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Seu filho Jesus é o único intermediador?
Por gentileza, justifique se possível com passagens bíblicas.
Obrigado!

2007-01-13 10:38:08 · 16 respostas · perguntado por vencer5 3 em Sociedade e Cultura Religião e Espiritualidade

16 respostas

João 14:6 Eu sou o caminho a verdade e a vida ninguem vem ao pai se não por mim.(não fala nossa senhora,são sebastião,são paulo e otras santaiada que tem.! timoteo2:5há um só mediador entre deus e os homens jesus.Precisa fala mai alguma coisa???

2007-01-13 10:55:49 · answer #1 · answered by Questionador Nato | 6 · 0 0

Deus quer que todos nos sejamos Santos.
Santa,no meu caso, viu querido ?

2007-01-13 19:20:07 · answer #2 · answered by ROSANA 6 · 1 0

será que você está preso nessa freqüência ?
acorde, pois o tempo urge.
veja o que disse?
De que deus está falando? de que Jesus está falando?
a única coisa que aquele Jesus da bíblia tem a ver com você é que ele te deixou o mapa,para que você percorra o caminho.
o caminho do Cristo, entenda isso, por Deus!!!

2007-01-14 14:51:07 · answer #3 · answered by Satori 6 · 0 0

Intermédio de pastores menos ainda!
Eu prefiro ainda os santos do que qualquer pastor ou bispo eva e angélico como intermediador!
Os santos não cobram meu dízimo! heheeh!

2007-01-13 21:29:24 · answer #4 · answered by SATELLITE 7 · 0 0

Isso não ECZISTE!

2007-01-13 19:14:18 · answer #5 · answered by Anonymous · 0 0

Vc quer passagens biblicas pq seu raciocinio não funciona além do que o versiculo escreve.Voce só está preparado e condiconado a ler versiculos?
A letra matou voc?
O espirito não te vivificou?

Mas vou te dizer onde é que Deus precisou de Santos, precisou sempre, de Abrãao a Paulo, de Moisés à Pedro de Sara à Maria.
A intervenção de Deus na Historia Humana sempre se fez através e pelo Homem, que o simples chamado do Senhor para a Missão , os santificou e os separou como, benditos do Senhor.
Pena que vc não leia a Biblia, apenas decore o que te interessa e não desenvolva o raciocinio santo que a Escritura nos propõe.
E sim, Ele precisa de nós, de cada um, porque Ele mesmo nos pediu que orássemos ao Pai para que o Pai enviasse trabalhadores para a messe. Pq ela é grande e são poucos os trabalhadores que pensam....

Quanto à intercessão, santos não intercedem, santos participam da festa da comnhão dos santos de Deus.
Será que realmente tua seita te cegou tanto que vc nem percebe que se insere na comunhão dos santos?
De certo que não se insere, tua geração deve ser a outra...
Ninguem é mais intercessor do que Jesus, até porque Ele é o proprio Deus.

Portanto, a intercessão de Jesus só faz sentido na natureza humana.
Na Natureza Divina , não.

Sei que vc não entenderá, porque vc so quer versiculos, vc só quer CtrlV.
Embora e os tenha citados todos, e vc nem sequer perceberá.

2007-01-13 19:08:26 · answer #6 · answered by Frei Bento 7 · 1 1

DEUS precisa de PASTORES e/ou de PAI DE SANTO para servir de "intermediador" ??
Por falar em Jesus, qual era a IGREJA dele ? Você sabe ?
Passagens bíblicas podem, e cada vez mais pessoas estão tomando ciência disso, serem INTERPRETADAS segundo a INTENÇÃO do HOMEM !!!!
Só uma coisa é que não pode ser mudada: a INTENÇÃO do homem perante ao CRIADOR !!!
O único "intermediador" que existe entre o homem e DEUS, é sem dúvida, a sua CONSCIÊNCIA, fator humano nos dado por DEUS para que possamos nos diferenciar dos outros animais e, conforme Jesus mesmo disse: "Vós sois Deuses" !
Devemos então ESTUDAR, de forma CONSCIENTE e não EMOCIONALMENTE, as passagens bíblicas, para que não caiamos nas mãos de APROVEITADORE$ !!

2007-01-13 18:51:23 · answer #7 · answered by alexkirlian 2 · 0 0

Segundo Mateus 15:16: "Encumbido para sempre de desejo e ambição há uma fome insatisfeita". Isto quer dizer que Deus precisa dos santos para saciar a sede da humanidade de respostas.

2007-01-13 18:43:21 · answer #8 · answered by Pedro 2 · 0 0

EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA
DITADO PELO ESPÍRITO ANDRE LUIZ


Série André Luiz


Fluído cósmico

PLASMA DIVINO — O fluído cósmico ê o plasma divi­no, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio.
Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano.
CO-CRIAÇÃO EM PLANO MAIOR — Nessa substân­cia original, ao influxo do próprio Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comu­nhão indescruível, os grandes Devas da teologia hindu ou os Arcanjos da interpretação de variados templos religiosos, ex­traindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da Imensidade, em serviço de Co-criação em plano maior, de conformidade com os desígnios do Todo-Mi­sericordioso, que faz deles agentes orientadores da Criação Ex­celsa.
Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milê­nios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, por fim, de vez que o Espírito Criado pode formar ou co-criar, mas só Deus ê o Criador de Toda a Eternidade.
IMPÉRIOS ESTELARES — Devido à atuação desses Arquitetos Maiores, surgem nas galáxias as organizações estela­res como vastos continentes do Universo em evolução e as nebulosas intragaláticas como imensos domínios do Universo, en­cerrando a evolução em estado potencial, todas gravitando ao redor de pontos atrativos, com admirável uniformidade coordenadora.
É aí, no seio dessas formações assombrosas, que se estruturam, inter-relacionados, a matéria, o espaço e o tempo, a se re­novarem constantes, oferecendo campos gigantescos ao pro­gresso do Espírito.
Cada galáxia quanto cada constelação guardam no cerne a força centrífuga própria, controlando a força gravítica, com de­terminado teor energético, apropriado a certos fins.
A Engenharia Celeste equilibra rotação e massa, harmoni­zando energia e movimento, e mantêm-se, desse modo, na vas­tidão sideral, magnificentes florestas de estrelas, cada qual transportando consigo os planetas constituídos e em formação, que se lhes vinculam magneticamente ao fulcro central, como os eletrões se conjugam ao núcleo atômico, em trajetos perfeita­mente ordenados na órbita que se lhes assinala de início.
NOSSA GALÁXIA — Para idearmos, de algum modo, a grandeza inconcebível da Criação, comparemos a nossa galáxia a grande cidade, perdida entre incontáveis grandes cidades de um país cuja extensão não conseguimos prever.
Tomando o Sol e os mundos nossos vizinhos como apar­tamentos de nosso edifício, reconheceremos que em derredor repontam outros edifícios em todas as direções.
Assestando instrumentos de longo alcance da nossa sala de estudo, perceberemos que nossa casa não é a mais humilde, mas que inúmeras outras lhe superam as expressões de magnitu­de e beleza.
Aprendemos que, além de nossa edificação, salientam-se palácios e arranha-céus como Betelgeuze, no distrito de Órion, Canópus, na região do Navio, Arctúrus, no conjunto do Boieiro, Antares, no centro do Escorpião, e outras muitas residências se­nhoriais, imponentes e belas, exibindo uma glória perante a qual todos os nossos valores se apagariam.
Por processos ópticos, verificamos que a nossa cidade apresenta uma forma espiralada e que a onda de rádio, avançan­do com a velocidade da luz, gasta mil séculos terrenos para per­correr-lhe o diâmetro. Nela supreenderemos milhões de lares, nas mais diversas dimensões e feitios, instituídos de há muito, recém-organizados, envelhecidos ou em vias de instalação, nos quais a vida e a experiência enxameiam vitoriosas.
FORÇAS ATÔMICAS — Toda essa riqueza de plasma­gem, nas linhas da Criação, ergue-se à base de corpúsculos sob irradiações da mente, corpúsculos e irradiações que, no estado atual dos nossos conhecimentos, embora estejamos fora do pla­no físico, não podemos definir em sua multiplicidade e configu­ração, porqüanto a morte apenas dilata as nossas concepções e nos aclara a introspecção, iluminando-nos o senso moral, sem resolver, de maneira absoluta, os problemas que o Universo nos propõe a cada passo, com os seus espetáculos de grandeza.
Sob a orientação das Inteligências Superiores, congre­gam-se os átomos em colmeias imensas, e, sob a pressão, espiri­tualmente dirigida, de ondas eletromagnéticas, são controladamente reduzidas as áreas espaciais intra-atômicas, sem perda de movimento, para que se transformem na massa nuclear adensa­da, de que se esculpem os planetas, em cujo seio as mônadas ce­lestes encontrarão adequado berço ao desenvolvimento.
Semelhantes mundos servem à finalidade a que se desti­nam, por longas eras consagradas à evolução do Espírito, até que, pela sobrepressão sistemática, sofram o colapso atômico pelo qual se transmutam em astros cadaverizados. Essas esferas mortas, contudo, volvem a novas diretrizes dos Agentes Divi­nos, que dispõem sobre a desintegração dos materiais de superfície, dando ensejo a que os elementos comprimidos se libertem através de explosão ordenada, surgindo novo acervo corpuscu­lar para a reconstrução das moradias celestes, nas quais a obra de Deus se estende e perpetua, em sua glória criativa.
LUZ E CALOR — Os mundos ou campos de desenvolvi­mento da alma, com as suas diversas faixas de matéria em va­riada expressão vibratória, ao influxo ainda dos Tutores Espiri­tuais, são acalentados por irradiações luminosas e caloríficas, sem nos referirmos às forças de outra espécie que são arrojadas do Espaço Cósmico sobre a Terra e o homem, garantindo-lhes a estabilidade e a existéncia.
Temos, assim, a luz e o calor, que teoricamente classifica­mos entre as irradiações nascidas dos átomos supridos de ener­gia. São estes que, excitados na Íntima estrutura, despedem as ondas eletromagnéticas.
Todavia, não obstante tatearmos com relativa segurança as realidades da matéria, definindo a natureza corpuscular do calor e da luz, e embora saibamos que outras oscilações eletro­magnéticas se associam, insuspeitadas por nós, na vastidão uni­versal, aquém do infravermelho e além do ultravioleta, comple­tamente fora da zona de nossas percepções, confessamos com humildade que não sabemos ainda, principalmente no que se re­fere à elaboração da luz, qual seja a força que provoca a agita­ção inteligente dos átomos, compelindo-os a produzir irradiações capazes de lançar ondas no Universo com a velocidade de 300.000 quilômetros por segundo, preferindo reconhecer, em toda a parte, com a obrigação de estudarmos e progredirmos sempre, o hálito divino do Criador.
CO-CRIAÇÃO EM PLANO MENOR — Em análogo alicerce, as Inteligências humanas que ombreiam conosco utili­zam o mesmo fluído cósmico, em permanente circulação no Universo, para a Co-criação em plano menor, assimilando os corpúsculos da matéria com a energia espiritual que lhes é pró­pria, formando assim o veículo fisiopsicossomático em que se exprimem ou cunhando as civilizações que abrangem no mundo a humanidade Encarnada e a Humanidade Desencarnada. Den­tro das mesmas bases, plasmam também os lugares entenebreci­dos pela purgação infernal, gerados pelas mentes desequilibra­das ou criminosas nos círculos inferiores e abismais, e que va­lem por aglutinações de duração breve, no microcosmo em que estagiam, sob o mesmo princípio de comando mental com que as Inteligências Maiores modelam as edificações macrocósmi­cas, que desafiam a passagem dos milênios.
Cabe-nos assinalar, desse modo, que, na essência, toda a matéria é energia tornada visível e que toda a energia, origina­riamente, é força divina de que nos apropriamos para interpor os nossos propósitos aos propósitos da Criação, cujas leis nos conservam e prestigiam o bem praticado, constrangendo-nos a transformar o mal de nossa autoria no bem que devemos reali­zar, porque o Bem de Todos é o seu Eterno Princípio.
Compete-nos, pois, anotar que o fluído cósmico ou plas­ma divino é a força em que todos vivemos, nos ângulos varia­dos da Natureza, motivo pelo qual já se afirmou, e com toda a razão, que “em Deus nos movemos e existimos”. (2)

Uberaba, 15/1/58.

(2) Paulo de Tarso, em Atos, capítulo 17º, versículo 28. — (Nota do Autor espiritual)
2
Corpo espiritual

RETRATO DO CORPO MENTAL — Para definirmos de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque, na reali­dade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental (3) que lhe preside a formação.
Do ponto de vista da constituição e função em que se ca­racteriza na esfera imediata ao trabalho do homem, após a mor­te, é o corpo espiritual o veículo físico por excelência, com sua estrutura eletromagnética, algo modificado no que tange aos fe­nômenos genésicos e nutritivos, de acordo, porém, com as aqui­sições da mente que o maneja.
Todas as alterações que apresenta, depois do estágio ber­ço-túmulo, verificam-se na base da conduta espiritual da criatu­ra que se despede do arcabouço terrestre para continuar a jorna­da evolutiva nos domínios da experiência.
Claro está, portanto, que é ele santuário vivo em que a consciência imortal prossegue em manifestação incessante,

(3) O corpo mental, assinalado experimentalmente por diversos estu­diosos, é o envoltório sutil da mente, e que, por agora, não podemos definir com mais amplitude de conceituação, além daquela em que tem sido apre­sentado pelos pesquisadores encarnados, e isto por falta de terminologia adequada no dicionário terrestre. — (Nota do Autor espiritual).

além do sepulcro, formação sutil, urdida em recursos dinâmi­cos, extremamente porosa e plástica, em cuja tessitura as célu­las, noutra faixa vibratória, à face do sistema de permuta visce­ralmente renovado, se distribuem mais ou menos à feição das partículas colóides, com a respectiva carga elétrica, comportan­do-se no espaço segundo a sua condição específica, e apresen­tando estados morfológicos conforme o campo mental a que se ajusta.
CENTROS VITAIS — Estudado no plano em que nos encontramos, na posição de criaturas desencarnadas, o corpo espiritual ou psicossoma é, assim, o veículo físico, relativamente definido pela ciência humana, com os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode perquirir e reconhecer.
Nele possuímos todo o equipamento de recursos automá­ticos que governam os bilhões de entidades microscópicas a ser­viço da Inteligência, nos círculos de ação em que nos demora­mos, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em mi­lênios e milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos seto­res da evolução anímica.
É assim que, regendo a atividade funcional dos órgãos re­lacionados pela fisiologia terrena, nele identificamos o centro coronário, instalado na região central do cérebro, sede da men­te, centro que assimila os estímulos do Plano Superior e orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada, nas cintas de aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário. O centro coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe obedecem ao impulso, procedente do Espírito, assim como as peças secundinas de uma usina respondem ao comando da peça-motor de que se serve o tirocínio do homem para concatená-las e dirigi-las.
Desses centros secundários, entrelaçados no psicossoma e, conseqüentemente, no corpo físico, por redes plexiformes, destacamos o centro cerebral contíguo ao coronário, com in­fluência decisiva sobre os demais, governando o córtice encefá­lico na sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glân­dulas endocrínicas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os neurônios sensitivos até as células efetoras; o centro larín­geo, controlando notadamente a respiração e a fonação; o centro cardíaco, dirigindo a emotividade e a circulação das forças de base; o centro esplênico, determinando todas as atividades em que se exprime o sistema hemático, dentro das variações de meio e volume sangüíneo; o centro gástrico, responsabilizando-se pela digestão e absorção dos alimentos densos ou menos densos que, de qualquer modo, representam concentrados fluídicos pe­netrando-nos a organização, e o centro genésico, guiando a mo­delagem de novas formas entre os homens ou o estabelecimento de estímulos criadores, com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre as almas.
CENTRO CORONÁRIO — Temos particularmente no centro coronário o ponto de interação entre as forças determi­nantes do espírito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas.
Dele parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a ma­téria mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais imple­mentos de nossa constituição particular, plasmando em nós pró­prios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta.
A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que a circundam, e o centro co­ronário incumbe-se automaticamente de fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as conseqüências felizes ou infelizes de sua movimentação consciencial no campo do destino.
ESTRUTURA MENTAL DAS CÉLULAS — É impor­tante considerar, todavia, que nós, os desencarnados, na esfera que nos é própria, estudamos, presentemente, a estrutura mental das células, de modo a iniciarmo-nos em aprendizado superior, com mais amplitude de conhecimento, acerca dos fluídos que nos integram o clima de manifestação, todos eles de origem mental e todos entretecidos na essência da matéria primária, ou Hausto Corpuscular de Deus, de que se compõe a base do Uni­verso Infinito.
CENTROS VITAIS E CÉLULAS — São os centros vi­tais fulcros energéticos que, sob a direção automática da alma, imprimem às células a especialização extrema, pela qual o ho­mem possui no corpo denso, e detemos todos no corpo espiri­tual em recursos equivalentes, as células que produzem fosfato e carbonato de cálcio para a construção dos ossos, as que se dis­tendem para a recobertura do intestino, as que desempenham complexas funções químicas no fígado, as que se transformam em filtros do sangue na intimidade dos rins e outras tantas que se ocupam do fabrico de substâncias indispensáveis à conserva­ção e defesa da vida nas glândulas, nos tecidos e nos órgãos que nos constituem o cosmo vivo de manifestação.
Essas células que obedecem às ordens do espírito, dife­renciando-se e adaptando-se às condições por ele criadas, pro­cedem do elemento primitivo, comum, de que todos provimos em laboriosa marcha no decurso dos milênios, desde o seio tépi­do do oceano, quando as formações protoplásmicas nos lastrea­ram as manifestações primeiras.
Tanto quanto a célula individual, a personalizar-se na ameba, ser unicelular que reclama ambiente próprio e nutri­ção adequada para crescer e reproduzir-se, garantindo a so­brevivência da espécie no oceano em que respira, os bilhões de células que nos servem ao veículo de expressão, agora do­mesticadas, na sua quase totalidade em funções exclusivas, necessitam de substâncias especiais, água, oxigênio e canais de exoneração excretória para se multiplicarem no trabalho específico que nosso espírito lhes traça, encontrando, porém, esse clima, que lhes é indispensável, na estrutura aquosa de nossa constituição fisiopsicossomática, a expressar-se nos líquidos extracelulares, formados pelo líquido intersticial e pelo plasma sangüíneo.
EXTERIORIZAÇÃO DOS CENTROS VITAIS — Ob­servando o corpo espiritual ou psicossoma, desse modo em nossa rápida síntese, como veículo eletromagnético, qual o próprio corpo físico vulgar, reconheceremos fácilmente que, como acontece na exteriorização da sensibilidade dos encarnados, operada pelos magnetizadores comuns, os centros vitais a que nos referimos são também exteriorizáveis, quando a criatura se encontre no campo da encarnação, fenômeno esse a que aten­dem habitualmente os médicos e enfermeiros desencarnados, durante o sono vulgar, no auxílio a doentes físicos de todas as latitudes da Terra, plasmando renovações e transformações no comportamento celular, mediante intervenções no corpo espiri­tual, segundo a lei do merecimento, recursos esses que se popularizarão na medicina terrestre do grande futuro.
CORPO ESPIRITUAL DEPOIS DA MORTE — Em suma, o psicossoma é ainda corpo de duração variável, segundo o equilíbrio emotivo e o avanço cultural daqueles que o gover­nam, além do carro fisiológico, apresentando algumas transfor­mações fundamentais, depois da morte carnal, principalmente no centro gástrico, pela diferenciação dos alimentos de que se provê, e no centro genésico, quando há sublimação do amor, na comunhão das almas que se reúnem no matrimônio divino das próprias forças, gerando novas fórmulas de aperfeiçoamento e progresso para o reino do espírito.
Esse corpo que evolve e se aprimora nas experiências de ação e reação, no plano terrestre e nas regiões espirituais que lhe são fronteiriças, é suscetível de sofrer alterações múl­tiplas, com alicerces na adinamia proveniente da nossa queda mental no remorso, ou na hiperdinamia imposta pelos delí­rios da imaginação, a se responsabilizarem por disfunções inúmeras da alma, nascidas do estado de hipo e hipertensão no movimento circulatório das forças que lhe mantém o orga­nismo sutil, e pode também desgastar-se, na esfera imediata à esfera física, para nela se refazer, através do renascimento, segundo o molde mental preexistente, ou ainda restringir-se a fim de se reconstituir de novo, no vaso uterino, para a recapi­tulação dos ensinamentos e experiências de que se mostre ne­cessitado, de acordo com as falhas da consciência perante a Lei.
Outros aspectos do psicossoma examinaremos quando as circunstâncias nos induzam a apreciar-lhe o comportamento nas regiões espirituais vizinhas da Terra, dentro das sociedades afins, em que as almas se reúnem conforme os ideais e as tare­fas nobres que abraçam, ou segundo as culpas dilacerantes ou tendências inferiores em que se sintonizam, geralmente prepa­rando novos eventos, alusivos às necessidades e problemas que lhes são peculiares nos domínios da reencarnação imprescindí­vel.

