Pombos: uma fonte de doenças
Quem observa essas avezinhas tranquilas, bonitas e caseiras, com o título honroso de "símbolo da paz", não pode imaginar o perigo de sua presença e a gravidade de sua multiplicação desordenada. Tais aves são importantes fontes de infecção ou transmissoras de doenças para o homem, como a psitacose, a toxoplasmose, a arboviroses e as gastroenterites, além dos desagradáveis problemas dermatológicos por ectoparasitas (piolhos). Também provocam repulsa e incômodo pela sujeira de suas fezes e barulho de sua manifestação, principalmente em monumentos públicos, templos re-ligiosos, parques e jardins. Os homens são infectados por via respiratória, aspirando poei-ra de gaiolas ou locais contaminados por fezes secas, urina e outras secreções dos pombos contaminados, principalmente os criadores, veterinários, indústrias que utilizam penas de aves e pesso-as da limpeza pública. Por isso, pode ser uma doença profissional.
A psitacose é agenciada por uma bactéria (Chlamydia psittaci), que se multiplica nos intestinos das aves, comprometendo mais de 130 tipos de aves e mais de dezes-seis espécies de mamíferos, além do homem. O nome de psicatose provém de psitacídeos (família dos papagaios, araras, periquitos) que são os mais atingidos. A psitacose provoca desde formas assin-tomáticas ou leves (gripe) até quadros extremamente gra-ves de pneumonia intersticiais, após uma incubação de dez dias.
A doença se manifesta com febre alta, calafrios, dor de cabeça, dores generalizadas, perturbações visuais, tosse com escarro e pintas de sangue, até a queda de pres-são com insuficiência respiratória grave, que muitas vezes termina em morte. A psita-cose dura de dez a quinze dias, com possibilidade de diversas complicações circulatórias (flebite), pulmonares (enfartes) e cardíacas (miocardite). O diagnóstico é fei-to pelo isolamento da bactéria ou testes sorológicos e o tratamento é realizado com antibióticos (tetraciclinas). Não existe vacina para o homem e a das aves apresenta eficácia duvidosa.
A toxoplasmose é uma zoonose, isto é, doenças de animais transmitidas ao homem, sendo seu hospedeiro definitivo o gato. A infecção pelo Toxoplasma gondji é universal, contaminando mais de trezentas espécies de mamíferos, mais de trinta aves e alguns anfíbios. O gato dis-semina o parasita através da poluição do solo, vegetais e da água por meio de suas fezes. Os ovos das aves e a carne crua ou mal cozida são outras fontes importantes de infecção para o homem, além da inalação da poeira contami-nada com fezes secas.
São descritas epidemias de toxoplasmose por fezes de pombos, principalmente en-tre os criadores dessas aves. No homem a doença mani-festa-se com aspectos variados, distinguindo-se duas mo-dalidades clinicas congênitas e adquirida. Na forma adqui-rida, predominam os quadros de febre prolongada (quinze a trinta dias), ínguas disseminadas e oftalmopatias (cório-retinite). O diagnóstico se faz com insolamento do protozoário ou por meio de reações sorológicas e o tratamento é conseguido com a utilização de antibióticos (sulfas, espiramicina, pirimetamina, etc.).
As aves em geral e os pombos, em particular, são reservatórios na natureza de vírus, como os arbovírus, que se transmitem para o homem por meio de insetos (mosqui-tos, carrapatos), provocando inflamação do cérebro (encefalite). O tratamento é sintomático, mas já existe vacina para o homem.
Outro tipo de doença res-piratória veiculada pelos pombos é a histoplasmose, causada por um fungo - Hytoplasma capsulatum - através da inalação de fezes secas. Num dos surtos recentes nos Estados Unidos, a exposição ao fungo ocorreu pelo aparelho de ar condicionado, situ-ado numa janela onde as fe-zes ressecadas de pombos caiam de telhados. Às vezes, a lesão pulmonar simula uma tuberculose, como pudemos observar. Os pombos fre-qüentam os galinheiros, onde adquirem os piolhos, que transportam para o homem, causando irritação na pele e intensa coceira. Finalmente, certas bactérias são veicula-das pelos pombos (salmonelas, pseudomonas), provocan-do gastroenterites agudas (diarréia e vômito).
Por tudo o que foi dito, deve-se combater energica-mente a proliferação dos pombos nas cidades (parques, jardins, edifícios públicos, igrejas), usando-se anticoncepcionais e impedindo sua alimentação por meio de repelentes, aplicados nas janelas, telhados, etc.. O ato caidoso de alimentar essas aves em nossas praças, mercados e outros lugares deve ser re-jeitado, mostrando-se aos "amigos dos pombos" o malefício de sua multiplicação e indesejável presença. Suas fezes ressecadas nas vias pú-blicas, janelas, telhados, e monumentos são um constante perigo para a saúde da população.
por Dr. Mário Cândido de Oliveira Gomes
2007-01-23 21:39:59
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answer #8
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answered by Marquinho 5
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