Papiloma Acuminado (HPV)
Por Milton Artur Ruiz
A infecção pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV) é responsável por inúmeras doenças, principalmente na esfera sexual. O HPV é a virose mais transmitida sexualmente e é responsável pelas verrugas genitais, ou codilomas acuminados.
Em relação ao HPV, existem estudos que o apontam como responsável pelo carcinoma intra-epitelial uterino cervical (CIN) da mulher. O conhecimento do vírus nos últimos anos tem crescido bastante e, à medida que os estudos avançam e os métodos de estudos se sofisticam, mais subtipos são descritos. Desde 1993, já foram relacionados mais de 65 subtipos virais determinados.
Cada um deles tem uma predileção por um local do corpo e a infecção pode assumir caráter de benignidade ou malignidade potencial, dependendo do subtipo do vírus responsável ou predominante na lesão. Por isto é que, quando se constata a lesão, verruga ou manifestação clínica do HPV, existe a necessidade da identificação do subtipo, para que o prognóstico presumível da infecção seja avaliado e instituído o melhor tratamento.
A mulher é a mais infectada pelo vírus, existindo mais de 20 subtipos que afetam a área genital feminina. Os subtipos 1, 2, 6 e 11 por exemplo, t6em caráter benigno e são responsáveis pelos codilomas genitais e formas mais leves de displasias no útero das mulheres.
Em contrapartida, os subtipos 16, 18e 31 apresentam alta correlação com formas de câncer mais graves e malignas. Existem outros subtipos não menos graves, como os de número 30 e 40, que podem causar câncer de laringe. Assim, as formas clínicas de infecção pelo HPV são extremamente variadas, podendo se manifestar como uma simples verruga na planta dos pés, por vezes dolorosas, ou então lesões orais, laríngeas, nas vias respiratórias e áreas genitais.
No passado, tinha-se como certo que a lesão era provocada por um único subtipo do vírus. Hoje, se sabe que vários podem coexistir em uma mesma lesão e que grupos deles apresentam peculiaridades semelhantes e são também responsáveis por um mesmo tipo de doença.
Com base nestes dados, vários autores classificam os subtipos segundo sua organização genética, ou de aspectos clínico-patológicos observados nos pacientes. Seguindo essa linha de raciocínio, podemos classificar os subtipos de HPV em infectantes de pele; associados a tumores genitais femininos benignos e a tumores genitais malignos; e os que provocam fibropapilomas em animais.
Virose tem ligação com câncer genital
Os primeiros relatos que correlacionavam o câncer genital feminino com um agente infeccioso data do século passado quando observou uma maior freqüência de casos em prostitutas. Vários estudos na seqüência demonstraram que a promiscuidade era um fator de risco para o câncer genital. Hoje considera-se como de maior risco para o desenvolvimento da doença a presença do HPV no pênis do parceiro sexual. Dos cerca de 65 subtipos conhecidos encontram-se relacionados com o câncer genital os de número 16, 18, 31, 33, 34 e 35. Os de número 6 e 11 são classificados como benignos.
A neoplasia cervical intraepitelial (CIN), não apresenta sinais ou sintomas específicos, sendo o diagnóstico presuntivo realizado através do estudo citológico, colposcopia e biópsia.
Após o diagnóstico do CIN, preconiza-se que o estudo citológico seja regular, o número de parceiros sexuais limitados e o preservativo seja utilizado nas relações sexuais além da suspensão do hábito de fumar.
Dentre as medidas preconizadas o acompanhamento médico é o mais importante por causa da recorrência da moléstia nos 2 primeiros anos de tratamento e também das taxas de falsa positividade observadas nos testes citológicos.
Entre as medidas preconizadas, o acompanhamento médico é o mais importante, devido à recorrência da moléstia nos dois primeiros anos de tratamento e às taxas de falsa positividade observadas nos testes citológicos.
