O filósofo Will Durant notou certa vez: "Ao oferecer a evolução em lugar de Deus como uma causa da história, Darwin removeu a base teológica do código moral da cristandade. No entanto, o código moral que não teme a Deus é bastante frágil. Essa é a condição em que nos encontramos. Não penso que o homem já seja capaz de lidar com a ordem social e a decência individual sem temer algum ser sobrenatural que tenha autoridade sobre ele e possa castigá-lo".[1] Podemos confirmar em toda parte que a declaração de Durant estava correta.
Num Universo que, em última análise, não tem razão de ser, o que acontece com a ética individual e social? Por que os mais poderosos e inteligentes entre nós não devem manipular os menos inteligentes e menos poderosos para os propósitos que consideram "bons" e "respeitáveis"?
O século XX está repleto de exemplos. Os últimos 80 anos testemunharam alguns dos maiores horrores de toda a história da humanidade – principalmente o resultado das atrocidades nazistas e comunistas. A Alemanha nazista foi hedionda e o comunismo foi responsável pela morte de aproximadamente 25 vezes mais pessoas que as sacrificadas por Hitler![2]
Essas ideologias, porém, continuam ainda vivas. Na Alemanha de hoje, o neonazismo se tornou uma poderosa força social e o neofacismo está crescendo na Itália – quase inconcebivelmente, sob a liderança da própria neta de Mussolini. Apesar do colapso do comunismo na Europa e na Rússia, a teoria marxista continua dominando mais de um bilhão de pessoas na China e em outros países. Ninguém pode ter também certeza de que a Rússia e a Europa Oriental vão continuar seu movimento em direção à democracia.
O que tudo isso tem a ver com a evolução naturalista? A evolução está baseada na premissa de que o tempo mais a matéria impessoal mais o acaso formaram todos os seres vivos. Em essência, o homem se torna algo como um acidente trágico, não tendo valor final, girando a velocidades vertiginosas através dos corredores sombrios do espaço.
Visões filosóficas moldadas por pensamentos desse tipo podem, entretanto, encontrar facilmente expressão lógica na vida diária de milhares de indivíduos. Isso foi reconhecido por Sedgwick, um geólogo de Cambridge e conhecido de Darwin, que achou que Darwin havia mostrado a cada criminoso como justificar seu comportamento. Ele também cria que se os ensinos de Darwin tivessem larga aceitação, a humanidade "iria ser prejudicada a ponto de brutalizar-se e fazer a raça humana mergulhar num grau maior de degradação do que qualquer outro em que tivesse caído desde que os seus registros escritos nos contam a sua história".[3]
Um dos maiores evolucionistas de épocas recentes foi o antropólogo Sir Arthur Keith. Ele dedicou mais tempo ao estudo da ética evolucionista do que talvez qualquer de seus contemporâneos. A sua obra Evolution and Ethics (Evolução e Ética) mostra que a ética ensinada pelo cristianismo e a da evolução não são compatíveis: "O ensinamento cristão está... em oposição direta à lei da evolução" e, "a ética cristã não se harmoniza com a natureza humana e é secretamente antagônica ao esquema de evolução e ética da natureza".[4]
Keith também compreendeu que, se seguirmos a ética evolucionista até a sua conclusão estrita e lógica, devemos "abandonar a esperança de alcançar um dia um sistema universal de ética" porque, "como acabamos de ver, os caminhos da evolução nacional, tanto no passado como no presente, são cruéis, brutais, implacáveis, impiedosos".[5]
De fato, quando examinamos a influência social e política da teoria darwiniana sobre a última metade do século dezenove e todo o século vinte, as conseqüências morais são algumas vezes amedrontadoras. O próprio Keith observa o gélido impacto da teoria de Darwin sobre a Alemanha:
Vemos Hitler supremamente convencido de que só a evolução produz uma base verdadeira para a política nacional... Os meios adotados por ele para assegurar o destino da sua raça e do povo foram matanças organizadas, que saturaram a Europa de sangue... Tal conduta é altamente imoral quando medida por qualquer escala de ética, todavia a Alemanha a justifica; ela está de acordo com a moral tribal ou evolucionista. A Alemanha voltou ao passado tribal e está demonstrando ao mundo, em toda a sua nudez, os métodos da evolução...[6]
2007-01-15
21:52:30
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REFLEXÃO HUMANA
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Sociedade e Cultura
➔ Religião e Espiritualidade