Um novo método possibilita responder com mais precisão a uma das maiores angústias de um casal "grávido": saber se o bebê é portador ou não da síndrome de Down.
O método utiliza um tipo de ultra-som chamado doppler. "Usamos o doppler, com essa finalidade, no primeiro trimestre da gravidez", diz Carlos Murta, autor do trabalho.
A pesquisa inédita traz maior segurança ao diagnóstico quando somada ao resultado da ultra-sonografia, procedimento padrão durante a gravidez. "O doppler é o refinamento da ultra-sonografia", diz o autor, que foi orientado por Antonio Fernandes Moron, do Departamento de Obstetrícia da Unifesp.
"O diagnóstico precoce das anomalias congênitas é muito importante, pois informa o tipo da doença, a extensão das lesões e permite, quando possível, realizar tratamento médico ou cirúrgico no concepto", acrescenta o autor. Segundo ele, no caso da síndrome de Down, entretanto, não há nada que se possa fazer: "Infelizmente ainda não há tratamento para isso". Mas é importante o diagnóstico para que o casal se prepare, caso aconteça. "Todo casal tem preocupação em saber se seu filho é normal".
Atualmente existem alguns testes e exames para detectar as anomalias. Um deles - o mais utilizado - é a ultra-sonografia, que identifica a grande maioria das malformações e começa a ser realizada no início da gravidez. Nesse exame é medido o acúmulo de líquido na nuca do feto. Quando existe alguma alteração, o passo seguinte é confirmar com uma técnica invasiva: a biópsia da placenta, do líquido amniótico e do sangue do feto. Esse método faz aavaliação dos cromossomos, mas traz risco de abortamento.
A ultra-sonografia identifica 80% dos fetos portadores da síndrome de Down. "Esse valor é considerado ótimo na medicina", diz Murta. Mas o novo método vai além, pois detecta uma porcentagem ainda maior: 90%.
Outro olhar
A novidade do método desenvolvido pelos pesquisadores da Unifesp consiste em observar, por meio do doppler, a velocidade do sangue no interior dos vasos sangüíneos do feto. "O ultra-som avalia a forma dos órgãos, enquanto o doppler permite avaliar a função", diz Murta. Até hoje, o método não era aplicado para esse fim.
O vaso sangüíneo avaliado no exame é chamado duto venoso, que só o feto possui, e é responsável portransportar o sangue oxigenado da placenta para o coração do feto. Ele é muito sensível a alterações cardíacas. Sabendo que 50% dos casos de síndrome de Down e 90% de outras anomalias possuem alterações na estrutura do coração, o médico fez a associação: "Estabeleci a hipótese de rastrear as anomalias cromossômicas com base nas alterações do velocidade do sangue no duto".
Devido ao fato do doppler de duto venoso não ser de fácil realização, é necessário treinamento para os profissionais e equipamento ultra-sonográfico de última geração.
Comprovação
Para confirmar sua eficácia, testou-se o método em 350 fetos entre 10 e 14 semanas. Foram encontrados no total 23 casos de anomalias. O doppler conseguiu detectar 21 deles, isto é, 92% dos casos, enquanto a ultra-sonografia detectou 76%. Também indicou outros dois positivos, que na verdade não tinham problema, enquanto a ultra-sonografia detectou 12 casos de falso-positivos.
"O rastreamento ultra-sonográfico e o doppler de duto venoso poderão tranqüilizar o casal, pois atribuem um menor risco de erro de diagnóstico de alguma anomalia cromossômica do feto", diz o pesquisador, referindo-se à realização dos dois exames como forma de descartar o problema.
2007-01-30 05:56:13
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answer #1
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answered by KKzinha 6
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