Deus permitiu que o Rei Nabucodonosor se tornasse governante mundial. Como monarca de Babilônia, ele tinha muita riqueza, uma mesa farta, um grandioso palácio — tudo o que ele queria em sentido material. Mas, de repente, sofreu humilhação. Ficando demente, Nabucodonosor agiu como animal! Expulso da mesa real e da residência imperial, passou a viver nos campos e a comer capim como um touro. O que levou a esta calamidade? E por que nos deve interessar? — Note Jó 12:17-19; Eclesiastes 6:1, 2.
O REI MAGNIFICA O ALTÍSSIMO
Pouco depois da sua recuperação desse completo colapso mental, Nabucodonosor enviou a todo o seu domínio um notável relatório sobre o que tinha acontecido. Jeová inspirou o profeta Daniel a preservar um registro exato desses acontecimentos. Começa com estas palavras: “Nabucodonosor, o rei, a todos os povos, grupos nacionais e línguas que habitam em toda a terra: Aumente a vossa paz. Pareceu-me bem declarar os sinais e as maravilhas que o Deus Altíssimo realizou para comigo. Quão grandiosos são os seus sinais e quão poderosas são as suas maravilhas! Seu reino é um reino por tempo indefinido e seu domínio é para geração após geração.” — Daniel 4:1-3.
Os súditos de Nabucodonosor ‘habitavam em toda a terra’ — porque seu império abrangia a maior parte do mundo do registro bíblico. O rei disse a respeito do Deus de Daniel: “Seu reino é um reino por tempo indefinido.” Como estas palavras magnificavam a Jeová em todo o Império Babilônico! Além disso, esta foi a segunda vez que se mostrara a Nabucodonosor que só o Reino de Deus é eterno, permanecendo “por tempos indefinidos”. — Daniel 2:44.
Que ‘sinais e maravilhas’ realizou “o Deus Altíssimo”? Esses começaram com o que se deu com o próprio rei, contado nas seguintes palavras: “Eu, Nabucodonosor, vim a estar tranqüilo na minha casa e a prosperar no meu palácio. Houve um sonho que tive e ele começou a atemorizar-me. E havia imagens mentais sobre a minha cama e visões da minha cabeça que começaram a amedrontar-me.” (Daniel 4:4, 5) O que fez o rei babilônio a respeito deste sonho perturbador?
Nabucodonosor convocou os sábios de Babilônia e contou-lhes o sonho. Mas como eles fracassaram! Foram totalmente incapazes de fornecer a interpretação. O registro acrescentou: “Por fim entrou perante mim Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome de meu deus, e em quem há o espírito dos deuses santos; e relatei perante ele qual tinha sido o sonho.” (Daniel 4:6-8) O nome de Daniel na corte era Beltessazar, e a divindade falsa que o rei chamou de “meu deus” pode ter sido Bel, Nebo ou Marduque. Sendo politeísta, Nabucodonosor encarava Daniel como alguém em quem havia “o espírito dos deuses santos”. E por causa da posição de Daniel como prefeito sobre todos os sábios de Babilônia, o rei chamou-o de “chefe dos sacerdotes-magos”. (Daniel 2:48; 4:9; note Daniel 1:20.) O fiel Daniel, naturalmente, nunca abandonou a adoração de Jeová para praticar magia. — Levítico 19:26; Deuteronômio 18:10-12.
UMA ENORME ÁRVORE
De que tratava o sonho amedrontador do rei babilônio? “Ora, aconteceu que eu estava vendo as visões da minha cabeça, sobre a minha cama”, disse Nabucodonosor, “e eis que havia uma árvore no meio da terra, sendo enorme a sua altura. A árvore tornou-se grande e ficou forte, e a própria altura dela por fim atingiu os céus, e ela era visível até a extremidade da terra inteira. Sua folhagem era bela e seu fruto abundante, e havia nela alimento para todos. Debaixo dela os animais do campo procuravam sombra e nos seus galhos habitavam as aves dos céus, e toda a carne se alimentava dela.” (Daniel 4:10-12) Relata-se que Nabucodonosor gostava dos grandes cedros do Líbano, foi vê-los e fez com que alguns deles fossem levados a Babilônia como madeira de construção. Mas ele nunca tinha visto nada igual à árvore que observou no seu sonho. Ela ocupava um lugar de destaque “no meio da terra”, era visível em toda a Terra e era tão frutífera que fornecia alimento a toda a carne.
