a ascensão da Humanidade aos domÃnios da luz.
Uberaba, 26/3/58
18
Sexo e corpo espiritual
HERMAFRODITISMO E UNISSEXUALIDADE —Examinando o instinto sexual em sua complexidade nas linhas multiformes da vida, convêm lembrar que, por milênios e milêÂnios, o princÃpio inteligente se demorou no hermafroditismo das plantas, como, por exemplo, nos fanerógamos, em cujas flores os estames e pistilos articulam, respectivamente, elementos masculinos e femininos.
Nas plantas criptogâmicas celulares e vasculares ensaiara longamente a reprodução sexuada, na formação de gametos (anÂterozôides e oosfera) que muito se aproximam aos dos animais e cuja fecundação se efetua por meios análogos aos que obserÂvamos nestes últimos seres.
Depois de muitas metamorfoses que não cabem num estuÂdo sintético quanto o nosso, caminhou o elemento espiritual, na reprodução monogônica, entre as vastas provÃncias dos protozoários e metazoários, com a divisão e gemação entre os priÂmeiros, correspondendo à cisão ou estrobilação entre os segunÂdos.
Longo tempo foi gasto na evolução do instinto sexual em vários tipos de animais inferiores, alternando-se-lhe os estágios de hermafroditismo com os de unissexualidade para que se lhe aperfeiçoassem as caracterÃsticas na direção dos vertebrados.
HERMAFRODITISMO POTENCIAL — GradativamenÂte, aparecem novos fatores de diferenciação, guardando-se, no entanto, os distintivos essenciais, como podemos identificar, ainda agora, no sapo macho adulto um hermafrodita potencial, apesar dos sinais masculinos com que se apresenta, sabendo-se que carrega na região do seu testÃculo, positivamente acrescido, um ovário elementar aderente, o conhecido corpo de Bidder.
Se extirparmos o testÃculo, o ovário atrofiado começa a funcionar, por atuação da hipófise, conforme experimentos comprovados, convertendo-se num ovário adulto.
Ocorrência inversa é verificável em cinco a dez por cento de galinhas adultas, isto é, nos indivÃduos psiquicamente disÂpostos, das quais, se retirarmos o ovário esquerdo, também consideravelmente desenvolvido, o ovário direito, rudimentar, tranÂsubstancia-se num testÃculo que se vitaliza e cresce, na sua parte medular, até então inibida pelos estrogênios do ovário esquerdo.
Nesse fenômeno, aumenta-se-lhes a crista, cantam tipicaÂmente à maneira do galo e adotam-lhe a conduta sexual mascuÂlina.
Registramos esses fatos para demonstrar que entre todos os vertebrados e muito particularmente no homem, herdeiro das mais complicadas experiências psÃquicas, nos domÃnios da reenÂcarnação, apenas os caracteres morfológicos dos implementos sexuais estão submetidos aos princÃpios da genética. Isso porÂque não é só a figuração das glândulas sexuais que se mostra biÂpotencial até certo ponto, pois todo o cosmo orgânico é suscetÃÂvel de reagir aos hormônios do mesmo sexo ou do sexo contráÂrio, segundo as disposições psÃquicas da personalidade.
AÃÃO DOS HORMÃNIOS — Atingindo inequÃvoco progresso em seus estÃmulos, o corpo espiritual, desde a protoÂforma psicossômica nos animais superiores até o homem, conforme a posição da mente a que serve, determina mais ampla riÂqueza hormonal.
As glândulas sexuais que então mobiliza são mais comÂplexas. Exercem a própria ação pelos hormônios que segregam, arrojando-os no sangue, hormônios esses, femininos ou mascuÂlinos, que possuem por arcabouço da constituição quÃmica, em que se expressam, o nücleo ciclo-pentano-peridrofenantreno, fiÂliando-se ao grupo dos esteróis.
Os hormônios estrogênicos, oriundos do ovário, mantêm os caracteres femininos secundários, e os androgênicos, segre gados pelo testÃculo, sustentam os caracteres masculinos da mesma ordem. Produzem ações estimulantes e inibitórias, todaÂvia, como atendem necessariamente a impulsos e determinações da mente, por intermédio do corpo espiritual, incentivam o desenvolvimento ou a maneira de proceder da espécie, mas não os origina.
Por isso, nenhum deles possui ação monopolizadora no mundo orgânico, não obstante patentearem essa ou aquela inÂfluência de modo mais amplo.
Ainda em razão do mesmo princÃpio que lhes vige na forÂmação, pelo qual obedecem à s vibrações incessantes do campo mental, os hormônios não se armazenam: transformam-se rapidamente ou sofrem apressada expulsão nos movimentos excreÂtórios.
Entendendo-se os recursos da reprodução como engrenaÂgens e mecanismos de que o EspÃrito em evolução se vale para a plasmagem das formas fÃsicas, sem que os homens lhe comproÂvem, de modo absoluto, as qualidades mais Ãntimas, é fácil reÂconhecer que as glândulas sexuais e seus hormônios exibem efeitos relativamente especÃficos.
Inegavelmente, o ovário e os hormônios femininos se resÂponsabilizam pelos distintivos sexuais femininos, mas podem desenvolver alguns deles no macho, prevalecendo as mesmas diretrizes para o testÃculo e os hormônios que lhe corresponÂdem.
Isso é claramente demonstrável nos experimentos de casÂtração, enxertos e injeções hormonais, porqüanto, apesar de a ação sexual especÃfica do testÃculo e do ovário apresentar-se como fato indiscutÃvel, a gônada, refletindo os estados da menÂte, herdeira direta de experiências inumeráveis, eventualmente produz certa quantidade de homtênios beterossexuais e, da mesÂma sorte, ainda que os hormônios sexuais se afirmem com ativiÂdade especÃfica intensa, em determinados acontecimentos realiÂzam essa ou aquela ação em órgãos do sexo oposto.
Esses são os efeitos heterossexuais ou bissexuais das glândulas ou dos hormônios.
ORIGEM DO INSTINTO SEXUAL — Todas as nossas referências a semelhantes peças do trabalho biológico, nos reinos da Natureza, objetivam simplesmente demonstrar que, além da trama de recursos somáticos, a alma guarda a sua individuaÂlidade sexual intrÃnseca, a definir-se na feminilidade ou na masÂculinidade, conforme os caracterÃsticos acentuadamente passiÂvos ou claramente ativos que lhe sejam próprios.
A sede real do sexo não se acha, dessa maneira, no veÃ**Âlo fÃsico, mas sim na entidade espiritual, em sua estrutura comÂplexa.
E o instinto sexual, por isso mesmo, traduzindo amor em expansão no tempo, vem das profundezas, para nós ainda inaÂbordáveis, da vida, quando agrupamentos de mOnadas celestes se reuniram magneticamente umas à s outras para a obra multiÂmilenária da evolução, ao modo de núcleos e eletrões na tessituÂra dos átomos, ou dos sóis e dos mundos nos sistemas macroÂcósmicos da Imensidade.
Por ele, as criaturas transitam de caminho a caminho, nos domÃnios da experimentação multifária, adquirindo as qualidaÂdes de que necessitam; com ele, vestem-se da forma fÃsica, em condições anômalas, atendendo a sentenças regeneradoras na lei de causa e efeito ou cumprindo instruções especiais com fins de trabalho justo.
O sexo é, portanto, mental em seus impulsos e manifestaÂções, transcendendo quaisquer impositivos da forma em que se exprime, não obstante reconhecermos que a maioria das consciências encarnadas permanecem seguramente ajustadas à sinerÂgia mente-corpo, em marcha para mais vasta complexidade de conhecimento e emoção.
EVOLUÃÃO DO AMOR — Entretanto, importa recoÂnhecer que à medida que se nos dilata o afastamento da animaliÂdade quase absoluta, para a integração com a Humanidade, o amor assume dimensões mais elevadas, tanto para os que se verticalizam na virtude como para os que se horizontalizam na inteligência.
Nos primeiros, cujos sentimentos se alteiam para as EsfeÂras Superiores, o amor se ilumina e purifica, mas ainda é instinÂto sexual nos mais nobres aspectos, imanizando-se à s forças com que se afina em radiante ascensão para Deus.
Nos segundos, cujas emoções se complicam, o amor se requinta, transubstanciando-se o instinto sexual em constante exigência de satisfação iinoderada do “eu”.
De conformidade com a Psicanálise, que vê na atividade sexual a procura incessante de prazer, concordamos em que uns, na própria sublimação, demandam o prazer da Criação, identificando-se com a Origem Divina do Universo, enquanto que outros se fixam no encalço do prazer desenfreado e egoÃstico da auto-adoração.
Os primeiros aprendem a amar com Deus.
Os segundos aspiram a ser amados a qualquer preço.
A energia natural do sexo, inerente à própria vida em si, gera cargas magnêticas em todos os seres, pela função criadora de que se reveste, cargas que se caracterizam com potenciais nÃÂtidos de atração no sistema psÃquico de cada um e que, em se acumulando, invadem todos os campos sensÃveis da alma, como que a lhe obliterar os mecanismos outros de ação, qual se estiÂvéssemos diante de usina reclamando controle adequado.
Ao nÃvel dos brutos ou daqueles que lhes renteiam a conÂdição, a descarga de semelhante energia se efetua, indiscriminaÂdamente, atravês de contatos, quase sempre desregrados e infelizes, que lhes carreiam, em conseqüência, a exaustão e o sofriÂmento como processos educativos.
POLIGAMIA E MONOGAMIA — O instinto sexual, enÂtão, a desvairar-se na poligamia, traça para si mesmo largo roÂteiro de aprendizagem a que não escapará pela matemática do destino que nós mesmos criamos.
Entretanto, quanto mais se integra a alma no plano da resÂponsabilidade moral para com a vida, mais apreende o impositiÂvo da disciplina própria, a fim de estabelecer, com o dom de amar que lhe é intrÃnseco, novos programas de trabalho que lhe facultem acesso aos planos superiores.
O instinto sexual nessa fase da evolução não encontra aleÂgria completa senão em contato com outro ser que demonstre plena afmidade, porqüanto a liberação da energia, que lhe é peÂculiar, do ponto de vista do governo emotivo, solicita compenÂsação de força igual, na escala das vibrações magnéticas.
Em semelhante eminência, a monogamia é o clima esponÂtâneo do ser humano, de vez que dentro dela realiza, naturalÂmente, com a alma eleita de suas aspirações a união ideal do raÂciocÃnio e do sentimento, com a perfeita associação dos recurÂsos ativos e passivos, na constituição do binário de forças, capaz de criar não apenas formas fÃsicas, para a encarnação de ouÂtras almas na Terra, mas também as grandes obras do coração e da inteligência, suscitando a extensão da beleza e do amor, da sabedoria e da glória espiritual que vertem, constantes, da CriaÂção Divina.
ALIMENTO ESPIRITUAL — Há, por isso, consórcios de infinita gradação no Plano Terrestre e no Plano Espiritual, nos quais os elementos sutis de comunhão prevalecem acima das linhas morfológicas do vaso fÃsico, por se ajustarem ao sisÂtema psÃquico, antes que à s engrenagens da carne, em circuitos substanciais de energia.
Contudo, até que o EspÃrito consiga purificar as próÂprias impressões, além da ganga sensorial, em que habitualÂmente se desregra no narcisismo obcecante, valendo-se de outros seres para satisfazer a volúpia de hipertrofiar-se psiÂquicamente no prazer de si mesmo, numerosas reencarnações instrutivas e reparadoras se Lhe debitam no livro da vida, porÂque não cogita exclusivamente do próprio prazer sem lesar os outros, e toda vez que lesa alguém abre nova conta resgatável em tempo certo.
Isso ocorre porque o instinto sexual não é apenas agente de reprodução entre as formas superiores, mas, acima de tudo, é o reconstituinte das forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na perÂmuta de raios psÃquico-magnéticos que lhes são necessários ao progresso.
Os espÃritos santificados, em cuja natureza superevolvida o instinto sexual se diviniza, estão relativamente unidos aos EsÂpÃritos Glorificados, em que descobrem as representações de Deus que procuram, recolhendo de semelhantes entidades as cargas magnéticas sublimadas, por eles próprios liberadas no êxtase espiritual.
De outro lado, as almas primitivas comunmente lhe gastam a força em excessos que lhes impõem duras lições.
Entre os espÃritos santificados e as almas primitivas, miÂlhões de criaturas conscientes, viajando da rude animalidade para a Humanidade enobrecida, em muitas ocasiões se arrojam a experiências menos dignas, privando a companheira ou o companheiro do alimento psÃquico a que nos reportamos, interrompendo a comunhão sexual que lhes alentava a euforia, e, se as forças sexuais não se encontram suficientemente controladas por valores morais nas vÃtimas, surgem, freqüentemente, longos processos de desespero ou de delinqüência.
ENFERMIDADES DO INSTINTO SEXUAL — As cargas magnéticas do instinto, acumuladas e desbordantes na personalidade, à falta de sólido socorro Ãntimo para que se canalizem na direção do bem, obliteram as faculdades, ainda vacilantes, do discernimento e, à maneira do esfaimado, alheio ao bom senso, a criatura lesada em seu equilÃbrio sexual costuma entregar-se à rebelião e à loucura em sÃndromes espiriÂtuais de ciúme ou despeito. à face das torturas genésicas a que se vê relegada, gera aflitivas contas cármicas a lhe vergastarem a alma no espaço e a lhe retardarem o progresso no tempo.
Daà nascem as psiconeuroses, os colapsos nervosos deÂcorrentes do trauma nas sinergias do corpo espiritual, as fobias numerosas, a “histeria de conversão”, a “histeria de angústia”, os “desvios da libido”, a neurose obsessiva, as psicoses e as fiÂxações mentais diversas que originam na ciência de hoje as inÂdagações e os conceitos da psicologia de profundidade, na esfeÂra da Psicanálise, que identifica as enfermidades ou desajustes do instinto sexual sem oferecer-lhes medicação adequada, porÂque apenas o conhecimento superior, gravado na própria alma, pode opor barreiras à extensão do conflito existente, traçando caminhos novos à energia criadora do sexo, quando em perigoÂso desequilÃbrio.
