Orumilá era tido como um dos maiores sábios daquele tempo, até que, um dia, sua mulher o mandou comprar na feira, onde ele costumava ir aconselhar a sua clientela, um escravo que custasse no máximo uma certa quantia que ela lhe deu.
Saiu ele de casa, seguiu o rumo do mercado e a certa distância encontrou muitas pessoas pescando no rio. Cumprimentou a todos e todos lhe responderam. Ele disse que seria capaz de dizer a quantidade de peixes que já haviam sido pescados. Isso motivou a descrença geral, pois ninguém pode jamais adivinhar a quantidade de peixes existentes nos mares. Ele replicou com estas palavras:
- Existem duzentos e um peixes, contados com toda a certeza. Se alguém duvidar, pode casar aposta comigo já, porque sou o vencedor.
Ditas estas palavras, mandou verificar e de fato encontraram duzentos e um peixes. Então. disseram-lhe que todos os peixes eram dele e ele ordenou que enterrassem todos no chão e que marcassem o local com folhagem verde, que, na volta, ele os pegaria.
Continuou sua viagem até que, mais adiante, encontrou um bocado de gente fazendo gamboa para pegar preás. Cumprimentou a todos e perguntou o que estavam fazendo. Responderam que estavam cortando capim e fazendo cerca para pegar preá. Ele se apressou em dizer que podia falar quantas preás já tinham eles apanhado. Os homens duvidaram e ele disse que já tinham apanhado duzentas e uma preás. Como era isto o fato, todos lhe pediram que ficasse com todas as preás. Orumilá ordenou que as enterrassem e marcassem o lugar com folhas verdes para não o perder de vista. Depois, ele recolheria as preás.
Seguiu ele, chegando à feira onde costumava ir e logo viu um menino escravo à venda. Este pediu que ele o comprasse com o dinheiro que sua mulher lhe dera, e foi logo dizendo que a importância que ele trazia para essa compra era tanto. Orumilá ficou pasmo com o prodígio e viu-se obrigado, senão envergonhado, a comprar o escravo que adivinhara tudo.
Orumilá pediu a uma pessoa na barraca da feira que deixasse que o mancebo ficasse ali até a tarde, quando ele regressaria e levaria o criado para casa. Assim que o seu novo senhor virou as costas, o menino contratou carregadores e foi certeiro nos lugares onde estavam os peixes e preás enterrados, os quais foram desenterrados e levados para a casa de seu amo. Lá chegando, foram enviados convites a todas as pessoas conhecidas de Orumilá, até mesmo músicos, para virem para uma festa.
A mulher de Orumilá ficou pasma de ver aquele menino entrar casa adentro e dirigir tudo aquilo, sem nunca ter estado ali antes. Chegando a tardinha, Orumilá foi ao encontro do pequeno que tinha deixado à sua espera na feira e, lá chegando, não o encontrou. Que susto para ele, que começou a lamentar consigo mesmo a vergonha que passaria diante de sua mulher, voltando sem o escravo e sem o dinheiro, que ela lhe dera para tal fim.
Orumilá veio todo triste por todo o caminho de casa, mas ao se aproximar de sua residência, percebeu que havia festa em sua casa. Logo veio ao seu encontro o tal escravo que lhe perturbava o sossego de espírito acompanhado de outras gentes, dizendo que podia ficar tranquilo, que ele já tinha apressado a vinda dos peixes e preás para casa.
Orumilá estava muitissimo admirado com esse miraculoso escravo, que o surpreendia com coisas que ele nunca vira em sua vida. Desta data em diante, a fama do servo correu mundo, até vinda aos ouvidos do rei do lugar, que um dia mandou anunciar uma conferência para verificar se era verdade o que corria sobre o tal criado. Dele se falava que, quando qualquer pessoa ia chegando à casa do olhador, o menino ia logo dizendo o nome e tudo o mais da vida da pessoa, de uma forma admirável.