O sonho envolvia muito mais, pois Nabucodonosor acrescentou: “Eu continuei a ver nas visões da minha cabeça, sobre a minha cama, e eis que havia um vigilante, sim, um santo, descendo dos próprios céus. Ele clamava em alta voz e dizia o seguinte: ‘Derrubai a árvore e cortai-lhe os galhos. Sacudi a sua folhagem e espalhai os seus frutos. Fujam os animais de debaixo dela e as aves dos seus galhos. Todavia, deixai-lhe o próprio toco na terra, sim, com [bandas] de ferro e de cobre, entre a relva do campo; e seja molhado pelo orvalho dos céus e seja seu quinhão entre a vegetação da terra.’” — Daniel 4:13-15.
Os babilônios tinham seus próprios conceitos religiosos sobre criaturas espirituais boas e más. Mas quem era este “vigilante”, ou sentinela, vindo do céu? Chamado de “santo”, era um anjo justo, que representava a Deus. (Note Salmo 103:20, 21.) Imagine as perguntas que devem ter atormentado a Nabucodonosor! Por que derrubar a árvore? Para que serve o toco impedido de crescer por bandas de ferro e de cobre? Deveras, para que fim serve um mero toco?
Nabucodonosor deve ter ficado completamente desorientado quando ouviu as palavras adicionais do vigilante: “Mude-se-lhe o coração daquele do gênero humano e dê-se-lhe um coração de animal, e passem sobre ele sete tempos. A coisa é por decreto dos vigilantes e o pedido é pela declaração dos santos, para que os viventes saibam que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser, e estabelece nele até mesmo o mais humilde da humanidade.” (Daniel 4:16, 17) O toco duma árvore não tem coração humano batendo nele. Sendo assim, como pode o coração dum animal ser dado ao toco duma árvore? O que são os “sete tempos”? E como se relaciona tudo isso com o domínio no “reino da humanidade”? Nabucodonosor certamente queria saber isso.
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Daniel, quando soube do sonho, ficou momentaneamente estarrecido e depois teve medo. Exortado por Nabucodonosor a explicá-lo, o profeta disse: “Ó meu senhor, aplique-se o sonho aos que te odeiam e a sua interpretação aos teus adversários. A árvore que viste, que se tornou grande e ficou forte . . . és tu, ó rei, porque te tornaste grande e ficaste forte, e tua grandiosidade cresceu e atingiu os céus, e teu domínio, a extremidade da terra.” (Daniel 4:18-22) Nas Escrituras, árvores podem simbolizar pessoas, governantes e reinos. (Salmo 1:3; Jeremias 17:7, 8; Ezequiel, capítulo 31) Nabucodonosor, igual à enorme árvore do seu sonho, ‘se tornara grande e ficara forte’ como chefe duma potência mundial. Mas ‘o domínio até a extremidade da terra’, envolvendo todo o reino da humanidade, é representado pela grande árvore. Portanto, ela simboliza a soberania universal de Jeová, em especial na sua relação com a Terra. — Daniel 4:17.