Doença ainda é cercada de mitos
O HPV é uma doença sexualmente transmissível e bastante freqüentes nos ambulatórios de ginecologia, sendo registradas desde as formas mais simples até casos de lesões exuberantes do aparelho genital feminino. Esta é afirmação do médico Luiz Fernando Ribeiro Gomes, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Santos e responsável pelo ambulatório da especialidade no Hospital Guilherme Álvaro.
A doença, segundo o professor, carrega uma grande quantidade de mitos. As lesões são consideradas por uns como benignas, enquanto outros generalizam a sua malignidade potencial. O HPV provoca opiniões e informações conflitantes. No entanto, vários aspectos são consensuais, como o de que o vírus é contraído por contato de pele e principalmente pelo contato sexual.
OS codilomas genitais femininos ocorrem no período dos 20 aos 40 anos. Os homens apresentam maior freqüência da doença nas idades de atividade sexual ativa. O período de incubação, tempo que leva da infeção ao aparecimento dos sintomas, é variável e pode ser longo.
Estudos demonstram que o tempo pode ser de 3 semanas a 8 meses, em determinados casos. Outro dado significativo é que 70% das pessoas com verrugas podem ser infectantes e transmitem quase sempre a doença ao parceiro sexual.
Na mulher, as verrugas se localizam no aparelho genital de forma variável. O local acometido com maior freqüência é a fúrcula; em seguida, pela ordem, vêm os lábios menores, clitóris e lábios menores. A parte menos acometida na mulher é o cervix, enquanto a área extragenital mais atingida é a região do ânus.
Um dado relevante e muito observado é que existe associação entre a doença e outras, sexualmente transmissíveis, o que obriga a realização de pesquisa laboratorial com outras doenças, como a AIDS. Certas doenças podem predispor o paciente ao HPV, como o diabetes e imunodeficiências. Em relação à doença, a imunidade, ou o grau de integridade do sistema imunitário, desempenha papel primordial na evolução, cura ou reinfecção.
Assim, traumas sobre as lesões parecem ter efeito estimulativo das defesas e benefício às portadoras de lesões. Os sintomas do codiloma feminino mais freqüentes são dor, queimação e coceira no local.
O diagnostico das verrugas é observado pela visualização da lesão na forma macroscópica, ou através do emprego do teste do azul de toluidina, que é um corante e serve para selecionar as áreas afetadas e onde se farão as biópsias para exame dos tecidos que confirmarão a presença do HPV.
Outro exame importante para a detecção do HPV é a colposcopia do colo do útero e da vulva, a fim de se identificar lesões subclínicas da doença. O estudo anátomo-patológico é primordial para o diagnóstico, associado a métodos de biologia molecular e de hibridização, que identificarão o subtipo do vírus envolvido na lesão.
Tratamento está longe de ser consensual
O tratamento de doenças virais é controverso. Para o codiloma genital, por exemplo, existe uma multiplicidade de drogas e condutas.
No entanto, as recidivas ( a persistência das lesões) em muitos casos tornam o tratamento prolongado e desanimador para pacientes e médicos. O tratamento se inicia na identificação do subtipo viral e nas medidas gerias de higiene e prevenção da persistência da infecção.
Entre as medidas, considera-se primordial a investigação do HPV no parceiro sexual, que deve ser submetido a exames periódicos, além do tratamento específico e incentivo ao uso de preservativos nas relações sexuais. O conhecimento da doença e dos seus riscos é fundamental para erradicação da moléstia. As lesões podem ser tratadas de diversas formas e a escolha do método dependerá do tipo de lesão.
Existem agentes cáusticos, como podofilina e o ácido tricloroacético, e quimioterápicos, como Fluorouracil e o Thiotepa. Baseado no ato que a imunidade desempenha papel importante na g6enese e evolução da doença, a imunoterapia através de vacinas, medicamentos imunomoduladores e o interferon t6em sido preconizados, mas sua indicação ainda é controversa. Outras formas de tratamento incluem medidas cirúrgicas (eletrocauterização, criocauterização, excisão e terapia a laser).