Desse modo, por semelhantes ruturas dos sistemas psicosÂsomáticos, harmonizados em permutas de cargas magnéticas afins, no terreno da sexualidade fÃsica ou exclusivamente psÃquica, é que múltiplos sofrimentos são contraÃdos por nós todos, no decurso dos séculos, porqüanto, se forjamos inquietações e problemas nos outros, com o instinto sexual, é justo venhamos a solucioná-los em ocasião adequada, recebendo por filhos e asÂsociados de destino, entre as fronteiras domésticas, todos aqueÂles que constituÃmos credores do nosso amor e da nossa renúnÂcia, atravessando, muitas vezes, padecimentos inomináveis para assegurar-lhes o refazimento preciso.
Compreendamos, pois, que o sexo reside na mente, a ex pressar-se no corpo espiritual, e conseqüentemente no corpo fÃÂsico, por santuário criativo de nosso amor perante a vida, e, em razão disso, ninguém escarnecerá dele, desarmonizando-lhe as forças, sem escarnecer e desarmonizar a si mesmo.
Pedro Leopoldo, 30/3/58.
19
Alma e reencarnação
DEPOIS DA MORTE — Efetivamente, logo após a morÂte fÃsica, sofre a alma culpada minucioso processo de purgação, tanto mais produtivo quanto mais se lhe exteriorize a dor do arrependimento, e, apenas depois disso, consegue elevar-se a esÂferas de reconforto e reeducação.
Se a moléstia experimentada na veste somática foi longa e difÃcil, abençoadas depurações terão sido feitas, pelo ensejo de auto-exame, no qual as aflições suportadas com paciência lhe alteraram sensações e refundiram idéias.
Todavia, se essa operação natural não foi possÃvel no cÃrÂculo carnal, mais se lhe agravam os remorsos, depois do túmuÂlo, por recalcados na consciência, a aflorarem, todos eles, atraÂvés de reflexão, renovando as imagens com que foram fixados na própria alma.
Criminosos que mal ressarciram os débitos contraÃdos, instados pelo próprio arrependimento, plasmam, em torno de si mesmos, as cenas degradantes em que arruinaram a vida Ãntima, alimentando-as à custa dos próprios pensamentos desgovernaÂdos.
Caluniadores que aniquilaram a felicidade alheia vivem pesadelos espantosos, regravando nas telas da memória os padeÂcimentos das vÃtimas, como no dia em que as fizeram descer para o abismo da angústia, algemados ao pelourinho de obsiÂdentes recordações.
Tiranetes diversos volvem a sentir nos tecidos da própria alma os golpes que desferiram nos outros, e os viciados de toda sorte, quais os dipsômanos e morfinômanos, experimentam agoniada insatisfação, qual ocorre também aos desequilibrados do sexo, que acumulam na organização psicossomática as carÂgas magnéticas do instinto em desvario, pelas quais se localiÂzam em plena alienação.
As vÃtimas do remorso padecem, assim, por tempo correspondente à s necessidades de reajuste, larga internaÂção em zonas compatÃveis com o estado espiritual que deÂmonstram.
CONCEITO DE INFERNO — O inferno das várias reliÂgiões, nesse aspecto, existe perfeitamente como órgão controlaÂdor do equilÃbrio moral nos reinos do EspÃrito, assim como a penitenciária e o hospital se levantam na Terra, como retortas de recuperação e de auxÃlio.
Além-túmulo, no entanto, o estabelecimento depurativo como que reúne em si os Ãrgãos de repressão e de cura, porqüanto as consciências empedernidas aà se congregam à s consÂciências enfermas, na comunhão dolorosa, mas necessária, em que o mal é defrontado pelo próprio mal, a fim de que, em se examinando nos semelhantes, esmoreça por si na faina destruiÂdora em que se desmanda.
à assim que as Inteligências ainda perversas se transforÂmam em instrumentos reeducativos daquelas que começam a despertar, pela dor do arrependimento, para a imprescindÃvel restauração.
O inferno, dessa maneira, no clima espiritual das váÂrias nações do Globo, pode ser tido na conta de imenso cárcere-hospital, em que a diagnose terrestre encontrará realmente todas as doenças catalogadas na patologia coÂmum, inclusive outras muitas, desconhecidas do homem, não propriamente oriundas ou sustentadas pela fauna miÂcrobiana do ambiente carnal, mas nascidas de profundas disfunções do corpo espiritual e, muitas vezes, nutridas peÂlas formas-pensamentos em torturado desequilÃbrio, classiÂficáveis por larvas mentais, de extremo poder corrosivo e alucinatório, não obstante a fugaz duração com que se artiÂculam, quando não obedecem à s idéias infelizes, longaÂmente recapituladas no tempo.
“SEMENTES DE DESTINO” — Nesses lugares de retiÂficadoras inquietações, alija o EspÃrito endividado a carga de suÂperfÃcie, exonerando-se dos elementos de mais envolvente deÂgradação que o aviltam; contudo, tão logo revele os primeiros sinais de positiva renovação para o bem, registra o auxÃlio das Esferas Superiores, que, por agentes inúmeros, apóiam os serviÂços da Luz Divina onde a ignorância e a crueldade se transviam na sombra.
Qual doente, agora acolhido em outros setores pela encoÂrajadora convalescença de que dá testemunho, o devedor desÂfruta suficiente serenidade para rever os compromissos assumiÂdos na encarnação recentemente deixada, sopesando os males e sofrimentos de que se fez responsável, acusando ainda a si próprio, com a incapacidade evidente de perdoar-se, tanto maior quão maiores lhe foram no mundo as oportunidades de elevação e a luz do conhecimento.
Muita vez, ascendem a escolas beneméritas, nas quais reÂcolhem mais altas noções da vida, aprimoram-se na instrução, aperfeiçoam impulsos e exercem preciosas atividades, melhoÂrando os próprios créditos; todavia, as lembranças dos erros voÂluntários, ainda mesmo quando as suas vÃtimas tenham já supeÂrado todas as seqüelas dos golpes sofridos, entranham-se-lhes no espÃrito por “sementes de destino”, de vez que eles mesmos, em se reconhecendo necessitados de promoção a nÃveis mais nobres, pedem novas reencarnações com as provas de que careÂcem para se quitarem consciencialmente consigo próprios.
Nesses casos, a escolha da experiência é mais que legÃtiÂma, porqüanto, através da limpeza de limiar, efetuada nas regiões retificadoras, e pelos tÃtulos adquiridos nos trabalhos que abraÂça, no plano extrafÃsico, merece a criatura os cuidados preparaÂtórios da nova tarefa em vista, a fim de que haja a conjugação de todos os fatores para que reencontre os credores ou as cirÂcunstâncias imprescindÃveis, junto aos quais se redima perante a Lei.
REENCARNAÃÃES ESPECIAIS — Entretanto, reencarÂnações se processam, muita vez, sem qualquer consulta aos que necessitam segregação em certas lutas no plano fÃsico, proviÂdências essas comparáveis à s que assumimos no mundo com enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorÂte que lhes convêm no espaço de tempo em que se lhes perdura a enfermidade ou em que se mantenham sob as determinações da justiça.
São os problemas especiais, em que a individualidade reÂnasce de cérebro parcialmente inibido ou padecendo mutilações congênitas, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e cariÂnho.
Incapazes de eleger o caminho de reajuste, pelo estado de loucura ou de sofrimento que evidenciam, semelhantes enferÂmos são decididamente internados na cela fÃsica como doentes isolados sob assistência precisa.
Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou pauÂpêrrimos, contrariando, por vezes, até certo ponto, os estatutos que regem a hereditariedade, por representarem dolorosas exceÂções no caminho normal.
REENCARNAÃÃO E EVOLUÃÃO — Urge reparar, enÂtretanto, em que a reencarnação não é mero princÃpio regeneraÂtivo.
A evolução natural nela encontra firme apoio.
Criaturas que avultam na bondade, em muitas ocasiões reÂquerem conhecimento nobilitante, e muitas que se agigantaram na inteligência permanecem à mÃngua de virtude.
Outras inumeráveis, embora detendo preciosos valores, nos domÃnios do coração e do cérebro, após longo estágio no plano extrafÃsico, sentem fome de progresso renovador por inabilitadas, ainda, a ascensões maiores e renunciam à tranqüilidaÂde a que se integram nos grupos afins, porque, no cadinho eferÂvescente da carne, analisam, de novo, as próprias imperfeições, testando-lhes a amplitude nas rudes experiências da vida humaÂna, obtendo mais avançado ensejo de corrigenda e transformaÂção.
Isso não significa que a consciência desencarnada deixe de encontrar possibilidades de expansão nas cidades espirituais que gravitam em torno da Terra. Outras modalidades de estudo e trabalho aà lhe asseguram novos fatores de evolução; contudo, escassa percentagem de criaturas humanas, além da morte, adÂquirem acesso definitivo aos planos superiores.
A esmagadora maioria jaz ainda ligada à s ideologias e raÂças, pátrias e realizações, famÃlias e lares do mundo.
à por isso que artistas eméritos, ao notarem o curso difeÂrente das escolas que deixaram no Planeta, sentem-se irresistiÂvelmente atraÃdos para a reencarnação, a fim de Preservar-lhes ou enriquecer-lhes os patrimônios.
Cientistas eminentes, interessados na continuidade dos empreendimentos redentores que largaram em mãos alheias, volvem ao trabalho e à experimentação entre os homens, e, no mesmo espÃrito missionário, religiosos e filósofos, professores e condutores, homens e mulheres que se distinguem por nobres aspirações retornam, voluntariamente à esfera fÃsica, em sagraÂdas ações de auxÃlio que lhes valem honrosos degraus de subliÂmação na escalada para a Divina Luz.
Entendamos, assim, que tanto a regeneração quanto a evolução não se verificam sem preço.
O progresso pode ser comparado a montanha que nos cabe transpor, sofrendo-se naturalmente os problemas e as fadiÂgas da marcha, enquanto que a recuperação ou a expiação podem ser consideradas como essa mesma subida, devidamente recapitulada, através de embaraços e armadilhas, miragens e es-pinheiros que nós mesmos criamos.
Se soubermos, porém, suar no trabalho honesto, não preÂcisaremos suar e chorar no resgate justo.
E não se diga que todos os infortúnios da marcha de hoje estejam debitados a compromissos de ontem, porque, com a prudência e a imprudência, com a preguiça e o trabalho, com o bem e o mal, melhoramos ou agravamos a nossa situação, recoÂnhecendo-se que todo dia, no exercÃcio de nossa vontade, forÂmamos novas causas, refazendo o destino.
PARTICULARIDADES DA REENCARNAÃÃO — Perguntar-se-á razoavelmente, se existe uma técnica invariável no serviço reencarnatório Seria o mesmo que indagar se a morÂte na Terra é única em seus processos para todas as criaturas.
Cada entidade reencarnante apresenta particularidades esÂsenciais na recorporificação a que se entrega na esfera fÃsica, quanto cada pessoa expõe caracterÃsticos diferentes quando se rende ao processo liberatório, não obstante o nascimento e a morte parecerem iguais.
Os EspÃritos categoricamente superiores, quase sempre, em ligação sutil com a mente materna que lhes oferta guarida, podem plasmar por si mesmos e, não raro, com a colaboração de instrutores da Vida Maior, o corpo em que continuarão as fuÂturas experiências, interferindo nas essências cromossômicas, com vistas à s tarefas que lhes cabem desempenhar.
Os EspÃritos categoricamente inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideÃsmo tiranizante, entram em simÂbiose fluÃdica com as organizações femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual ou o fenôÂmeno de “ovoidização”, sendo inelutavelmente atraÃdos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da hereditaÂriedade, como acontece à semente, que, após desligar-se do fruÂto seco, germina no solo, segundo os princÃpios organogênicos a que obedece, tão logo encontre o favor ambiencial.
Entre ambas as classes, porém, contamos com milhões de EspÃritos medianos na evolução, portadores de créditos apreciáÂveis e dÃvidas numerosas, cuja reencarnação exige cautela de preparo e esmero de previsão.
RESTRINGIMENTO DO CORPO ESPIRITUAL — InsÂtitutos de escultura anatômica funcionam, por isso, no Plano EsÂpiritual, brunindo formas diversas, de modo a orientar os mapas ou prefigurações do serviço que aos reencarnantes competirá, mais tarde atender.
Corpos, membros, órgãos, fibras e células são aà esboçaÂdos e estudados, antes que se definam os primórdios da remateÂrialização terrestre, porque, nesses casos, em que a alma oscila entre méritos e deméritos, a reencarnação permanece sob os auspÃcios de autoridades e servidores da Justiça Espiritual que administra recursos a cada aprendiz da sublimação, de acordo com as obras edificantes que lhes constem do currÃculo da exisÂtência.
Para isso, os candidatos à reencarnação, sem supeÂrioridade suficiente de modo a supervisioná-la com o seu próprio critério e distantes da inferioridade primitivista que deles faria escravos absolutos da herança fÃsica, são admitidos a instituições-hosÂpitais em que magnetizadores desencarnados, bastante compeÂtentes pela nobreza Ãntima, se incumbem de aplicar-lhes fluÃdos balsamizantes que os adormeçam, por perÃodos variáveis, de conformidade com a evolução moral que enunciem, a fim de que os princÃpios psicossomáticos se adaptem a justo restringiÂmento, em bases de sonoterapia.
Desse modo, regressam ao berço humano, nas condições precisas, recolhidos a novo corpo, qual operário detentor de virÂtudes e defeitos a quem se concede novo uniforme de trabalho e nova oportunidade de realização.