Nabucodonosor estava para sofrer um rebaixamento. Indicando este acontecimento, Daniel acrescentou: “Sendo que o rei viu um vigilante, sim, um santo, descendo dos céus, dizendo também: ‘Derrubai a árvore e arruinai-a. Todavia, deixai-lhe o toco na terra, mas com banda de ferro e de cobre, entre a relva do campo, e seja molhado pelo orvalho dos céus e seja seu quinhão com os animais do campo, até terem passado sobre ele sete tempos’, esta é a interpretação, ó rei, e o decreto do Altíssimo é o que tem de sobrevir ao meu senhor, o rei.” (Daniel 4:23, 24) Certamente, exigia coragem transmitir ao poderoso rei esta mensagem!
O que sobreviria a Nabucodonosor? Imagine sua reação quando Daniel acrescentou: “Expulsar-te-ão de entre os homens e tua morada virá a ser com os animais do campo, e vegetação é o que te darão para comer, como a touros; e tu mesmo virás a ser molhado pelo orvalho dos céus, e passarão mesmo sete tempos sobre ti, até saberes que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser.” (Daniel 4:25) Pelo que parece, até mesmo os oficiais da corte de Nabucodonosor o ‘expulsariam de entre os homens’. Mas será que compassivos vaqueiros ou pastores cuidariam dele? Não, porque Deus decretara que Nabucodonosor viveria com “os animais do campo”, comendo vegetação.
Assim como a árvore foi cortada, Nabucodonosor seria derrubado do governo mundial — mas apenas por certo tempo. Daniel explicou: “Por terem dito que se deixasse o toco da árvore, teu reino te estará assegurado depois de saberes que são os céus que governam.” (Daniel 4:26) No sonho de Nabucodonosor, o toco, ou cepo, da árvore derrubada foi deixado permanecer, embora envolvido em bandas para não crescer. De modo similar, o “toco” do rei de Babilônia permaneceria, embora em bandas para não vicejar por “sete tempos”. Sua posição como governante mundial seria como o toco da árvore em bandas. Seria guardada até terem passado sete tempos. Jeová cuidaria de que, durante este período, ninguém sucedesse a Nabucodonosor como governante exclusivo de Babilônia, embora seu filho, de nome Evil-Merodaque, talvez agisse em lugar dele como governante interino.
Em vista do que se predisse a respeito de Nabucodonosor, Daniel exortou-o corajosamente: “Portanto, ó rei, pareça-te bom o meu conselho, e remove os teus próprios pecados por meio da justiça e a tua iniqüidade por teres misericórdia para com os pobres. Talvez venha a haver um prolongamento da tua prosperidade.” (Daniel 4:27) Se Nabucodonosor descontinuasse seu proceder pecaminoso de opressão e de orgulho, isso talvez mudasse as coisas para ele. Afinal, uns dois séculos antes, Jeová havia decidido destruir o povo da capital da Assíria, Nínive, mas não o fez, porque o rei e os súditos dele se arrependeram. (Jonas 3:4, 10; Lucas 11:32) Que dizer do orgulhoso Nabucodonosor? Mudaria ele de proceder?
O CUMPRIMENTO INICIAL DO SONHO
Nabucodonosor continuou a ser orgulhoso. Passeando no terraço do palácio, 12 meses depois do seu sonho sobre a árvore, ele se gabou: “Não é esta Babilônia, a Grande, que eu mesmo construí para a casa real com o poderio da minha potência e para a dignidade da minha majestade?” (Daniel 4:28-30) Ninrode havia fundado Babilônia (Babel), mas foi Nabucodonosor quem lhe deu esplendor. (Gênesis 10:8-10) Ele se gabou numa das suas inscrições cuneiformes: “Nabucodorosor, Rei de Babilônia, o restaurador de Esagila e Ezida, filho de Nabopolassar eu sou. . . . Reforcei as fortificações de Esagila e Babilônia e estabeleci o nome do meu reinado para sempre.” (Archaeology and the Bible [Arqueologia e a Bíblia], de George A. Barton, 1949, páginas 478-9) Outra inscrição menciona cerca de 20 templos que ele reformou ou reconstruiu. “Durante o reinado de Nabucodonosor”, diz a Enciclopédia Delta Universal, “a Babilônia se tornou uma das mais magníficas cidades do mundo antigo. Em seus próprios registros, Nabucodonosor raramente mencionava suas atividades militares, mas falava de seus projetos de construção e da sua atenção para com as divindades babilônicas. Foi ele quem provavelmente construiu os jardins suspensos, uma das sete maravilhas da Antiguidade”.