Alguns tipos de HPV e suas doenças
Subtipo Manifestação Clínica
1,2,3,4 Verrugas plantares, palatais, planas e palmares
5,8 Lesões maculares, carcinomas de células escamosas. Ptiríase versicolor.
6,11 Codiloma anogenital, CIN graus I e II
16,18 Câncer da cérvix, pênis, brônquios e seios paranasias. Câncer de vulva
30 Câncer de laringe
38 Melanoma maligno
54 Codiloma acuminado
Vírus causa infecção genital
O papiloma vírus, ou HPV é muito freqüente e pode causar infecções variadas, em diversos locais do organismo. Atualmente, existe o consenso de que o HPV transmitido sexualmente, atinge tanto a mulher quanto o homem.
O vírus pode causar as verrugas genitais, ou codilomas, que são lesões incômodas e dolorosas. Na mulher, os subtipos do vírus (são mais de 60), como o 16 e 18, encontram-se relacionados com a neoplasia cervical intraepitelial uterina, que é uma forma de câncer que pode ou não, dependendo da forma da lesão, ter gravidade e repercussões clínicas.
O HPV ocorre com maior freqüência nos homens - cerca de duas vezes mais do que na mulher - e relaciona-se estritamente com a atividade sexual. A transmissão do vírus ocorre, em geral, através do contato sexual, apesar de haver relatos na literatura de outras formas de contaminação, além da atividade sexual.
A existência do HPV faz com que o parceiro, na maioria das vezes, fique infectado dias ou até mesmo meses após o contato sexual. Com o advento da AIDS, o papiloma vírus passou a ser considerado mais importante, pois usas manifestações em um organismo enfraquecido são mais evidentes.
Assim, nos dias atuais, a presença de HPV obriga o médico a não minimizar as lesões verrucosas, porque isto pode indicar redução das defesas do organismo e, em conseqüência com uma doença como a AIDS. Quando for detectada a presença do HPV, portanto, existe a necessidade de avaliação clínica global do paciente, e não única e exclusivamente o tratamento da lesão.
Medidas para o diagnóstico do HPV
Exame obrigatório em todos os pacientes com lesões, ou parceiro(a) que tenha diagnostico de HPV, ou neoplasia intra-epitelial.
Exame clínico e exames laboratoriais (hematológico, bioquímico e doenças sexualmente transmissíveis, como AIDS)
Peniscopia
Teste de ácido acético
Teste do azul de Toluidina
Citopatologia uretral
Uretroscopia
Avaliação peniana por micro-histeroscópico
Biópsia de todas as lesões para estudo citológico e histológico
Parceiros sexuais disseminam a doença
Todo homem que tenha parceira sexual com resultado positivo para HPV deve ser submetido a estudo, para avaliar se foi ou não infectado pelo vírus. Muitas vezes, as manifestações no homem podem ser subclínicas, ou então desvalorizadas, por não existirem lesões penianas ou evidentes.
Os estudos em parceiros sexuais de mulheres que apresentavam codiloma, ou neoplasia cervical intra-epitelial, começaram em 1984, com a demonstração da presença de 18 homens infectados em 34 casos. Este dado estatístico ao longo dos anos tem se repetido, comprovando que mais da metade dos parceiros sexuais de mulheres com HPV conformado apresenta o vírus nas suas mais variadas formas de lesão peniana.
Este dado é importante, principalmente, porque existe relação do HPV com o codiloma humano e lesões pré-cancerígenas e cancerígenas genitais. Assim, hoje, o chamado fator homem passa a ter import6ancia quando é detectada a presença do HPV na mulher, tornando obrigatória a realização da peniscopia em todos os parceiros.