CORPO FÃSICO — Paternidade e maternidade, raça e páÂtria, lar e sistema consangüÃneo são conjugados com previdente sabedoria para que não faltem ao reencarnante todas as possibilidades necessárias ao êxito no empreendimento que se inicia..
à senhor das experiências adquiridas que lhe despontam do ser, em forma de tendências e impulsos, recebe o EspÃrito um corpo fÃsico inteiramente novo, em olvido temporário, mas não absoluto, das experiências pregressas, corpo com o qual será defrontado pelas circunstâncias favoráveis ou não do camiÂnho que deve percorrer, para prosseguir na obra digna em que se haja empenhado ou para retificar as lições em que haja faliÂdo.
Nessas diretrizes, nem sempre estará integrado normalÂmente na posição em que a vida mental e o campo somático se mostram em sinergia ideal.
Ãs vezes, deve sofrer mutilações e enfermidades benéfiÂcas, inibições e dificuldades orgânicas de caráter inevitável, porque, de aprendizado a aprendizado e de tarefa a tarefa, quanÂto o aluno de estágio a estágio para as grandes metas educativas, é que se levantará, vitorioso, para a ascensão à Imortalidade CeÂleste.
Uberaba, 9/4/58.
20
Corpo espiritual e religiões
RESPONSABILIDADE E CONSCIÃNCIA — à mediÂda que a responsabilidade se lhe apossou do espÃrito, ilumiÂnou-se a consciência do homem.
A centelha da razão convertera-se em chama divina.
A inteligência humana entendeu a grandeza do UniverÂso e compreendeu a própria humildade, reconhecendo em suas entranhas a idéia inalienável de Deus.
Conduzindo-se, então, de modo racional, experimentou profundas transformações.
Percebe, nesse despertamento, que, além das operaÂções vulgares da nutrição e da reprodução, da vigÃlia e do repouso, estÃmulos interiores, inelutáveis, trabalham-lhe o âmago do ser, plasmando-lhe o caráter e o senso moral, em que a intuição se amplia segundo as aquisições de conheciÂmento e em que a afetividade se converte em amor, com capacidade de sacrifÃcio, atingindo a renúncia completa.
Até à época recuada do paleolÃtico, interferiram as Inteligências Divinas para que se lhe estruturasse o veÃ**Âlo fÃsico, dotando-a com preciosas reservas para o futuro imenso.
Envolvendo-a na luz da responsabilidade, conferiam-lhe o dever de conservar e aprimorar o patrimônio recebido, e, investindo-a na riqueza do pensamento contÃnuo, entregaram-lhe a obrigação de atender ao aperfeiçoamento de seu corpo espiriÂtual.
Aceitar-se-á, razoavelmente, que até semelhante fase os tremendos conflitos da Natureza, em que se mesclavam a vioÂlência e a brutalidade, foram debitados à conta da evolução neÂcessária para a discriminação de indivÃduos e agrupamentos, esÂpécies e raças.
ATIVIDADE RELIGIOSA — Estabelecido, porém, o princÃpio de justiça e aflorando a mentação incessante, o hoÂmem começou a examinar em si mesmo o efeito das próprias ações, de modo a crescer, conscientemente, para a sua destiÂnação de filho de Deus, herdeiro e colaborador da Sua Obra Divina.
Espicaça-se-lhe, então, a curiosidade construtiva.
Faminto de elucidações adequadas quanto ao próprio caminho, ergue as antenas mentais para as estrelas, recolhenÂdo os valores do espÃrito que lhe consubstanciam o patrimônio de revelações do Céu, através dos tempos.
Era necessário satisfazer ao acrisolamento do seu veÃÂculo sutil, na essência Ãntima, assegurar-lhe o transformismo anÃmico, revesti-lo de luminosidade e beleza e apurar-lhe os princÃpios para que, além do angusto cÃrculo humano, pudesÂse retratar a glória dos planos superiores.
Para isso, o pensamento reclamava orientação educatiÂva, de modo a despojar-se da espessa sedimentação de aniÂmalidade que lhe presidia os impulsos.
Exigia-se-lhe a depuração da atmosfera vital, impresÂcindÃvel à assimilação da influência divina.
E a atividade religiosa nasceu por instituto mundial de higiene da alma, traçando ao homem diretrizes à nutrição psÃÂquica, de vez que, pela própria perspiração, exterioriza os produtos que elabora na usina mental, em forma de eflúvios eletromagnéticos, nos quais se lhe corporificam, em moviÂmento, os reflexos dominantes, influenciando o ambiente e sendo por ele influenciado.
A ciência médica, rica de experimentação e de lógiÂca, surgiria para corresponder à s necessidades do corpo fÃÂsico, mas a tarefa religiosa viria ao encontro das civilizaÂções, plena de inspiração e disciplina, patrocinando a orientação do corpo espiritual, em seu necessário refinamento.
ENXERTO REVITALIZADOR — Nesse sentido, a EsÂpiritualidade Sublime, amparando o homem, jamais lhe menosÂprezou a sede de consolo e esclarecimento.
Quando mais angustiosos se lhe esboçavam os problemas da dor, com a guerra Ãntima entre a razão e a animalidade, granÂde massa de EspÃritos ilustrados, mas decaldos de outro sistema cósmico, renasceu no tronco genealógico das tribos terrestres, qual enxerto revitalizador, embora isso representasse para eles amarga penitência expiatória.
Constituiu-se desse modo a raça adâmica, instilando no homem renovadas noções de Deus e da vida. (9)
Levantam-se organizações religiosas primordiais.
Povos nômades e agrupamentos escravizados ao solo por extremado gregarismo adotaram as mais estranhas formas de fé, a se emoldurarem por barbárie natural, através de intercambio fragmentário com o plano extrafÃsico.
Os EspÃritos exilados, presos à rede organogênica em que se lhes tecia o cárcere, no carro biológico, ainda profundamente primitivista, muita vez revoltados e endurecidos, aliavam-se à s tabas selvagens, em cultos sanguinários e indescritÃveis, desvaiÂrando-se nos mais aviltantes espetáculos de crueldade, em nome dos deuses com que fantasiavam as entidades inferiores do seu convÃvio doméstico.
Alguns deles, no entanto, movidos de compunção, entraÂram em fervoroso arrependimento das culpas contraÃdas no mundo aprimorado de que provinham, e, não obstante os embaÂraços que se Lhes antepunham aos sonhos de recuperação, coÂmeçaram instintivamente a formar núcleos isolados para o cultiÂvo de meditações superiores, em sagrados tentames de elevação.
RELIGIÃO EGIPCIANA — Depois de longos e porfiaÂdos milênios de luta espiritual, surgem no mundo, como grupos por eles organizados, a China pré-histórica e a Ãndia vêdica, o antigo Egito e civilizações outras que se perderam no abismo
(9) Para mais amplo esclarecimento do assunto, aconselhamos ao leiÂtor breve consulta ao CapÃtulo 3º do livro “A Caminho da Luz”, de autoria do EspÃrito Emmanuel e recebido mediunicamente por Francisco Cãndido XaÂvier. — (Nota da Editora.)
das eras, nos quais a religião assume aspecto enobrecido como ciência moral de aperfeiçoamento, para mais alta ascensão da mente humana à Consciência Cósmica.
Dentre todos, desempenha o Egito missão especial, orgaÂnizando escolas de iniciação mais profunda.
Em obediência aos requisitos da crença popular, herdeira intransigente das fixações mitológicas, mantêm o sacerdócio cultos diversos a deuses vários, nas manifestações esotéricas dos templos descerrados ao povo.
O lar e a escola, a agricultura e o comércio, as indústrias e as artes possuem gênios especiais que os presidem, em nome da convicção vulgar, mas, na intimidade do santuário, o monoteÃsÂmo dirige a implantação da fé.
A unidade de Deus é o alicerce de toda a religião egipciaÂna, em sua feição superior.
Para ela, os atributos divinos são a vontade sábia e podeÂrosa, a liberdade, a grandeza, a magnanimidade incansável, o amor infinito e a imortalidade.
Em sÃntese, acredita que Deus plasmou os seus próprios membros, que são os deuses conhecidos. Cada um desses deuÂses secundários pode ser tomado como sendo análogo ao Deus Ãnico, e cada um deles pode formar um tipo novo do qual se irÂradiam por sua vez, e pelo mesmo processo, Outros tipos de deuses inferiores.
Claro está que essa argumentação teológica, distanciada de mais altos roteiros da evolução, imaginava erroneamente poÂtências espirituais centralizadas no Criador Excelso, quando só Deus tem a faculdade de verdadeiramente criar, mas o conceito expressa, em sentido lato, a solidariedade constante e inevitável que existe em todas as vidas de que se constitui a famÃlia do SuÂpremo Senhor em todo o Universo.
MISSÃO DE MOISÃS — Os padres tebanos conheciam, de maneira precisa, a evidência do corpo espiritual que pode exÂteriorizar-se de cada criatura para ações úteis ou criminosas.
Cultivam a mediunidade em grau avançado, atendem a complexas aplicações do magnetismo, traçam disciplinas à vida Ãntima e comunicam-se com os desencarnados de modo iniludÃÂvel, consagrando-lhes reverência especial.
Nesse campo de conhecimento mais nobre, reencarna-se Moisês como missionário da renovação, para dar à mente do povo a concepção do Deus Ãnico, transferindo-a dos recintos imciáticos para a praça pública. Entretanto, porque a evolução dos princÃpios religiosos implica sempre em levantamento dos costumes, com a elevação da alma, o desbravador enfrenta bataÂlhas terrÃveis do pensamento acomodado aos circuitos da tradiÂção em que as classes se exploram mutuamente, agravando asÂsim os próprios compromissos, para afinal receber os fundaÂmentos da Lei, no Sinai.
Desde essa hora, o conhecimento religioso, baseado na Justiça Cósmica, generaliza-se no âmago das nações, porqüanto, através da mensagem de Moisés, informa-se o homem comum de que, perante Deus, o Senhor do Universo e da Vida, éobrigado a respeitar o direito dos semelhantes para que seja igualmente respeitado, reconhecendo que ele e o próximo são irmãos entre si, filhos de um Pai Ãnico.
A religião passa, desse modo, a atuar, em sentido direto, no acrisolamento do corpo espiritual para a Vida Maior, através da educação dos hábitos humanos a se depurarem no cadinho dos séculos, preparando a chegada do Cristo, o Governador EsÂpiritual da Terra.
As idéias da justiça e da solidariedade, dos deveres coletiÂvos e individuais com a higiene do corpo e da mente atingem ampla divulgação.
OS DEZ MANDAMENTOS — Os dez mandamentos, reÂcebidos mediunicamente pelo profeta, brilham ainda hoje por alicerce de luz na edificação do direito, dentro da ordem social.
A palavra da Esfera Superior gravava a lei de causa e efeito para o homem, advertindo-o solenemente:
— Consagra amor supremo ao Pai de Bondade Eterna, nEle reconhecendo a tua divina origem.
Precata-te contra os enganos do antropomorfismo, porque padronizar os atributos divinos absolutos pelos acanhados atriÂbutos humanos é cair em perigosas armadilhas da vaidade e do orgulho.
Abstém-te de envolver o Julgamento Divino na estreiteza de teus julgamentos.
Recorda o impositivo da meditação em teu favor e em benefÃcio daqueles que te atendem na esfera de trabalho, para que possas assimilar com segurança os valores da experiência.
Lembra-te de que a dÃvida para com teus pais terrestres é sempre insolvável por sua natureza sublime.
Responsabilizar-te-ás pelas vidas que deliberadamente extinguires.
Foge de obscurecer ou conturbar o sentimento alheio, porque o cálculo delituoso emite ondas de força desorientada que voltarão sobre ti mesmo.
Evita a apropriação indébita para que não agraves as próÂprias dÃvidas.
Desterra de teus lábios toda palavra dolosa a fim de que se não transforme, um dia, em tropeço para os teus pés.
Acautela-te contra a inveja e o despeito, a inconformação e o ciúme, aprendendo a conquistar alegria e tranqüilidade, ao preço do esforço próprio, porque os teus pensamentos te preceÂdem os passos, plasmando-te, hoje, o caminho de amanhã.
JESUS E A RELIGIÃO — Com Jesus, no entanto, a reliÂgião, como sistema educativo, alcança eminência inimaginável.
Nem templos de pedra, nem rituais.
Nem hierarquias efêmeras, nem avanço ao poder humano.
O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento enoÂbrecido e distribui-lhe os tesouros.
Dirige-se aos homens simples de coração, curvados para a gleba do sofrimento e erÂgue-lhes a cabeça trêmula para o Céu. Aproxima-se de quanÂtos desconhecem a sublimidade dos próprios destinos e assoÂpra-lhes a verdade, vazada em amor, para que o sol da espeÂrança lhes renasça no ser. Abraça os deserdados e fala-lhes da Providência Infinita. Reúne, em torno de sua glória que a humildade escondia, os velhos e os doentes, os cansados e os tristes, os pobres e os oprimidos, as mães sofredoras e as crianças abandonadas e entrega-lhes as bem-aventuranças ceÂlestes. Ensina que a felicidade não pode nascer das posses efêmeras que se transferem de mão em mão, e sim da caridaÂde e do entendimento, da modéstia e do trabalho, da tolerânÂcia e do perdão. Afirma-lhes que a Casa de Deus está constiÂtuÃda por muitas moradas, nos mundos que enxameiam o firÂmamento, e que o homem deve nascer de novo para progredir na direção da Sabedoria Divina. Proclama que a morte não existe e que a Criação é beleza e segurança, alegria e vitória em plena imortalidade.
Pelas revelações com que vence a superstição e o crime, a violência e a perversidade, paga na cruz o imposto de extremo sacrifÃcio aos preconceitos humanos que lhe não perdoam a soberana grandeza, mas, reaparecendo redivivo, para a mesma Humanidade que o escarnecera e crucificara, desvenda-lhe, em novo cantico de humildade, a excelsitude da vida eterna.
