O Trabalho de satanás no mundo
Textos básicos: 1 Pedro 5.8; 2 Coríntios 11.14
Os dois textos acima, dentre muitos outros que poderíamos citar, falam de dois aspectos das atividades de Satanás. O texto de Pedro fala do Diabo como adversário, que anda em derredor dos crentes, bramando como leão, buscando a quem possa tragar. No segundo texto, o apóstolo Paulo fala do trabalho enganador de Satanás, o Diabo, que procura até transfigurar-se em anjo de luz, para realizar o seu trabalho.
Em todo o Seu ministério, Jesus teve que se deparar com as obras do Diabo. Começou com a tentação, logo após o Batismo, episódio relatado pelos Evangelhos de Mateus (cap. 4) e Lucas (cap. 4). Enquanto se desenrolava o trabalho dos discípulos do Senhor Jesus, o próprio Senhor diz: "Eu via Satanás, como raio, cair do céu" (Lc. 10.18).
Quando chegou a Gadara, Jesus deparou com um homem possesso de demônio, que estava possuído por uma legião, pois os demônios que estavam nele eram muitos (Mc. 6.1-20).
POSIÇÃO DE SATANÁS NO MUNDO
Desde que foi expulso do Céu, juntamente com seu exército, Lúcifer, ou Satanás, achou bastante trabalho na humanidade que Deus havia criado, a começar pelo ato de induzir o primeiro casal a fazer como ele: desobedecer a Deus. Num estudo minucioso da Palavra de Deus, podemos apurar alguns detalhes sobre a posição que Satanás assumiu no mundo:
1. Príncipe da potestade do ar - Ef. 2.2; Mt. 12.26; At. 26.18; Cl. 1.13. A expressão "potestade do ar", tem sido mal entendida por alguns intérpretes das Escrituras, que dizem que este "ar" quer dizer o mesmo lugar da habitação de Deus. No entanto, não podemos admitir que o inimigo que de lá foi expulso, tenha permissão para viver na mesma região. A melhor interpretação é que este "ar" seja a atmosfera ou estratosfera, quem sabe até o lugar das muitas galáxias. E nesta área, ele é o príncipe.
2. Príncipe deste mundo - Jo. 14.30; 12.31; 16.11. Mas ele é também o príncipe deste mundo, pelo menos por usurpação, pois o mundo é de Deus. Foi nesta pretensão que, na tentação de Jesus, ele ofereceu os reinos deste mundo, se Jesus o adorasse (Mt.4.1-11).
3. Deus deste século - 2 Co. 4.4; 2 Ts. 2.3,4. O século aqui refere-se ao ambiente cultural, que se formou na base das leis do pecado. O tempo é de Deus, mas o preenchimento dele no mundo está, em grande parte, nas mãos de Satanás.
4. Tem acesso à presença de Deus - Jó 1.6 (não no trono de Deus, necessariamente, mas ao culto dos fiéis de Deus). Ap.12.10.
5. Habita nas regiões celestes - Ef. 6.11,12. Mais uma vez, lembramos que este texto não se refere ao trono de Deus. A expressão "lugares celestiais" ou "regiões celestiais" aparece somente na Epístola aos Efésios, e só nela, é empregada cerca de 5 vezes. Thayer, grande léxico de grego, comentando a palavra grega que aparece no texto: epouraníois, de epouránios, que quer dizer: celeste, diz que a expressão tanto pode significar Céu, habitação de Deus, como o céu inferior, lugar das nuvens ( A Greek-English Lexicon of The New Testament). O rodapé da Bíblia de Jerusalém, comentando o verso 12, diz que essa "região celeste" fica entre a terra e a morada de Deus (Editora Paulus, 1980). Como na tradição judaica havia sete céus, podemos imaginar que são regiões imensas, talvez as regiões das galáxias. É certo que não podemos imaginar que isto se refira à habitação de Deus, o que seria contrário a toda a natureza do assunto. Do contrário, perguntamos: Teria o Diabo permissão para entrar no Céu? Ap. 12.9 mostra que Satanás será expulso das regiões celestiais, isto é, regiões espaciais mais altas, no nível das regiões do Céu.
TRABALHANDO CONTRA A IGREJA DE CRISTO
Em Mateus 16.18 Jesus disse que edificaria Sua Igreja e que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela. É curioso que Jesus fala de uma batalha constante, mas enfatiza a vitória. Este é um dos grandes trabalhos do Diabo no mundo.