Estudos de peniscopia utilizando o colposcópio (aparelho com lentes que aumenta o campo de visual do observador, antes utilizado somente na avaliação de órgãos genitais internos femininos) permitiu que fosse detectada a presença do HPV em 65% dos homens com parceiras com codiloma ou neoplasia cervical intra-epitelial. Nestes casos, estudos subsequentes apresentaram resultados surpreendentes de lesões atípicas, com grandes alterações nas células do epitélio peniano em pacientes que até então não mostravam sintomas, ou não tinham lesões anteriores, nem antecedentes de codiloma.
A peniscopia é, portanto, fundamental, tanto no diagnóstico masculino como para reduzir a possibilidade de reinfecção feminina, através de medidas que eliminem esse risco.
Tratamento do HPV Local podofilina
ácido tricloroacético
Quimioterápicos Fluoracil
Thiotepa
Imunoterapia Vacinas
BCG
Idoxuridina
Isoprinoside
Levamisole
Interferon
Cirúrgico Eletrocauterização
criocauterização
excisão com alça diatérmica
laserterapia
excisão
Homeopatia
Psicoterapia
Formas clínicas são diversificadas
Há várias formas clínicas do HPV no pênis. A lesão pode ser evidente, em forma de verruga ou nem ser notada. O vírus pode estar latente, ou escondido em locais aparentemente sadios e sem evidências de acometimento.
As lesões que não apresentam import6ancia para o paciente são denominadas subclínicas, mas devem ser tratadas, pois podem evoluir para outras formas mais graves, as chamadas codilomatosas.
As verrugas podem se apresentar em tamanho e número variável, esbranquiçadas ou róseas. Elas podem, às vezes, ter formato assemelhado ao de uma couve-flor, recebendo a denominação de codiloma exofítico. Nestas situações, existe gravidade, pois muitas vezes a lesão pode se alastrar por todo o pênis e obrigar até a uma amputação do membro.
Existe também a lesão plana, que é evidenciada através da peniscopia e que tem relação com a neoplasia intra-epitelial peniana. As lesões subclínicas devem ser avaliadas e pesquisadas, pois elas podem evoluir tanto para um simples codiloma, como para um codiloma exofítico, ou ainda para formas mais graves e atípicas. O vírus atua na transformação do epitélio do pênis. Dependendo do subtipo viral envolvido, há maior probabilidade de causar câncer no pênis.
Diagnóstico no homem pode ser simples
O diagnóstico no homem que possua uma lesão, com as características já descritas, é relativamente fácil e simples. Pacientes com lesões, ou que tenham parceiras com antecedentes, devem ser submetidos a uma avaliação clínica especializada. Esta é a opinião do médico Manuel Nascimento Ramos, professor de Urologia da Faculdade de Ciências Médicas de Santos.
Todos os homens devem ser estudados em relação aos seus sintomas, antecedentes sexuais, presença de lesões curadas ou não no passado, outras doenças sexualmente transmissíveis e, principalmente, a atividade sexual e números de parceiros com os quais tenha tido contato em passado recente. Todo o aspecto clínico do paciente deve ser avaliado, para saber como está a saúde do paciente.
Este pode ser o momento de realizar uma avaliação laboratorial geral, para saber como se encontram os parâmetros hematológicos e bioquímicos do sangue. Estas medidas poderão, eventualmente, fazer com que problemas como diabetes, ou outras disfunções metabólicas, sejam descobertas. Outros exames fundamentais são os relacionados às doenças sexualmente transmissíveis.
Depois disso, o urologista realizará a visualização dos órgãos genitais com rigor e cuidado, atentando para todos os tipos de situação em que a hipótese da presença do HPV tenha sido sugerida. A peniscopia não é dolorosa e o método, além da visualização macroscópica de todos os órgãos genitais, emprega um aparelho chamado colposcópio, que possibilita o alargamento da visão, nos possíveis locais comprometidos. De todas as regiões suspeitas ou afetadas, colhe-se material para estudo citológico e histológico. Para melhor observação de lesões, são utilizados os testes do ácido acético e do azul de toluidina, além de coleta de material da uretra.
2007-01-22 18:47:08
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