Pedro Leopoldo, 19/1/58.
3
Evolução e corpo espiritual

PRIMÓRDIOS DA VIDA — Procurando fixar idéias se­guras acerca do corpo espiritual, será preciso remontarmos, de algum modo, aos primórdios da vida na Terra, quando mal ces­savam as convulsões telúricas, pelas quais os Ministros Angéli­cos da Sabedoria Divina, com a supervisão do Cristo de Deus, lançaram os fundamentos da vida no corpo ciclópico do Plane­ta.
A matéria elementar, de que o eletron é um dos corpúscu­los-base (4), na faixa de experiência evolutiva sob nossa análi­se, acumulada sobre si mesma, ao sopro criador da Eterna Inte­ligência, dera nascimento à província terrestre, no Estado Solar a que pertencemos, cujos fenômenos de formação original não conseguimos por agora abordar em sua mais íntima estrutura.
A imensa fornalha atômica estava habilitada a receber as sementes da vida e, sob o impulso dos Gênios Construtores, que operavam no orbe nascituro, vemos o seio da Terra recoberto de mares mornos, invadido por gigantesca massa viscosa a es­praiar-se no colo da paisagem primitiva.
Dessa geléia cósmica, verte o princípio inteligente, em suas primeiras manifestações...
Trabalhadas, no transcurso de milênios, pelos operários

(4) Na Esfera Espiritual, em que estagiamos, o eletrão é também partícula atômica dissociável. — (Nota do Autor espiritual)

espirituais que lhes magnetizam os valores, permutando-os en­tre si, sob a ação do calor interno e do frio exterior, as mônadas celestes exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma de que se lhes derivaria a existência organizada no Globo constituído.
Séculos de atividade silenciosa perpassam, sucessivos...
NASCIMENTO DO REINO VEGETAL — Aparecem os vírus e, com eles, surge o campo primacial da existência, forma­do por nucleoproteínas e globulinas, oferecendo clima adequa­do aos princípios inteligentes ou mOnadas fundamentais, que se destacam da substância viva, por centros microscópicos de for­ça positiva, estimulando a divisão cariocinética.
Evidenciam-se, desde então, as bactérias rudimentares, cujas espécies se perderam nos alicerces profundos da evolução, lavrando os minerais na construção do solo, dividindo-se por raças e grupos numerosos, plasmando, pela reprodução asse­xuada, as células primevas, que se responsabilizariam pelas eclo­sões do reino vegetal em seu início.
Milênios e milênios chegam e passam...
FORMAÇÃO DAS ALGAS — Sustentado pelos recur­sos da vida que na bactéria e na célula se constituem do líquido protoplásmico, o princípio inteligente nutre-se agora na clorofi­la, que revela um átomo de magnésio em cada molécula, precedendo a constituição do sangue de que se alimentará no reino animal.
O tempo age sem pressa, em vagarosa movimentação no berço da Humanidade, e aparecem as algas nadadoras, quase in­visíveis, com as suas caudas flexuosas, circulando no corpo das águas, vestidas em membranas celulósicas, e mantendo-se àCusta de resíduos minerais, dotadas de extrema motilidade e sensibilidade, como formas monocelulares em que a mônada já evoluída se ergue a estágio superior.
Todavia, são plantas ainda e que até hoje persistem na Terra, como filtros de evolução primária dos princípios inteli­gentes em constante expansão, mas plantas superevolvidas nos domínios da sensação e do instinto embrionário, guardando o magnésio da clorofila como atestado da espécie.
Sucedendo-as, por ordem, emergem as algas verdes de feição pluricelular, com novo núcleo a salientar-se, inaugurando a reprodução sexuada e estabelecendo vigorosos embates nos quais a morte comparece, na esfera de luta, provocando meta­morfoses contínuas, que perdurarão, no decurso das eras, em di­namismo profundo, mantendo a edificação das formas do porvir.
DOS ARTRÓPODOS AOS DROMATÉRIOS E ANFÍ­TRIOS — Mais tarde, assinalamos o ingresso da mônada, a que nos referimos, nos domínios dos artrópodos, de exosqueleto quitinoso, cujo sangue diferenciado acusa um átomo de cobre em sua estrutura molecular, para, em seguida, surpreendê-la, guindada à condição de crisálida da consciência, no reino dos animais superiores, em cujo sangue — condensação das forças que alimentam o veículo da inteligência no império da alma — detém a hemoglobina por pigmento básico, demonstrando o pa­rentesco inalienável das individuações do espírito, nas mutações da forma que atende ao progresso incessante da Criação Divina.
Das cristalizações atômicas e dos minerais, dos vírus e do protoplasma, das bactérias e das amebas, das algas e dos vege­tais do período pré-câmbrico aos fetos e às licopodiáceas, aos trilobites e cistídeos aos cefalópodes, foraminíferos e radiolá­rios dos terrenos silurianos, o princípio espiritual atingiu espon­giãrios e celentcrados da era paleozóica, esboçando a estrutura esquelética.
Avançando pelos equinodermos e crustáceos, entre os quais ensaiou, durante milênios, o sistema vascular e o sistema nervoso, caminhou na direção dos ganóides e teleósteos, arquegossauros e labirintodontes para culminar nos grandes lacerti­nos e nas aves estranhas, descendentes dos pterossáurios, no ju­rássico superior, chegando à época supracretácea para entrar na classe dos primeiros mamíferos, procedentes dos répteis tero­morfos.
Viajando sempre, adquire entre os dromatérios e anfité­rios os rudimentos das reações psicológicas superiores, incorpo­rando as conquistas do instinto e da inteligência.
FAIXAS INAUGURAIS DA RAZÃO — Estagiando nos marsupiais e cretáceos do eoceno médio, nos rinocerotídcos, cer­vídcos, antilopídeos, eqüídeos, canídeos, proboscídeos e antropóides inferiores do mioceno e exteriorizando-se nos mamíferos mais nobres do plioceno, incorpora aquisições de importância entre os megatérios e mamutes, precursores da fauna atual da Terra, e, alcançando os pitecantropdides da era quaternária, que antecederam as embrionárias civilizações paleolíticas, a mônada vertida do Plano Espiritual sobre o Plano Físico (5) atravessou os mais rudes crivos da adaptação e seleção, assimilando os va­lores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, do instinto, da sensibilidade, da percepção e da preservação pró­pria, penetrando, assim, pelas vias da inteligência mais comple­ta e laboriosamente adquirida, nas faixas inaugurais da razão.
ELOS DESCONhECIDOS DA EVOLUÇÃO — Com­preendendo-se, porém, que o princípio divino aportou na Terra, emanando da Esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o arquétipo a que se destina, qual a bolota de carvalho encerrando em si a árvore veneranda que será de futuro, não podemos cir­cunscrever-lhe a experiência ao plano físico simplesmente con­siderado, porqüanto, através do nascimento e morte da forma, sofre constantes modificações nos dois planos em que se mani­festa, razão pela qual variados elos da evolução fogem à pesqui­sa dos naturalistas, por representarem estágios da consciência fragmentária fora do campo carnal propriamente dito, nas regiões extrafísicas, em que essa mesma consciência incompleta prosse­gue elaborando o seu veículo sutil, então classificado como pro­toforma humana, correspondente ao grau evolutivo em que se encontra.
EVOLUÇÃO NO TEMPO — É assim que dos organis­mos monocelulares aos organismos complexos, em que a inteli­gência disciplina as células, colocando-as a seu serviço, o ser viaja no rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do Pla­no Superior, tecendo com os fios da experiência a túnica da pró­pria exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que mecaniza as próprias aquisições, desde o estímulo nervoso à defensiva imu­nológica, construindo o centro coronário, no próprio cérebro, através da reflexão automática de sensações e impressões em milhões e milhões de anos, pelo qual, com o Auxílio das Potên­cias Sublimes que lhe orientam a marcha, configura os demais centros energéticos do mundo íntimo, fixando-os na tessitura da própria alma.
Contudo, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do sílex denuncia algum primor de técni­ca, nada menos de um bilhão e meio de anos. Isso é perfeitamente verificável na desintegração natural de certos elementos radioativos na massa geológica do Globo. E entendendo-se que a Civilização aludida floresceu há mais ou menos duzentos mil anos, preparando o homem, com a bênção do Cristo, para a res­ponsabilidade, somos induzidos a reconhecer o caráter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na constituição fisiopsicossomática do espírito humano as aquisi­ções morais que lhe habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à Consciência Cósmica (6).

Uberaba, 22/1/58.

(5) As expressões “Plano Físico” e “Plano Extrafísico”, largamente usadas nestas páginas, foram utilizadas por nós, à falta de termos mais pre­cisos que designem as esferas de evolução para os Espíritos encarnados e desencarnados, pertencentes ao “habitat” planetário. — (Nota do Autor es­piritual)
(6) As presentes estimativas e apontamentos do Plano Espiritual, apesar das compreensíveis divergências humanas, coincidem exatamente com observações e ilações de vários estudiosos encarnados. — (Nota do Au­tor espiritual)
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Automatismo e corpo espiritual

AUTOMATISMO FISIOLÓGICO — Compreensível sa­lientar que o princípio inteligente, no decurso dos evos, plas­mou em seu próprio veículo de exteriorização as conquistas que lhe alicerçariam o crescimento para maiores afirmações nos ho­rizontes evolutivos.
Dominando as células vivas, de natureza física e espiri­tual, como que empalmando-as a seu próprio serviço, de modo a senhorear possibilidades mais amplas de expansão e progres­so, sofre no plano terrestre e no plano extraterrestre as profun­das experiências que lhe facultarão, no bojo do tempo, o auto­matismo fisiológico, pelo qual, sem qualquer obstáculo, executa todos os atos primários de manutenção, preservação e renova­ção da própria vida.
ATIVIDADES REFLEXAS DO INCONSCIENTE —Sabemos que, em nos propondo aprender a ler e escrever, antes de tudo nos consagramos à empresa difícil de assimilação do alfabeto e da escrita, consumindo energia cerebral e coordenando o movimento dos olhos, dos lábios e das mãos, em múltiplas fa­ses de atenção e trabalho, de maneira a superar nossas próprias inibições, para, depois, conseguirmos ler e escrever, mecanica­mente, sem qualquer esforço, a não ser aquele que se refere àabsorção, comunicação ou materialização do pensamento lido ou escrito, porqüanto a leitura e a grafia ter-se-ão tornado auto­máticas na esfera de nossa atividade mental.
Nessa base de incessante repetição dos atos indispensá­veis ao seu próprio desenvolvimento, vestindo-se de matéria densa no plano físico e desnudando-se dela no fenômeno da morte, para revestir-se de matéria sutil no plano extrafísico e re­nascer de novo na Crosta da Terra, em inumeráveis estações de aprendizado, é que o princípio espiritual incorporou todos os cabedais da inteligência que lhe brilhariam no cérebro do futu­ro, pelas chamadas atividades reflexas do inconsciente.
TEORIA DE DESCARTES — Atento a isso e espantado diante do gigantesco patrimônio da mente humana é que Des­cartes, no século 17, indagando de si mesmo sobre a comple­xidade dos nervos, formulou a “teoria dos espíritos animais” que estariam encerrados no cérebro, perpassando nas redes ner­vosas para atender aos movimentos da respiração, dos humores e da defesa orgânica, sem participação consciente da vontade, chegando o filósofo a asseverar que esses “espíritos se conjuga­vam necessariamente refletidos”, aplicando semelhante regra notadamente aos animais que ele classificava por máquinas des­providas de pensamento.
Descartes não logrou apreender toda a amplitude dos ca­minhos que se descerram à evolução na esteira dos séculos, mas abordou a verdade do ato reflexo que obedece ao influxo nervo­so, no automatismo em que a alma evolui para mais altos planos de consciência, através do nascimento, morte, experiência e re­nascimento na vida física e extrafísica, em avanço inevitável para a vida superior.
AUTOMATISMO E HERANÇA — Assim como na co­letividade humana o indivíduo trabalha para a comunidade a que pertence, entregando-lhe o produto das próprias aquisições, e a sociedade opera em favor do indivíduo que a compõe, prote­gendo-lhe a existência, no impositivo do aperfeiçoamento cons­tante, nos reinos menores o ser inferior serve à espécie a que se ajusta, confiando-lhe, maquinalmente, o fruto das próprias con­quistas, e a espécie labora em benefício dele, amparando-o com todos os valores por ela assimilados, a fim de que a ascensão da vida não sofra qualquer solução de continuidade.
Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do trans­formismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência nos de­pósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e trans­missão incessantes, nos milhares de milênios em que o princí­pio espiritual atravessa lentamente os círculos elementares da Natureza, qual vaso vivo, de forma em forma, até configurar-se no indivíduo humano, em trânsito para a maturação sublimada no campo angélico.
Desse modo, em qualquer estudo acerca do corpo espiri­tual, não podemos esquecer a função preponderante do automatismo e da herança na formação da individualidade responsável, para compreendermos a inexeqüibilidade de qualquer separação en­tre a Fisiologia e a Psicologia, porqüanto ao longo da atração no mineral, da sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a crisálida de consciência construindo as suas faculdades de or­ganização, sensibilidade e inteligência, transformando, gradati­vamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica.
EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS COSMOCINÉTICOS — Os dias da Criação, assinaladas nos livros de Moisés, equivalem a épocas imensas no tempo e no espaço, porque o corpo espiri­tual que modela o corpo físico e o corpo físico que representa o corpo espiritual constituem a obra de séculos numerosos, pa­cientemente elaborada em duas esferas diferentes da vida, a se retomarem no berço e no túmulo com a orientação dos Instruto­res Divinos que supervisionam a evolução terrestre.
Com semelhante enunciado não diligenciamos, de modo algum, explicar a gênese do espírito, porque isso, por enquanto, implicaria arrogante e pretensiosa definição do próprio Deus.
Propomo-nos simplesmente salientar que a lei da evolu­ção prevalece para todos os seres do Universo, tanto quanto os princípios cosmocinéticos, que determinam o equilíbrio dos astros, são, na origem, os mesmos que regulam a vida orgânica, na estrutura e movimento dos átomos.
O veículo do espírito, além do sepulcro, no plano extrafí­sico ou quando reconstituído no berço, é a soma de experiências infinitamente repetidas, avançando vagarosamente da obscuri­dade para a luz. Nele, situamos a individualidade espiritual, que se vale das vidas menores para afirmar-se —, das vidas menores que lhe prestam serviço, dela recolhendo preciosa cooperação para crescerem a seu turno, conforme os inelutáveis objetivos do progresso.
GÊNESE DOS ÓRGÃOS PSICOSSOMÁTICOS — To­dos os órgãos do corpo espiritual e, conseqüentemente, do cor­po físico foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo-se à necessidade do campo mental em seu condicionamento e exte­riorização no meio terrestre.
É assim que o tato nasceu no princípio inteligente, na sua passagem pelas células nucleares em seus impulsos ameboídes; que a visão principiou pela sensibilidade do plasma nos flagela­dos monocelulares expostos ao clarão solar, que o olfato come­çou nos animais aquáticos de expressão mais simples, por excita­ções do ambiente em que evolviam; que o gosto surgiu nas plantas, muitas delas armadas de pêlos viscosos destilando su­cos digestivos, e que as primeiras sensações do sexo aparece­ram com algas marinhas providas não só de células masculinas e femininas que nadam, atraídas uma para as outras, mas tam­bém de um esboço de epiderme sensível, que podemos definir como região secundária de simpatias genésicas.
TRABALHO DA INTELIGÊNCIA — Examinando, pois, o fenômeno da reflexão sistemática, gerando o automa­tismo que assinala a inteligência de todas as ações espontâ­neas do corpo espiritual, reconhecemos sem dificuldade que a marcha do princípio inteligente para o reino humano e que a viagem da consciência humana para o reino angélico simbolizam a expansão multimilenar da criatura de Deus que, por força da Lei Divina, deve merecer, com o trabalho de si mesma, a auréola da imortalidade em pleno Céu.

Pedro Leopoldo, 26/1/58.
5
Células e corpo espiritual

PRINCÍPIOS INTELIGENTES RUDIMENTARES — Com o transcurso dos evos, surpreendemos as células como princípios inteligentes de feição rudimentar, a serviço do princí­pio inteligente em estágio mais nobre nos animais superiores e nas criaturas humanas, renovando-se continuamente, no corpo físico e no corpo espiritual, em modulações vibratórias diversas, conforme a situação da inteligência que as senhoreia, depois do berço ou depois do túmulo.
FORMAS DAS CÉLULAS — Animálculos infinitesi­mais, que se revelam domesticados e ordeiros na colmeia orgâ­nica, assumem formas diferentes, segundo a posição dos indiví­duos e a natureza dos tecidos em que se agrupam, obedecendo ao pensamento simples ou complexo que lhes comanda a exis­tência.
São cenositos ou microrganismos que podem viver livre­mente, como autositos, ou como parasitos; sincícios ou massa de células que se fundem para a execução de atividade particular, como, por exemplo, na musculatura cardíaca ou na camada epitelial que compõe a parte externa da placenta, com ação his­tolítica sobre a estrutura da organização materna; células anas­tomosadas, como as que se coordenam na formação dos tecidos conjuntivos; células em grupos coloniais, com movimentos per­feitamente coordenados, quais as que se mostram nos volvocí­deos; células com matriz intersticial, que elaboram substâncias imprescindíveis à conservação da vida na província corpórea. e as células que podem diversificar-se, constituindo-se elementos livres, como na preparação dos glóbulos da corrente sangüínea.
Articulam-se em múltiplas formas, adaptando-se às fun­ções que lhes competem, no veículo de manifestação da criatura que temporariamente as segrega, à maneira de peças eletromag­néticas inteligentes, em máquina eletromagnética superinteli­gente, atendendo com precisão matemática aos apelos da mente, assemelhando-se, de certo modo, no organismo, aos milhões de átomos que constituem harmonicamente as cordas de um piano, acionadas pelos martelos minúsculos dos nervos, ao impacto das teclas que podemos simbolizar nos fulcros energéticos do córtice encefálico, movimentado e controlado pelo Espírito, através do centro coronário que sustenta a conjunção da vida mental com a forma organizada em que ela própria se expressa.
MOTORES ELÉTRICOS MICROSCÓPICOS — Dis­postas na construção da forma em processo idêntico ao da su­perposição dos tijolos numa obra de alvenaria, as células são compelidas à disciplina, perante a idéia orientadora que as asso­cia e governa, quanto os tijolos vulgares são constrangidos à submissão ante as linhas traçadas pelo arquiteto que lhes apro­veita o concurso na concretização de projeto específico.
É assim que são funcionárias da reprodução no centro ge­nésico, trabalhadores da digestão e absorção no centro gástrico, operários da respiração e fonação no centro laríngeo, da circula­ção no centro cardíaco, servidoras e guardiãs fixas ou migrató­rias do tráfego e distribuição, reserva e defesa no centro esplêni­co, auxiliares da inteligência e elementos de ligação no centro cerebral e administradoras e artistas no centro coronário, amol­gando-se às ordens mentais recebidas e traduzindo na região de trabalho que lhes é própria a individualidade que as refreia e in­fluencia, com justas limitações no tempo e no espaço.
Temo-las, desse modo — repetimos —, por microscópi­cos motores elétricos, com vida própria, subordinando-se às de­terminações do ser que as aglutina e que lhes imprime a fixação ou a mobilidade indispensáveis às funções que devam exercer no mar interior do mundo orgânico, formado pelos líquidos ex­tracelulares, a se definirem no líquido lacunar que as irriga e que circula vagarosamente; na linfa que verte dos tecidos, endereçada ao sangue; e no plasma sangüíneo que se movimenta, rá­pido, além de outros líquidos intersticiais, característicos do meio interno.
O TODO INDIVISÍVEL DO ORGANISMO — Lógico entender, dessa forma, que, diante do governo mental, a reunião das células compõe tecidos, assim como a associação dos teci­dos esculpe os órgãos, partes constituintes do organismo que passa a funcionar, como um todo indivisível em sua integridade, cingido pelo sistema nervoso e controlado pelos hormônios ou substâncias produzidas em determinado órgão e transportadas a outros arraiais da atividade somática, que lhes excitam as pro­priedades funcionais para certos fins, hormônios esses nascidos de impulsão mecânica da mente sobre o império celular, confor­me diferentes estados emotivos da consciência, enfeixando car­gas de elementos químicos em nível ideal, quando o equilíbrio íntimo lhe preside as manifestações, e consubstanciando recur­sos de manutenção e preservação da vida normal, perfeitamente isoláveis pela ciência comum, como já acontece com a adrena­lina das supra-renais, com a insulina do pâncreas, a testosterona dos testículos e outras secreções glandulares do cosmo orgâni­co.
AUTOMATISMO CELULAR — É da doutrina celular corrente no mundo que as células tomam aspectos diferentes conforme a natureza das organizações a que servem, competin­do-nos desenvolver mais amplamente o asserto, para asseverar que a inteligência, influenciando o citoplasma, que é, no fundo, o elemento intersticial de vinculação das forças fisiopsicosso­máticas, obriga as células ao trabalho de que necessita para ex­pressar-se, trabalho este que, à custa de repetições quase infini­tas, se torna perfeitamente automático para as unidades celula­res que se renovam, de maneira incessante, na execução das ta­refas que a vida lhes assinala.
EFEITOS DO AUTOMATISMO — Perfeitamente com­preensíveis, nessa base, os estudos científicos que reconhecem os agrupamentos colaboracionistas das células especializadas, através da cultura artificial dos tecidos orgânicos, em que um fragmento qualquer desses mesmos tecidos, seja da epiderme ou do cérebro, permanece vivo, por muito tempo, quando mergulhado em soro que, cuidadosamente imunizado e mantido na temperatura correspondente à do corpo físico, acusa uma vida intensa. Decorridas algumas horas, os produtos de excreta into­xicam o soro, impedindo o desenvolvimento celular; mas, se o líquido for renovado, continuam as células a crescer no mesmo ritmo de movimento e expansão que lhes marca a atividade no edifício corpóreo.
Todavia, fora do governo mental que as dirigia, não se re­velam iguais às suas irmãs em função orgânica.
As células nervosas, por exemplo, com as suas fibrilas es­peciais, não produzem células com fibrilas análogas, e as que atendem nos músculos aos serviços da contração se desdiferen­ciam, regredindo ao tipo conjuntivo.
Todas as que se ausentam do conjunto estrutural do tecido inclinam-se para a apresentação morfológica da ameba, segundo observações cientificamente provadas.
Isso ocorre porque as células, quando ajustadas ao am­biente orgânico, demonstram o comportamento natural do ope­rário mobilizado em serviço, sob as ordens da Inteligência, co­municando-se umas com as outras sob o influxo espiritual que lhes mantém a coesão, e procedem no soro quais amebas em li­berdade para satisfazer aos próprios impulsos.
FENÔMENOS EXPLICÁVEIS — Dentro do mesmo princípio de submissão das células ao estímulo nervoso, é que a experiência de transplante dos tecidos de. embriões entre si, com alguns dias de formação, pode oferecer resultados surpreenden­tes, de vez que as células orientadas em determinado sentido, quando enxertadas sobre tecidos outros “in vivo”, conseguem gerar órgãos-extras. em regime de monstruosidade, obedecendo a determinações especializadas resultantes das ordens magnéti­cas de origem que saturavam essas mesmas células.
E é ainda aí, pelo mesmo teor de semelhante saturação, que vamos entender as demonstrações do faquirismo e outras realizadas em sessões experimentais do Espiritismo, nas quais a mente superconcentrada pode arremessar fluídos de impulsão sobre vidas inferiores, como seja a das plantas, imprimindo-lhes desenvolvimento anormal, e explicar os fenômenos da materialização mediúnica. Neste caso, sob condições excepcionais e com o auxílio de Inteligências desencarnadas, o organismo do médium deixa escapar o ectoplasma ou o plasma exteriorizado, no qual as células, em tonalidade vibratória diferente, elaste­cem-se e se renovam, de conformidade com os moldes mentais que lhes são apresentados, produzindo os mais significativos fe­nômenos em obediência ao comando da Inteligência, por inter­médio dos quais a Esfera Espiritual sugere ao Plano Físico a imortalidade da alma, a caminho da Vida Superior.

