DERMATOLOGIA E PSICOSSOMÁTICA
O ritmo alucinante da vida de hoje, a transitoriedade das coisas, das pessoas e dos valores, a valorização do bem material, o individualismo crescente, a falta de solidariedade e a premência do tempo e do sucesso estão fazendo surgir novos tipos de doenças e entre elas se enquadra a doença coronariana.
A doença coronariana, produtora do Infarto do Miocárdio, tem sido uma das patologias mais estudadas atualmente, tendo em vista a altíssima incidência em que acomete pessoas dos países mais civilizados. A ciência tem demonstrado uma grande variedade de fatores causais envolvidos no desenvolvimento da doença, sendo os mais freqüentemente referidos a predisposição genética, o tabagismo, a hipertensão arterial, a elevação dos níveis de colesterol, o estresse cotidiano, a vida sedentária do homem moderno, a obesidade e a diabetes.
Alguns estudos consideram a participação de fatores constitucionais um dos elementos mais importantes no desenvolvimento da doença, outros enfatizam a importância prevalente dos fatores ambientais, tais como o aumento do nível de colesterol, o fumo e a hipertensão arterial. Enfim, quanto a ordem de importÂncia desses fatores não há ainda um consenso.
Apesar de todos esses estudos, na década de 1980, alguns estudos (Eliot R S - Stress and cardiovascular disease: mechanisms and measurement - Ann. Clin. Res. no. 19, p.p. 88-95, 1987.) constatavam que até cerca da metade dos coronarianos não apresentam os clássicos fatores de risco ambientais atribuídos ao desenvolvimento da doença. Assim sendo, quais seriam os mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da doença nesses pacientes?
Índice de Dermatologia Psicossomática
Delírio Parasitário
Psoríase
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Dermatite Seborreica
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Herpes Simples Genital
Lúpus
Vitiligo
Qualidade de vida em dermatologia
Índice de Cardiologia Psicossomática
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- Coagulação
Em julho de 1999, realizou-se o Congresso da American Academy of Dermatology, em São Francisco (Estados Unidos). A.Finlay, da Universidade de Wales (Escócia), fez a seguinte pergunta: o que é pior: a psoríase, diabetes, a asma ou a bronquite, nos pacientes que já têm a psoríase e, também, uma dessas outras patologias? Concluiu que o pior é a psoríase, e o trabalho foi publicado no Brit.J.Dermatol. 1995; 132: 236 - 244.
Daí surgiu a idéia de se realizar um questionário, que avaliasse a qualidade de vida do paciente com doença de pele, informando as restrições que este sofre no trabalho social, lazer, vida sexual etc. Em decorrência do questionário criou-se o Dermatology Life Quality Index (DLQI), desenvolvido por Finlay e Khan, que já existe em 12 línguas e corresponde à 10 perguntas que levam 2 minutos para serem respondidas. A dermatite atópica, psoríase, eczema e acne, são as doenças que mais afetam a vida dos pacientes.
Dermatitis artefata ou auto mutilação são lesões de pacientes com distúrbios psiquiátricos que se auto-infligem (geralmente transtornos obsessivos-compulsivos e esquizofrenia); tricotilomania = arrancar cabelos e lavar as mãos obsessivamente.
O estresse, a ansiedade exacerbam vários tipos de doenças e a depressão, também. Esses fatos, sugeriram durante o Congresso, a necessidade de se criar uma subespecialidade, para combater essas doenças psicossomáticas, que se manifestam na pele. Foram feitas referências ao primogide e aos anti-alérgicos e anti-pruriginosos.
Os transtornos obsessivos-compulsivos, afetam 2 a 3% da população e 14% dos pacientes que se apresentam com coceiras no consultório do dermatologista. Esse tema foi apresentado aos especialistas, através de uma técnica de psicodrama, insistindo no fato de que os dermatologistas dão pouca atenção à esses aspectos psicossomáticos da especialidade.