REVIVESCÃNCIA DO CRISTIANISMO — Erige-se, desde então, o Evangelho em código de harmonia, inspirando o devotamento ao bem de todos até o sacrifÃcio voluntário, a fraÂternidade viva, o serviço infatigável aos semelhantes e o perdão sem limites.
Iniciam-se em todo o Orbe imensas alterações. A crueldaÂde metódica cede lugar à compaixão. Os troféus sanguinolentos da guerra desertam dos santuários. A escravidão de homens liÂvres é sacudida nos fundamentos para que se anule de vez. LeÂvanta-se a mulher da condição de alimária para a dignidade huÂmana. A filosofia e a ciência admitem a caridade no governo dos povos. O ideal da solidariedade pura começa a fulgir sobre a fronte do mundo.
Moisés instalara o princÃpio da justiça, coordenando a vida e influenciando-a de fora para dentro.
Jesus inaugurou na Terra o princÃpio do amor, a exterioriÂzar-se do coração, de dentro para fora, traçando-lhe a rota para Deus.
E eis que o Cristianismo grandioso e simples ressurge agora no Espiritismo, induzindo-nos à sublimação da vida ÃntiÂma, para que nossa alma se liberte da sombra que a densifica, encaminhando-se, renovada, para as culminâncias da Luz.
Pedro Leopoldo, 13/4/58.
SEGUNDA PARTE
21
Alimentação dos desencarnados
- Como se verifica a alimentação dos EspÃritos desenÂcarnados?
- Encarecendo a importância da respiração no sustento do corpo espiritual, basta lembrar a hematose no corpo fÃsico, pela qual o intercâmbio gasoso se efetua com segurança,
através dos alvéolos, nos quais os gases se transferem do meio exterior para o meio interno e vice-versa, atendendo à assimilação e deÂsassimilação de variadas atividades quÃmicas no campo orgâniÂco.
O oxigênio que alcança os tecidos entra em combinação com determinados elementos, dando, em resultado, o anidrido carbônico e a água, com produção de energia destinada à manutenção das provÃncias somáticas.
Estudando a respiração celular, encontraremos, junto aos próprios arraiais da ciência humana, problemas somente eqüaÂcionáveis com a ingerência automática do corpo espiritual nas funções do veÃculo fÃsico, porque os fenômenos que lhe são consequentes se graduam em tantas fases diversas que o fisioloÂgista, sem noções do EspÃrito, abordá-los-á sempre com a perÂplexidade de quem atinge o insolúvel.
Sabemos que para a subsistência do corpo fÃsico é impresÂcindÃvel a constante permuta de substâncias, com incessante transformação de energia.
Substância e energia se conjugam para fornecer ao carro fisiológico os recursos necessários ao crescimento ou à reparaÂção do contÃnuo desgaste, produzindo a força indispensável à existência e os recursos reguladores do metabolismo.
O alimento comum ao corpo carnal experimenta, de inÃcio, a digestão, pela qual os elementos coloidais indifusÃveis se transubstanciam em elementos cristalóides difusÃveis, converÂtendo-se ainda as matérias complexas em matérias mais simÂples, acessÃveis à absorção, a que se sucede a circulação dos vaÂlores nutrientes, suscetÃveis de aproveitamento pelos tecidos, seja em regime de aplicação imediata, seja no de reserva, destiÂnando-se os resÃduos à expulsão natural.
A ciência terrena não desconhece que o metabolismo guarda a tendência de manter-se em estabilidade constante, tanÂto assim que, reconhecidamente, a despesa de oxigênio e o teor de glicemia em jejum revelam quase nenhuma diferença de dia para dia.
à que o corpo espiritual, comandando o corpo fÃsico, sana espontaneamente, quando harmonizado em suas próprias funções, todos os desequilÃbrios acidentais nos processos metabólicos, presidindo as reações do campo nutritivo comum.
Não ignoramos, desse modo, que desde a experiência carÂnal o homem se alimenta muito mais pela respiração, colhendo o alimento de volume simplesmente como recurso complemenÂtar de fornecimento plástico e energético, para o setor das caloÂrias necessárias à massa corpórea e à distribuição dos potenciais de força nos variados departamentos orgânicos.
Abandonado o envoltório fÃsico na desencarnação, se o psicossoma está profundamente arraigado à s sensações terresÂtres, sobrevém ao EspÃrito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é familiar, e, quando não a supera ao preço do próprio esforço, no auto-reajustamenÂto, provoca os fenômenos da simbiose psÃquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se afine, quando não promove a obsessão espetaÂcular.
Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducação do Plano Espiritual, onde encontram aliÂmentação semelhante à da Terra, porém fluÃdica, recebendo-a em porções adequadas até que se adaptem aos sistemas de sus tentação da Esfera Superior, em cujos cÃrculos a tomada de substância é tanto menor e tanto mais leve quanto maior se eviÂdencie o enobrecimento da alma, porqüanto, pela difusão cutâÂnea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade, nuÂtre-se de produtos sutilizados ou sÃnteses quimioeletromagnétiÂcas, hauridas no reservatório da Natureza e no intercâmbio de raios vitalizantes e reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si.
Essa alimentação psÃquica, por intermédio das projeções magnéticas trocadas entre aqueles que se amam, é muito mais importante que o nutricionista do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia orgânica e mental da perÂsonalidade. Daà porque toda criatura tem necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilÃbrio geral.
De qualquer modo, porém, o corpo espiritual com alguma provisão de substância especÃfica ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se apenas da difusão cutânea para refaÂzer seus potenciais energéticos, conta com os processos da assiÂmilação e da desassimilação dos recursos que lhe são peculiaÂres, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resÃduos, pela epiderme ou pelos emunctórios normais, compreendendo-se, no entanto, que pela harmonia de nÃvel, nas operações nutritiÂvas, e pela essencialização dos elementos absorvidos, não exisÂtem para o veÃculo psicossomático determinados excessos e inÂconveniências dos sólidos e lÃquidos da excreta comum.
Uberaba, 16/4/58.
22
Linguagem dos desencarnados
- Como se caracteriza a linguagem entre os EspÃritos?
- Incontestavelmente, a linguagem do EspÃrito é, acima de tudo, a imagem que exterioriza de si próprio.
Isso ocorre mesmo no plano fÃsico, em que alguém, saÂbendo refletir-se, necessitará poucas palavras para definir a larÂgueza de seus planos e sentimentos, acomodando-se à sÃntese que lhe angaria maior cabedal de tempo e influência.
CÃrculos espirituais existem, em planos de grande subliÂmação, nos quais os desencarnados, sustentando consigo mais elevados recursos de riqueza interior, pela cultura e pela grandeÂza moral, conseguem plasmas, com as próprias idéias, quadros vivos que lhes confirmem a mensagem ou o ensinamento, seja em silêncio, seja com a despesa mÃnima de suprimento verbal, em livres circuitos mentais de arte e beleza, tanto quanto muitas Inteligências infelizes, treinadas na ciência da reflexão, conseÂguem formas telas aflitivas em circuitos mentais fechados e obÂsessivos, sobre as mentes que magneticamentejugulam.
De acordo com o mesmo princÃpio, EspÃritos desencarnaÂdos, em muitos casos, quando controlam as personalidades meÂdiúnicas que lhes oferecem sintonia, operam sobre elas à base das imagens positivas com que as envolvem no transe, compeÂlindo-as a lhes expedir os conceitos.
Nessas circunstâncias, expressa-se a mensagem pelo sisÂtema de reflexão, em que o médium, embora guardando o córtex encefálico anestesiado por ação magnética do comunicante, lhe recebe os ideogramas e os transmite com as palavras que lhe são próprias.
Todavia, não obstante reconhecermos que a imaÂgem está na base de todo intercâmbio entre as criaturas encarnaÂdas ou não, é forçoso observar que a linguagem articulada, no chamado espaço das nações, ainda possui fundamental imporÂtância nas regiões a que o homem comum será transferido imeÂdiatamente após desligar-se do corpo fÃsico.
Pedro Leopoldo, 20/4/58.
23
Corpo espiritual e volitação
- Podemos receber alguma informação sobre a volitaÂção do corpo espiritual?
- Na metamorfose dos insetos, a histólise alcança notaÂdamente os músculos e a máquina digestiva, atingindo apenas levemente o sistema nervoso e o sistema circulatório.
Efetuado o processo histolltico, segundo referencias aliÂnhadas em outra parte do nosso estudo, os órgãos diferenciados voltam à posição embrionária que lhes era caracterÃstica e só enÂtão as células entram em segmentação, formando na histogênese os órgãos definitivos do inseto adulto, armado de recursos para librar na atmosfera.
Assim também, após a transfiguração ocorrida na morte, a individualidade ressurge com naturais alterações na massa musÂcular e no sistema digestivo, mas sem maiores inovações na constituição geral, munindo-se de aquisições diferentes para o novo campo de equilÃbrio a que se transfere, com possibilidades de condução e movimento efetivamente não sonhados, já que o pensamento contÃnuo e a atração, nessas circunstâncias, não mais encontram certas resistências peculiares ao envoltório fÃsiÂco.
Ao homem comum, na encarnação, não é fácil, todavia, a articulação de uma idéia segura com respeito à s condições de seu próprio corpo espiritual, além-túmulo, porque a mente, no plano fÃsico, está inteiramente condicionada ao trabalho especÃfico que lhe compete realizar, inelutavelmente circunscrita aos problemas de estrutura, e, por isso mesmo, incapacitada de identificar o reino inteligente de raios e ondas, fluÃdos e enerÂgias turbilhonantes em que vive.
— Como entendermos a mente em si, individualizada e operante, se as células do corpo espiritual têm vida próÂpria como as do corpo fÃsico?
— O problema é de simples orientação, qual acontece numa fábrica de largas proporções em que a gerência, unificada em seus programas de ação, supervisiona e comanda centenas de máquinas com diversos implementos cada uma, convergindo todas as peças do serviço para fins determinados.
— Quais os mecanismos das alterações de cor, densiÂdade, forma, locomoção e ubiqüidade do corpo espiriÂtual?
— A pergunta está criteriosamente formulada, no entanto, para a ela responder com segurança precisaremos dispor, na Terra, de mais avançadas noções acerca da mecânica do pensaÂmento.
— Em que condições o corpo espiritual de um desenÂcarnado sofrerá compressões, escoriações ou ferimenÂtos?
— Dentro do conceito de relatividade, isso se verifica nas mesmas condições em que o corpo fÃsico é injuriado dessa ou daquela forma na Terra.
Não dispomos, entretanto, presentemente, de terminologia adequada na linguagem terrestre para mais amplas definições do assunto.
— Qual é a ordem de formação dos centros vitais pelo princÃpio inteligente no seu corpo espiritual?
— Sabemos que a formação dos centros vitais começou com as primeiras manifestações da plasmocinese nas células, sob a orientação das Inteligências Superiores; contudo, não disÂpomos ainda de particularidades técnicas para penetrar nesse domÃnio da ciência ontogenética.
— Como se processa a exteriorização dos centros vitais?
- Associando conhecimento magnético e sublimação esÂpiritual, os cientistas humanos chegarão, por si próprios, à realiÂzação referida, como já atingiram noções preciosas quanto à reÂgressão da memória e exteriorização da sensibilidade.
— Qual a importância da relação existente entre o baço e o centro esplênico, se o baço pode ser extirpado sem maiores prejuÃzos à continuação da existência do encarÂnado?
— Compreendamos que a extirpação do baço em sua exÂpressão fÃsica, no corpo carnal, não significa a anulação desse órgão no corpo espiritual e que, interligado a outras fontes de formação sangüÃnea no sistema hematopoético, prossegue funÂcionando, embora imperfeitamente, no campo somático, atento à s articulações do binário mente-corpo.
—Como compreenderemos a situação dos centros vitais no caso dos “ovóides”?
— Entendereis fácilmente a posição dos centros vitais do corpo espiritual, restritos na “ovoidização” — apesar de não terdes elementos terminológicos que a exprimam —, pensando na semente minúscula que encerra dentro dela os princÃpios orÂganogênicos da árvore em que se converterá de futuro.
Uberaba, 23/4/58.
24
Linhas morfológicas dos desencarnados
- A que diretrizes obedecem as entidades desencarnadas para se apresentarem morfologicamente?
- As linhas morfológicas das entidades desencarnadas, no conjunto social a que se integram, são comumente aquelas que trouÂxeram do mundo, a evoluÃrem, contudo, constantemente para melhor apresentação, toda vez que esse conjunto social se demore em esfera de sentimentos elevados.
A forma individual em si obedece ao reflexo mental dominante, notadamente no que se reporta ao sexo, mantendo-se a criatura com os distintivos psicossomáticos de homem ou de mulher, segundo a vida Ãntima, através da qual se mostra com qualidades espirituais acentuadamente ativas ou passivas. Fácil observar, assim, que a desencarnação liÂbera todos os EspÃritos de feição masculina ou feminina que estejam na reencarnação em condição inversiva atendendo a provação necessária ou a tarefa especÃfica porqüanto, fora do arcabouço fÃsico, a mente se exteÂrioriza no veÃculo espiritual com admirável precisão de controle espontâneo sobre as células sutis que o constituem. (10)
(10) Devemos esclarecer que essas ocorrências, para efeito de responÂsabilidade cármica e Identificação pessoal respeitam, via de regra, a ficha individual da existência última vivida pela personalidade na Terra, situação que perdura até novo estágio evolutivo que se processa, seja na reencarnação, seja na promoção a mais alto nÃvel de sublimação e serviço. — (Nota do Autor espiritual.)
Ainda assim, releva observar que se o progresso mental não é positivamente acentuado, mantém a personalidade deÂsencarnada, nos planos inferiores, por tempo indefinÃvel, a plástica que lhe era própria entre os homens. E, nos planos relativamente superiores, sofre processos de metamorfose, mais lentos ou mais rápidos, conforme as suas disposições Ãntimas.