Embora se gabasse, o orgulhoso Nabucodonosor estava para ser humilhado. O relato inspirado diz: “Enquanto a palavra estava ainda na boca do rei, houve uma voz baixando dos céus: ‘A ti se diz, ó Nabucodonosor, o rei: “O próprio reino se afastou de ti e a ti mesmo expulsarão de entre a humanidade, e tua morada será com os animais do campo. A ti mesmo darão vegetação para comer, como a touros, e sete tempos é que passarão sobre ti, até saberes que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser.”’” — Daniel 4:31, 32.
Logo em seguida, Nabucodonosor perdeu a sanidade. Expulso dentre a humanidade, comeu vegetação ‘como os touros’. Lá entre os animais do campo, ele certamente não estava sentado ocioso na grama dum lugar paradísico, usufruindo diariamente brisas refrescantes. No Iraque de hoje em dia, onde se encontram as ruínas de Babilônia, as temperaturas variam entre 50 graus centígrados nos meses de verão e bem abaixo de zero no inverno. Sem cuidados e exposto aos elementos, o longo cabelo emaranhado de Nabucodonosor ficou parecido às penas de águia, e as unhas não cortadas, das mãos e dos pés, ficaram como garras de ave. (Daniel 4:33) Que humilhação foi isso para este orgulhoso governante do mundo!
No sonho de Nabucodonosor, a grande árvore foi derrubada e seu toco envolvido em bandas, para impedir o crescimento por sete tempos. De modo similar, Nabucodonosor “foi derrubado do trono do seu reino” quando Jeová o atingiu com demência. (Daniel 5:20) Na realidade, isso mudou o coração do rei do de homem para o de touro. No entanto, Deus reservou o trono para Nabucodonosor até o fim dos sete tempos. Ao passo que Evil-Merodaque possivelmente atuou como chefe temporário do governo, Daniel serviu como “governante de todo o distrito jurisdicional de Babilônia e prefeito supremo sobre todos os sábios de Babilônia”. Seus três companheiros hebreus continuaram a participar na administração dos assuntos daquele distrito. (Daniel 1:11-19; 2:48, 49; 3:30) Os quatro exilados aguardaram o restabelecimento de Nabucodonosor no trono, como rei racional que aprendeu que “o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser”.
O RESTABELECIMENTO DE NABUCODONOSOR
Jeová restabeleceu a sanidade de Nabucodonosor ao fim dos sete tempos. O rei disse então, reconhecendo-o como o Deus Altíssimo: “Ao fim dos dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu e meu próprio entendimento começou a retornar a mim; e eu bendisse o próprio Altíssimo, e louvei e glorifiquei Aquele que vive por tempo indefinido, porque seu domínio é um domínio por tempo indefinido e seu reino é para geração após geração. E todos os habitantes da terra são considerados como simplesmente nada, e ele age segundo a sua própria vontade entre o exército dos céus e os habitantes da terra. E não há quem lhe possa deter a mão ou quem lhe possa dizer: ‘Que estás fazendo?’” (Daniel 4:34, 35) Deveras, Nabucodonosor passou a dar-se conta de que o Altíssimo é mesmo o Governante Soberano no reino da humanidade.