Um dos expositores, sugeriu que o especialista encarasse com bom humor essas histórias, pois isso melhora a relação médico/paciente. (JAMA 4/6/1997; 227:1660- 63)
PSORÍASE
A prevalência da Psoríase, na Europa, é de 1,5% a 2% da população, nos Estados Unidos é de 0,5% a 1,5%. A doença é rara em negros, índios e amarelos é não existe entre esquimós. A Psoríase desenvolve-se com maior freqüência entre 20 e 40 anos. Entretanto, a doença será mais grave quando surge em crianças e isso ocorre em sua forma denominada de Psoríase Familial, que acomete a pessoa desde criança. Essa forma familial está intimamente associada a problemas imunológicos, tal como complexo de histocompatibilidade nas moléculas W 6; DR7; B1 e B57. A forma não familial se desenvolve mais tarde.
Muito provavelmente a questão emocional atua como um importante fator desencadeante da Psoríase em pessoas com uma certa predisposição genética para a doença. Fala-se em componente genético porque cerca de 30% das pessoas que têm Psoríase também têm familiares acometidos por ela. A Psoríase não é uma doença contagiosa e não há necessidade de evitar o contato físico com outras pessoas.
Fisiologia
N. Ortonne e colaboradores, patologistas do Hospital Saint Louis (Paris), afirmam que a Psoríase é uma dermatose inflamatória resultante de um equilíbrio epidérmico anormal, caracterizada pela proliferação exagerada e diferenciação anormal dos queratinócitos (células da epiderme responsáveis pela queratina), e também por uma ativação anormal do sistema imunológico. Na opinião desses pesquisadores, trata-se de uma dermatose de causas multifatoriais, implicando inclusive em mecanismos patogênicos hereditários, emocionais e ambientais.
Um grande número de fatores desencadeantes ou agravantes da Psoríase têm sido identificados em pacientes predispostos geneticamente. Entre esses fatores se incluem as infecções estreptocócicas e virais, o estresse, outros fatores emocionais, alcoolismo e fumo.
Formas Clínicas
A Psoríase pode se manifestar de várias maneiras e graus. Ela se apresenta desde sob a forma de mínimas lesões até uma forma mais severa, chamada de Psoríase Eritrodérmica, onde a pele de todo corpo pode estar comprometida.
Entretanto, a forma mais freqüente de apresentação é a Psoríase em placas, caracterizada pelo surgimento de lesões na pele de cor avermelhada e descamativas bem delimitadas e de evolução crônica. Essas escamas geralmente são esbranquiçadas e localizadas mais freqüentemente nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e tronco. As lesões de Psoríase geralmente não têm sintomas, mas pode haver discreta coceira no local. Quando as placas regridem, costumam deixar uma área de pele mais clara no local afetado.
Sendo a Psoríase uma doença de natureza crônica, é comum ocorrerem fases de melhora e de piora, possivelmente oscilando ao sabor das oscilações emocionais. Outra característica importante é o chamado fenômeno de Koebner, caracterizado pela formação de lesões lineares em áreas de trauma cutâneo, como arranhões.
Apresentações menos comuns são; a Psoríase Ungueal, com lesões apenas nas unhas, a Psoríase Pustulosa, com formação de pústulas principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés e a Artrite Psoriásica que se caracteriza por inflamação articular que pode causar até a destruição total da articulação, normalmente afetando os dedos das mãos. Os graus de severidade da Psoríase são divididos em leve, moderada e grave sendo um dos mais graves a chamada Psoríase Inversa, onde as lesões são planas, inflamadas, atingindo grandes áreas.
Outra forma de apresentação é a Psoríase Gutata, com surgimento eruptivo de pequenas lesões circulares (em gotas), freqüentemente associada com infecções de garganta. O diagnóstico da Psoríase é geralmente clínico, mas pode ser confirmado por uma biópsia, a qual revela sempre um quadro bem característico.