A expressão "portas do inferno" sugere as seguintes idéias:
1. Um forte. Na região onde Jesus se achava com os discípulos, no momento deste texto, Cesaréia de Filipo, havia um castelo fortificado, que naquele tempo estava em pleno funcionamento. Era um forte romano, pois, como se sabe, a Judéia estava sob domínio romano. Jesus estaria sugerindo que o "forte de Satanás" estaria sempre ao lado da Igreja para combatê-la, mas não prevaleceria.
2. Porta da cidade, lugar de julgamento. Nos tempos bíblicos, os julgamentos eram feitos à porta da cidade (Dt. 21.19; 25.7). Este era o lugar em que os anciãos e juizes se reuniam para julgar. Como o Diabo é o grande acusador dos servos do Senhor, Jesus estaria dizendo que os julgamentos de Satanás contra os membros da Igreja de Jesus nunca prevaleceriam.
3. As portas do inferno, Hades. A idéia seria que o crente, salvo, jamais seria levado para o inferno: "não deixarás a minha alma no hades", pois a salvação do crente é eterna e irreversível.
4. No oriente, a expressão: "portas do inferno" significava corte, trono, poder, dignidade do reino do mundo interior.
5. Na verdade, todas estas idéias poderiam contribuir para o entendimento deste texto. O Diabo traz todo o seu império para a porta da Igreja e a combate dia e noite, de todos os modos e maneiras. Mas como disse Martinho Lutero, no seu hino: Castelo Forte, "Castelo forte é nosso Deus, espada e bom escudo". Essas portas não prevalecem contra a Igreja ou as Igrejas do Senhor Jesus Cristo.
TRABALHANDO CONTRA O EVANGELHO
Por outro lado, Satanás trabalha também contra o Evangelho que é proclamado pela Igreja. Vejamos alguns detalhes:
1. Procura tirar a Palavra de Deus dos corações dos pecadores para que eles não se salvem (Lc. 8.12). Este é um dos trabalhos constantes do Diabo. Se a semente pegar no coração do pecador, jamais ela morrerá. Assim, ele trabalha naqueles que estão sendo evangelizados, para que não cheguem a concluir o processo da verdadeira conversão.
2. Na parábola do trigo e do joio, notamos que ele procura confundir a verdade com o erro, o falso com o verdadeiro (Mt. 13.24-43). A confusão impede muitas pessoas de abraçarem a verdade. É o que ele faz, principalmente hoje, em que o seu ministério de falsificações é muito eficiente. E ele está trabalhando principalmente no chamado "mundo evangélico".
3. Trabalhando no sentido de perturbar os crentes, para que percam a produtividade. Um dos trabalhos do diabo no crente, é o pecado. O pecado do crente não o leva mais para o inferno, pois a sua salvação é eterna. Mas induzindo o crente ao pecado, fazendo-o envolver-se e cair, o diabo tira o crente de circulação, barra a sua produtividade, e o Evangelho fica em prejuízo. E, sobretudo, vários outros problemas que o diabo pode provocar numa igreja local, levando os crentes a se desentenderem e até a se dividirem, fazendo a Igreja perder o seu poder de produzir. Por isso Paulo se preocupava com o trabalho do diabo na Igreja, que poderia perturbar os crentes (2 Co. 2.10-11).
4. A tentação. O apóstolo Pedro diz que o diabo anda em derredor (1 Pd. 5.8). O trabalho da tentação, da indução a certos problemas e embaraços, também tira o crente de circulação. O crente fica parado, sem fazer nada, lutando com os seus próprios problemas, e não tem tempo nem disposição para trabalhar para o Evangelho de Cristo. Este aspecto é tão importante, que vamos trabalhar nele com mais detalhe, a seguir, usando o modelo da tentação de Jesus.
A TENTAÇÃO DO DIABO SOBRE JESUS - Mt. 4.1-11; Lc. 4.1-13
Neste episódio, em que notamos a ousadia do diabo em tentar o próprio Cristo, aprendemos algumas lições valiosas para a nossa vida espiritual, contra o tentador.
1. O tentador sempre vem depois. Depois de um ato importantíssimo no ministério de Jesus, inaugurativo do Seu trabalho, vem o diabo. Há várias passagens na Bíblia que mostram o diabo trabalhando e tentando depois de alguma situação vitoriosa. Isto mostra que ele nunca se dá por derrotado.