No dia designado, Orumilá chegou ao palácio do rei. Este já tinha mandado construir uma casa toda fechada de cimento armado e botado dentro da dita cem homens, mandando decapitar as pessoas que construíram a casa para não revelarem o segredo que tinha dentro dela. Então, o rei ordenou a Orumilá que advinhasse o que tinha no interior da casa. Orumilá mandou o menino responder tal questão em primeiro lugar, o que o menino fez, dizendo, antes, lamentar aquela situação que o rei criara para desmoralizar um sábio decente do quilate de Orumilá, mestres dos mestres. Pois, então, ia dizer o que existia na dita casa misteriosa; eram cem homens que o rei mandara fechar nela, só para que o seu senhor adivinhasse.
Orumilá, então, sem vacilar, retrucou dizendo que o que existia dentro da casa eram duzentos e um indivíduos vivos e perfeitos. O rei disse que ele, Orumilá,não sabia nada, e que o menino já tinha descoberto o que tinha dentro da casa. Mas Orumilá não se conformou com isso e disse:
- Se eu ainda sou babalaô, de hoje a cinco dias venho assistir à abertura desta casa. Até lá, peçó que ninguém vá bulir com ela, deixando como está até o dia marcado.
Orumilá, sem perda de tempo, chegando a sua casa, consultou o seu anjo da guarda sobre a forma de sair-se livre daquela situação. E foi indicado o ebó já referido para ele fazer com uma rã. Feito tudo, ele cavou um buraco dentro de sua casa e enterrou os objetos servidos para tal fim.
Quando venceu o prazo, no dia e na hora, na presença de todos, Orumilá ordenou que destrancassem a dita casa e de dentro dela foi saindo cada homem com um filhote de rã no ombro. Saíram de dentro da dita casa cem homens, cada um com uma rãzinha no ombro, até que, por fim, saiu uma rã bem grande, que era a mãe das demais rãs. Somados, saíram da casa duzentos e um indivíduos. Com essa magia, convenceu-se o rei do saber de Orumilá. Disse o rei que acabava de reconhecer que o babalaô não somente adivinhava, mas tinha o saber e desfazer tudo quanto quisesse resolver.
Não se necessita de grande esforço para uma compreensão analógica sobre a pessoa a quem se refere a mesa indicada nesse caminho de Odu. Para quem é sempre previdente e sempre obstinado em suas idéias, se prediz ser feliz por meio da astúcia e da sagacidade, em tudo o que for possível obter ou vencer.
Significados segundo Iorubá
Lutas difíceis, astúcia, sagacidade e destreza para conseguir fortuna ou bem-estar.
Orixás
Nanã, Oxumarê, Ossâim e Ibejis.
Aprenda a encontrar seu Odu, com Mona Okelecy:
Para falarmos sobre Odus, temos, antes, que saber como calculá-los para saber qual o Odu que rege o consulente. Para conhecer seus Odus, tome como ponto de partida a data do seu nascimento. Trace num papel quatro linhas horizontais cartadas no centro por uma linha vertical. Essa linha vertical vai separar os algarismos em duas colunas: uma à esquerda e outra à direita. Escreva na primeira linha horizontal, usando as duas colunas, o número do dia em que você nasceu. Se este número for menor que 10, coloque um zero na coluna da esquerda. Na segunda linha, escreva o número do mês ( de 1 a 12 ). Se esse número for menor que 10, coloque um zero na coluna da esquerda. Na terceira linha, sempre usando ambas as colunas, escreva os dois primeiros algarismos do ano em que você nasceu (19). Na quarta linha, usando as duas colunas, escreva os dois últimos algarismos do ano em que você nasceu. Some separadamente os algarismos de cada coluna. E sempre que o resultado ultrapassar 16, o número de odús básicos, reduza-os somando os algarismos.
A seguir, desenhe uma cruz e escreva nas pontas dos braços da cruz as palavras Testa, Fronte Direita, Nuca e Fronte Esquerda, seguindo a direção correspondente. Escreva o número correspondente à soma da coluna da direita no ponto referente à Testa, e o número correspondente à soma da coluna esquerda no ponto referente à nuca. Para encontrar o número correspondente à fronte direita, some os números já obtidos. Para encontrar o número correspondente à fronte esquerda, some os três números já obtidos até aqui. Se o número for maior que 10, reduza-o. Para encontrar o número correspondente ao seu Abi Odu, some os números correspondentes a sua data de nascimento.
2007-01-14 11:12:20
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answer #1
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answered by Nilza Padovani Feitosa F 4
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