Se a alma desenleada do envoltório fÃsico foi transferida para a moradia espiritual, em adiantada senectude, gastará alÂgum tempo para desfazer-se dos sinais de ancianidade corpórea, se deseja remoçar o próprio aspecto, e, na hipótese de haver partido da Terra, na juventude primeira, deverá igualmente esÂperar que o tempo a auxilie, caso se proponha a obtenção de traÂços da madureza.
Cabe, entretanto, considerar que isso ocorre apenas com os EspÃritos, aliás em maioria esmagadora, que ainda não dispõem de bastante aperfeiçoamento moral e intelectual, pois quanto mais elevado se lhes descortine o degrau de proÂgresso, mais amplo se lhes revela o poder plástico sobre as células que lhes entretecem o instrumento de manifestação. Em alto nÃvel, a Inteligência opera em minutos certas alteraÂções que as entidades de cultura mediana gastam, por vezes, alguns anos a efetuar.
Temos também nas sociedades respeitáveis da EspiriÂtualidade aqueles companheiros que, depois de estágios deÂpurativos, se elevam até elas, por intercessões afetivas ou merecimentos próprios, carregando, porém, consigo, determiÂnadas marcas deprimentes, como sejam mutilações que os desÂfiguram, inibições ou moléstias que se denunciam na psicosÂfera que os envolve, ou distintivos outros menos dignos, como remanescentes de circuitos mentais dos remorsos que padeceram, a se lhes concentrarem, desequilibrados, sobre certas zonas do corpo espiritual, mas, em todos esses casos, as entidades em lide ali se encontram, habitualmente, por peÂrÃodos limitados de reeducação e refazimento, para regressaÂrem, a tempo breve, no rumo das sendas de saneamento e resÂgate nas reencarnações redentoras.
Pedro Leopoldo, 27/4/58.
25
Apresentação dos desencarnados
— Que princÃpios regem a apresentação dos EspÃritos desencarnados aos médiuns humanos?
— O aspecto que as entidades desencarnadas assumem perante os médiuns humanos, quando se comunicam na Terra, pode variar infinitamente.
Os EspÃritos superiores, pelo domÃnio natural que exerÂcem sobre as células psicossomáticas, podem adotar a apresenÂtação que mais proveitosa se lhes afigure, com vistas à obra meÂritória que se propõem realizar.
Entretanto, essa maneira de intercâmbio não é a mais coÂmum, porque, de modo geral, os desencarnados impressionam os instrumentos mediúnicos encarnados na forma em que efetivamente se encontram.
Decerto, não falta indumentária digna à s criaturas que se emanciparam do vaso fÃsico, roupagem, toda ela, confeccionada com esmero e carinho por mãos hábeis e nobres da esfera extra-fÃsica.
à importante considerar, todavia, que os EspÃritos desenÂcarnados, mesmo os de classe inferior, guardam a faculdade de exteriorizar os fluÃdos plasticizantes que lhes são peculiares, esÂpécie de aglutininas mentais com que envolvem a mente meÂdiúnica encarnada, recursos esses nos quais plasmam, como lhes seja possÃvel, as imagens que desejam expressar e que adquirem para as percepções do médium coloração e movimento, fazendo-o exprimir-se ou agir, em comportamento semeÂlhante ao passivo comum na hipnose provocada. Tais fenômenos, porém, são isolados e apenas se verificam entre o médium e a entidade que o influencia, sem substância na realidade prátiÂca, qual ocorre no campo das sugestões, durante a interligação mento-psÃquica, entre o hipnotizado e o hipnotizador.
Como interpretaremos a existência de roupas, calçaÂdos e peças protéticas nas entidades desencarnadas se tais petrechos são inanimados, não sendo dirigidos de modo direto pela mente?
A mente não comanda as moléculas de algodão do vestuário de que se serve no corpo fÃsico, mas pode usá-las, seÂgundo as suas necessidades no mundo.
Ocorre o mesmo no Plano Espiritual, em que nos utilizaÂmos das possibilidades ao nosso alcance para atender a esse ou à quele imperativo de nossa apresentação.
Uberaba, 30/4/58.
26
Justiça na Espiritualidade
- Como atua o mecanismo da Justiça no Plano EspiriÂtual?
- No mundo espiritual, decerto, a autoridade da Justiça funciona com maior segurança, embora saibamos que o mecaÂnismo da regeneração vige, antes de tudo, na consciência do próprio indivÃduo.
Ainda assim, existem aqui, como é natural, santuários e tribunais, em que magistrados dignos e imparciais examinam as responsabilidades humanas, sopesando-Lhes os méritos e deméÂritos.
A organização do júri, em numerosos casos, é aqui obserÂvada, necessariamente, porém, constituÃda de EspÃritos integraÂdos no conhecimento do Direito, com dilatadas noções de culpa e resgate, erro e corrigenda, psicologia humana e ciências soÂciais, a fim de que as sentenças ou informações proferidas se atenham à precisa harmonia, perante a Divina Providência, conÂsubstanciada no amor que ilumina e na sabedoria que sustenta.
Há delinqüentes tanto no plano terrestre quanto no plano espiritual, e, em razão disso, não apenas os homens recentemenÂte desencarnados são entregues a julgamento especÃfico, sempre que necessário, mas também as entidades desencarnadas que, no cumprimento de determinadas tarefas, se deixam, muitas veÂzes, arrastar a paixões e caprichos inconfessáveis.
à importante anotar, contudo, que quanto mais baixo é o grau evolutivo dos culpados, mais sumário é o julgamento pelas autoridades cabÃveis, e, quanto mais avançados os valores cultuÂrais e morais do indivÃduo, mais complexo é o exame dos proÂcessos de criminalidade em que se emaranham, não só pela inÂfluência com que atuam nos destinos alheios, como também porque o EspÃrito, quando ajustado à consciência dos próprios erros, ansioso de reabilitar-se perante a vida e diante daqueles que mais ama, suplica por si mesmo a sentença punitiva que reÂconhece indispensável à própria restauração.
Pedro Leopoldo, 11/5/58.
27
Vida social dos desencarnados
- Como se apresenta a vida social dos EspÃritos desenÂcarnados?
- No Plano Espiritual imediato à experiência fÃsica, as sociedades humanas desencarnadas, em quase dois terços, perÂmanecem naturalmente jungidas, de alguma sorte, aos interesses terrenos.
Egressas do próprio mundo em que se lhes tramam os elos da retaguarda, quando não se desvairam nas faixas inferÂnais, igualmente imanizadas ao Planeta de que se originam, trabalham com ardor, não só pelo próprio adiantamento, como também no auxÃlio aos que ficaram.
Naturalmente as almas que constituem a percentagem a que nos referimos, distanciadas ainda do aprimoramento ideal, procuram aperfeiçoar em si mesmas as qualidades nobres menos desenvolvidas, buscando clima adequado que lhes favoreça o trabalho.
Convictas de que tornarão à Terra para a solução dos proÂblemas que lhes enevoam ou afligem o campo Ãntimo, situam-se em tarefas obscuras, junto aos semelhantes, encarnados ou deÂsencarnados, quando se reconhecem vitimadas pela vaidade ou pelo orgulho que ainda lhes medram no seio, e localizam-se em aprendizados valiosos da inteligência, em se vendo inábeis para os serviços especializados do pensamento, não obstante os taÂlentos sentimentais que já entesourem consigo.
Quase todas, no entanto, obedecem aos ditames do amor ou do ideal que lhes inspiram a consciência.
Aglutinam-se em verdadeiras cidades e vilarejos, com esÂtilos variados, como acontece aos burgos terrestres, caracterÃstiÂcos da metrópole ou do campo, edificando largos empreendimentos de educação e progresso, em favor de si mesmas e a beÂnefÃcio dos outros.
As regiões purgativas ou simplesmente infernais são por elas amparadas, quanto possÃvel, organizando-se aÃ, sob o seu patrocÃnio, extensa obra assistencial.
No plano fÃsico, a equipe doméstica atende à consangüiniÂdade em que o vÃnculo é obrigatório, mas, no plano extrafÃsico, o grupo familiar obedece à afinidade em que o liame é espontâÂneo.
Por isso mesmo, na esfera seguinte à condição humana, temos o espaço das nações, com as suas comunidades, idiomas, experiências e inclinações, inclusive organizações religiosas tÃÂpicas, junto das quais funcionam missionários de libertação mental, operando com caridade e discrição para que as idéias renovadoras se expandam sem dilaceração e sem choque.
Com esses dois terços de criaturas ainda ligadas, desse ou daquele modo, aos núcleos terrenos, encontramos um terço de EspÃritos relativamente enobrecidos que se transformam em condutores da marcha ascensional dos companheiros, pelos méÂritos com que se fazem segura instrumentação das Esferas SuÂperiores.
Uberaba, 14/5/58.
28
Matrimônio e divórcio
— PoderÃamos receber algumas noções acerca do matriÂmônio, bem como do divórcio no Plano FÃsico, examinaÂdos espiritualmente?
— Nas esferas elevadas, as almas superiores identificam motivo de honra no serviço de amparo aos companheiros menos evolvidos que estagiam nos planos inferiores.
Não podemos olvidar que, na Terra, o matrimônio pode assumir aspectos variados, objetivando múltiplos fins. Em razão disso, acidentalmente, o homem ou a mulher encarnados podem experimentar o casamento terrestre diversas vezes, sem enconÂtrar a companhia das almas afins com as quais realizariam a união ideal. Isso porque, comumente, é preciso resgatar essa ou aquela dÃvida que contraÃmos com a energia sexual, aplicada de maneira infeliz ante os princÃpios de causa e efeito.
Entretanto, se o matrimônio expiatório ocorre em núpcias secundinas, o cônjuge liberado da veste fÃsica, quando se ajuste à afeição nobre, freqüentemente se coloca a serviço da compaÂnheira ou do companheiro na retaguarda, no que exercita a comÂpreensão e o amor puro. Quanto à reunião no Plano Espiritual, é razoável se mantenha aquela em que prevaleça a conjunção dos semelhantes, no grau mais elevado da escala de afinidades eletiÂvas. Se os viúvos e as viúvas das núpcias efetuadas em grau meÂnor de afinidade demonstram sadia condição de entendimento, são habitualmente conduzidos, depois da morte, ao convÃvio do casal restituÃdo à comunhão, desfrutando posição análoga à dos filhos queridos junto dos pais terrenos, que por eles se submeÂtem aos mais eloqüentes e multifários testemunhos de carinho e sacrifÃcio pessoal para que atendam, dignamente, à articulação dos próprios destinos.
Contudo, se a desesperação do ciúme ou a nuvem do desÂpeito enceguecem esse ou aquele membro da equipe fraterna, os cônjuges reassociados no plano superior amparam-lhe a reenÂcarnação, à maneira de benfeitores ocultos, interpretando-lhes a rebelião por sintoma enfermiço, sem lhes retirar o apoio amigo, até que se reajustem no tempo.
Ninguém veja nisso inovação ou desrespeito ao sentimenÂto alheio, porqüanto o lar terrestre enobrecido, se analisado sem preconceitos, permanece estruturado nessas mesmas bases esÂsenciais, de vez que os pais humanos recebem, muitas vezes, no instituto doméstico, por filhos e filhas, aqueles mesmos laços do passado, com os quais atendem ao resgate de antigas contas, purificando emoções, renovando impulsos, partilhando comproÂmissos ou aprimorando relações afetivas de alma para alma. à nessa condição que em muitas circunstancias surgem nas entiÂdades renascentes sem que o véu da reencarnação lhes esconda de todo a memória, as psiconeuroses e fixações infanto-juvenis, cuja importância na conduta sexual da personalidade é exageraÂda em excesso pelos sexólogos e psicanalistas da atualidade, caÂrentes de mais amplo contato com as realidades do EspÃrito e da reencarnação, que lhes permitiriam ministrar aos seus pacientes mais efetivo socorro de ordem moral.
Quanto ao divórcio, segundo os nossos conhecimentos no Plano Espiritual, somos de parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou não, sem vÃnculos graves no princÃpio da responsabilidade assumida em comum.
Mal saÃdos do regime poligâmico, os homens e as mulheÂres sofrem-lhe ainda as sugestões animalizantes e, por isso mesÂmo, nas primeiras dificuldades da tarefa a que foram chamados, costumam desertar dos postos de serviço em que a vida os situa, alegando imaginárias incompatibilidades e supostos embaraços, quase sempre simplesmente atribuÃveis ao desregrado narcisisÂmo de que são portadores. E com isso exercem viciosa tirania sobre o sistema psÃquico do companheiro ou da companheira mutilados ou doentes, necessitados ou ignorantes, após exploÂrar-lhes o mundo emotivo, quando não se internam pelas avenÂturas do homicÃdio ou do suicÃdio, espetaculares, com a fuga voluntária de obrigações preciosas.
à imperioso, assim, que a sociedade humana estabeleça regulamentos severos a benefÃcio dos nossos irmãos contumaÂzes na infidelidade aos compromissos assumidos consigo próÂprios, a benefÃcio deles, para que se não agreguem a maior desÂgoverno, e a benefÃcio de si mesma, a fim de que não regresse à promiscuidade aviltante das tabas obscuras, em que o princÃpio e a dignidade da famÃlia ainda são plenamente desconhecidos.
Entretanto, é imprescindÃvel que o sentimento de humaniÂdade interfira nos casos especiais, em que o divórcio é o mal menor que possa surgir entre os grandes males pendentes sobre a fronte do casal, sabendo-se, porém, que os devedores de hoje voltarão amanhã ao acerto das próprias contas.
Pedro Leopoldo, 18/5/58.
29
Separação entre cônjuges espirituais
- Ocorre separação entre cônjuges espirituais?
- Pode acontecer, por exemplo, que as autoridades supeÂriores escolham um dos cônjuges para serviço particular entre os homens, atendendo a qualidades especiais que possua e com que deva satisfazer a questões e eventualidades terrestres. Além disso, esse ou aquele cônjuge, após venturoso estágio na esfera superior, necessita regressar aos cÃrculos carnais para experiênÂcias difÃceis no resgate de compromissos determinados.