Uberaba, 29/1/58.
6
Evolução e sexo

APARECIMENTO DO SEXO — Dobadas longas faixas de tempo, em que bactérias e células são experimentadas em re­produção agâmica. eis que determinado grupo apresenta no imo da própria constituição qualidades magnéticas positivas e nega­tivas que lhe são desfechadas pelos Orientadores Espirituais en­carrregados do progresso devido ao Planeta.
Pressente-se a evolução animal em vésperas de nascer...
BACTÉRIA DIFERENCIADA — De todas as espécies de bactérias já formadas, uma se destaca nos imensos depósitos de água doce sobre o leito pétreo do algonquiano.
É diferenciada de quantas se estiram sobre a Crosta Ter­restre.
Não tem a característica absolutamente amebóide.
Mostra configuração elipsoidal, como se fora microscópi­co bastonete ou girino, a que não falta leve radícula à feição de cauda.
É o leptótrix, que, em miríades de individuações, perma­nece por milhares de séculos nas rochas antigas, nutrindo-se simplesmente de ferro.
Quando se desvencilha da minúscula carapaça ferrosa em que se esconde, é instintivamente obrigado a nadar, até que ou­tra carapaça semelhante o envolva.
Os Instrutores Espirituais valem-se da medida para impul­sioná-lo à transformação.
Perdendo os diminutos envoltórios metálicos e constran­gidas a edificar abrigos idênticos que lhes atendam à necessida­de de proteção, essas bactérias, que exprimem figura importante de junção no trabalho evolutivo da Natureza, são compelidas ao movimento, em que não apenas se atraem umas às outras, nos prelúdios iniciais da reprodução sexuada, mas em que conhe­cem, por acidente, a morte em massa, da qual ressurgem nos mesmos tratos de vida em que se encontram, sob a criteriosa atenção dos Condutores da Terra, para renascerem, após longo tempo de novas experimentações, na forma das algas verdes, inaugurando a comunhão sexual sobre o mundo.
AS ALGAS VERDES — Os biologistas dos últimos tem­pos costumam perguntar sem resposta se as algas verdes, pro­prietárias de estrutura particular, descendem das primitivas cianofíceas, de tessitura mais simples, nas quais a ficocianina, as­sociada à clorofila, é o pigmento azulado de sua composição fundamental. O hiato existente, de que dá conta Hugo De Vries, ao desenvolver o mutacionismo, foi preenchido pelas atividades dos Servidores da Organogênese Terrestre, que submeteram a família do leptótrix a profundas alterações nos campos do espí­rito, transmutando-lhe os indivíduos mais completos, que reapa­receram metamorfoseados nas algas referidas, a invadirem luxo­riantemente as águas, instalando novo ciclo de progresso e re­novação...
CONCENTRAÇÕES FLUÍDICO-MAGNÉTICAS — Ao toque dos Operários Divinos, a matéria elementar fora no prin­cípio transubstanciada em massa astronômica de eletrões e pro­tões, que teceram o largo berço da vida humana em plena Vida Cósmica. E ainda sob a inteligência deles, com a supervisão do Cristo de Deus, semelhantes recursos baseiam a formação dos átomos em elementos, combinam-se os elementos em conjuntos químicos, abrem os conjuntos químicos lugar aos colóides, mesclam-se os colóides em misturas substanciais, oferecendo ao princípio inteligente, oriundo da amplidão celeste, o ninho propício ao desenvolvimento.
Eras imensas transcorreram; e esse princípio inteligente, destinado a crescer para a glória da vida, em dois planos distin­tos de experiência, quando se mostra ativado em constituição mais complexa, recebe desses mesmos Arquitetos da Sabedoria Divina os dons da reprodução mais complexa nos cromossomos, ou concentrações fluídico-magnéticas especiais, a se retra­tarem, através do tempo, pela reflexão constante, no campo ce­lular, concentrações essas que, por falta de terminologia ade­quada no dicionário humano, baratearemos, quanto possível, comparando-as aos moldes fabricados para o serviço de fundi­ção na oficina tipográfica.
Os cromossomos, estruturados em grímulos infinitesimais de natureza fisiopsicossomática, partilham do corpo físico pelo núcleo da célula em que se mantêm e do corpo espiritual pelo citoplasma em que se implantam.
E como acontece aos moldes tipográficos, que são forma­dos de linhas para que se lhes expresse o sentido, também eles são constituídos pelos elementos chamados genes, o que lhes dá, tanto quanto ocorre ao alfabeto humano, a característica de imortalidade nas células que se renovam transmitindo às suces­soras as suas particulares disposições, nas mesmas circunstân­cias em que, num texto tipográfico, as letras e os moldes podem viver, indefinidamente, no material destrutível e renovável, por intermédio do qual se conservam e se exprimem na memória das gerações.
Com o tempo, diferenciam-se os cromossomos nas pro­víncias da evolução, segundo as espécies, como variam as cria­ções do pensamento impresso, de acordo com os moldes tipográficos nas esferas da cultura.
Os elementos germinativos são minuciosamente analisa­dos e testados nas plantas, até que sofram transformações essen­ciais na química das algas verdes, de cuja compleição cami­nham no rumo de mais amplos desdobramentos.
FILTROS DE TRANSFORMISMO — O princípio inteli­gente é experimentado de modos múltiplos no laboratório da Natureza, constituindo-se-lhe, pouco a pouco, a organização fí­sico-espiritual, e traçando-se-lhe entre a Terra e o Céu a desti­nação finalista.
Com o amparo dos Trabalhadores Divinos fixa em simesmo os selos vivos da reprodutividade, que se definem e aperfeiçoam no regaço dos milênios, deixando na retaguarda, como filtros de transformismo, não somente os reinos mineral e vegetal, institutos de recepção e expansão da onda criadora da vida, em seu fluxo incessante, como também certas classes de organismos outros que passariam a coexistir com os elementos em ascensão, qual acontece ainda hoje, quando observamos ao lado da inteligência humana, relativamente aprimorada, plantas e vermes que já existiam no pré-câmbrico inferior.
Os tecidos germinais sofrem, por milhares de anos, pro­vas continuadas para que se lhes possa aferir o valor e se lhes apure o adestramento.
Formas monstruosas aparecem e desaparecem, desde os anelídeos aos animais de grande porte, por séculos e séculos, até que as espécies conseguissem acomodação nos próprios ti­pos.
Entre as que chegam à luz e as que se fundem nas som­bras, traçam-se parentescos profundos.
Os cromossomos permanecem imorredouros, através dos centros genésicos de todos os seres, encarnados e desencarna­dos, plasmando alicerces preciosos aos estudos filogenéticos do futuro.
DESCENDÊNCIA E SELEÇÃO — É justo lembrar, no entanto, que os trabalhos gradativos da descendência e da sele­ção, que encontrariam em Lamarck e Darwin expositores dos mais valiosos, operavam-se em dois planos.
As crisálidas de consciência dos reinos inferiores, mergu­lhadas em campo vibratório diferente pelo fenômeno da morte, justapunham-se às células renascentes que continuavam a servi-las, colhendo elementos de transmutação para a volta à esfera física, pela reencarnação compulsória, sob a orientação das Inteligên­cias Sublimes que nos sustentam a romagem, circunstância que nos compele a considerar que o transformismo das espécies, como também a constituição de espécies novas, em se ajustando a funções fisiológicas, expansão e herança, baseiam-se no meca­nismo e na química do núcleo e do citoplasma, em que as ener­gias fisiopsicossomáticas se reúnem.
GENEALOGIA DO ESPÍRITO — Os naturalistas situa­dos no chão do mundo, desde os sacerdotes egípcios, que estu­davam a origem da vida planetária em conchas fósseis, até os mais eminentes biólogos modernos, atreitos à unilateralidade de observação, compreensivelmente não conseguirão suprir as la­cunas existentes no quadro da evolução, não obstante Cuvier, com a Anatomia Comparada, tenha traçado forma básica à siste­mática da Paleontologia.
Em verdade, porém, para não cairmos nas recapitulações Incessantes, em torno de apreciações e conclusões que a ciência do mundo tem repetido à saciedade, acrescentaremos simples­mente que as leis da reprodução animal, orientadas pelos Instru­tores Divinos, desde o casulo ferruginoso do leptótrix, através da retração e expansão da energia nas ocorrências do nascimen­to e morte da forma, recapitulam ainda hoje, na organização de qualquer veículo humano, na fase embriogênica, a evolução ti­logenética de todo o reino animal, demonstrando que além da ciência que estuda a gênese das formas, há também uma genea­logia do espírito.
Com a Supervisão Celeste, o princípio inteli­gente gastou, desde os vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos quinze milhões de sé­culos, a fim de que pudesse, como ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões de pen­samento contínuo para os Espaços Cósmicos.

Pedro Leopoldo, 2/2/58.
7
Evolução e hereditariedade

PRINCÍPIO INTELIGENTE E HEREDITARIEDADE — Reportando-nos à lei da hereditariedade, é imperioso, de cer­to modo, recordar a Geometria para simplificar-lhe os concei­tos.
Considerando a Geometria por ciência que estuda as pro­priedades do espaço limitado, vamos encontrar a hereditarieda­de como lei que define a vida, circunscrita à forma em que se externa.
Só a inteligência consegue traçar linhas inteligentes.
Em razão disso, e atendendo-se aos objetivos finalistas do Universo, não será possível esquecer o Plano Divino, quando se trate de qualquer imersão mais profunda na Gené­tica, ainda mesmo que isso repugne aos cultores da ciência materialista.
Como se estruturaram os cromatídeos nos cromossomos é problema que, de todo, por enquanto, nos escapa ao sentido, mas sabemos que os Arquitetos Espirituais, entrosados à Super­visão Celeste, gastaram longos séculos preparando as células que serviriam de base ao reino vegetal, combinando nucleopro­temas a glúcides e a outros elementos primordiais, a fim de que se estabelecessem um nível seguro de forças constantes, entre a bagagem do núcleo e do citoplasma.
Com semelhante realização, o princípio inteligente come­ça a desenvolver-se do ponto de vista fisiopsicossomático.
Não apenas a forma física do futuro promete então reve­lar-se, mas também a forma espiritual.
FATORES DA HEREDITARIEDADE — Na intimida­de dos corpúsculos simples que evoluiriam para a feição de máquinas microscópicas, formadas de protoplasma e para-plasma, fixam-se, vagarosamente, sob influenciação magnéti­ca, os fragmentos de cromatina, organizando-se os cromossomos em que seriam condensadas as fórmulas vitais da repro­dução.
Processos múltiplos de divisão passam a ser experimenta­dos.
A divisão direta ou a mitose é largamente usada para, em seguida, surgir a mitose ou divisão indireta, em que as alterações naturais da mônada celeste se refletem no núcleo, prenunciando sempre maiores transformações.
Lentamente, os cromossomos adquirem a sua apresenta­ção peculiar, em forma de ponto-alça-bastonete-bengala, e a evolução que lhes diz respeito na cariocinese, desde a prófase à telófase, merece a melhor atenção dos Construtores Divinos, que através do centro celular mantêm a junção das forças físicas e espirituais, ponto esse em que se verifica o impulso mental, de natureza eletromagnética, pelo qual se opera o movimento dos cromossomos, na direção do equador para os pólos da célula, cunhando as leis da hereditariedade e da afinidade que se vão exercer, dispondo nos cromatídeos, em forma de granulações perfeitamente identificáveis entre o leptotênio e o paquitênio, os genes ou fatores da hereditariedade, que, no transcurso dos sé­culos, são fixados em número e valores diferentes para cada es­pécie.
ARQUIVO DOS REFLEXOS CONDICIONADOS —Através dos estágios nascimento-experiência-morte-experiên­cia-renascimento, nos planos físico e extrafísico, as crisálidas de consciência, dentro do princípio de repetição, respiram sob o sol como seres autótrofos no reino vegetal, onde as células, nas espécies variadas em que se aglutinam, se reproduzem de modo absolutamente semelhante.
Nesse domínio, o princípio inteligente, servindo-se da he­rança, e por intermédio das experiências infinitamente recapitu ladas, habilita-se à diferenciação nos flagelados, ascendendo progressivamente à diferenciação maior na escala animal, onde o corpo espiritual, à feição de protoforma humana, já oferece moldes mais complexos, diante das reações do sistema nervoso, eleito para sede dos instintos superiores, com a faculdade de arquivar reflexos condicionados.
CONSTRUÇÃO DO DESTINO — Sofrem as células transformações profundas, porque o elemento espiritual deve agora viver como ser alótrofo, somente conseguindo manter-se com o produto de matérias orgânicas já elaboradas.
Com a passagem do tempo, e sob a inspiração dos Arqui­tetos Espirituais que lhe orientam a evolução da forma, avança na rota do progresso, plasmando implementos novos no veículo de expressão.
Entre a esfera terrena e a esfera espiritual, adquire os or­gânulos particulares com que passa a atender variadas funções entre os protozoários, como sejam, os vacúolos pulsáteis para a sustentação do equilíbrio osmótico e os vacúolos digestivos para o equilíbrio da nutrição.
Nos metazoários, conquista um carro fisiológico, estru­turado em aparelhos e sistemas constituídos de órgãos, que, a seu turno, são formados de tecidos, compostos por células em complicado regime de diferenciação e, passando por lon­gas e porfiadas metamorfoses, atinge o reino hominal, em que os gametas se erigem, especializados e seguros, no apa­relho de reprodução, com elementos e recursos característi­cos para o homem e para a mulher, no imo do centro genésico, entre os aparelhos de metabolismo e os sistemas de rela­ção.
No ato da fecundação, reúnem-se os pronúcleos masculi­no e feminino, mesclando as unidades cromossômicas paternas e maternas, a fim de que o organismo, obedecendo à repetição na lei da hereditariedade, se desenvolva, dentro dos caracteres genéticos de que descende; mas agora, no reino humano, o Es­pírito, entregue ao comando da própria vontade, determina com a simples presença ou influência, no campo materno, os mais complexos fenômenos endomitóticos no interior do ovo, edifi­cando as bases de seu próprio destino, no estágio da exis­tência cujo início o berço assinala.
­HEREDITARIEDADE E AFINIDADE — Nas épocas remotas, os Semeadores Divinos guiavam a elaboração das for­mas, traçando diretrizes ao mundo celular, em favor do princípio inteligente, então conduzido ante a sociedade espiritual como a criança irresponsável ante a sociedade humana; todavia, à medida que se lhe alteia o conhecimento, passa a responsabili­zar-se por si mesmo, pavimentando o caminho que o investirá na posse da Herança Celestial no regaço da Consciência Cósmi­ca.
Com alicerces na hereditariedade, toma a forma física e se desvencilha dela, para retomá-la em nova reencarnação capaz de elevar-lhe o nível cultural ou moral, quando não seja para re­fazer tarefas que deixou viciadas ou esquecidas na retaguarda.
Contudo, ligado inevitavelmente aos princípios de se­qüência, é compelido a renascer na Terra, ou a viver além da morte, com raras exceções, entre os seus próprios semelhantes, porqüanto hereditariedade e afinidade no plano físico e no plano extrafísico, respectivamente, são leis inelutáveis, sob as quais a alma se diferencia para a Esfera Superior, por sua própria esco­lha, aprendendo com larga soma de esforço a reger-se pelo bem invariável, que, em lhe assegurando equilíbrio, também lhe con­fere poder sobre os fatores circunstanciais do próprio ambiente, a fim de criar valores mais nobres para os seus impulsos de per­feição.
GEOMETRIA TRANSCENDENTE — Chegada a essa eminência, a criatura submete-se à lei da hereditariedade, com o direito de alterar-lhe as disposições fundamentais até ponto não distante do limite justo, segundo o merecimento de que dispo­nha. Para ajudar aos semelhantes na escalada a mais ampla aquisições na senda evolutiva, recolhe, assim, concurso precio­so dos Organizadores do Progresso, na mitose do ovo que lhe facultará novo corpo no mundo, de vez que toda permuta de cromossomos, no vaso uterino, está invariavelmente presidida por agentes magnéticos ordinários ou extraordinários, conforme o tipo da existência que se faz ou refaz, com as chaves da here­ditariedade atendendo aos seus fins.
Eis por que, interpretando os cromossomos à guisa de ca­racteres em que a mente inscreve, nos corpúsculos celulares que a servem, as disposições e os significados dos seus próprios destinos, caracteres que são constituídos pelos genes, como as linhas são formadas de pontos, genes aos quais se mesclam os elementos chamados bióforos, e tomando os bióforos, nesses pontos, como sendo os grânulos de tinta que os cobrem, será lí­cito comparar os princípios germinativos, nos domínios inferio­res, aos traços da Geometria elementar, que apenas cogita de linhas e figuras simples da evolução, para encontrar, nesses mes­mos princípios, nos domínios superiores da alma, a Geometria transcendente, aplicada aos cálculos diferenciais e integrais das questões de causa e efeito.
HEREDITARIEDADE E CONDUTA — Portanto, como é fácil de sentir e apreender, o corpo herda naturalmente do cor­po, segundo as disposições da mente que se ajusta a outras mentes, nos circuitos da afinidade, cabendo, pois, ao homem res­ponsável reconhecer que a hereditariedade relativa mas compul­sória lhe talhará o corpo físico de que necessita em determinada encarnação, não lhe sendo possível alterar o plano de serviço que mereceu ou de que foi incumbido, segundo as suas aquisi­ções e necessidades, mas pode, pela própria conduta feliz ou in­feliz, acentuar ou esbater a coloração dos programas que lhe in­dicam a rota, através dos bióforos ou unidades de força psicos­somática que atuam no citoplasma, projetando sobre as células e, conseqüentemente, sobre o corpo os estados da mente, que estará enobrecendo ou agravando a própria situação, de acordo com a sua escolha do bem ou do mal.