Quando Nabucodonosor voltou a ocupar o trono, era como se as bandas metálicas em volta do toco da árvore do sonho tivessem sido retiradas. Ele disse a respeito do seu restabelecimento: “Ao mesmo tempo começou a retornar a mim o meu próprio entendimento, e para a dignidade do meu reino começaram a retornar a mim a minha majestade e o meu esplendor; e até mesmo os meus altos funcionários reais e os meus grandes começaram a procurar-me ansiosamente, e fui restabelecido no meu próprio reino e acrescentou-se-me extraordinária grandeza.” (Daniel 4:36) Caso alguns oficiais da corte tenham desprezado o rei demente, agora eles ‘o procuravam ansiosamente’ em completa subserviência.
Que ‘sinais e maravilhas’ havia realizado o Deus Altíssimo! Não nos deve surpreender que o restabelecido rei babilônio dissesse: “Agora, eu, Nabucodonosor, louvo, e enalteço, e glorifico o Rei dos céus, porque todas as suas obras são verdade e seus caminhos são justiça, e porque ele é capaz de humilhar os que andam em orgulho.” (Daniel 4:2, 37) Esse reconhecimento, porém, não fez de Nabucodonosor um adorador gentio de Jeová.
HÁ ALGUMA EVIDÊNCIA SECULAR?
Alguns têm identificado a insanidade de Nabucodonosor como licantropia. Um dicionário de medicina diz: “LICANTROPIA . . . de [lý‧kos], lupus, lobo; [án‧thro‧pos], homo, homem. Este nome foi dado à doença de pessoas que acreditam ter-se transformado em animal, e que imitam o som ou os gritos, as formas ou maneiras daquele animal. Tais indivíduos costumam imaginar-se transformadas em lobo, cão ou gato; às vezes também em touro, como no caso de Nabucodonosor.” (Dictionnaire des sciences médicales, par une société de médicins et de chirurgiens [Dicionário de Ciências Médicas, por Uma Sociedade de Médicos e de Cirurgiões], Paris, 1818, Volume 29, página 246) Os sintomas da licantropia são similares aos do estado demente de Nabucodonosor. Visto que a doença mental dele foi decretada por Deus, porém, ela não pode ser especificamente identificada com um distúrbio conhecido.
O erudito John E. Goldingay cita diversos paralelos à demência e ao restabelecimento de Nabucodonosor. Por exemplo, ele declara: “Um fragmentário texto cuneiforme parece referir-se a um distúrbio mental de Nabucodonosor, e talvez a ele ter negligenciado e deixado Babilônia.” Goldingay cita um documento chamado “O Jó Babilônio” e diz que este “atesta castigos por Deus, doença, humilhação, a procura da interpretação dum sonho aterrorizante, ser derrubado como uma árvore, ser expulso, consumir capim, perder o entendimento, ser como um boi, ser atingido por chuva da parte de Marduque, unhas estragadas, cabelo crescido, e ser agrilhoado, e depois, um restabelecimento pelo qual ele louva ao deus”.
SETE TEMPOS QUE NOS AFETAM
Conforme representado pela grande árvore, Nabucodonosor simbolizava o governo mundial. Mas, lembre-se de que a árvore representa governo e soberania muito maiores do que os do rei de Babilônia. Simboliza a soberania universal de Jeová, “o Rei dos céus”, especialmente com respeito à Terra. Antes da destruição de Jerusalém pelos babilônios, o reino cujo centro era aquela cidade, com Davi e seus herdeiros ocupando o “trono de Jeová”, representava a soberania de Deus com respeito à Terra. (1 Crônicas 29:23) O próprio Deus mandou derrubar e envolver em bandas essa soberania em 607 AEC, quando usou Nabucodonosor para destruir Jerusalém. O exercício da soberania divina para com a Terra, por meio dum reino da linhagem de Davi, foi restrito por sete tempos. Quanto duraram estes sete tempos? Quando começaram e o que marcou seu fim?