Em ambas as modalidades de separação compreensÃvel e justa, o companheiro ou a companheira em condição de supeÂrioridade, pelo menos circunstancialmente, roga, com êxito, a possibilidade de custodiar o objeto de sua veneração e de seu carinho, quase sempre na posição de reencarnados, em regime de completa renúncia.
Uberaba, 21/5/58.
30
Disciplina afetiva
— Em que bases se verifica a disciplina afetiva nas soÂciedades espirituais das Esferas Superiores?
— Enganam-se lamentavelmente quantos possam admitir a incontinência sexual como regra de conduta nos planos supeÂriores da Espiritualidade.
Médiuns que tenham observado as regiões de licenciosiÂdade, ou desencarnados que a respeito delas venham a traçar essa ou aquela notÃcia, reportam-se apenas a lugares naturalmente inferiores, extremamente afins com a poligamia embruteÂcente, por mais brilhantes se lhes externem as conceituações fiÂlosóficas.
Nos planos enobrecidos, realiza-se tambêm o casamento das almas, conjugadas no amor puro, verdadeira união esponsaÂlÃcia de caráter santificante, gerando obras admiráveis de proÂgresso e beleza, na edificação coletiva (11), e quando semelhanÂte enlace deva ser adiado, por circunstâncias inamovÃveis, os EspÃritos de comportamento superior aceitam, na Terra, a luta pela sublimação das forças genésicas, aplicando-as em trabalho digno, com abstenção do comêrcio poligâmico, tanto mais inÂtensamente quanto mais ativo se lhes revele o esforço no acrisoÂlamento próprio.
Aliás, cabe considerar que na renúncia construtiva a que se entregam, na expectativa, à s vezes longa, do amor que os inÂtegrará na complementação desejada, encontram, no serviço aos semelhantes, preciosas oportunidades de burilamento e progresÂso, acentuando em si mesmos os altos valores da cultura e da emoção, que lhes propiciam gozos Ãntimos dos mais alevantaÂdos e mais puros.
(11) Para mais clara compreensão do delicado assunto que André Luis ora focaliza, pedimos ao leitor reler com atenção, no livro “Missionários da Luz”, recebido mediunicamente por Francisco Cândido Xavier, as elucidações compreendidas entre as páginas 198 e 203. — (Nota da Editora.)
Pedro Leopoldo, 25/5/58.
31
Conduta afetiva
— Qual é a conduta afetiva entre as almas enobrecidas?
— Quanto mais elevado o grau de aprimoramento da alma, mais reclamará espontaneamente de si própria a necessáÂria disciplina das energias do mundo afetivo, somente despenÂdendo-as no circuito de forças em que se completa com a alma a que se encontra consorciada, ou, então, em serviço nobre, atraÂvés do qual opere a evasão das cargas magnéticas de seus imÂpulsos genésicos, transferindo-as para o trabalho em que se lhe projetam a sensibilidade e a inteligência.
Isso acontece no plano fÃsico, entre aqueles cujo sistema psÃquico já se distanciou suficientemente das emoções vulgares, ajustando-se em complementação fluÃdica ideal as almas irmãs que se matrimoniam.
Interrompida a aliança fÃsica na esfera carnal, por interferência da morte, o homem ou a mulher, consagrados à sublimaÂção Ãntima, se associam, quase sempre, à companheira ou ao companheiro levados à viuvez, em construtivas simbioses de ação, seja no amparo aos filhos, ainda necessitados de assistênÂcia, ou na extensão de obras edificantes, porqüanto os espÃritos que verdadeiramente se amam desconhecem o que seja abandoÂno ou esquecimento.
Atentos ao mesmo princÃpio de aprimoramento, aqueles que se ajustam em matrimônio superior, no Plano Espiritual, permutam as próprias forças em constante circuito energêtico, pelo qual atendem a vastÃssimas obras de benemerência, na criaÂção mental de valores necessários ao progresso comum, dentro da euforia permanente que o amor sublime lhes confere. E, em lhes faltando a companhia, por intermédio da qual se integram nos mais altos ideais de burilamento e beleza, mobilizam as próprias cargas magnéticas criadoras em serviço à coletividade, com o que se elevam mais intensamente na escala da sublimaÂção moral, ou, então — o que é mais freqüente —, buscam olviÂdar as próprias possibilidades de maior ascensão, solicitando posições apagadas e humildes ao pé daqueles a quem se devoÂtam, a fim de ajudá-los na execução das tarefas que lhes foram assinaladas ou no pagamento das dÃvidas com que ainda se oneÂram perante a Lei.
Uberaba, 28/5/58.
32
Diferenciação dos sexos
— Como se iniciou a diferenciação dos sexos?
— Os princÃpios espirituais, nos primórdios da organizaÂção planetária, traziam, na constituição que lhes era própria, a condição que poderemos nomear por “teor de força”, expresÂsando qualidades predominantes ativas ou passivas. E entendenÂdo-se que a evolução é sempre sustentada pelas Inteligências Superiores, em movimentação ascendente, desde as primeiras horas da reprodução sexuada começou, sob a direção delas, a formação dos órgãos masculinos e femininos que cuhninaram morfologicamente nas provÃncias genésicas do homem e da muÂlher da atualidade.
Não podemos esquecer, porém, que o trabalho evolutivo no aperfeiçoamento fisiológico das criaturas terrestres ainda não foi terminado, prosseguindo, como é natural, no espaço e no tempo.
Quanto à perda dos caracterÃsticos sexuais, estamos inforÂmados de que ocorrerá, espontaneamente, quando as almas huÂmanas tiverem assimilado todas as experiências necessárias à própria sublimação, rumando, após milênios de burilamento, para a situação angélica, em que o indivÃduo deterá todas as qualidades nobres inerentes à masculinidade e à feminilidade, refletindo em si, nos degraus avançados da perfeição, a glória divina do Criador.
à imperioso reconhecer, contudo, que não podemos, ainda, em nossa posição evolutiva, formular qualquer pensamento concreto acerca da natureza e dos atributos dos Anjos, nem ajuiÂzar quanto ao sistema de relações que cultivam entre si.
Pedro Leopoldo, 1/6/58.
33
Gestação frustrada
— Como compreenderemos os casos de gestação frustraÂda quando não há EspÃrito reencarnante para arquitetar as formas do feto?
— Em todos os casos em que há formação fetal, sem que haja a presença de entidade reencarnante, o fenômeno obedece aos moldes mentais maternos.
Dentre as ocorrências dessa espécie há, por exemplo, aquelas nas quais a mulher, em provação de reajuste do centro genésico, nutre habitualmente o vivo desejo de ser mãe, impregÂnando as células reprodutivas com elevada percentagem de atraÂção magnética, pela qual consegue formar com o auxÃlio da céÂlula espermática um embrião frustrado que se desenvolve, embora inutilmente, na medida de intensidade do pensamento maÂternal, que opera, através de impactos sucessivos, condicionanÂdo as células do aparelho reprodutor, que lhe respondem aos apelos segundo os princÃpios de automatismo e reflexão. Em contrário, há, por exemplo, os casos em que a mulher, por recuÂsa deliberada à gravidez de que já se acha possuÃda, expulsa a entidade reencarnante nas primeiras semanas de gestação, deÂsarticulando os processos celulares da constituição fetal e adÂquirindo, por semelhante atitude, constrangedora dÃvida ante o Destino.
Uberaba, 4/6/58.
34
Aborto criminoso
— Reconhecendo-se que os crimes do aborto provocada criminosamente surgem, em esmagadora maioria, nas classes mais responsáveis da comunidade terrestre, como identificar o trabalho expiatório que lhes diz respeito, se passam quase totalmente despercebidas da justiça humaÂna?
— Temos no Plano Terrestre cada povo com o seu código penal apropriado à evolução em que se encontra; mas, considerando o Universo em sua totalidade como Reino Divino, vamos encontrar o Bem do Criador para todas as criaturas, como Lei básica, cujas transgressões deliberadas são corrigidas no próprio infrator, com o objetivo natural de conseguir-se, em cada cÃrculo de trabalho no Campo Cósmico, o máximo de equilÃbrio o com respeito máximo aos direitos alheios, dentro da mÃnima pena.
Atendendo-se, no entanto, a que a Justiça Perfeita se eleva, indefectÃvel, sobre o Perfeito Amor, no hausto de Deus “em nos que movemos e existimos”, toda reparação, perante a Lei básica a que nos reportamos, se realiza em termos de vida eterna Âe não segundo a vida fragmentária que conhecemos na encarnação humana, porqüanto, uma existência pode estar repleta de acertos e desacertos, méritos e deméritos e a Misericórdia do Senhor preceitua, não que o delinqüente seja flagelado, com exteÂnsão indiscriminada de dor expiatória, o que seria volúpia de castigar nos tribunais do destino, invariavelmente regidos pela Eqüidade Soberana, mas sim que o mal seja suprimido de suas vÃtimas, com a possÃvel redução do sofrimento.
Desse modo, segundo o princÃpio universal do Direito Cósmico a expressar-se, claro, no ensinamento de Jesus que manda conferir “a cada um de acordo com as próprias obras”, arquivamos em nós as raÃzes do mal que acalentamos para extirÂpá-las à custa do esforço próprio, em companhia daqueles que se no afinem à faixa de culpa, com os quais, perante a Justiça Eterna, os nossos débitos jazem associados.
Em face de semelhantes fundamentos, certa romagem na carne, entremeada de créditos e dÃvidas, pode terminar com apaÂrências de regularidade irrepreensÃvel para a alma que desencarÂna, sob o apreço dos que lhe comungam a experiência, seguinÂdo-se de outra em que essa mesma criatura assuma a empreitada do resgate próprio, suportando nos ombros as conseqüências das culpas contraÃdas diante de Deus e de si mesma, a fim de reabilitar-se ante a Harmonia Divina, caminhando, assim, transitoriamente, ao lado de EspÃritos incursos em regeneração da mesma espécie.
à dessa forma que a mulher e o homem, acumpliciados nas ocorrências do aborto delituoso, mas principalmente a muÂlher, cujo grau de responsabilidade nas faltas dessa natureza é muito maior, à frente da vida que ela prometeu honrar com noÂbreza, na maternidade sublime, desajustam as energias psicosÂsomáticas, com mais penetrante desequilÃbrio do centro genésiÂco, implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que frutescerão, mais tarde, em regime de produção a tempo certo.
Isso ocorre não somente porque o remorso se lhes entraÂnhe no ser, à feição de vÃbora magnética, mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e desespero e, por vezes, de revolta e vingança dos EspÃritos que a Lei lhes reservara para filhos do próprio sangue, na obra de restauÂração do destino.
No homem, o resultado dessas ações aparece, quase semÂpre, em existência imediata à quela na qual se envolveu em comÂpromissos desse jaez, na forma de moléstias testiculares, disenÂdocrinias diversas, distúrbios mentais, com evidente obsessão por parte de forças invisÃveis emanadas de entidades retardatáÂrias que ainda encontram dificuldade para exculpar-lhes a deserÂção.
Nas mulheres, as derivações surgem extremamente mais graves. O aborto provocado, sem necessidade terapêutica, reveÂla-se matematicamente seguido por choques traumáticos no corÂpo espiritual, tantas vezes quantas se repetir o delito de lesa-maÂternidade, mergulhando as mulheres que o perpetram em angúsÂtias indefinÃveis, além da morte, de vez que, por mais extensas se lhes façam as gratificações e os obséquios dos EspÃritos AmiÂgos e Benfeitores que lhes recordam as qualidades elogiáveis, mais se sentem diminuÃdas moralmente em si mesmas, com o centro genésico desordenado e infeliz, assim como alguém inÂdebitamente admitido num festim brilhante, carregando uma chaga que a todo instante se denuncia.
Dessarte, ressurgem na vida fÃsica, externando gradativaÂmente, na tessitura celular de que se revestem, a disfunção que podemos nomear como sendo a miopraxia do centro genésico atonizado, padecendo, logo que reconduzidas ao curso da maternidade terrestre, as toxemias da gestação. Dilapidado o equiÂlÃbrio do centro referido, as células ciliadas, mucÃparas e inter-calares não dispõem da força precisa na mucosa tubária para a condução do óvulo na trajetória endossalpingeana, nem para aliÂmentá-lo no impulso da migração por deficiência hormonal do ovário, determinando não apenas os fenômenos da prenhez ectópica ou localização heterotópica do ovo, mas também certas sÃndromes hemorrágicos de suma importância, decorrentes da nidação do ovo fora do endométrio ortotópico, ainda mesmo quando já esteja acomodado na concha uterina, trazendo habiÂtualmente os embaraços da placentação baixa ou a placenta préÂvia hemorragipara que constituem, na parturição, verdadeiro suÂplÃcio para as mulheres portadoras do órgão germinal em desaÂjuste.
Enqüadradas na arritmia do centro genésico, outras alteraÂções orgânicas aparecem, flagelando a vida feminina como seÂjam o descolamento da placenta eutópica, por hiperatividade histolÃtica da vilosidade corial; a hipocinesia uterina, favorecenÂdo a germicultura do estreptococo ou do gonococo, depois das crises endometrÃticas puerperais; a salpingite tubercuksa; a deÂgeneração cÃstica do córto; a salpingooforite, em que o edema e o exsudato fibrinoso provocam a aderência das pregas da mucosa tubária, preparando campo propÃcio à s grandes inflamações anexiais, em que o ovário e a trompa experimentam a formação de tumores purulentos que os identificam no mesmo processo de desagregação; os sÃndromes circulatórios da gravidez aparenÂtemente normal, quando a mulher, no pretérito, viciou também o centro cardÃaco, em conseqüência do aborto calculado e seguiÂdo por disritmia das forças psicossomáticas que regulam o eixo elétrico do coração, ressentindo-se, como resultado, na nova enÂcarnação e em pleno surto de gravidez, da miopraxia do apareÂlho cardiovascular, com aumento da carga plasmática na correnÂte sangüÃnea, por deficiência no orçamento hormonal, daà resulÂtando graves problemas da cardiopatia conseqüente.