O Ciclo da Psoríase
Nossa pele está em continuada renovação, substituindo continuamente células mortas por vivas. Nessa renovação (crescimento) normal da pele, as células são criadas numa camada mais profunda (basal), e então se movem para cima, através da epiderme, até o chamado ao estrato córneo, que é a última camada da pele.
As células que vão morrendo, por sua vez, são eliminadas através desse estrato córneo, mantendo o equilíbrio. Este processo normal de renovação leva aproximadamente 28 dias, do nascimento das células até sua morte.
Quando a pele é ferida, entre em ação uma outra atividade, diferente da renovação normal. Trata-se da cicatrização. Nesse caso as células são produzidas numa velocidade maior. Na cicatrização há ainda um aumento da irrigação sanguínea na área afetada e um processo de inflamação no local.
Patologicamente e de alguma forma, a pele com Psoríase é muito parecida com a pele em cicatrização, com a pele portadora de alguma infecção ou mesmo com a pele da reação alérgica.
As lesões da Psoríase se caracterizam por um crescimento celular anômalo e, embora não haja nenhuma ferida a ser cicatrizada, as células da pele chamadas queratócitos se comportam como se houvesse alguma lesão a ser reparada. Estes queratócitos alteram a multiplicação celular normal para um modelo como se fosse de regeneração. Assim sendo, muitas células da pele são desnecessariamente criadas e empurradas para a superfície num prazo curto de 2 a 4 dias. Esse excesso de células se acumula e começam a descamar formando as lesões típicas da Psoríase.
Resumindo, as escamas em placas que cobrem as lesões da Psoríase são compostas de células mortas, e a vermelhidão das lesões é causado pelo aumento da irrigação sanguínea nesse local para favorecer, indevidamente, o crescimento rápido de novas células.
Tratamento
A Psoríase pode deixar pessoas com limitações físicas devido a artrite, pode desfigurar, devido as lesões na pele, enfim, pode proporcionar grande frustração, ansiedade e depressão. Há casos mais graves com importante diminuição da auto-estima e completo isolamento social conseqüente.
Vários tipos de alívios temporários estão disponíveis, e eles atuam com variados graus de sucesso. A Psoríase não tem um curso previsível e cada caso tem o seu próprio curso. Uma coisa é certa, os sintomas podem ir e vir, tornando-a uma doença para a vida toda. Mas o paciente pode aprender a conviver adequadamente com a doença, aprender a controlá-la e levar vida praticamente normal.
O tratamento da Psoríase vai desde o simples uso de medicações tópicas para os casos mais leves, até tratamentos mais complexos para os casos mais graves. A resposta ao tratamento varia de um paciente para outro e o componente emocional nunca deve ser menosprezado.
Uma vida saudável, evitando-se o estresse vai colaborar para a melhora, assim como, será fundamental o tratamento de estados emocionais que estejam comprometendo a saúde, principalmente os estados ansiosos e os depressivos. A exposição solar moderada é de grande ajuda e manter a pele bem hidratada também auxilia o tratamento. Embora não exista uma forma definitiva para se acabar com a Psoríase, é perfeitamente possível conseguir a remissão total da doença, praticamente como se fosse uma cura clínica.
"Cerca de 30% dos portadores relatam casos na família", diz a dermatologista Sandra Tajtelbaum. ...
Além da predisposição genética, acredita-se haver relação da doença com infecções, uso de medicamentos, situações de estresse e traumas emocionais. "Organicamente, tensões subjetivas funcionam como uma bombinha que pode desencadear a psoríase", diz a neuropsiquiatra Elisabete Della Rosa Pimentel.
"Quando investigamos meu passado, vi que problemas no relacionamento, o desemprego do meu pai e o estresse no trabalho acabaram influenciando o desenvolvimento da doença", afirma Baer.
Para Pimentel, quando o paciente reconhece a situação emocional que está ligada ao aparecimento dos sintomas, ele já está a um passo do controle da doença, reduzindo suas manifestações." Trecho de matéria da Folha Equilíbrio - veja tudo.
2007-01-22 19:37:14
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answer #2
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answered by costa rica 2
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