Durante a insanidade de Nabucodonosor, “seu cabelo ficou tão comprido como penas de águias, e suas unhas, como garras de aves”. (Daniel 4:33) Isto levou mais do que sete dias ou sete semanas. Diversas traduções rezam “sete tempos”, e versões alternativas são “tempos designados (definidos)” ou “períodos de tempo”. (Daniel 4:16, 23, 25, 32) Uma variante do grego antigo (Septuaginta) reza “sete anos”. Os “sete tempos” foram tratados como “sete anos” pelo historiador judeu, Josefo, do primeiro século. (Antiquities of the Jews [Antiguidades Judaicas], Livro 10, Capítulo 10, parágrafo 6) E certos hebraístas consideram que estes “tempos” são “anos”. “Sete anos” é como são vertidos em A Bíblia na Linguagem de Hoje, na Bíblia Sagrada, Edição Pastoral (4:20), e na tradução inglesa de James Moffatt.
É evidente que os “sete tempos” de Nabucodonosor envolviam sete anos. Na profecia, um ano tem em média 360 dias, ou 12 meses de 30 dias cada um. (Note Revelação [Apocalipse] 12:6, 14.) De modo que os “sete tempos”, ou sete anos, do rei eram 360 dias multiplicados por 7, ou 2.520 dias. Mas, o que dizer do cumprimento maior deste sonho? Os “sete tempos” proféticos duraram muito mais do que 2.520 dias. Isto foi indicado pelas palavras de Jesus: “Jerusalém será pisada pelas nações, até se cumprirem os tempos designados das nações.” (Lucas 21:24) Este ‘pisar’ começou em 607 AEC, quando Jerusalém foi destruída e o reino típico de Deus deixou de operar em Judá. Quando terminaria o pisar? Nos “tempos do restabelecimento de todas as coisas”, quando a soberania divina se manifestaria de novo para com a Terra por meio da Jerusalém simbólica, o Reino de Deus. — Atos 3:21.
Se contarmos 2.520 dias literais desde a destruição de Jerusalém em 607 AEC, isso nos levará apenas a 600 AEC, um ano sem significado bíblico. Nem mesmo em 537 AEC, quando os judeus libertados estavam de volta em Judá, manifestou-se a soberania de Jeová na Terra. Foi assim porque Zorobabel, herdeiro do trono de Davi, não foi constituído rei, mas apenas governador da província persa de Judá.
Visto que os “sete tempos” são proféticos, temos de aplicar aos 2.520 dias a regra bíblica: “Um dia por um ano.” Esta regra é especificada numa profecia a respeito do sítio de Jerusalém pelos babilônios. (Ezequiel 4:6, 7; note Números 14:34.) Os “sete tempos” da dominação da Terra por poderes gentios, sem interferência do Reino de Deus, portanto, abrangeram 2.520 anos. Começaram com a desolação de Judá e de Jerusalém no sétimo mês lunar (15 de tisri) de 607 AEC. (2 Reis 25:8, 9, 25, 26) A partir deste ponto até 1 AEC são 606 anos. Os 1.914 anos restantes vão desde então até 1914 EC. Portanto, os “sete tempos”, ou 2.520 anos, terminaram em 15 de tisri, ou 4/5 de outubro de 1914 EC.
Naquele ano cumpriram-se “os tempos designados das nações” e Deus entregou o governo ao “mais humilde da humanidade” — a Jesus Cristo — que fora considerado tão desprezível pelos seus adversários que até mesmo mandaram pregá-lo numa estaca. (Daniel 4:17) Para entronizar o Rei messiânico, Jeová soltou as simbólicas bandas de ferro e de cobre em volta do “toco” da sua própria soberania. O Deus Altíssimo permitiu assim que um “renovo” régio crescesse dele, como manifestação da soberania divina para com a Terra por meio do Reino celestial nas mãos do maior Herdeiro de Davi, Jesus Cristo. (Isaías 11:1, 2; Jó 14:7-9; Ezequiel 21:27) Como somos gratos a Jeová por este bendito resultado e por ele esclarecer o mistério da grande árvore!
2007-01-20 11:32:11
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answer #1
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answered by Specula — Annuntians Regnum Iehovah 5
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