Uberaba, 5/2/58.
8
Evolução e metabolismo

SUPRIMENTOS DA VIDA — Observamos a chegada dos princípios inteligentes no mundo e a sua respectiva expan­são, assim como um exército que, para atender às próprias ne­cessidades, organiza, de início, a precisa cobertura de suprimen­tos. Primeiro, as bactérias lavrando o solo para que as plantas proliferassem, criando atmosfera adequada ao reino animal. De­pois das plantas, aparecem os animais, gerando recursos orgâni­cos para que o instinto pudesse expandir-se no rumo da inteli­gência. E, em seguida ao animal, surge o homem, plasmando os valores definitivos da inteligência, para que a Humanidade se concretize a caminho da angelitude.
FASES PROGRESSIVAS DO METABOLISMO — Em todos os reinos da Natureza, o elemento espiritual aprende a nu­trir-se e preservar-se.
Por milhares de séculos, repete as operações da fotossín­tese ou assimilação clorofiliana no império verde, pela qual consome energia luminosa e elabora matérias orgânicas, des­prendendo o oxigênio indispensável à constituição do ar atmos­férico, e recapitula as operações da quimiossíntese, em formas autótrofas, como sejam certas classes de bactérias, que se utili­zam de energia química para viver, através da oxidação de com­postos minerais.
Gradativamente, no domínio vegetal, assimila os meca­nismos mais íntimos da respiração, absorvendo o oxigênio e eliminando o gás carbônico pelos estômatos e pneumatódios, cutí­cula e lenticelas, de modo a conduzir o oxigênio sobre as maté­rias orgânicas para a formação dos produtos de desassimilação e projeção de energia.
E, lentamente, em meio desprovido de matérias orgânicas, qual acontece com as nitrobactérias, as sulfobactérias, as ferro-bactérias, etc., aprende também a oxidar respectivamente o amoníaco ou os nitritos, o ácido sulfídrico, o óxido ferroso.
Em semelhantes atividades, infinitamente repetidas, habi­lita-se ao ingresso no reino animal, onde, em estágios evoluti­vos mais nobres, se matriculará na técnica da elaboração auto­mática dos catalisadores químicos, com a faculdade de tran­substanciar matérias orgânicas complexas em recursos assimilá­veis.
Milênios transcorrem para que então consiga adestrar-se nas diástases diversas, como sejam as proteases e as zímases, entre os fermentos hidrolisantes e decomponentes.
A crisálida de consciência inicia-se, dessa forma, na fabri­cação de prótides, glúcides, lípides e outros meios de nutrição, aprendendo igualmente a emitir hormônios de crescimento e vi­taminas diversas no ciclo das plantas.
Não apenas tecidos e órgãos do corpo físico se esboçam nas formas rudimentares da Natureza, mas também os centros vitais do corpo espiritual, que, obedecendo aos impulsos da mente, se organizam em moldes seguros, com a capacidade de assimilar as partículas multifárias da vitalidade cósmica, oriun­das das fontes vivas de força que alimentam o Universo.
EXCITAÇÕES QUÍMICAS — Governando as células fí­sicas, os agentes de natureza espiritual se evidenciam em todos os processos de nutrição, motivando as chamadas excitações químicas, também classificáveis por quimiotactismo eletromag­nético.
O princípio inteligente, tocado por múltiplos estímulos, sob o império de atrações e repulsões, haure elementos quimio­tácticos eletromagnéticos no laboratório das forças universais, através da respiração, para conservar-se e defender-se, preser­vando os valores de reprodução e sustentação.
É assim que as células masculinas dos fetos são atraídas pelo ácido málico, enquanto as bactérias se movimentam obede­cendo também a estímulos de ordem química.
Os óvulos de certos peixes e quinodermos, entre estes o ouriço-do-mar, sem a presença da fêmea que os deita têm o po­der de atrair os espermatozóides separados da mesma espécie, demonstrando que arrojam de si mesmos substância específica na perpetuação que lhes é própria.
Entre os animais, as células da reprodução segregam substâncias particulares com que se procuram mutuamente, evoluindo o veículo psicossomático para mais altos níveis de consciência sobre as mais amplas formas de quimiotropismo constante, em bases de excitações exógenas e endógenas.
ADMINISTRAÇÃO DO METABOLISMO — Laboran­do pacientemente nos séculos e alcançando a civilização ele­mentar do paleolítico, a mente humana controla então, quase que plenamente, o corpo que se exprime, formado sob a tutela e o auxílio incessante dos Construtores Espirituais, passando a administrar as ocorrências do metabolismo, em sua organização e adaptação, através da coordenação de seus próprios impulsos sobre os elementos albuminóides do citoplasma, em que as for­ças físicas e espirituais se jungem no campo da experiência ter­restre.
Os sistemas enzimáticos revelam-se definidos e as glân­dulas de secreção interna fabricam variados produtos, refletindo o trabalho dos centros vitais da alma.
Hormônios e para-hormônios, fermentos e co-fermentos, vitaminas e outros controladores químicos, tanto quanto precio­sas reservas nutritivas eqüacionam os problemas orgânicos, har­monizando-se em produção e níveis precisos, na quota de deter­minados percentuais, conforme as ordens instintivas da mente.
Todos os serviços da província biológica, inclusive as emoções mais íntimas, são sustentados por semelhantes recur­sos, constantemente lançados pelo próprio Espírito no cosmo de energia dinâmica em que se manifesta.
Experiências valiosas, efetuadas com pleno êxito, com­provaram que a própria miosina ou sistema albuminóide da con­tração muscular detém consigo as qualidades de um fermento, a adenosinatrifosfatase, responsável pela catálise da reação quí mica fundamental que exonera a energia indispensável ao refa­zimento das parti culas miosínicas dos tecidos musculares.
ACUMULAÇÕES DE ENERGIA ESPIRITUAL — Pôr intermédio dos mitocôndrios, que podem ser considerados acu­mulações de energia espiritual, em forma de grânulos, assegu­rando a atividade celular, a mente transmite ao carro físico a que se ajusta, durante a encarnação, todos os seus estados feli­zes ou infelizes, equilibrando ou conturbando o ciclo de causa e efeito das forças por ela própria libertadas nos processos endo­têrmicos, mantenedores da biossíntese.
Nessa base, dispomos largamente dos anticorpos e dos múltiplos agentes ununológicos cunhados pela governança do Espírito, em favor da preservação do corpo, de acordo com as multimilenárias experiências adquiridas por ele mesmo, na lenta e laboriosa viagem a que foi constrangido nas faixas inferiores da Natureza.
Da mesma sorte, possuímos, funcionando automaticamente, a secretina, a tiroxina, a adrenalina, a luteína, a insulina, a foli­culina, os hormônios gonadotrópicos e unidades outras, entre as secreções internas, à guisa de aceleradores e excitantes, modera­dores e reatores, transformadores e calmantes das atividades químicas nos vários departamentos de trabalho em que se subdi­vide o Estado Fisiológico.
IMPULSOS DETERMINANTES DA MENTE — Sobre os mesmos alicerces referidos, surpreendemos, ainda, as enzi­mas numerosas, como a pepsina, isolada por Northrop, e a cata­lase definida por von Euler, tanto quanto outras muitas, que a ciência terrestre, gradualmente, saberá descobrir, estudar, fixar e manobrar, com vistas à manutenção e defesa da saúde físi­ca e da integridade mental do homem, no quadro de mereci­mentos da Humanidade, de vez que todos os estados especiais do mundo orgânico, inclusive o da renovação permanente das células, a prostração do sono, a paixão artística, o êxtase religio­so e os transes mediúnicos são acalentados nos circuitos celula­res por fermentações sutis, aí nascidas através de impulsos de­terminantes da mente, por ela convertidos, nos órgãos, em subs­tâncias magnetoeletroquímicas, arremessadas de um tecido a outro, guardando a faculdade de interferir bruscamente nas propriedades moléculas ou de catalisar as reações desse ou da­quele tipo, destinadas a garantir a ordem e a segurança da vida, na urdidura das ações biológicas.
Em identidade de circunstâncias nos traumas cerebrais da cólera e do colapso nervoso, da epilepsia e da esquizofrenia, como em tantas outras condições anômalas da personalidade, vamos encontrar essas mesmas fermentações no campo das cé­lulas, mas em caráter de energias degeneradas, que correspon­dem às turvações mentais que as provocam.
METABOLISMO DO CORPO E DA ALMA — O meta­bolismo Subordina-se desse modo, à direção espiritual, tanto mais intensa e exatamente, quanto maior a quota de responsabilidade do ser pelo conhecimento e discernimento de que dispo­nha, e, em plena floração da inteligência, podemos identificá-lo não apenas no embate das forças orgânicas, mas também no do­mínio da alma, porqüanto raciocínio organizado é pensamento dinâmico e, com o pensamento consciente e vivo, o homem ar­roja de si mesmo forças criadoras e renovadoras, forjando, des­se modo, na matéria, no espaço e no tempo, os meandros de seu próprio destino.

Pedro Leopoldo, 9/2/58.
9
Evolução e cérebro

FORMAÇÃO DO MUNDO CEREBRAL — No regaço do tempo, os Arquitetos Divinos auxiliam a consciencia frag­mentária na construção do cérebro, o maravilhoso ninho da mente, necessitada de mais ampla exteriorização.
A massa de células nervosas que precede a formação do mundo cerebral, nos invertebrados, dá lugar à invaginação do ectoderma nos vertebrados, constituindo-se, lentamente, a vesí­cula anterior ou prosencéfalo, a vesícula média ou mesencéfalo e a vesícula posterior ou rombencéfalo.
Nos peixes, os hemisférios cerebrais mostram-se ainda muito reduzidos, nos anfíbios denotam desenvolvinento enco­rajador e nos répteis avançam em progresso mais vasto, confi­gurando já, com alguma perfeição, o aqueduto de Sylvius, apri­morando-se, com mais segurança, em semelhante fase, na forma espiritual, o centro coronário do psicossoma futuro, a refletir-se na glândula pineal, já razoavelmente plasmada em alguns lacer­tídeos, qual o rincocéfalo da Nova Zelândia, em que a epífise embrionária se prolonga até à região parietal, aí assumindo a feição de um olho com implementos característicos.
Zoólogos respeitáveis consideram o mencionado aparelho como sendo um globo ocular abandonado pela Natureza; contu­do, é aí que a epífise começa a consolidar-se, por fulcro energético de sensações sutis para a tradução e seleção dos estados mentais diversos, nos mecanismos da reflexão e do pensamento, da meditação e do discernimento, prenunciando as operações da mediunidade, consciente ou inconsciente, pelas quais Espíritos encarnados e desencarnados se consorciam, uns com os outros, na mesma faixa de vibrações, para as grandes criações da Ciên­cia e da Religião, da Cultura e da Arte, na jornada ascensional para Deus, quando não seja nas associações psíquicas de espé­cie inferior ou de natureza vulgar, em que as almas prisioneiras da provação ou da sombra se retratam reciprocamente.
GIRENCEFALIA E LISSENCEFALIA — Prossegue o crescimento dos hemisférios cerebrais nas aves, com significati­vas porções cerebelares, para encontrarmos, nos mamíferos, o encéfalo com apreciáveis dotações, apresentando circunvoluções nos girencéfalos e aumento expressivo na área do córtex.
Quanto mais se verticaliza a escalada, mais se reduz a percentagem volumétrica do cerebelo, enquanto que os hemisfé­rios cerebrais se dilatam; contudo, é preciso destacar que esse fenômeno de progressão, fundamentalmente, não se relaciona com a inteligência e nem esta é, a rigor, proporcional ao número de circunvoluções cerebrais, tanto que mamíferos, quais o coe­lho, o canguru, o ornitorrinco e até mesmo certos primatas, pos­suem cérebro lissencéfalo ou sem circunvoluções.
A girencefalia e a lissencefalia obedecem a tipificações traçadas pelos Orientadores Maiores, no extenso domínio dos vertebrados, preparando o cérebro humano com a estratificação de lentas e múltiplas experiências sobre a vasta classe dos seres vivos.
A maneira de crianças tenras, internadas em jardim-de-in­rancia para aprendizados rudimentares, animais nobres desen­carnados, a se destacarem dos núcleos de evolução fisiopsíquica em que se agrupam por simbiose, acolhem a intervenção de ins­trutores celestes, em regiões especiais, exercitando os centros nervosos.
FATOR DE FIXAÇÃO — Os neurônios nascem e se re­novam, milhões de vezes, no plano físico e no plano extrafísico, na estruturação de cérebros experimentais, com mais vivos e mais amplos ingredientes do corpo espiritual, quando em fun­ção nos tecidos físicos, até que se ergam em unidades morfoló­gicas definitivas do sistema nervoso.
Demonstrando formação especialíssima, porqüanto repro­duz mais profundamente a tessitura das células psicossomáticas, o neurônio é toda uma usina microscópica, constituído-se de um corpo celular com prolongamentos, apresentando o núcleo escassa cromatina e um nucléolo
Acha-se o núcleo cercado de protoplasnia em que há mi­tocôndrios neurofibrilas, aparelho de Golgi, melanina abundan­te e um pigmento ocre, estreitamente relacionado com o corpo espiritual, de função muito importante na vida do pensamento, aumentando consideravelmente na madureza e na velhice das criaturas, além de uma substância, invisível na célula em ativi­dade, a espalhar-se no citoplasma e nos dendritos fácilmente reconhecível por intermédio de corantes básicos, quando a cé­lula se encontra devidamente fixada; essa substância — a expres­sar-se nos chamados corpúsculos de Nissi, que podem sofrer a Cromatólise — representa alimento psíquico, haurindo pelo corpo espiritual no laboratório da vida cósmica, através da respiração, durante o repouso físico para a restauração das células fatigadas e insubstituíveis
Opigmento ocre que a ciência humana observa, sem maiores definições é conhecido no Mundo Espiritual como fa­tor de fixação, como que a encerrar a mente em si mesma, quando esta se distancia do movimento renovador em que a vida se exprime e avança, adensando-se ou rarefazendo-se ele, nos círculos humanos, conforme a atitude mental do Espírito na quota de tempo em que se lhe perdure a existência carnal.
REFLEXOS-TIPOS — Estabelecidos os centros nervosos, em que se entrosam as forças fisiopsicossomáticas os refle­xos-tipos são organizadas no reino animal, fixando-se o reflexo de flexão, que consta da flexão de um membro atacado na su­perfície por estímulos de variadas origens, o reflexo fásico que interessa a defesa própria na remoção de estímulos perniciosos o reflexo miotático a evidenciarse na contração de um músculo quando responde à extensão de suas fibras, os reflexos posturais diversos e os múltiplos reflexos segmentares e intersegmentares, com os arcos que lhes são característicos, tanto na parte afe­rente como na eferente, preparando-se o veículo fisiopsicossomático do porvir em suas reações nervosas fundamentais.
Através deles, O encéfalo, conservando consigo o centro coronário e o centro cerebral, registra excitações inúmeras, para que as faculdades de percepção e seleção, atenção e escolha se consolidem.
FORMAÇÃO DOS SENTIDOS — No corpo dos animais superiores, obra-prima de supervisão e construção dos Arquite­tos do Espírito, no transcurso dos séculos, a consciência fragmentária acrisola, então, os sentidos.
Findo longo período de trabalho, afirma-se o tato, por sentido cutâneo essencial, a espraiar-se por toda a pele. Esta se converte em superfície receptora, com variadas terminações nervosas que se salientam por extrema complexidade, desde as arborizações simples até os corpúsculos especializados que se localizam dentro da derme, utilizando células especiais, em co­municação incessante com o cérebro, para que as sensações tá­teis constantes possam defender os patrimônios da vida.
Adestrada a atenção, o animal na esfera física e na esfera extrafísica elabora, por atividades reflexas, várias substâncias que lhe excitam os centros receptivos, definindo os chamados sentidos químicos, a culminarem no olfato e no gosto.
No epitélio olfatório, as células basais, as de sustentação e as olfativas, sobre as glândulas de Bowman, que se encarregam de fornecer o muco necessário à discriminação dos elementos odoríferos, operam a seleção das propriedades aromáticas das substâncias, e, no dorso da língua, na epiglote, na face posterior da faringe como no véu do paladar, os corpúsculos gustativos, guardando as células epiteliais de sustentação e as células gusta­tivas, associados às pequenas glândulas salivares, fazem o re­gistro das substâncias destinadas à nutrição.
VISÃO E AUDIÇÃO — O sentido da vista, admiravel­mente fixado, passa a permitir a constituição das imagens dos objetos na retina, segundo um sistema dióptrico particular, aperfeiçoando-se as células receptoras da luz, cujo impulso nervoso alcança as vias ópticas, transportando as imagens captadas até àprofundez do cérebro, onde a mente incorpora as interpretações que lhe são próprias e analisa-as, plasmando observações para o arquivo da memória e da experiência.
E a audição, alicerçando-se em órgão complexo, consoli­da-se no ouvido interno (protegido pelo ouvido externo e pelo ouvido médio), em que o tubo coclear, a dividir-se em três compartimentos, vai encontrar as células evoluídas dos órgãos de Corti e as fibras nervosas do acústico encarregadas de transmitir as vibrações sonoras que atingem o ouvido médio, em estímulos nervosos, a saírem através do nervo auditivo na direção da men­te, que realiza a seleção dos valores atinentes às sensações de tom, intensidade e timbre, estabelecendo, em seu próprio favor, vasta rede de reflexos condicionados com expressão decisiva em seu desenvolvimento.
Sob a orientação das Inteligências Sublimes, cada sentido se instala em organização especial, formada de vários aparelhos e implementos. Também o cérebro integral se organiza em ló­bos diversos, com vasta margem de recursos para o futuro, quando a alma então nascente, em atividade instintiva na cons­trução de seu próprio veículo, se erigirá em consciência desper­ta com capacidade de utilizar as vantagens potenciais que a Di­vina Sabedoria lhe oferta.
MICROCOSMO PRODIGIOSO — Com o tempo, a Di­reção Espiritual da Vida consegue, enfim, organizar, com mais eficiência, o sistema nervoso autônomo, regulando e coordenando as funções das vísceras.
Estruturam-se desse modo, primorosamente, a inervação visceral aferente e eferente e os centros coordenadores, os siste­mas simpático e parassimpático e as fibras pré e pós-ganglionares de Langley, com os neurônios a edificarem vias eletromag­néticas de comunicação entre o governo espiritual e as provín­cias orgânicas.
Em todos os ângulos do cérebro, esse microcosmo prodigioso, células especiais permanecem sob o controle do espírito, assimilando - um os desejos e executando-lhe as ordens no auto­matismo que a evolução lhe confere.
Desde o grupo tectobulbar das fibras prê-ganglionares, saindo com os pares cranianos, tecidas com neurônios no me­sencéfalo, protuberância e bulbo e incluindo os núcleos supra-ópticos, paraventriculares e a parede anterior do infundíbulo, até o grupo sacro, com neurônios localizados na medula sacra, nervos especiais funcionam como estações emissoras e receptoras, ma­nipulando a energia mental, projetada ou recolhida pela mente, em ação constante, nos domínios da sensação e da idéia, em co­nexões e trajetos que a ciência do homem mal começa a perceber, atuando nos demais centros do corpo espiritual e nas zonas fisiológicas que os configuram no veículo somático, através de circuitos reflexos.
No diencéfalo, campo essencialmente sensitivo e vegeta­tivo, parte das mais primitivas do sistema nervoso central, o centro coronário, por fulcro luminoso, entrosa-Se com o centro cerebral, a exprimir-se no córtex e em todos os mecaniSmos do mundo cerebral, e, dessa junção de forças, o espírito encontra no cérebro o gabinete de comando das energias que o servem, como aparelho de expressão dos seus sentimentos e pensamen­tos, com os quais, no regime de responsabilidade e de auto-es­colha, plasmará, no espaço e no tempo, o seu próprio caminho de ascensão para Deus.