2. O tentador sempre entra por um ponto de fraqueza humana. Jesus, depois de jejuar, teve fome. E foi por aí que o tentador tentou entrar, sugerindo-lhe que transformasse as pedras em pães. Se o fizesse, estaria obedecendo ao tentador e submetendo-se à sua liderança. Seria o fim do plano de Salvação. O crente precisa ter cuidado com as suas crises, com as suas fraquezas. Qual é o seu ponto fraco: Sexo? Dinheiro? Fama? Vaidade? Mentira? Vícios? Vigie estas portas. Jesus já nos advertiu que "o espírito está pronto, mas a carne é fraca" (Mt. 26.41).
3. O espírito de exibicionismo. O diabo conhecia pouco da natureza de Jesus. Ele sugeriu que Jesus se atirasse do pináculo e, conforme promessa bíblica, os anjos viriam para segurá-lo. É por este lado que o diabo apanha muitos crentes que querem aparecer. Principalmente líderes estão aí querendo estar nos pináculos da vida, das organizações religiosas. Temos notado que todas as Igrejas e movimentos evangélicos modernos surgem em torno de um homem, que sempre fica no pináculo ou no ponto mais alto. Quando caírem, os anjos, com certeza, não virão para segurá-los, como já tem acontecido com alguns.
4. Ambição pelos bens materiais. Finalmente, o tentador ofereceu os reinos do mundo para que Jesus o adorasse. Cabe aqui lembrar a famosa lenda de Fausto, contada pelo grande escritor alemão Göethe (Fausto, Enciclopédia Barsa). Ele queria ser famoso e gozar o mundo. O diabo ofereceu-lhe uma barganha: ele teria tudo o que queria do mundo, mas em troca lhe daria a sua alma. Fausto topou o negócio. Teve tudo que queria do mundo, mas perdeu a sua alma.
Este modelo de tentação ainda é o mesmo que vem contra o verdadeiro cristão. Que todos estejam atentos.
O DIABO AMARRADO?
Atualmente, aparecem muitos modismos. Alguns religiosos inventam modelos, movimentos, frases, afirmações, jargões. Tenhamos cuidado. Um deles é este: "está amarrado, em nome de Jesus". Tal expressão é usada por pastores tidos como "poderosos", para proteger organizações, instituições e até pessoas.
Nenhum crente tem poder para amarrar Satanás, e ele está solto, e não pode ser amarrado. Jesus não amarrou Satanás em seus dias. Se assim fosse, teria amarrado aquela grande legião que estava no gadareno, e tirado de ação uma boa parte do poderio do inferno. Seus apóstolos, depois que Ele foi para o Céu, nunca amarraram Satanás. Apenas eles usaram o poder de Jesus para expulsá-lo quando necessário. Na verdade, só na volta de Jesus o diabo será preso, acorrentado, por um anjo (Ap. 201-3). É uma atrevida presunção esta de evangélicos quererem amarrar Satanás, o que demonstra raso conhecimento das Escrituras. Diante disto, não temos outra alternativa senão classifica-los de falsos profetas, que sequer conhecem a Palavra de Deus (Mt.7.15-23).
O texto de Mt. 12.29, com seu paralelo em Lc. 11.14-28, não dá nenhum fundamento a esta idéia de amarrar o Diabo.
CONCLUSÕES:
1. O Diabo, como bom estrategista, está levando alguns pastores a não crerem nele. Assim, ele fica livre para trabalhar. É como aquele doente que decide admitir que não há doença, mas mesmo assim a doença continua dizimando sua vida.
2. Por outro lado, outros estão usando seus "poderes" sobre o Diabo, com a própria aquiescência dele, para que ele continue dominando e na crista da onda.
3. Tudo isto representa o aumento do domínio do Diabo, atuando em muitas frentes de trabalho, só para dominar os seres humanos, enganar crentes fracos e impedir que tantos outros se convertam de verdade a Jesus Cristo.
4. O verdadeiro povo de Deus deve adotar opinião equilibrada: acreditar que o Diabo existe; acreditar que a possessão existe, mas que nunca afeta o verdadeiro crente; e estar preparado para botar fora o Diabo quando ele atravessar o seu caminho, em nome do Senhor Jesus.
O Diabo será lançado no Inferno com seus anjos (Mt. 25.41).
2007-01-19 05:39:07
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answer #1
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answered by Vanessa 4
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