Temos ainda a considerar que a mulher sintonizada com os deveres da maternidade na primeira ou, à s vezes, até na seÂgunda gestação, quando descamba para o aborto criminoso, na geração dos filhos posteriores, inocula automaticamente no cenÂtro genésico e no centro esplênico do corpo espiritual as causas sutis de desequilÃbrio recôndito, a se lhe evidenciarem na exisÂtência próxima pela vasta acumulação do antÃgeno que lhe imÂporá as divergências sangüÃneas com que asfixia, gradativamenÂte, através da hemólise, o rebento de amor que alberga carinhoÂsamente no próprio seio, a partir da segunda ou terceira gestaÂção, porque as enfermidades do corpo humano, como reflexos das depressões profundas da alma, ocorrem dentro de justos peÂrÃodos etários.
Além dos sintomas que abordamos em sintética digressão na etiopatogenia das moléstias do órgão genital da mulher, surÂpreenderemos largo capÃtulo a ponderar no campo nervoso, à face da hiperexcitação do centro cerebral, com inquietantes moÂdificações da personalidade, a ralarem, muitas vezes, no martiÂrológio da obsessão, devendo-se ainda salientar o caráter doloÂroso dos efeitos espirituais do aborto criminoso, para os ginecoÂlogistas e obstetras delinqüentes.
- Para melhorar a própria situação, que deve fazer a mulher que se reconhece, na atualidade, com dÃvidas no aborto provocado, antecipando-se, desde agora, no traÂbalho da sua própria melhoria moral, antes que a próxima existência lhe imponha as aflições regenerativas?
- Sabemos que é possÃvel renovar o destino todos os dias.
Quem ontem abandonou os próprios filhos pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios, necessitados de carinho e abnegaÂção.
O próprio Evangelho do Senhor, na palavra do Apóstolo Pedro, adverte-nos quanto à necessidade de cultivarmos ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cobre a mulÂtidão de nossos males. (12)
(12) 1ª EpÃstola à Pedro, capÃtulo 4º, versÃculo 8 - (Nota do Autor espiritual.)
Pedro Leopoldo, 8/6/58.
35
Passe magnético
— Como podemos encarar o passe magnético no campo espÃrita, do ponto de vista da medicina humana?
— Em verdade, para conseguirmos alguma idéia precisa no dicionário terreno, com respeito ao poder do fluÃdo magnético, que constitui por si emanação controlada de força mental sob a alavanca da vontade, será interessante figurar o nosso veÃculo de manifestação como sendo o Estado Orgânico em que nos expressamos na condição de EspÃritos imortais, em multifáÂria graduação evolutiva.
Semelhante esfera celular, para a nossa conceituação mais simples na técnica fraseológica das criaturas encarnadas (13), pode ser dividida em duas partes essenciais — o hemisfério visÃvel ou campo somático e o hemisfério por enquanto invisÃvel na Terra ao sensório comum, ou campo psicossomático.
No primeiro, temos o comboio fisiológico tangÃvel, capaz de oferecer positivos elementos de estudo à perquirição histológica.
No segundo, encontramos o perispÃrito da definição karÂdequiana, ou corpo espiritual, que preside a todas as formações do cosmo fÃsico.
(13) Definição somente aplicável no Plano FÃsico mais denso. — (Nota do Autor espiritual)
Observando, assim, o carro de exteriorização da inteligênÂcia por um Estado Orgânico, perfeitamente estruturado em sua base e comportamento, é fácil interpretar-lhe os órgãos como provÃncias diferenciadas entre si, não obstante conjugadas em sintonia de ação para os mesmos fins, e apreciar-lhe os milhões de células como entidades microscópicas em comunidades disÂtintas, como povos infinitesimais a se caracterizarem por ativiÂdades especÃficas.
Representando o sistema hemático, no corpo humano, o conjunto das energias circulantes no psicossoma, energias essas tomadas pela mente, através da respiração, ao infinito reservatóÂrio do fluÃdo cósmico, é para ele que se encontra Ãntimamente associado ao estÃmulo nervoso ou aparelho de comunicação enÂtre o governo do Estado simbólico a que nos referimos e suas provÃncias e cidadãos — os órgãos e as células.
Correspondendo a centros vitais do perispÃrito — que não podemos entender agora, por ausência de terminologia adequaÂda entre os homens —, temos o eritrônio, o leucocitônio e o trombônio, tanto quanto o sistema retÃculo-endotelial e os gânÂglios linfáticos, dando nascimento, no plasma sangüÃneo, à s coÂletividades corpusculares das hemácias, dos leucócitos, dos trombócitos, dos macrófagos e dos linfócitos a se dividirem através de famÃlias numerosas, em trabalho incessante, desde as usinas geratrizes do baço e da medula óssea, do fÃgado e dos gânglios, até o estroma dos órgãos.
Reconhecendo-se a capacidade do fluÃdo magnético para que as criaturas se influenciem reciprocamente, com muito mais amplitude e eficiência atuará ele sobre as entidades celulares do Estado Orgânico — particularmente as sangüÃneas e as histiociÂtárias —, determinando-lhes o nÃvel satisfatório, a migração ou a extrema mobilidade, a fabricação de anticorpos ou, ainda, a improvisação de outros recursos combativos e imunológicos, na defesa contra as invasões bacterianas e na redução ou extinção dos processos patogênicos, por intermédio de ordens automátiÂcas da consciência profunda.
Toda queda moral nos seres responsáveis opera certa leÂsão no hemisfério psicossomático ou perispÃrito, a refletir-se em desarmonia no hemisfério somático ou veÃculo carnal, provoÂcando determinada causa de sofrimento.
A dor, portanto, dessa ou daquela forma, é sempre uma situação de alarma ou emergência, mais ou menos durável no império orgânico, requisitando o socorro externo da medicina do corpo ou da alma, na execução do alÃvio ou da cura.
Pelo passe magnético, no entanto, notadamente naquele que se baseie no divino manancial da prece, a vontade fortaleciÂda no bem pode soerguer a vontade enfraquecida de outrem para que essa vontade novamente ajustada à confiança magnetiÂze naturalmente os milhões de agentes microscópicos a seu serÂviço, a fim de que o Estado Orgânico, nessa ou naquela continÂgência, se recomponha para o equilÃbrio indispensável.
Assim é que orar em nosso favor é atrair a Força Divina para a restauração de nossas forças humanas, e orar a benefÃcio dos outros ou ajudá-los, através da energia magnética, à disposiÂção de todos os espÃritos que desejem realmente servir, será sempre assegurar-lhes as melhores possibilidades de auto-reaÂjustamento, compreendendo-se, porém, que se o amor consola, instrui, ameniza, levanta, recupera e redime, todos estamos conÂdicionados à justiça a que voluntariamente nos rendemos, peÂrante a Vida Eterna, justiça que preceitua, conforme o ensinaÂmento de Nosso Senhor Jesus-Cristo, seja dado isso ou aquilo a cada um segundo as suas próprias obras”, cabendo-nos reÂcordar que as obras felizes ou menos felizes podem ser fruto de nossa orientação todos os dias e, por isso mesmo, todos os dias será possÃvel alterar o rumo de nosso próprio roteiro.
— Qual a velocidade da emissão fluÃdica de um passe?
— A questão envolve, na base, o estudo da partÃcula do pensamento, em sua composição de estrutura e potencial, para o que ainda não possuÃmos qualquer recurso nas definições humaÂnas.
Uberaba, 11/6/58.
36
Determinação de sexo
— Como devemos encarar a possibilidade de a ciência humana patrocinar a determinação de sexo no inÃcio da gestação?
— Compreendendo-se que nos vertebrados o desenho gonadal Âse reveste de potencialidades bissexuais no começo da formação, é claramente possÃvel a intervenção da ciência terrestre na determinação do sexo, na primeira fase da vida embrionáÂria; contudo, importa considerar que semelhante ingerência na esfera dos destinos humanos traria conseqüências imprevisÃveis à organização moral, entre as criaturas, porque essa atuação indébita se verificaria apenas no campo morfológico, impondo talvez inversões desnecessárias e imprimindo graves complicaÂções ao foro Ãntimo de quantos fossem submetidos a tais processos de experimentação, positivamente contrários à inteligência que reflete a Sabedoria de Deus.
Pedro Leopoldo, 15/6/58.
37
Desencarnação
— Podemos considerar a desencarnação da alma, em plena infância, como sendo uma punição das Leis DiviÂnas, na maioria das vezes?
— Muitas existências são frustradas no berço, não por simples punição externa da Lei Divina, mas porque a própria Lei Divina funciona em todos nós, desde que todos existimos no hausto do Criador.
Freqüentemente, através do suicÃdio, integralmente deliberado, ou do próprio desregramento, operamos em nossa alma desequilÃbrios, quais tempestades ocultas, que desencadeamos, por teimosia, no campo da natureza Ãntima.
Cargas venenosas, instrumentos perfurantes, projétis fulminatórios, afogamentos, enforcamentos, quedas calculadas de grande altura e multiformes viciações com que as criaturas responsáveis arruÃnam o próprio corpo ou o aniquilam, impondo-lhe a morte prematura, com plena desaprovação da consciência, determinam processos degenerativos e desajustes nos centros essenciais do psicossoma, notadamente naqueles que governam o córtex encefálico, as glândulas de secreção interna, a organização Âemotiva e o sistema hematopoético.
Ante o impacto da desencarnação provocada, semelhantes recursos da alma entram em pavoroso colapso, sob traumatismo para o qual não há termo correlato na diagnose terresÂtre.
IndescritÃveis flagelações, que vão da inconsciência desÂcontÃnua à loucura completa, senhoreiam essas mentes torturaÂdas, por tempo variável, conforme as atenuantes e agravantes da culpa, induzindo as autoridades superiores a reinterná-las no plano carnal, quais enfermos graves, em celas fÃsicas de breve duração, para que se reabilitem, gradativamente, com a justa cooperação dos EspÃritos reencarnados, cujos débitos com eles se afinem.
Eis por que um golpe suicida no coração, acompanhado pelo remorso, causará comumente diátese hemorrágica, com perda considerável da protrombina do sangue, naqueles que reÂnascem para tratamento de recuperação do corpo espiritual em distonia; o auto-envenenamento ocasionará, nas mesmas condiÂções, deploráveis desarmonias nas regiões psicossomáticas corÂrespondentes à medula vermelha, conturbando o nascimento das hemácias, tanto em sua evolução intravascular, dentro dos sinuÂsóides, como também na sua constituição extravascular, no retÃÂculo, gerando as distroftas congênitas do eritrônio com hemopaÂtias diversas; os afogamentos e enforcamentos, em identidade de circunstáncias, impõem naqueles que os provocam os fenômenos da incompatibilidade materno-fetal, em que os chamados fatores Rh, de modo geral, após a primeira gestação, permitem que a hemolisina alcance a fronteira placentária, sintonizando-se com a posição mórbida da entidade reencarnante, a se externaÂrem na eritroblastose fetal, em suas variadas expressões; e o voluntário esfacelamento do crânio, a queda procurada de grande altura e as viciações do sentimento e do raciocÃnio estabelecem no veÃculo espiritual múltiplas ocorrências de arritmia cerebral, a se revelarem nos doentes renascituros, através da eclampsia e da tetania dos latentes, da hidrocefalia, da encefalite letárgica, das encefalopaxias crônicas, da psicose epiléptica, da idiotia, do mongolismo e de várias morboses oriundas da insuficiência glandular.
Claro está que não relacionamos nessa sucinta apreciação os problemas do suicÃdio associado ao homicÃdio, os quais, muita vez, se fazem seguidos, em reencarnação posterior do inÂfeliz, por lamentáveis reações, com a morte acidental ou violenÂta na infância, traduzindo estação inevitável no ciclo do resgate.
No que tange, porém, à s moléstias mencionadas, surgem todas elas nos mais diferentes perÃodos, crestando a existência do veÃculo fÃsico, via de regra, desde a vida “in utero” até os dezoito e vinte anos de experiência recomeçante e, como veÂmos, são doenças secundárias, porqüanto a etiologia que lhes éprópria reside na estrutura complexa da própria alma.
Urge ainda considerar que todos os enfermos dessa esÂpécie são conduzidos a outros enfermos espirituais — os hoÂmens e as mulheres que corromperam os próprios centros genésicos pela delinqüência emotiva ou pelos crimes reiterados do aborto provocado, em existências do pretérito próximo, para que, servindo na condição de atendentes e guardiães de companheiros que também se conspurcaram perante a Eterna Justiça, se recuperem, a seu turno, regenerando a si mesmos pelo amoroso devotamento com que lutam e choram, no amparo aos filhinhos condenados à morte, ou atormentados desÂde o berço.
Segundo observamos, portanto, as existências interrompiÂdas, no alvorecer do corpo denso, raramente constituem balizas terminais de prova indispensável na senda humana, porque, na maioria dos sucessos em que se evidenciam, representam cursos rápidos de socorro ou tratamento do corpo espiritual desequiliÂbrado por nossos próprios excessos e inconseqüências, compeÂlindo-nos a reconhecer, com o Apóstolo Paulo (14), que o nosso instrumento de manifestação, seja onde for, é templo da Força Divina, por intermédio do qual, associando corpo e alma, nos cabe a obrigação de aperfeiçoar-nos, aprimorando a vida, na exaltação constante a Deus.
— Há casos de desencarnação estando o EspÃrito desdoÂbrado, por exemplo, nas zonas umbralinas e o corpo em estado comatoso?
— Isso pode acontecer perfeitamente, do ponto de vista da exteriorização do pensamento, porque céu e inferno, expriÂmindo equilÃbrio e perturbação, alegria e dor, começam invariaÂvelmente em nós mesmos.