Uberaba, 12/2/58.­
10
Palavra e responsabilidade

LINGUAGEM ANIMAL — Aperfeiçoando as engrena­gens do cérebro, o princípio inteligente sentiu a necessidade de comunicação com os semelhantes e, para isso, a linguagem surgiu entre os animais, sob o patrocínio dos Gênios VenerAveis que nos presidem a existência.
De início, o fonema e a mímica foram os processos indis­pensáveis ao intercâmbio de impressões ou para o serviço de defesa, como, por exemplo, o silvo de vários répteis, o coaxar dos batráquios, as manifestações sonoras das aves e o mimetis­mo de alguns insetos e vertebrados, a se modificarem subita­mente de cor, preservando-se contra o perigo.
Contudo, à medida que se lhe acentuava a evolução, a consciência fragmentária investia-se na posse de mais amplos recursos.
Olobo grita pelos companheiros na sombra noturna, o gato encolerizado mostra fúria característica, miando raivosamente, o cavalo relincha de maneira particular, expressando ale­gria ou contrariedade, a galinha emite inteijeições adequadas para anunciar a postura, acomodar a prole, alimentar os pinti­nhos ou rogar socorro quando assustada, e o cão é quase huma­no, em seus gestos de contentamento e em seus ganidos de dor.
INTERVENÇÕES ESPIRiTUAIS — É assim que, atin­gindo os alicerces da Humanidade, o corpo espiritual do homem infraprimitivo demora-se longo tempo em regiões espaciais próprias, sob a assistência dos Instrutores do Espírito, recebendo intervenções sutis nos petrechos da fonação para que a palavra articulada pudesse assinalar novo ciclo de progresso.
O laringe, situado acima da traquéia e adiante da faringe, consubstanciado num esqueleto cartilaginoso, urdido em fibras e ligamentos, com uma seleta de pequenos músculos, sofre, nas mãos sábias dos Condutores Espirituais, à maneira de um órgão precioso entre os dedos de cirurgiões exímios no serviço de plástica, delicadas operações no curso dos séculos, para que os músculos mencionados se façam simétricos e para que se vincu­lem, tão destros quanto possível, à produção fisiológica da voz.
Em sua contextura interna aglutina-se uma mucosa ciliada que se destina ao trabalho de lançamento do som e que verte pe­los estreitamentos, transformando-se em pavimentosa-estratifi­cada na borda livre das cordas vocais verdadeiras.
Fora da ação das cordas vocais, o laringe revela no pesco­ço movimentos de ascensão e descensão, elevando-se na expira­ção e na deglutição e baixando na inspiração, na sucção e no bocejar, salientando-se no corpo qual perfeito instrumento de efeitos musicais.
MECANISMO DA PALAVRA — Com o extremo cari­nho de vagarosa confecção, os Técnicos da Espiritualidade Su­perior compõem a cartilagem situada em plano inferior, a cricóide, que representa um anel modificado da traquéia, susten­tando uma placa na parte posterior, sobre a qual, no bordo supe­rior e de ambos os lados da linha média, se apóiam as duas ari­tenóides, que se permitem, assim, a conjunção ou o afastamento entre si. Cada uma possui na base uma apófise: a interna, vocal, em que está inserida a parte posterior da corda vocal verdadeira do mesmo lado, e a outra, que é externa, muscular. Com a mes­ma habilidade, os Técnicos tecem a cartilagem localizada na re­gião anterior ou cartilagem tireóide, a destacar-se sob a pele no chamado Pomo-de-Adão, em suas lâminas verticais que se con­jugam na linha mediana, traçando um ângulo diedro que se vol­ta para a retaguarda e onde se fixam as cordas vocais verdadei­ras, cartilagem essa que, por baixo, se une com o anel da cricói­de, e, por cima, com o osso hióide, através de membranas e li­gamentos, o qual fornece apoio para a implantação do laringe.
Acima das cordas vocais verdadeiras, surgem as cordas vocais falsas a limitarem com a parede os ventrículos laterais de Morgagni.
Todos os músculos que garantem o movimento das cor­das são pares, exceto o ari-aritenóideo, assegurando as funções da glote vocal e formando, com avançado primor de previsão e eficiência, a abóbada de precioso condicionamento, onde a pres­são do ar pode fazer-se com segurança para separar as cordas vocais em serviço.
LINGUAGEM CONVENCIONAL — Aprende então o homem, com o amparo dos Sábios Tutores que o inspiram, a constituição mecânica das palavras, provindo da mente a força com que aciona os implementos da voz, gerando vibrações nos músculos torácicos, incluindo os pulmões e a traquéia como num fole, e fazendo ressoar o som no laringe e na boca, que ex­primem também cavidades supraglóticas, para a criação, enfim, da linguagem convencional, com que reforça a linguagem mí­mica e primitiva, por ele adquirida na longa viagem através do reino animal.
A esse modo natural de exprimir-se por gestos e atitudes silenciosos, em que derrama as suas forças acumuladas de afeti­vidade e satisfação, desagrado ou rancor, em descargas fluídico-eletromagnéticas de natureza construtiva ou destrutiva, superpõe a criatura humana os valores do verbo articulado, com que acriso­la as manifestações mais Íntimas, habilitando-se a recolher, por intermédio de sinalética especial na escala dos sons, a experiên­cia dos irmãos que caminham na vanguarda e aprendendo a educar-se para merecer esse tipo de assistência que lhe outorga­rá o estado de alegria maior, ante as perspectivas da cultura com que a vida lhe responde às indagações.
PENSAMENTO CONTÍNUO — Com o exercício inces­sante e fácil da palavra, a energia mental do homem primitivo encontra insopitável desenvolvimento, por adquirir gradativa­mente a mobilidade e a elasticidade imprescindíveis à expansão do pensamento que, então paulatinamente, se dilata, estabele­cendo no mundo tribal todo um oceano de energia sutil, em que as consciências encarnadas e desencarnadas se refletem, sem di­ficuldade, umas às outras.
Valendo-se dessa instituição de permuta constante, as In teligências Divinas dosam os recursos da influência e da suges­tão e convidam o Espírito terrestre ao justo despertamento na responsabilidade com que lhe cabe conduzir a própria jornada...
Pela compreensão progressiva entre as criaturas, por in­termédio da palavra que assegura o pronto intercâmbio, funda­menta-se no cérebro o pensamento contínuo e, por semelhante maravilha da alma, as idéias-relâmpagos ou as idéias-fragmen­tos da crisálida de consciência, no reino animal, se transformam em conceitos e inquirições, traduzindo desejos e idéias de alen­tada substância íntima.
Começando a fixar o pensamento em si mesmo, fatigan­do-se para concatená-lo e exprimi-lo, confiou-se o homem a novo tipo de repouso — a meditação compulsória, ante os pro­blemas da própria vida —, passando a exteriorizar, inconscien­temente, as próprias idéias e, com isso, a desprender-se do carro denso de carne, desligando as células de seu corpo espiritual das células físicas, durante o sono comum, para receber, em atitude passiva ou de curta movimentação, junto do próprio corpo ador­mecido, a visita dos Benfeitores Espirituais que o instruem so­bre as questões morais.
O continuísmo da idéia consciente acende a luz da memó­ria sobre o pedestal do automatismo.
LUTA EVOLUTIVA — Entre a alma que pergunta, a existência que se expande, a ansiedade que se agrava e o Espíri­to que responde ao Espírito, no campo da intuição pura, esboça-se imensa luta.
O homem que lascava a pedra e que se escondia na furna, escravizando os elementos com a violência da fera e matando indiscriminadamente para viver, instado pelos Instrutores Ami­gos que lhe amparam a senda, passou a indagar sobre a causa das coisas... Constrangido a aceitar os princípios de renovação e progresso, refugia-se no amor-egoísmo, na intimidade da prole, que lhe entretém o campo íntimo, ajudando-o a pensar.
Observa-se tocado por estranha metamorfose.
Vê, instintivamente, que não mais se poderia guiar pela excitabilidade dos seus tecidos orgânicos ou pelos apetites fu­riosos herdados dos animais...
Desligado lentamente dos laços mais fortes que o pren­diam às Inteligências Divinas, a lhe tutelarem o desenvolvimen to, para que se lhe afirmem as diretrizes próprias, sente-se sozi­nho, esmagado pela grandeza do Universo.
A idéia moral da vida começa a ocupar-lhe o crânio.
O Sol propicia-lhe a concepção de um Criador, oculto no seio invisível da Natureza, e a noite povoa-lhe a alma de Visões nebulosas e pesadelos imaginários, dando-lhe a idéia do comba­te incessante em que a treva e a luz se digladiam.
Abraça os filhinhos com enternecimento feroz, buscando a solidariedade possível dos semelhantes na selva que o desafia.
Mentaliza a constituição da família e padece na defesa do lar.
Os porquês a lhe nascerem fragmentários, no íntimo, in­suflam-lhe aflição e temor.
Percebe que não mais pode obedecer cegamente aos im­pulsos da Natureza, ao modo dos animais que lhe comungam a paisagem, mas sim que lhe cabe agora o dever de superar-lhes os mecanismos, como quem ve no mundo em que vive a própria moradia, cuja ordem lhe requisita apoio e cooperação.
NASCIMENTO DA RESPONSABILIDADE — A idéia de Deus iniciando a religião, a indagação prenunciando a Filo­sofia, a experimentação anunciando a Ciência, o instinto de solidariedade prefigurando o amor puro, e a sede de conforto e be­leza inspirando o nascimento das indústrias e das artes, eram pensamentos nebulosos torturando-lhe a cabeça e inflamando-­lhe o Sentimento.
Nesse concerto de forças, a morte passou a impor-lhe an­gustiosas perquiriçoes e, enterrando os seus entes amados em sepulcros de pedra, o homem rude, a iniciar-se na evolução de natureza moral, perdido na desértica vastidão do paleolítico, aprendeu a chorar, amando e perguntando para ajustar-se às Leis Divinas a se lhe esculpirem na face imortal e invisível da própria COnSciência.
Foi, então, que, em se reconhecendo ínfimo e frágil diante da vida, compreendeu que, perante Deus, seu Criador e seu Pai, estava entregue a si mesmo.
O Princípio da responsabilidade havia nascido.

Pedro Leopoldo, 16/2/58.
11
Existência da alma

EVOLUÇÃO MORFOLÓGICA E MORAL — A evolu­ção morfológica prosseguiu, emparelhando-se com a evolução moral.
O crânio avançou, com vagar, no rumo de aprimoramento maior, os braços refinavam-se, as mãos adquiriam excelência táctil não sonhada, e os sentidos, todos eles, progrediam em acrisolamento e percepção.
Todavia, com o advento da responsabilidade que o sepa­rara da orientação direta dos Benfeitores da Vida Maior, entre­gou-se o homem a múltiplos tentames de progresso no campo do espírito.
No regime interior de livre indagação, conferia asas auda­ciosas ao pensamento, e, com isso, mais se lhe acentuava o po­der de imaginar, facilitando-se-lhe a mentalização e o despren­dimento do corpo espiritual, cujas células em conexão com as células do corpo físico se automatizavam assim, na emancipa­ção parcial, através do sono, para acesso da alma a ensinamen­tos de estrutura superior.
Guarda a criatura humana, então, consigo, na tessitura dos próprios órgãos, a herança dos milhões de estágios diferentes, os reinos inferiores, e, no fundo, sente-se inclinada a viver no plano dos outros mamíferos que lhe respiram a vizinhança, com o instinto absoluto dominando sem restrições; no entanto, com a evolução irreversível, o amor agigantou-se-lhe no ser, sugerin­do-lhe novas disposições à própria existência.
NOÇÃO DO DIREITO — Em razão do apego aos reben­tos da própria carne, institw a propriedade da faixa de solo em que se lhe encrava a moradia e, atendendo a essa mesma raiz de afetividade, traça a si próprio determinadas regras de conduta, para que não imponha aos semelhantes ofensas e prejuízos que não deseja receber.
Acontece, assim, o inesperado.
O homem selvático que não pretende abandonar os apeti­tes e prazeres da experiência animal, fabrica para si mesmo os freios que lhe controlarão a liberdade, a fim de que se lhe eno­breça o caráter iniciante.
Estabelecendo a posse tirânica em tudo o que julga seu, desiste de aproveitar o que pertence ao vizinho, sob pena de ex­por-se a penalidades cruéis.
Nasce, desse modo, para ele a noção do direito sobre o alicerce das obrigações respeitadas.
CONSCIÊNCIA DESPERTA — É assim que ele trans­formado interpreta, sob novo prisma, a importância de sua pre­sença na Terra.
Não mais lhe seduzem a despreocupação e o nomadis­mo, assim como para o homem adulto é já passado o ciclo da infância.
Sabe agora que o berço carnal se reveste de significação mais profunda.
Compreende, a pouco e pouco, que a vida lhe registra as contas pessoais, porqüanto aprende que pode negar o braço ao companheiro necessitado de apoio, sabendo, porém, que o companheiro poderá recusar-lhe o seu, no momento em que o dese­quilíbrio lhe bata à porta.
Reconhece que dispõe de liberdade para matar o desafeto, mas não ignora que o desafeto, a seu turno, pode igualmente ex­terminar-lhe o corpo ou amargar-lhe o caminho.
Percebe que os seus gestos e atitudes, para com os outros, criam nos outros atitudes e gestos semelhantes para com ele.
Com esse novo cabedal de observação, revela-se-lhe a vida mental mais surpreendente e mais rica e, por essa mais intensa vida íntima, retrata com relativa segurança as idéias dos Espíritos Abnegados que lhe custodiam a rota.
Desde então, não guarda a existência circunscrita à romagem berço-túmulo, por alongá-la, do ponto de vista de causa e efeito, para além do sepulcro em que se lhe guarda o invólucro anulado ou imprestável.
Incorporando a responsabilidade, a consciência vibra des­perta e, pela consciência desperta, os princípios de ação e rea­ção funcionam, exatos, dentro do próprio ser, assegurando-se a liberdade de escolha e impondo-lhe, mecanicamente os resulta­dos respectivos, tanto na esfera física quanto no Mundo Espiri­tual.
A LARVA E A CRIANÇA — Nesse sentido, importa lembrar aqui, com as diferenças justas, o símile que a vida assi­nala entre as alterações da existência para a alma humana e para os insetos de metamorfose integral.
A larva que se afasta do ovo ingressa em novo período de desenvolvimento, que pode perdurar por muito tempo, como ocorre entre os efemerídeos, mostrando, no começo, a membrana do corpo ainda amolecida e conservando no tubo digestivo os remanescentes de gema da fase embrionária, para iniciar, depois da excreção, os processos de alimentação e digestão.
A criança recém-nata retira-se do útero e entra em nova fase de evolução, que se firma através de alguns anos. A princí­pio, tenra e frágil, retém na própria organização os recursos sangüíneos que lhes foram doados, por manutenção endosmótica, no organismo materno, para, somente depois, eliminar, quanto lhe seja possível, esses mesmos recursos, gerando os que lhe são próprios.
Avançando na execução dos programas traçados para a sua existência, a larva cresce e recorre a matérias nutritivas que lhe garantam o aumento do corpo e, conforme a espécie, promo­ve por si mesma a mudança de pele, indispensável ao condicio­namento de seu próprio volume.
Satisfazendo os imperativos da própria vida, a criança se desenvolve, tornando o alimento preciso àexpansão de sua máquina orgânica, passando a realizar por si, isto é, ao comando da mente, a renovação celu­lar dos tecidos e órgãos que lhe constituem o campo somático, de maneira a que se lhe ajuste a forma física aos moldes do corpo espiritual.
METAMORFOSE DO INSETO — A larva dos insetos de transformação completa experimenta vários períodos de re­novação para atingir a condição de adulto, embora permaneça com o mesmo aspecto, porqüanto apenas depois da derradeira mudança de pele é que se torna pupa.
Em semelhante estAgio, acusa progressiva diminuição de atividade, até que não mais suporte a alimentação.
Esvaziam-se-lhe os intestinos e paralisam-se-lhe os movimentos.
A larva protege-se, então, no solo ou na planta, preparan­do a própria liberação.
Permanece, assim, imóvel, e não se alimenta do ponto de vista fisiológico, encrisalidando-se, segundo a espécie, em fios de seda por ela própria constituídos com a secreção das glându­las salivares, agregados a pequeninos tratos de terra ou a tecidos vegetais, formando, desse modo, o casulo em que repousa, du­rante certo tempo, fixado em alguns dias e até meses.
Na posição de pupa, ao impacto das vibrações de sua pró­pria organização psicossomática, sofre essencial modificação em seu organismo, modificação que, no fundo, equivale a ver­dadeiro aniquilamento ou histólise, ao mesmo tempo que elabo­ra órgãos novos pelo fenômeno da histogênese, valendo-se dos tecidos que perduraram.
A histólise, que se efetua por ação dos fermentos, verifi­ca-se notadamente nos músculos, no aparelho digestivo e nos tubos de Malpighi, com reduzida atuação no sistema nervoso e circulatório.
Pela histogênese, os remanescentes dos músculos estria­dos desfazem-se das características que lhes são próprias, per­dendo, gradativamente, a sua estriação, até que se convertam, qual se obedecessem a processo involutivo, em células embrio­nárias fusiformes, com um núcleo exclusivo, ou mioblastos, que se dividem por segmentação, plasmando novos elementos es­triados para a configuração dos órgãos típicos.
Somente então, quando as ocorrências da metamorfose se realizam, é que o inseto, integralmente renovado, abandona o casulo, revelando-se por falena leve e ágil, com o sistema bucal transformado, como acontece na borboleta de tipo sugador, na qual as maxilas se alongam, convertendo-se numa trompa, en­quanto que o lábio superior e as mandíbulas se atrofiam.
Entretanto, embora magnificentemente modificada, a bor­boleta alada e multicor éo mesmo indivíduo, somando em si as experiências dos três aspectos fundamentais de sua existência de larva-ninfa-inseto adulto.
“HISTOGÊNESE ESPIRITUAL” — Assim também, a criatura humana, depois do período infantil, atravessa expressi­vas etapas de renovação interior, até alcançar a madureza corpó­rea, não obstante apresenta-se com a mesma forma exterior, porqüanto somente após o esgotamento da força vital no curso da vida, através da senectude ou da caquexia por intervenção da enfermidade, é que se habilita à transformação mais profunda.
Nesse período característico da caducidade celular ou da moléstia irreversível, demonstra gradativa diminuição de ativi­dade, não mais tolerando a alimentação.
Pouco a pouco, declinam as suas atividades fisiológicas e a inércia substitui-lhe os movimentos.
Protege-se, desde então, no repouso horizontal em decú­bito, quase sempre no leito, preparando o trabalho liberatório.
Chega, assim, o momento em que se imobiliza na cadaverização, mumificando­-se à feição da crisálida, mas envolvendo-se no imo do ser com os fios dos próprios pensamentos, conser­vando-se nesse casulo de forças mentais, tecido com as suas próprias idéias reflexas dominantes ou secreções de sua própria mente, durante um período que pode variar entre minutos, ho­ras, dias, meses ou decênios.
No ciclo de cadaverização da forma somática, sob o go­verno dinâmico de seu corpo espiritual, padece extremas altera­ções que, na essência, correspondem à histólise das células físicas, ao mesmo tempo que elabora órgãos novos pelo fenômeno que podemos nomear, por falta de termo equivalente, como sen­do histogênese espiritual, aproveitando os elementos vivos, desagregados do tecido citoplasmático, e que se mantinham até então, ligados à colmeia fisiológica entregue ao desequilíbrio ou à decomposição.
A histólise ou processo destrutivo na desencarnação re­sulta da ação dos catalisadores químicos e de Outros recursos do mundo orgânico que, alentados em níveis de degenerescéncia, operam a mortificação dos tecidos e, do ponto de vista do corpo espiritual, afetam principalmente a morfologia dos músculos e os aparelhos da nutrição, com escassa influência sobre os siste­mas nervoso e circulatório.
Pela histogênese espiritual, os tecidos citoplasmáticos se desvencilham em definitivo de alguns dos característicos que lhes são próprios, voltando temporariamente, qual se atendessem a processo involutivo, à condição de células embrionárias multiformes que se dividem, através da cariocinese, plasmando, em novas condições, a forma do corpo espiritual, segundo o tipo imposto pela mente.
DESENCARNAÇÃO DO ESPÍRITO — Apenas aí, quando os acontecimentos da morte se realizam, é que a criatura humana desencarnada, plenamente renovada em si mesma, abandona o veículo carnal a que se jungia; contudo, muitas ve­zes íntimamente aprisionada ao casulo dos seus pensamentos dominantes, quando não trabalhou para renovar-se, nos recessos do espírito, passa a revelar-se em novo peso específico, segundo a densidade da vida mental em que se gradua, dispondo de no­vos elementos com que atender à própria alimentação, equiva­lentes às trompas fluídico-magnéticas de sucção, embora sem perder de modo algum o aparelho bucal que nos é característico, salientando-se, aliás, que semelhantes trompas ou antenas de matéria sutil estão patentes nas criaturas encarnadas, a se lhes expressarem na aura comum, como radículas alongadas de es­sência dinâmica, exteriorizando-lhes as radiações específicas, trompas ou antenas essas pelas quais assimilamos ou repelimos as emanações das coisas e dos seres que nos cercam, tanto quanto as irradiações de nós mesmos, uns para com os outros.
CONTINUAÇÃO DA EXISTENCIA — Metamorfosea­da, pois, não obstante o fenômeno da desencarnação, a persona­lidade humana continua, além-túmulo, o estágio educativo que iniciou no berço, sem perder a própria identidade, somando consigo as experiências da vida carnal, da desencarnação e da metamorfose no plano extrafísico.
Perceberemos, desse modo, que a existência da criatura, na reencarnação, substancializa-se não apenas na Terra, onde atende à plantação dos sentimentos, palavras, atitudes e ações com que se caracteriza, mas também no Mundo Espiritual, onde incorpora a si mesma a colheita da sementeira praticada no campo físico, pelo desdobramento do aprendizado com que en­tesoura as experiências necessárias à sublime ascensão a que se destina.