Os EspÃritos encarnados que sofreram desiquilÃbrio
(14) 1ª EpÃstola aos CorÃntios, capÃtulo 6º, versÃculos 19 e 20. — (Nota do Autor espiritual)
mental de alta expressão voltam imediatamente à lucidez espiritual após a desencarnação?
— Isso nunca sucede, porqüanto a perturbação dilatada exige a convalescença indispensável, cuja duração naturalmente varia com o grau de evolução do enfermo em reajuste.
Uberaba, 18/6/58.
38
Evolução e destino
— O mal está determinado no conteúdo do nosso destiÂno?
— Ninguém nasce destinado ao mal, porque semelhante disposição derrogaria os fundamentos do Bem Eterno sobre os quais se levanta a Obra de Deus.
O EspÃrito renascente no berço terrestre traz consigo a provação expiatória a que deve ser conduzido ou a tarefa redenÂtora que ele próprio escolheu, de conformidade com os débitos contraÃdos.
Prevalece aà o mesmo princÃpio que vige para as sociedaÂdes terrestres, pelo qual, se o homem é malfeitor confesso, deve ser segregado em estabelecimento correcional adequado para a reeducação precisa, e, se é apenas aprendiz no campo da expeÂriência, com dÃvidas e créditos, sem falta grave a resgatar, é jusÂto possa pedir à s autoridades superiores, que lhe presidem os movimentos, o gênero de trabalho ou de luta em que se sinta mais apto ao serviço de auto-aperfeiçoamento. Entendamos, poÂrém, que, se perpetrou delito passÃvel de dolorosa punição, não é ele internado na penitenciária ou no trabalho reparador para que se desmande, deliberadamente, em delitos maiores, o que apenas lhe agravaria as culpas já formadas perante a Lei.
à natural que o devedor, nessa ou naquela forma de resgaÂte, venha a sofrer fortes impulsos e recidivas no erro em que faÂliu, tanto maiores quão mais extenso lhe tenha sido o transviamento moral; entretanto, a provação deve ser assimilada como recurso de emenda, nunca por válvula de expansão das dÃvidas assumidas.
Desse modo, ninguém recebe do Plano Superior a deterÂminação de ser relapso ou vicioso, madraço ou delinqüente, com passagem justificada no latrocÃnio ou na dipsomania, no meretrÃcio ou na ociosidade, no homicÃdio ou no suicÃdio, PadeÂcemos, sim, nesse ou naquele setor da vida, durante a recapituÂlação de nossas próprias experiências, o impulso de enveredar por esse ou aquele caminho menos digno, mas isso constitui a influência de nosso passado em nós, instilando-nos a tentação, originariamente toda nossa, de tornar a ser o que já fomos, em contra-posição ao que devemos ser.
— Qual a relação percentual de tempo existente entre os estágios que o EspÃrito de elevação mediana vive como encarnado e como desencarnado?
—A percentagem de tempo no plano espiritual para as criaturas de evolução mediana varia com o grau de aproveitaÂmento de tempo no estágio recente que desfrutaram no corpo fÃsico.
Quão mais vasta a provisão de conhecimento e maior a aquisição de virtudes, por parte do EspÃrito, mais largo perÃodo desfruta na Esfera Superior para obtenção de mais nobres recurÂsos para mais alta ascensão.
— PoderÃamos identificar algum elo da evolução que existe no Plano ExtrafÃsico e que é desconhecido na TerÂra?
—Além do plano fÃsico, a investigação humana encontraÂrá material valioso de observação para elucidar os variados proÂblemas concernentes à evolução do ser.
- Ainda, na atualidade, os instrutores Espirituais interÂvêm na melhoria das formas evolutivas inferiores nas quais o princÃpio inteligente estagia?
- Sim, porque todos os campos da Natureza contam com agentes da Sabedoria Divina para a formação e expansão dos valores evolutivos.
- Dentre todos os animais superiores, abaixo do homem, qual é o detentor de mais dilatadas idéias-fragmenÂtos?
- O assunto demanda longo estudo técnico na esfera da evolução, porque há idéias-fragmentos de determinado sentido mais avançadas em certos animais que em outros. Assim, da assim, nomearemos o cão e o macaco, o gato e o elefante, o muar e o cavalo como elementos de vossa experiência usual mais amplamente dotados de riqueza mental, como introdução ao pensaÂmento contÃnuo.
Pedro Leopoldo, 22/6/58.
39
Predisposições mórbidas
— Como apreendermos a existência das predisposições mórbidas do corpo espiritual?
- Não podemos olvidar que a imprudência e o ócio se responsabilizam por múltiplas enfermidades, como sejam os desastres circulatórios provenientes da gula, as infecções tornadas de higiene, os desequilÃbrios nervosos nascidos da toxicomania e a exaustão decorrente de excessos vários.
De modo geral, porém, a etiologia das moléstias perduráÂveis, que afligem o corpo fÃsico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas.
A recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no espÃrito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alÃvio à s chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de “zona de remorso”, em torno da qual a onda viva e contÃnua do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte do veÃculo fisiopsicossomático ligada à lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria.
Estabelecida a idéia fixa sobre esse “nódulo de forças desequilibradas”, é indispensável que acontecimentos, reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo Ãntimo ou exatamente redimidos perante a Lei.
Essas enquistações de energias profundas, no imo de nosÂsa alma, expressando as chamadas dÃvidas cármicas, por se fiÂliarem a causas infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferÃveis de uma existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da Lei Divina em qualquer idade da nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em prejuÃzo dos outros.
à assim que o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade, entendendo-se, ainda, que essas desarmonias são, algumas vezes, singularmente agravadas pelo assédio vindicatiÂvo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a nós em proÂcessos de obsessão. Todavia, ainda mesmo quando sejamos perdoados pelas vÃtimas de nossa insânia, detemos conosco os resÃÂduos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência, para a necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamenÂto à higiene moral.
—Como pode o débil mental comandar a renovação ceÂlular do seu corpo fÃsico ?
—Não será lÃcito esquecer que, mesmo conturbada, a consciência está presente nos débeis mentais ou nos doentes nervosos de toda espécie, presidindo, ainda que de modo impreÂciso e imperfeito, o automatismo dos processos orgânicos.
—Existem “parasitas ovóides” vampirizando desencarÂnados?
—Sim, nos processos degradantes da obsessão vindicatiÂva, nos cÃrculos inferiores da Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre dolorosos e comoventes pela ignorância e paiÂxão que os provocam.
— Como entenderemos o mecanismo de atuação da JusÂtiça Superior nos casos de endemias rurais, em que populações inteiras são assoladas periodicamente pelas mesÂmas doenças?
—As endemias são quase sempre doenças que grassam numa coletividade ou numa região, dependendo de causas simÂplesmente locais. Devemos, assim, capitulá-las, não obstante os casos cármicos individuais que se agravam por influência delas, no quadro das conquistas higiênicas que o homem é naturalÂmente obrigado a realizar por si, como preço devido ao progresÂso comum.
— No estado comatoso, onde se encontra o psicossoma do enfermo? Junto ao corpo fÃsico ou afastado dele?
—No estado de coma, o aprisionamento do corpo espiriÂtual ao arcabouço fÃsico, ou a parcial liberação dele, depende da situação mental do enfermo.
— Quais os principais métodos usados na EspiritualidaÂde para o tratamento das lesões do corpo espiritual?
—Na Espiritualidade, os servidores da medicina peneÂtram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com o êxito possÃvel, os mecanismos da doença que lhe são parÂticulares.
AÃ, os exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo à s inspecções instrumentais e laboÂratoriais em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes de nova reencarnação, motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo fÃsico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuraram.
Curial, portanto, é que o médico espiritual se utilize ainÂda, de certa maneira, da medicação que vos é conhecida, no soÂcorro aos desencarnados em sofrimento, porque, mesmo no mundo, todo remédio da farmacopéia humana, até certo ponto, éprojeção de elementos quimioelétricos sobre agregações celulaÂres, estimulando-lhes as funções ou corrigindo-as, segundo as disposições do desequilÃbrio em que a enfermidade se expresse.
Contudo, é imperioso reconhecer que na Esfera Superior o médico não se ergue apenas com o pedestal da cultura acadêÂmica, qual ocorre freqüentemente entre os homens, mas sim também com as qualidades morais que Lhe confiram valor e ponderação, humildade e devotamento, visto que a psicoterapia e o magnetismo, largamente usados no plano extrafÃsico, exiÂgem dele grandeza de caráter e pureza de coração.
Uberaba, 25/6/58.
40
Invasão microbiana
— A invasão microbiana está vinculada a causas espiriÂtuais?
— Excetuados os quadros infecciosos pelos quais se resÂponsabiliza a ausência da higiene comum, as depressões criadas em nós por nós mesmos, nos domÃnios do abuso de nossas forças, seja adulterando as trocas vitais do cosmo orgânico pela rendição ao desequilÃbrio, seja estabelecendo perturbações em prejuÃzo dos outros, plasmam, nos tecidos fisiopsicossomáticos que nos constituem o veÃculo de expressão, determinados camÂpos de rutura na harmonia celular.
Verificada a disfunção, toda a zona atingida pelo desajustamento se torna passÃvel de invasão microbiana, qual praça desguarmecida, porque as sentinelas naturais não dispõem de bases Ânecessárias à ação regeneradora que lhes compete, permaneÂcendo muitas vezes, em devedor do ponto lesado, buscando delimitar-lhe a presença ou jugular-lhe a expansão.
Desarticulado, pois, o trabalho sinérgico das células nesse ou naquele tecido, aà se interpõem as unidades mórbidas, quais as do câncer, que, nesta doença, imprimem acelerado ritmo de crecimento a certos agrupamentos celulares, entre as células sãs do órgão em que se instalem, causando tumorações invasoras Âe metastáticas, compreendendo-se, porém, que a mutação, no inÃcio, obedeceu a determinada distonia, originária da mente, cujas vibrações sobre as células desorganizadas tiveram o efeito das projeções de raios 10º ou de irradiações ultravioleta, em apliÂcações impróprias. Emerge, então, a moléstia por estado secunÂdário em largos processos de desgaste ou devastação, pela deÂsarmonia a que compele a usina orgânica, a esgotar-se, debalde, na tarefa ingente da própria reabilitação no plano carnal, quando o enfermo, sem atitude de renovação moral, sem humildade e paciência, espÃrito de serviço e devotamento ao bem, não conseÂgue assimilar as correntes benéficas do Amor Divino que circuÂlam, incessantes, em torno de todas as criaturas, por intermédio de agentes distintos e inumeráveis, a todas estimulando, para o máximo aproveitamento da existência na Terra.
Quando o doente, porém, adota comportamento favorável a si mesmo, pela simpatia que instila no próximo, as forças fÃsiÂcas encontram sólido apoio nas radiações de solidariedade e reÂconhecimento que absorve de quantos lhe recolhem o auxÃlio direto ou indireto, conseguindo circunscrever a disfunção aos neoplasmas benignos, que ainda respondem à influência organiÂzadora dos tecidos adjacentes.
Sob o mesmo princÃpio de relatividade, a funcionar, ineÂquÃvoco, entre doença e doente, temos a incursão da tuberculose e da lepra, da brucelose e da amebÃase, da endocardite bacteriaÂna e da cardiopatia chagásica, e de muitas outras enfermidades, sem nos determos na discriminação de todos os processos morÂbosos, cuja relação nos levaria a longo estudo técnico.
à que, geralmente, quase todos eles surgem como fenôÂmenos secundários sobre as zonas de predisposição enfermiça que formamos em nosso próprio corpo, pelo desequilÃbrio de nossas forças mentais a gerarem ruturas ou soluções de contiÂnuidade nos pontos de interação entre o corpo espiritual e o veÃÂculo fÃsico, pelas quais se insinua o assalto microbiano a que seÂjamos mais particularmente inclinados pela natureza de nossas contas cármicas.
Consolidado o ataque, pela brecha de nossa vulnerabilidaÂde, aparecem as moléstias sintomáticas ou assintomáticas, estaÂbilizando-se ou irradiando-se, conforme as disposições da próÂpria mente, que trabalha ou não para refazer a defensiva orgâniÂca em supremo esforço de reajuste, ou que, por automatismo, admite ou recusa, segundo a posição em que se encontra no princÃpio de causa e efeito, a intromissão desse ou daquele fator patogênico, destinado a expurgir dela, em forma de sofrimento, os resÃduos do mal, correspondentes ao sofrimento por ela imÂplantado na vida ou no corpo dos semelhantes.
Não será lÃcito, porém, esquecer que o bem constante gera o bem constante e que, mantida a nossa movimentação infatigáÂvel no bem, todo o mal por nós amontoado se atenua, gradativaÂmente, desaparecendo ao impacto das vibrações de auxÃlio, nasÂcidas, a nosso favor, em todos aqueles aos quais dirijamos a mensagem de entendimento e amor puro, sem necessidade exÂpressa de recorrermos ao concurso da enfermidade para elimiÂnar os resquÃcios de treva que, eventualmente, se nos incorpoÂrem, ainda, ao fundo mental.
Amparo aos outros cria amparo a nós próprios, motivo por que os princÃpios de Jesus, desterrando de nós animalidade e orgulho, vaidade e cobiça, crueldade e avareza, e exortando-nos à simplicidade e à humildade, à fraternidade sem limites e ao perdão incondicional, estabelecem, quando observados, a imuÂnologia perfeita em nossa vida interior, fortalecendo-nos o poÂder da mente na autodefensiva contra todos os elementos desÂtruidores e degradantes que nos cercam e articulando-nos as possibilidades imprescindÃveis à evolução para Deus.
Pedro Leopoldo, 29/6/58.
Fim
2007-02-07 15:35:00
·
answer #6
·
answered by Parem o mundo, quero descer 6
·
0⤊
1⤋