Uberaba, 5/3/58.
12
Alma e desencarnação

METAMORFOSE E DESENCARNAÇÃO — Graduan­do os acontecimentos da desencarnação, é importante recorrer ainda ao mundo dos insetos para lembrar que, se existem aque­les de metamorfose total, existem os de metamorfose incomple­ta, os hemimetibolos, cuja larva sai do ovo e se converte ime­diatamente num indivíduo, sem passar pela fase pupal, à feição dos malófagos, desprovidos de asas, embora possuam aparelho bucal triturador.
Apresentando características singulares, no capítulo da transfiguração, em todas as ordens nas quais se subdividem, os insetos, de algum modo, exprimem, no desenvolvimento da me­tamorfose que lhes marca a existência, a escala de fenômenos que vige para a desencarnação dos seres de natureza superior.
Em relação ao homem, os mamíferos que se ligam a nós outros por extremos laços de parentesco, em se desencarnando, agregam-se aos ninhos em que se lhes desenvolvem os companheiros e, qual ocorre entre os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se escalonam, não possuem pensamen­to contínuo para a obtenção de meios destinados à manutenção de nova forma.
Encontram-se, desse modo, aquém da histogênese espiri­tual, inabilitados a mais amplo equilíbrio que lhes asseguraria ascensão a novo plano de consciência.
Em razão disso, efetuada a histólise dos tecidos celulares, nos sucessos recônditos da morte física, dilata-se-lhes o período de vida latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras espécies, se demoram por tempo curto, incapazes de manobrar os órgãos do aparelho psicossomático que lhes é característico, por ausência de substância mental consciente.
Quando não se fazem aproveitados na Espiritualidade, em serviço ao qual se filiam durante certa quota de tempo, caem, quase sempre de imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia, semelhante à hibernação, acabando automa­ticamente atraídos para o campo genésico das famílias a que se ajustam, retomando o organismo com que se confiarão a nova etapa de experiência, com os ascendentes do automatismo e do instinto que já se lhes fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço hipotecável aos valores decisivos da evolução.
ALÉM DA HISTOGÊNESE — Através desse movimen­to incessante da palingenesia universal o princípio inteligente incorpora a experiência que lhe é necessária, estagiando no pla­no físico e no plano extrafísico, recolhendo, como é justo, a orientação e o influxo das Inteligências Superiores em sua mar­cha laboriosa para mais elevadas aquisições.
Pouco acima dessas mesmas bases, vamos encontrar o ho­mem infraprimitivo, na nisticidade da forma em que se esconde, surpreendido no fenômeno da morte, ante a glória da vida, como criança tenra e deslumbrada à frente de paisagem maravi­lhosa, cuja grandeza, nem de leve, pode ainda compreender.
O pensamento constante ofereceu-lhe a precisa estabilida­de para a metamorfose completa.
Pela persistência e consistência das idéias, adquiriu o po­der de integrar-se mentalmente, para além da histogênese, em seu corpo espiritual, arrebatando-o, com a alavanca da própria vontade que a indagação e o trabalho enriqueceram, para novo estado individual.
Acariciada pelo bafejo edificante dos Condutores Divinos que lhe acalentam a marcha, a criatura humana dorme o sono da morte, mumificando-se na cadaverização, como acontece à pupa.
E segregando substâncias mentais, à base de impulsos re­novadores, tanto quanto certas crisálidas que segregam um líquido especial que lhes facilita a saída do próprio casulo, a alma que desencarna, findo o processo histolítico das células que lhe construiam o carro biológico, e fortificado o campo mental em que se lhe enovelaram os novos anseios e as novas disposições, logra desvencilhar-se, mecanicamente, dos órgãos fí­sicos, agora imprestáveis, realizando, por avançado automat­ismo, o trabalho histogenético pelo qual desliga as células sutis do seu veículo espiritual dos remanescentes celulares do veículo físico arrojado à queda irreversível, agindo agora com a eficiência e a segurança que as longas e reiteradas re­capitulações lhe conferiram.
O SELVAGEM DESENCARNADO — Entretanto, o ho­mem selvagem, que se reconhece dominador na hierarquia ani­mal, cruel habitante da floresta, que apura a inteligência, através da força e da astúcia, na escravização dos seres inferiores que se lhe avizinham da caverna, desperta, fora do corpo denso, qual menino aterrado, que, em se sentindo incapaz da separação para arrostar o desconhecido, permanece, tímido, ao pé dos seus, em cuja companhia passa a viver, noutras condições vibratórias, em processos multifários de simbiose, ansioso por retomar a vida física que lhe surge à imaginação como sendo a única abordável à própria mente.
Não dispõe, nessa fase, de suprimento espiritual que o ajude a pensar em termos diferentes da vida tribal em que se apóia.
O espetáculo da vastidão cósmica perturba-lhe o olhar e a visita de seres extraterrestres, mesmo benevolentes e sábios, in­funde-lhe pavor, crendo-se à frente de deuses bons ou maus, cuja natureza ele próprio se incumbe de fantasiar, na exigüidade das próprias concepções.
Acuado na choça, onde a morte lhe furtou o veículo físi­co, respira a atmosfera morna em que se acasalam os seus her­deiros do sangue, para somente ausentar-se do reduto doméstico quando a família se afasta, instada por duras necessidades de subsistência e de asilo.
E o homem primitivo que desencarnou, suspirando pelo devotamento dos pais e, notadamente, pelo carinho do colo materno, expulso do vaso fisiológico, não tem outro pensamento senão voltar — voltar ao convívio revitalizan­te daqueles que lhe usam a linguagem e lhe comungam os interesses.
MONOIDEÍSMO E REENCARNAÇÃO — Ressurgir na própria taba e renascer na carne, cujas exalações lhe magneti­zam a alma, constituem aspiração incessante do selvagem desencarnado.
Estabelece-se nele o monoideísmo pelo qual os outros de­sejos se lhe esmaecem no íntimo.
Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos do corpo es­piritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se voltam, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmos, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo.
Em tais circunstâncias, se o monoideísmo é somente re­versível através da reencarnação, a criatura humana desencarna­da, mantida a justa distância, lembra as bactérias que se transformam em esporos quando as condições de meio se lhes apre­sentam inadequadas, tornando-se imóveis e resistindo admira­velmente ao frio e ao calor, durante anos, para regressarem ao ciclo de evolução que lhes é peculiar, tão logo se identifiquem, de novo, em ambiente propício.
Sentindo-se em clima adverso ao seu modo de ser, o ho­mem primitivo, desenfaixado do envoltório físico, recusa-se ao movimento na esfera extrafísica, submergindo-se lentamente, na atrofia das células que lhe tecem o corpo espiritual, por mo­noideísnw auto-hipnotizante, provocado pelo pensamento fixo-depressivo que lhe define o anseio de retorno ao abrigo fisiológico.
Nesse período, afirmamos habitualmente que o desencar­nado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóide (7), o que ocorre, aliás, a inúmeros desencarnados outros, em situação de desequilíbrio, cabendo-nos notar que essa forma, segundo a nossa maneira atual de percepção, ex­pressa o corpo mental da individualidade, a encerrar consigo, conforme os princípios ontogenéticos da Criação Divina, todos os órgãos virtuais de exteriorização da alma, nos círculos terrestres

(7) Ver no livro “Libertação”, do mesmo Autor espiritual, recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, capítulos 6º e 7º, páginass 84 e se­guintes, observações sobre estas formas ovóides. — (Nota da Editora.)

e espirituais, assim como o ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã, ou como a semente mi­núscula, que conserva nos tecidos embrionários a árvore vigorosa em que se transformará no porvir.
FORMA CARNAL — Todavia, assim como o germe para desenvolverse no ovo precisa aquecer-se ao calor da ave que o acolha maternalmente ou do ambiente térmico apropriado, no recinto da chocadeira, e assim como a semen­te, para liberar os princípios germinativos do vegetal gigan­tesco em que se converterg, não prescinde do berço tépido no solo, os Espíritos desencarnados, sequiosos de reintegração no mundo físico, necessitam do vaso genésico da mulher que com eles se harmoniza, nas linhas da afinidade e, conseqüentemente, da herança, vaso esse a que se aglutinam, mecanicamente, e onde, conforme as leis da reencarnação operam em alguns dias todas as ocorrências de sua evolução nos reinos inferiores da Natureza
Assimilando recursos orgânicos com o auxílio da célu­la feminina, fecundada e fundamentalmente marcada pelo gene paterno, a mente elabora, por si mesma, novo veículo fisiopsicossomátíco, atraindo para os seus moldes ocultos as células físicas a se reproduzirem por cariocinese, de confor­midade com a Orientação que lhes é imposta, isto é, refletin­do as condições em que ela, a mente desencarnada, se encon­tra.
Plasma-se-lhe, desse modo, com a nova forma carnal, novo veículo ao Espírito, que se refaz ou se reconstitui em for­mação recente, entretecido de células sutis, veículo este que evoluirá igualmente depois do berço e que persistirá depois do túmulo.
DESENCARNAÇÃO NATURAL — Por milênios con­secutivos o homem ensaia a desencarnação natural, progredindo vagarosamente em graus de consciência, após a decomposição do corpo somático.
Recordando as anteriores comparações com o domínio dos insetos, a matriz uterina oferece-lhe novas formas e, assim como a larva se alimenta, assegurando a esperada metamorfose, a alma avança em experiência, enquanto no corpo carnal, adqui­­rindo méritos ou deméritos, segundo a própria conduta, e entre­gando-se em seguida, no fenômeno da morte ou histólise do in­vólucro de matéria física, à pausa imprescindível nas próprias atividades ou hiato de refazimento, que pode ser longo ou rápi­do, para ressurgir, pela histogênese espiritual, senhoreando no­vos órgãos e implementos necessários ao seu novo campo de ação, demorando-se nele, à medida dos conhecimentos conquis­tados na romagem humana.
E assim que a consciência nascente do homem pratica as lições da vida, no plano espiritual, pela desencarnação ou libertação da alma, como praticou essas mesmas lições da vida no plano físico, pelo renascimento ou internação do ele­mento espiritual na matéria densa, evoluindo, degrau a de­grau, desde a excitabilidade rudimentar das bactérias até o automatismo perfeito dos animais superiores em que se baseia o domínio da inteligência.
REVISÃO DAS EXPERIÊNCIAS — De liberação a libe­ração, na ocorrência da morte, a criatura começa a familiarizar-se com a esfera extrafísica.
Assim como recapitula, nos primeiros dias da existência intra-uterina, no processo reencarnatório, todos os lances de sua evolução filogenética, a consciência examina em retrospecto de minutos ou de longas horas, ao integrar-se definitivamente em seu corpo sutil, pela histogênese espiritual, durante o coma ou a cadaverização do veículo físico, todos os acontecimentos da própria vida, nos prodígios de memória, a que se referem os de­sencarnados quando descrevem para os homens a grande passa­gem para o sepulcro.
É que a mente, no limiar da recomposição de seu próprio veículo, seja no renascimento biológico ou na desencarnação, revisa automaticamente e de modo rápido todas as experiências por ela própria vividas, imprimindo magneticamente às células, que se desdobrarão em unidades físicas e psicossomáticas, no corpo físico e no corpo espiritual, as diretrizes a que estarão su­jeitas, dentro do novo ciclo de evolução em que ingressam.
Acresce lembrar, ainda, como nota confirmativa de nossas asserções, que, esporadicamente, encarnados saídos ilesos de grandes perigos como acidentes e suicídios frustra­dos, relatam semelhante fenômeno de revisão das próprias experiências, também chamado visão panorâmica e síntese mental.
LEI DE CAUSA E EFEITO — Encetando, pois, a sua iniciação no plano espiritual, de consciência desperta e respon­sável, o homem começa a penetrar na essência da lei de causa e efeito, encontrando em si mesmo os resultados enobrecedores ou deprimentes das próprias ações.
Quando dilacerado e desditoso, grita a própria aflição, ao longo dos largos continentes do Espaço Cósmico, reunindo-se a outros culpados do mesmo jaez, com os quais permuta os qua­dros inquietantes da imaginação em desvario, tecendo, com o plasma sutil do pensamento contínuo e atormentado, as telas in­fernais em que as conseqüências de suas faltas se desenvolvem, mediante as profundas e estranhas fecundações de loucura e so­frimento que antecedem as reencarnações reparadoras; contudo, é também aí que começa, sobrepairando o inferno e o purgató­rio do remorso e da crueldade, da rebelião e da delinqüência, o sublime apostolado dos seres que se colocam em harmonia com as Leis Divinas, almas elevadas e heróicas que, em se agrupan­do íntimamente, tocadas de compaixão pelos laços que deixa­ram no mundo físico, iniciam, com a inspiração das Potências Angélicas, o serviço de abnegação e renúncia, com que a glória e a divindade do amor edificam o império do Sumo Bem, no chamado Céu, de onde vertem mais ampla luz sobre a noite dos homens.

Pedro Leopoldo, 9/3/58.
13
Alma e fluídos

FLUÍDOS EM GERAL — A consciência que aprendera a realizar complexas transubstanciações de força nas diversas li­nhas da Natureza, em se adaptando aos continentes da esfera extrafísica, passa a manobrar com os fenômenos de mentação e reflexão, de que o pensamento é a base fundamental.
Definimos o fluído, dessa ou daquela procedência, como sendo um corpo cujas moléculas cedem invariavelmente à míni­ma pressão, movendo-se entre si, quando retidas por um agente de contenção, ou separando-se, quando entregues a si mesmas.
Temos, assim, os fluídos líquidos, elásticos ou aeriformes e os outrora chamados fluídos imponderáveis, tidos como agen­tes dos fenômenos luminosos, caloríficos e outros mais.
FLUÍDO ViVO — No plano espiritual, o homem desen­carnado vai lidar, mais diretamente, com um fluído vivo e mul­tiforme, estuante e inestancável, a nascer-lhe da própria alma, de vez que podemos defini-lo, até certo ponto, por subproduto do fluído cósmico, absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante à respiração, pelo qual a criatura assimila a força emanante do Criador, esparsa em todo o Cosmo, transubs­tanciando-a, sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si mesma.
Esse fluído é o seu próprio pensamento contínuo, gerando potenciais energéticos com que não havia sonhado.
Decerto que na esfera nova de ação, a que se vê arrebatado pela morte, encontra a matéria conhecida no mundo, em nova escala vibratória.
Elementos atômicos mais complicados e sutis, aquém do hidrogênio e além do urânio, em forma diversa daquela em que se caracterizam na gleba planetária, engrandecem-lhe a série es­tequiogenética.
O solo do mundo espiritual, estruturado com semelhantes recursos, todos eles miando na quintessência, corresponde ao peso específico do Espírito, e, detendo possibilidades e riquezas virtuais, espera por ele a fim de povoar-se de glória e beleza, porqüanto, se o plano terrestre é o seio tépido da vida em que o princípio inteligente deve nascer, medrar, florir e amadurecer em energia consciente, o plano espiritual é a escola em que a alma se aperfeiçoará em trabalho de frutescência antes que pos­sa desferir mais amplos vôos no rumo da Luz Eterna.
VIDA NA ESPIRITUALIDADE — Na moradia de conti­nuidade para a qual se transfere, encontra, pois, o homem as mesmas leis de gravitação que controlam a Terra, com os dias e as noites marcando a conta do tempo, embora os rigores das es­tações estejam suprimidos pelos fatores de ambiente que asse­guram a harmonia da Natureza, estabelecendo clima quase constante e quase uniforme, como se os equinóceos e solstíceos entrelaçassem as próprias forças, retificando automaticamente os excessos de influenciação com que se dividem.
Plantas e animais domesticados pela inteligência humana, durante milênios, podem ser aí aclimatados e aprimorados, por determinados períodos de existência, ao fim dos quais regres­sam aos seus núcleos de origem no solo terrestre, para que avancem na romagem evolutiva, compensados com valiosas aquisições de acrisolamento, pelas quais auxiliam a flora e a fauna habituais à Terra, com os benefícios das chamadas muta­ções espontâneas.
As plantas, pela configuração celular mais simples, aten­dem, no plano extrafísico, à reprodução limitada, aí deixando descendentes que, mais tarde, volvem também à leira do homem comum, favorecendo, porém, de maneira espontânea, a so­lução de diferentes problemas que lhes dizem respeito, sem exi­gir maior sacrifício dos habitantes em sua conservação.
Ao longo dessas vastíssimas regiões de matéria sutil que circundam o corpo ciclópico do Planeta, com extensas zonas ca­vitárias, sob as linhas que lhes demarcam o início de aproveitamento, qual se observa na crosta da própria Terra, a estender-se da superfície continental até o leito dos oceanos, começam as povoações felizes e menos felizes, tanto quanto as aglomerações infernais de criaturas desencarnadas que, por temerem as forma­ções dos próprios pensamentos, se refugiam nas sombras, re­ceando ou detestando a presença da luz.
ESFERAS ESPIRITUAIS — Muitos comunicantes da Vida Espiritual têm afirmado, em diversos países, que o plano imediato à residência dos homens jaz subdividido em várias esferas. Assim é com efeito, não do ponto de vista do espaço, mas sim sob o prisma de condições, qual ocorre no globo de matéria mais densa, cujo dorso o homem pisa orgulhosamente.
Para justificar a nossa asserção, lembraremos, em rápida síntese, que a crosta terrestre, na maior parte dos elementos que a constituem, é sólida, mas conservando, aqui e ali, vastas cavidades repletas de líquido quente ou de material plástico.
Guarda o orbe grande núcleo no seio, e que podemos considerar como sendo plasmado num aço de níquel natural, revestido por grossa camada de rocha basáltica, medindo dois mil quilômetros, aproximadamente, de raio, no tope da qual, ali e acolá, surgem finas superfícies de rocha granítica, entre as quais a face basáltica está recoberta de água. Mais ou menos nessa superfície, reside a zona mais apropriada para indicar o limite do solo que é, conseqüentemente, o leito do oceano.
Temos, desse modo, os continentes do mundo, como ligeira película, com a propriedade de flutuar, à maneira de bar­caças imensas, sobre o maciço basáltico, película essa que mantém a espessura de cinqüenta quilômetros em média.
Encontramos, assim, na constituição natural do Planeta, desde a barisfera à ionosfera, múltiplos círculos de força e ativi­dade na terra, na água e no ar, tanto quanto nos continentes identificamos as esferas de civilização e nas civilizações as es­feras de classe, a se totalizarem numa só faixa do espaço.
CENTROS ENCEFÁLICOS — É, pois, em novo plano, a dividir-se em variados setores de ação e de luta, que a consciência desencarnada, agora relativamente responsável, vai conhecer o resultado de suas próprias criações na passagem pelo campo
carnal, através dos reflexos respectivos em seu pensamento, —
o fluído em que se lhe imprimem os mais íntimos sentimentos e
que lhe define os mais íntimos desejos.
Com a supervisão dos Orientadores Divinos, associa­ram-se-lhe no cérebro o centro coronário e o centro cerebral em movimento sincrônico de trabalho e sintonia.
Por intermédio do primeiro, a mente administra o seu veí­culo de exteriorização, utilizando-se, a rigor, do segundo que lhe recolhe os estímulos, transmitindo impulsos e avisos, ordens e sugestões mentais aos órgãos e tecidos, células e implementos do corpo por que se expressa.
E assim como o centro cerebral se representa no córtex encefálico por vários núcleos de comando, controlando sensa­ções e impressões do mundo sensório, o centro coronário, atra­vés de todo um conjunto de núcleos do diencéfalo, possui no tá­lamo, para onde confluem todas as vias aferentes à cortiça cere­bral, com exceção da vida do olfato, que é a única via sensitiva de ligações corticais que não passa por ele (8), vasto sistema de governança do espírito. Aí, nessa delicada rede de forças, atra­vés dos núcleos intercalados nas vias aferentes, através do siste­ma talâmico de projeção difusa e dos núcleos parcialmente abordados pela ciência da Terra (quais os da linha média, que não se degeneram após a extirpação do córtex, segundo expe­riências conhecidas), verte o pensamento ou fluído mental, por secreção sutil não do cérebro, mas da mente, fluído que influen­cia primeiro, por intermédio de impulsos repetidos, toda a re­gião cortical e as zonas psicossomatossensitivas, vitalizando e dirigindo todo o cosmo biológico, para, em seguida, atendendo ao próprio continuísmo de seu fluxo incessante, espalhar-se em torno do corpo físico da individualidade consciente e responsá­vel pelo tipo, qualidade e aplicação do fluído, organizando-lhe a psicosfera ou halo psíquico, qual ocorre com a chama de uma

8) Devemos esclarecer que a via olfatória não passa pelo tálamo, contudo, mantêm conexões com alguns núcleos talâmicos através de fibras provenientes do corpo mamilar, situado no hipotálamo. — (Nota do Autor espiritual)

vela que, em se valendo do combustível que a nutre, estabelece o campo em que se lhe prevalece a influência.
Esse fluído ou matéria mental tem a sua ponderabilidade e as suas propriedades quimioeletromagnética específicas, de­finindo-se em unidades perfeitamente mensuráveis, qual aconte­ce no Sistema periódico dos elementos químicos, no plano ter­restre, compreendendo-­se que, em círculos da inteligência mais evoluída, Surpreendentes combinações dos fatores conhecidos podem ser efetuadas com vistas a certos fins, como sucede atualmente na Terra, onde elementos como o netuno, o plutô­nio, o amerício e o cúrio podem ser artificialmente produzidos.
REFLEXÃO DAS IDÉIAS — A partícula de pensamen­to, pois, como corpúsculo fluídico, tanto quanto o átomo, é uma unidade na essência, a Subdividir-se, porém, em diversos tipos, conforme a quantidade, qualidade, comportamento e trajetórias dos componentes que a integram
E assim como o átomo é uma força viva e poderosa na própria contextura, passiva, entretanto, diante da inteligência que a mobiliza para o bem ou para o mal, a partícula de pensamento, embora viva e poderosa na composição em que se derra­ma do espírito que a produz, é igualmente passiva perante o sentimento que lhe dá forma e natureza para o bem ou para o mal, convertendo­-se, por acumulação, em fluído gravitante ou libertador, ácido ou balsâmico, doce ou amargo, alimentício ou esgotante, vivificador ou mortífero, segundo a força do senti­mento que o tipifica e configura, nomeável, à falta de termino­logia equivalente, como “raio da emoção” ou “raio do desejo”, força essa que lhe opera a diferenciação de massa e trajeto, im­pacto e estrutura.
Com o fluído mental carreiam-se desse modo, não apenas as disposições mentossensitivas das criaturas, em atuação recí­proca, mas também as imagens que transitam entre os cérebros que se afinam pela reflexão natural e incessante, estabelecendo-se as ideações progressivas que. originariamente vertidas dos Espí­ritos Superiores, transmitem aos desencarnados da Terra as noções de civilização mais apurada. E por essas mesmas entidades, em contato com as tribos encarnadas do paleolítico, seme­lhantes noções descem para o chão planetário, disciplinando as criaturas e ofertando-lhes novos horizontes à visão e ao entendi­mento.
Pela reflexão das idéias, surge, assim, entre as duas esfe­ras entranhado circuito de forças.
INTELIGÊNCIA ARTESANAL — O plano físico é o berço da evolução que o plano extrafísico aprimora.
O primeiro insufla o sopro da vida, cujas edificações o se­gundo aperfeiçoa.
A reencarnação multiplica as experiências, somando-as, pouco a pouco.
A desencarnação subtrai-lhes lentamente as parcelas inú­teis ao progresso do Espírito e divide os remanescentes, definin­do os resultados com que o Espírito se encontra enobrecido ou endividado perante a Lei.
Consolidada a incessante eclosão do fluído mental entre as duas esferas, começa para o homem novo ciclo de cultura.
Em verdade, a mente da era paleolítica mostra-se, ainda, limitada, nascitura, mas não tanto que não possa absorver, em­bora em baixa dosagem, as idéias renovadoras que lhe são suge­ridas no Plano Superior.
Em razão disso, pela reflexão possível, aparece entre os homens, mal saídos da selva, a inteligência artesanal, instalando no mundo a indústria elementar do utensílio.
Por ela, o habitante do império verde encontra meios de efetuar com mais segurança velhos atos instintivos, utilizando o varapau para alongar o braço na colheita dos frutos dificilmente acessíveis, fabricando anzóis e arpões que lhe substituam os de­dos na profundez das águas, burilando o sílex que lhe veicule a energia dos punhos e plasmando a roda que lhe poupe, de alguma sorte, o sacrifício dos pés.
PLASMA CRIADOR DA MENTE — É pelo fluído men­tal com qualidades magnéticas de indução que o progresso se faz notavelmente acelerado.
Pela troca dos pensamentos de cultura e beleza, em dinâ­mica expansão, os grandes princípios da Religião e da Ciência, da Virtude e da Educação, da Indústria e da Arte descem das Esferas Sublimes e impressionam a mente do homem, traçando-lhe profunda renovação ao corpo espiritual, a refletir-se no veículo físico que, gradativamente, se acomoda a novos hábitos.
Épocas imensas despendera o princípio inteligente para edificar os prodígios da sensação e do automatismo, do instinto e da inteligência rudimentar; entretanto, com a difusão do plasma criador oriundo da mente, em circuitos contínuos, consoli­da-se a reflexão avançada entre o Céu e a Terra, e os fluídos mentais ou pensamentos atuantes, no reino da alma, imprimem radicais transformações no veículo fisiopsicossomático, asso­ciando e desassociando civilizações numerosas para construí-las de novo, em que o homem, herdeiro da animalidade instintiva, continua, até hoje, no trabalho progressivo de sua própria eleva­ção aos verdadeiros atributos da Humanidade.

Uberaba, 12/3/58.
14
Simbiose espiritual

SUSTENTO DO PRINCÍPIO INTELIGENTE — O prin­cípio inteligente, que exercitara a projeção de impulsos mentais fragmentários para nutrir-se durante largas eras, alçado ao Plano Espiritual, na condição de consciência humana desencarnada, começa a plasmar novos meios de exteriorização, em favor do Sustento próprio.
No mundo das plantas, com o parênquima clorofiliano, aprendeu a decifrar os segredos da fotossíntese, absorvendo energia luminosa para elaborar as matérias orgânicas, e lançando de si os gases essenciais que contribuem para o equilíbrio da at­mosfera.
No domínio de certas bactérias, inteirou-se dos processos da quimiossíntese, aproveitando a energia química haurida na oxidação de corpos minerais.
Entre os seres superiores, consagrou-se à biossíntese, em novo câmbio de substâncias nos vários períodos da expe­riência física, para garantir a segurança própria, sob o ponto de vista material e energético.
Habituado aos fenômenos do anabolismo, na incorpora­ção dos elementos de que se nutre, e do catabolismo, na de­sassimilação respectiva, automatiza-se-lhe a existência, em metamorfose contínua das forças que lhe alcançam a máqui­na fisiológica, através dos alimentos necessários à restaura­ção constante das células e ao equilíbrio dos reguladores or­gânicos.
INÍCIO DA “MENTOSSÍNTESE” — Erguido, porém, àgeração do pensamento ininterrupto, altera-se-lhe, na individua­lidade, o modo particular de ser.
O princípio inteligente inicia-se, desde então, nas opera­ções que classificaremos como sendo de “mentossíntese”, por­que baseadas na troca de fluídos mentais multiformes, através dos quais emite as próprias idéias e radiações, assimilando as radiações e idéias alheias.
O impulso que Lhe surgia na mente embrionária, por inte­resse acidental de posse, ante a necessidade de alimento esporá­dico, é agora desejo consciente. E, sobretudo, o anseio genésico instintivo que se Lhe sobrepunha à vida normal em períodos cer­tos, converteu-se em atração afetiva constante.
Aparece, assim, a sede de satisfação invariável como estí­mulo à experiência e prefigura-se-lhe nalma a excelsitude do amor encravado no egoísmo, como o diamante em formação no carbono obscuro.
A morte física interrompe-lhe as construções no terreno da propriedade e do afeto e a criatura humana, a iniciar-se no pensamento contínuo, sente-se quebrada e aflita, cada vez que se desvencilha do corpo carnal adulto.
A liberação da veste densa, impõe-lhe novas condições vibratórias, como que obrigando-o à ocultação temporária entre os seus para que se lhe revitalizem as experiências, qual ocorre à planta necessitada de poda para exaltar-se em renovação do próprio valor.
Épocas numerosas são empregadas para que o homem se­nhoreie o corpo espiritual, nos círculos da consciência mais am­pla, porque, como deve compreender por si o caminho em que se conduzirá para a Glória Divina, cabe-lhe também debitar a si mesmo os bens e os males e as alegrias e as dores da caminhada.
Arrebatado aos que mais ama e ainda incapaz de entender a transformação da paisagem doméstica de que foi alijado, re­volta-se comumente contra as novas lições da vida a que é convocado, em plano diferente, e permanece fluidicamente algema­do aos que se lhe afinam com o sangue e com os desejos, co­mungando-lhes a experiência vulgar.
Nesse sentido, será, pois, razoável recordar que em seu recuado pretérito aprendeu, automaticamente, a respirar e a vi­ver, justaposto ao hausto e ao calor alheios.
SIMBIOSE ÚTIL — Revisemos, assim, a simbiose entre os vegetais, como, por exemplo, a que existe entre o cogumelo e a alga, na esfera dos liquens, em que as hifas ou filamentos dos cogumelos se intrometem nas gonídias ou células das algas e projetam-lhes no interior certos apêndices, equivalendo a com­plicados haustórios, efetuando a sucção das matérias orgânicas que a alga elabora por intermédio da fotossíntese.
O cogumelo empalma-lhe a existência, todavia, em compensação, a alga se revela protegida por ele contra a per­da de água, e dele recolhe, por absorção permanente, água e sais minerais, gás carbônico e elementos azotados, motivo pelo qual os líquens conseguem superar as maiores dificulda­des do meio.
Entretanto, o processo de semelhante associação pode es­tender-se em ocorrências completamente novas. É que se dois líquens, estruturados por diferentes cogumelos, se encontram, podem viver, um ao lado do outro, com talo comum, pelo fenô­meno da parabiose ou união natural de indivíduos vivos.
Dessa maneira, a mesma alga pode produzir líquens di­versos com cogumelos variados, podendo também suceder que um líquen se transfigure de aspecto, quando uma espécie micológica se sucede à outra.
Julgava-se antigamente, na botânica terrestre, que os liquens participassem do grupo das criptogâmicas, mas Schwendener incumbiu-se de salientar-Lhes a existência com­plexa, e Bonnier e Bornet, mais tarde, chamaram a si a obri­gação de positivar-lhes a simbiose, experimentando a cultura independente de ambos os elementos integrantes, cultura essa que, iniciada no século findo, somente nos tempos últimos logrou pleno êxito, evidenciando, porém, que a vida desses mesmos componentes, sem o ajuste da simbiose, é indiscutivelmente frágil e precária.
Outro exemplo de agregação da mesma natureza vamos encontrar em certas plantas leguminosas, que guardam os seus tubérculos nas raízes, cujas nodosidades albergam determinadas bactérias do solo que realizam a assimilação do azoto atmosfêrico, processo esse pelo qual essas plantas se fazem preciosas à gleba, devolvendo-lhe o azoto despendido em serviço.
SIMBIOSE EXPLORADORA — Contudo, além desses fenômenos em que a simbiose é simples e útil, temos as ocor­rências desagradáveis, como sejam as micorrizas das orquidá­ceas, em que o cogumelo comparece como sendo invasor da raiz da planta, caso esse em que a planta assume atitude anor­mal para adaptar-se, de algum modo, às disposições do assaltante, encontrando, por vezes, a morte, quando persiste esse ou aquele excesso no conflito para a combinação necessária.
Nesse acontecimento, como assinalou Caullery, com jus­teza de conceituação, tal simbiose deve ser capitulada na patolo­gia comum, por enquadrar-se perfeitamente ao parasitismo.
Identificaremos, ainda, a simbiose entre algas e animais, em que as algas se alojam no plasma das células que atacam, como acontece a protozoários e esponjas, turbelários e moluscos, nos quais se implantam, seguras.
SIMBIOSE DAS MENTES — Semelhantes processos de associação aparecem largamente empregados pela mente desen­carnada, ainda tateante, na existência além-túmulo.
Amedrontada perante o desconhecido, que não consegue arrostar de pronto, vale-se da receptividade dos que lhe choram a perda e demora-se colada aos que mais ama.
E qual cogumelo que projeta para dentro dos tecidos da alga dominadores apêndices, com os quais lhe suga grande par­te dos elementos orgânicos por ela própria assimilados, o Espí­rito desenfaixado da veste física lança habitualmente, para a in­timidade dos tecidos fisiopsicossomáticos daqueles que o asilam, as emanações do seu corpo espiritual, como radículas alon­gadas ou sutis alavancas de força, subtraindo-lhes a vitalidade, elaborada por eles nos processos da biossíntese, sustentando-se, por vezes, largo tempo, nessa permuta viva de forças.
Qual se verifica entre a alga e o cogumelo, a mente encar­nada entrega-se, inconscientemente, ao desencarnado que lhe controla a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio até certo ponto, mas, em troca, à face da sensibilidade excessiva de que se reveste, passa a viver, enquanto perdure semelhante influência, necessariamente protegida contra o assalto de forças ocultas ainda mais deprimentes. Por esse motivo, ainda agora, em plena atualidade, encontramos os problemas da mediunida­de evidente, ou da irreconhecida, destacando, a cada passo, inte­ligências nobres íntimamente aprisionadas a cultos estranhos, em matéria de fé, as quais padecem a intromissão de idéias de terror, ante a perspectiva de se afastarem das entidades familia­res que lhes dominam a mente através de palavras ou símbolos mágicos, com vistas a falaciosas vantagens materiais. Essas inteligências fogem deliberadamente ao estudo que aslibertaria do cativeiro interior, quando não se mostram apáticas, em peri­gosos processos de fanatismo, inofensivas e humildes, mas arre­dadas do progresso que lhes garantiria a renovação.
HISTERIA E PSICONEUROSE — Entretanto, as sim­bioses dessa espécie, em que tantas existências respiram em reciprocidade de furto psíquico, não se limitam aos fenôme­nos desse teor, nos quais Espíritos desencarnados, estanques em determinadas concepções religiosas, anestesiam ou infan­tilizam temporariamente consciências menos aptas ao auto-controle, porqüanto se expressam igualmente nas moléstias nervosas complexas, como a hlstero-epilepsia, em que o pa­ciente sofre o espasmo tônico em opistótono, acompanhado de convulsões clônicas de feição múltipla, às vezes sem qual­quer perda de consciência equivalendo a transe mediúnico autêntico, no qual a personalidade invisível se aproveita dos estados emotivos mais intensos para acentuar a própria in­fluenciação.
E, na mesma trilha de ajustamento simbiótico, somos de­frontados na Terra, aqui e ali, pela presença de psiconeuróticos da mais extensa classificação, com diagnose extremamente difícil, entregues aos mais obscuros quadros mentais, sem se arroja­rem à loucura completa.
Tais entidades imanizadas ao painel fisiológico e agre­gadas a ele sem o corpo de matéria mais densa, vivem assim, quase sempre por tempo longo, entrosadas psiquicamente aos seus hospedadores, porqüanto o Espírito humano desencarna­do, erguido a novo estado de consciência. começa a elaborar recursos magnéticos diferenciados, condizentes com os ii»-positivos da própria sustentação, tanto quanto, no corpo ter­restre, aprendeu a criar, por automatismo, as enzimas e os hormônios que lhe asseguravam o equilíbrio biológico, e, impressionando o paciente que explora, muita vez com a melhor intenção, subjuga-lhe o campo mental, impondo-lhe ao centro coronário a substância dos próprios pensamentos, que a vítima passa a acolher qual se fossem os seus próprios. Assim, em per­feita simbiose, refletem-se mutuamente, estacionários ambos no tempo, até que as leis da vida lhes reclamem, pela dificuldade ou pela dor, a alteração imprescindível.
OUTROS PROCESSOS SIMBIÓTICOS — De outras vezes, o desencarnado que teme as experiências do Mundo Es­piritual ou que insiste em prender-se por egoísmo aos que jazem na retaguarda, se possui inteligência mais vasta que a do hospe­deiro, inspira-lhe atividade progressiva que resulta em benefício do meio a que se vincula, tal como sucede com a bactéria nitri­ficadora na raiz da leguminosa.
Noutras circunstâncias, porém, efetua-se a simbiose em condições infelizes, nas quais o desencarnado permanece ei­vado de ódio ou perversidade enfermiça ao pé das próprias vítimas, inoculando-lhes fluídos letais, seja copiando a ação do cogumelo que se faz verdugo da orquídea, impulsionando-a a situações anormais, quando não lhe impõe lentamente a morte, seja reproduzindo a atitude das algas invasoras no corpo dos anelídeos, conduzindo-os a longas perturbações, fenômenos esses, no entanto, que capitularemos, com aponta­mentos breves, em torno do vampirismo, como responsável por vários distúrbios do corpo espiritual a se estamparem no corpo físico.
ANCIANIDADE DA SIMBIOSE ESPIRITUAL —Justo, assim, registrar que a simbiose espiritual permanece en­tre os homens, desde as eras mais remotas, em multifários processos de mediunismo consciente ou inconsciente, através dos quais os chamados “mortos”, traumatizados ou ignoran­tes, fracos ou indecisos, se aglutinam, em grande parte, ao “habitat” dos chamados “vivos”, partilhando-lhes a existên­cia, a absorver-lhes parcialmente a vitalidade, até que os pró­prios Espíritos encarnados, com a força do seu próprio traba­lho, no estudo edificante e nas virtudes vividas, lhes ofere­çam material para mais amplas meditações, pelas quais se habilitem à necessária transformação com que se adaptem a novos caminhos e aceitem encargos novos, à frente da evolução deles mesmos, no rumo de esferas mais elevadas.

Pedro Leopoldo, 16/3/58.­
15
Vampirismo espiritual

PARASITISMO NOS REINOS INFERIORES — Co­mentando as ocorrências da obsessão e do vampirismo no veí­culo fisiopsicossomático, é importante lembrar os fenômenos do parasitismo nos reinos inferiores da Natureza.
Sem nos reportarmos às simbioses fisiológicas, em que microorganismos se albergam no trato intestinal dos seus hos­pedadores, apropriando-se-lhes dos sucos nutritivos, mas geran­do substâncias úteis à existência dos anfitriões, encontraremos a associação parasitária, no domínio dos animais, à maneira de uma sociedade, na qual uma das partes, quase sempre após insi­nuar-se com astúcia, criou para si mesma vantagens especiais, com manifesto prejuízo para a outra, que passa. em seguida, à condição de vítima.
Em semelhante desequilíbrio, as vítimas se acomodam, por tempo indeterminado, à pressão externa dos verdugos; con­tudo, em outras eventualidades, sofrem-lhes a intromissão direta na intimidade dos próprios tecidos, em ocupação impertinente que, às vezes, se degenera em conflito destruidor e, na maioria dos casos, se transforma num acordo de tolerância, por necessi­dade de adaptação, perdurando até à morte dos hospedeiros es­poliados, chegando mesmo a originar os remanescentes das agregações imensamente demoradas no tempo, interferindo nos princípios da hereditariedade, como raízes do conquistador, a se entranharem nas células que lhes padecem a invasão nos componentes protoplasmáticos, para além da geração em que o con­sórcio parasitário começa.
Em razão disso, apreciando a situação dos parasitas, pe­rante os hospedadores, temo-los por ectoparasitas, quando limi­tam a própria ação às zonas de superfície, e endoparasitas, quando se alojam nas reentrâncias do corpo a que se impõem.
Não será lícito esquecer, porém, que toda simbiose explo­radora de longo curso, principalmente a que se verifica no cam­po interno, resulta de adaptação progressiva entre o hospedador e o parasita, os quais, não obstante reagindo um sobre o outro, lentamente concordam na sociedade em que persistem, sem que o hospedador considere os riscos e perdas a que se expõe, com­prometendo não apenas a própria vida, mas a existência da pró­pria espécie.
TRANSFORMAÇÕES DOS PARASITAS — Temos, as­sim, na larga escala dos acontecimentos dessa ordem, os parasi­tas temporários, quais as sanguessugas e quase todos os insetos hematófagos, que apenas transitoriamente visitam os hospeda­dores; os ocasionais ou os pseudoparasitas, que sistematicamen­te não são parasitas, mas que vampirizam outros animais, quan­do as situações do ambiente a isso os conduzam; os permanen­tes de desenvolvimento direto, que dispõem de um hospedador exclusivo e a cuja existência se encontram ajustados por laços indissolúveis, quase todos relacionáveis entre os endoparasitas; os parasitas chamados heteroxênicos, que se fazem adultos, em ciclo biológico determinado, contando com um ou mais hospe­deiros intermediários, quando se encontram em período larval, para atingirem a forma completa no hospedeiro definitivo; os hiperparasitas, que são parasitas de outros parasitas.
Concluindo-se que o parasitismo, entre os animais, não decorre de uma condição natural, mas sim de uma autêntica adaptação deles a modo particular de comportamento, é justo admitir se inclinem para novos característicos na espécie.
Assim é que o parasita, no regime de adaptação a que se entrega, experimenta mutações de vulto a se lhe exprimirem na forma, por reduções ou acentuações orgânicas, compreendendo-se, desse modo, que o desaparecimento de certos órgãos de loco­moção em parasitas fixados e a conseqüente formação de órgãos necessários à estabilidade em que se harmonizam devem ser analisados como fenômenos inerentes à simbiose injuriante, no­tando-se nesses seres a fácilidade de fecundação e a resistência vital, com a extrema capacidade de encistamento, pela qual se­gregam recursos protetores e se isolam dos fatores adversos do meio, como o frio ou o calor, tolerando vastos períodos de abs­tenção de qualquer alimento, a exemplo do que ocorre com o percevejo do leito, que consegue viver, mais de seis meses consecutivos, em completo jejum.
Continuando a examinar as alterações nos parasitas em atividade, assinalamos muitos platelmintos e anelídeos que, em virtude do parasitismo, perderam os apêndices locomotores, substituindo-os por ventosas ou ganchos.
Identificamos a degeneração do aparelho digestivo em vá­rios endoparasitas do campo intestinal e, por vezes, a total ex­tinção desse aparelho, como acontece a muitos cestóides e acantocéfalos que, vivendo, de maneira invariável, na corrente abun­dante de sucos nutritivos já elaborados no intestino de seus hos­pedadores, convertem os órgãos bucais em órgãos de fixação, prescindindo de sistema intestinal próprio, de vez que passam a realizar a nutrição respectiva por osmose, utilizando toda a su­perfície do corpo.
De outras vezes, quando o parasita costuma ingerir gran­de massa de sangue, demonstra desenvolvimento anormal do intestino médio, que se transforma em bolsa volumosa a funcionar por depósito de reserva, onde a assimilação se opera, vaga­rosa, para que esses animais, como sejam as sanguessugas e os mosquitos, se sobreponham a longos jejuns eventuais.
TRANSFORMAÇÕES DOS HOSPEDEIROS — Toda­via, se os parasitas podem acusar expressivas transformações, àface do novo regime de existência a que se afeiçoam, os resultados de tais associações sobre o hospedeiro são mais profundos, porque os assaltantes, depois de instalados, se multiplicam, ameaçadores, estabelecendo espoliações sobre as províncias or­gânicas da vítima, sugando-lhe a vitalidade, traumatizando-lhe os tecidos, provocando lesões parciais ou totais ou estendendo ações tóxicas, como a exaltação febril nas infecções, com que, algumas vezes, lhe apressam a morte.
Nessa movimentação perniciosa ou letal, conseguem irri­tar as células ou destruí-las, obstruir cavidades, seja nos intesti­nos ou nos vasos, embaraçar funções e obliterar glândulas im­portantes, quais as glândulas genitais, que podem levar até àcastração, embora os recursos defensivos do hospedeiro sejam postos em evidência, criando exércitos celulares de combate às infestações, expulsando os invasores por via comum, ou neutra­lizando-lhes a penetração, pelas membranas fibrosas que os en­volvem, encistando-os a princípio, para aniquilá-los, depois, em pequeninos invólucros calcificados, no interior dos tecidos.
E lembrando os efeitos de certos parasitas heteroxênicos, que se desenvolvem no hospedeiro intermediário para alcançar a posição adulta no hospedeiro definitivo, bastará menção espe­cial aos tripanossomas que, em espécies várias, se multiplicam nos tecidos e líquidos orgânicos, traçando aflitivos problemas da parasitologia humana, em complicadas operações de trans­missão, evolução e instalação no quadro fisiológico de suas víti­mas. Vale citar, dentre eles, o ‘Trypanosoma cruzi” que se hos­peda, habitualmente no intestino médio de um “triatoma” ou de outro reduviídeo, onde apresenta formas arredondadas em divi­são para adquirir novamente a forma de tripanossoma no intesti­no posterior do hemiptero que, vivendo à custa de sangue, obti­do por picada, vem a transmiti-lo pelas fezes, ao organismo hu­mano, no qual, geralmente, passa a residir, em forma endocelu­lar, nos músculos, no sistema nervoso, na medula dos ossos ou na intimidade de tecidos outros, aí se difundindo, na medida das resistências que lhe ofereça o mundo orgânico, desempenhando o papel de carrasco microscópico a perseguir e aniquilar popu­lações indefesas.
OBSESSÃO E VAMPIRISMO — Em processos diferen­tes, mas atendendo aos mesmos princípios de simbiose prejudi­cial, encontramos os circuitos de obsessão e de vampirismo entre encarnados e desencarnados, desde as eras recuadas em que o espírito humano, iluminado pela razão, foi chamado pelos princípios da Lei Divina a renunciar ao egoísmo e à crueldade, à ignorância e ao crime.
Rebelando-se, no entanto, em grande maioria, contra as sagradas convocações, e livres para escolher o próprio caminho, as criaturas humanas desencarnadas, em alto número, começa­ram a oprimir os companheiros da retaguarda, disputando afei­ções e riquezas que ficavam na carne, ou tentando empreitadas de vingança e delinqüência, quando sofriam o processo liberató­rio da desencarnação em circunstâncias delituosas.
As vítimas de homicídio, e violência, brutalidade mani­festa ou perseguição disfarçada, fora do vaso físico, entram na faixa mental dos ofensores, conhecendo-lhes a enormidade das faltas ocultas, e, ao invés do perdão, com que se exonerariam da cadeia de trevas, empenham-se em vinditas atrozes, retribuindo golpe a golpe e mal por mal.
Outros desencarnados, exigindo que Deus lhes providen­cie solução aos caprichos pueris e proclamando-se inabilitados para o resgate do preço devido à evolução que lhes é necessária, tornam-se madraços e gozadores, e, alegando a suposta impos­sibilidade de a Sabedoria Divina dirimir os padecimentos dos homens, pelos próprios homens criados, fogem, acovardados e preguiçosos, aos deveres e serviços que lhes competem.
“INFECÇÕES FLUÍDICAS” — Muitos acometem os adversários que ainda se entrosam no corpo terrestre, empolgan­do-lhes a imaginação com formas mentais monstruosas, operando perturbações que podemos classificar como “infecções fluí­dicas” e que determinam o colapso cerebral com arrasadora loucura.
E ainda muitos outros, imobilizados nas paixões egoísti­cas desse ou daquele teor, descansam em pesado monodeísmo, ao pé dos encarnados, de cuja presença não se sentem capazes de afastar-se.
Alguns, como os ectoparasitas temporários, procedem à semelhança dos mosquitos e dos ácaros, absorvendo as ema­nações vitais dos encarnados que com eles se harmonizam, aqui e ali; mas outros muitos, quais endoparasitas conscien­tes, após se inteirarem dos pontos vulneráveis de suas víti­mas, segregam sobre elas determinados produtos, filiados ao quimismo do Espírito, e que podemos nomear como simpati­nas e aglutininas mentais, produtos esses que, sub-repticia­mente, lhes modificam a essência dos próprios pensamentos a verterem, contínuos, dos fulcros energéticos do tálamo, no diencéfalo.
Estabelecida essa operação de ajuste, que os desencarna­dos e encarnados, comprometidos em aviltamento mútuo, reali­zam em franco automatismo, à maneira dos animais em absoluto primitivismo nas linhas da Natureza, os verdugos comumente senhoreiam os neurônios do hipotálamo, acentuando a própria dominação sobre o feixe amielínico que o liga ao córtex frontal, controlando as estações sensíveis do centro coronário que aí se fixam para o governo das excitações, e produzem nas suas víti­mas, quando contrariados em seus desígnios, inibições de funções viscerais diversas, mediante influência mecânica sobre o simpático e o parassimpático. Tais manobras, em processos in­trincados de vampirismo, prestigiam o regime de medo ou de guerra nervosa nas criaturas de que se vingam, alterando-lhes a tela psíquica ou impondo prejuízos constantes aos tecidos so­máticos.
“PARASITAS OVÓIDES” — Inúmeros infelizes, obstinados na idéia de fazerem justiça pelas próprias mãos ou confiados a vicioso apego, quando desafivelados do carro físico, envolvem sutilmente aqueles que se lhes fa­zem objeto da calculada atenção e, auto-hipnotizados por imagens de afetividade ou desforço, infinitamente repetidas por eles próprios, acabam em deplorável fixação mo­noideística, fora das noções de espaço e tempo, acusando, passo a passo, enormes transformações na morfologia do veículo espiritual, porqüanto, de órgãos psicossomáticos retraídos, por falta de função, assemelham-se a ovóides, vinculados às próprias vítimas que, de modo geral, lhes aceitam, mecanicamente, a influenciação, à face dos pen­samentos de remorso ou arrependimento tardio, ódio voraz ou egoísmo exigente que alimentam no próprio cérebro, através de ondas mentais incessantes.
Nessas condições, o obsessor ou parasita espiritual pode ser comparado, de certo modo, à sacculina carcini, que, provida de órgãos perfeitamente diferenciados na fase de vida livre, en­raiza-se, depois, nos tecidos do crustáceo hospedador, perdendo as características morfológicas primitivas, para converter-se em massa celular parasitária.
No tocante à criatura humana, o obsessor passa a viver no clima pessoal da vítima, em perfeita simbiose mórbida, absor­vendo-lhe as forças psíquicas, situação essa que, em muitos ca­sos, se prolonga para além da morte física do hospedeiro, con­forme a natureza e a extensão dos compromissos morais entre credor e devedor.
PARASITISMO E REENCARNAÇÃO — Nas ocorrências dessa ordem, quando a decomposição da vestimenta carnal não basta para consumar o resgate preciso, vítima e verdugo se equiparam na mesma gama de sentimentos e pensamentos, caindo, além-tumulo, em dolorosos painéis infernais, até que a Misericórdia Divina, por seus agentes vigilantes, após estudo minucioso dos crimes cometi­dos, pesando atenuantes e agravantes, promove a reencarnação da­quele Espírito que, em primeiro lugar, mereça tal recurso.
E, executado o projeto de retorno do beneficiário, a re­gressar do Plano Espiritual para o Plano Terrestre, sofre a mu­lher, indicada por seus débitos à gravidez respectiva, o assédio de forças obscuras que, em muitas ocasiões, se lhe implantam no vaso genésico por simbiontes que influenciam o feto em ges­tação, estabelecendo-se, desde essa hora inicial da nova existên­cia, ligações fluídicas através dos tecidos do corpo em forma­ção, pelas quais a entidade reencarnante, a partir da infância, continua enlaçada ao companheiro ou aos companheiros menos felizes, que integram com ela toda uma equipe de almas culpa­das em reajuste.
Desenvolve-se-lhe, então, a meninice, cresce, reinstrui-se e retorna à juvenilidade das energias físicas, padecendo, porém, a influência constante dos assediantes, até que, freqüentemente por intermédio de uniões conjugais, em que a provação emoldu­ra o amor, ou em circunstâncias difíceis do destino, lhes ofereça novo corpo na Terra, para que, como filhos de seu sangue e de seu coração, lhes devolva em moeda de renúncia os bens que lhes deve, desde o passado próximo ou remoto.
Em tais fatos, vamos anotar situações quase idênticas às que são provocadas pelos parasitas heteroxênicos, porqüanto, se os adversários do Espírito reencarnado são em maior número, atuam, muitos deles, à feição dos tripanosso­mas, tomando os filhos de suas vítimas e afins deles pró­prios, por hospedeiros intermediários das formas-pensamen­tos deploráveis que arremessam de si, alcançando em segui­da, a mente dos pais ou hospedeiros definitivos, a inocular-lhes perigosos fluídos sutis, com que lhes infernizam as almas, muitas vezes até à ocasião da própria morte.
TERAPÊUTICA DO PARASITISMO DA ALMA — Importa, no entanto, observar que todos os sofrimentos e cor­rigendas a que nos referimos estão conjugados para as cons­ciências encarnadas ou não, dentro da lei de ação e reação que a cada um confere hoje o equilíbrio ou o desequilíbrio, por suas obras de ontem, reconhecendo-se Uunbém que assim como existem medidas terapêuticas contra o parasitismo no mundo orgânico, qualquer criatura encontra, na aplicação viva do bem, eficiente remédio contra o parasitismo da alma.
Não bastará, porém, a palavra que ajude e a oração que ilumina.
O hospedeiro de influências inquietantes que, por suas aflições na existência carnal, pode avaliar da qualidade e exten­são das próprias dívidas, precisará do próprio exemplo, no ser­viço do amor puro aos semelhantes, com educação e sublima­ção de si mesmo, porque só o exemplo é suficientemente forte para renovar e reajustar.
A ação do bem genuíno, com a quebra voluntária de nos­sos sentimentos inferiores, produz vigorosos fatores de transfor­mação sobre aqueles que nos observam, notadamente naqueles que se nos agregam à existência, influenciando-nos a atmosfera espiritual, de vez que as nossas demonstrações de fraternidade inspiram nos outros pensamentos edificantes e amigos que, em circuitos sucessivos ou contínuas ondulações de energia renovados, modificam nos desafetos mais acirrados qualquer disposi­ção hostil a nosso respeito.
Ninguém necessita, portanto, aguardar reencarnações fu­turas, entretecidas de dor e lágrimas, em ligações expiatórias, para diligenciar a paz com os inimigos trazidos do pretérito, porque, pelo devotamento ao próximo e pela humildade real­mente praticada e sentida, é possível valorizar nossa frase e san­tificar nossa prece, atraindo simpatias valiosas, com intervenções providenciais, em nosso favor.
É que, em nos reparando transfigurados para o melhor, os nossos adversários igualmente se desarmam para o mal, com­preendendo, por fim, que só o bem será, perante Deus, o nosso caminho de liberdade e vida.

Uberaba, 19/3/58.
16
Mecanismos da mente

ALMA E CORPO — Aclarando os problemas complexos da alienação mental na maioria dos Espíritos desencarnados, pelo menos durante algum tempo além da morte, vale comentar, ainda que superficialmente, alguns dos experimentos efetuados pela ciência terrestre nos mecanismos nervosos, para que possa­mos ajuizar da importância da harmonia entre a mente e o seu veículo fisiopsicossomático, no plano físico ou extrafísico.
Assemelhando-se no conjunto ao musicista e seu instru­mento, alma e corpo hão-de conjugar-se profundamente um com o outro para a execução do trabalho que a vida lhes reser­va.
E, sabendo-se que a alma é direção e o corpo obediência, é da Lei Divina que o homem receba em si mesmo o fruto da plantação que realizou, visto que, nos órgãos de sua manifesta­ção, recolhe as maiores concessões do Criador para que efetive o seu aperfeiçoamento na Criação.
Assim sendo, de seu próprio comportamento retira, nos vastos setores em que se lhe processa a evolução, o bem ou o mal que, lançando ao caminho, estará impondo a si mesmo.
SECÇÃO DA MEDULA — Através de experimentação positiva, conhece a Ciência de hoje a inalienável correlação en­tre o cérebro e todas as províncias celulares do mundo corpóreo.
Tomando, pois, em nossas anotações, o sistema cerebral por gabinete administrativo da mente, reconheceremos sempre que a conduta do corpo físico está invariavelmente condiciona­da à conduta do corpo espiritual, como a orientação do corpo espiritual está submetida ao governo da nossa vontade.
Sabemos, assim, que depois de seccionada a medula de um paciente se observa, de imediato, a insensibilidade comple­ta, o relaxamento muscular, a paralisia e a eliminação dos refle­xos somáticos e viscerais, em todas as partes que recebem os nervos nascidos abaixo do ponto em que se verificou o prejuízo.
A insensibilidade e a paralisia são decisivas, porqüanto procedem da secção dos feixes ascendentes e do feixe pirami­dal, ou seja, do desligamento das regiões do corpo espiritual correspondentes nos tecidos orgânicos e no cérebro, qual se desse a retirada da força elétrica de determinado setor num cam­po extenso de ação.
Semelhante desligamento, porém, não se verifica de todo, o que acarretaria, quando em níveis altos, irre­versivelmente, o processo liberatório da alma com a desen­carnação. Junções fluídicas sutis permanecem, ativas, entre as células dos implementos físicos e espirituais, como recur­sos fisiopsicossomáticos, em ajustes possíveis de emergên­cia. Em razão disso, não obstante a insensibilidade a que nos reportamos, comparável ao “silêncio orgânico”, deixado pela execução de uma neurotomia, muitos pacientes se queixam de dor em zonas localizadas para baixo do nível em que se expressou o corte, fenômeno esse perfeitamente atribuível ao contato das células do corpo espiritual com as fibras aferen­tes que vibram na cadeia simpática, penetrando a medula, acima do ponto molestado.
RECUPERAÇÃO DOS REFLEXOS — Devido, ainda, a esse reajustamento organizado instintivamente entre a alma e o corpo, os reflexos são gradativamente recuperados.
Em condições muito especiais de equilíbrio fisiopsicosso­mático do enfermo, os reflexos superficiais ressurgem quase sempre em vinte e quatro horas, depois do insulto sofrido, embora os reflexos anal e cremasteriano jamais se percam, insulto esse em que o sinal de Babinski ou extensão dos pedartículos, principalmente do primeiro, não raro acompanhada por determi­nado grau de contração dos músculos do joelho, denuncia a vio­lação do feixe piramidal, equivalente à nitura de ligação das cé­lulas do corpo espiritual nos implementos nervosos da veste fí­sica, assemelhando-se ao curto-circuito da energia elétrica nos condutores ininterruptos que lhe atendem à necessária circula­ção.
Na generalidade dos casos, porém, os reflexos em pacien­tes dessa espécie apenas reaparecem com mais vagar, no curso de semanas, tempo indispensável para que as células do corpo espiritual, vencendo as resistências do corpo físico, a ele se reimponham, quanto possível.
IMPORTÂNCIA DA ENCEFALIZAÇÃO — Sabe­mos, igualmente, que a depressão em estudo é tanto mais perdurável quanto mais complexa a encefalização do ani­mal.
Nos batráquios, os reflexos desaparecem apenas por al­guns minutos. No gato, a diminuição da atividade vital é maior; no cão, ainda mais; no chimpanzé, o refazimento pede vários dias, e, na criatura humana, a restauração dos reflexos referidos exige mais tempo, como, por exemplo, o reflexo de extensão cruzada, cuja recuperação reclama seis semanas, aproximada­mente, após o trauma espinhal.
Nos estudos de Schiff e Sherrington, avaliamos, com maior nitidez, a extensão da ocorrência entre os setores do cor­po espiritual e do corpo físico, mediante a secção completa da medula espinhal, realizada ao nível dos segmentos lombares, pela qual vemos o cão experimentado, com a medula dorsal sec­cionada, acusando paraplegia e alterações sensitivas conseqüen­tes, abaixo da região prejudicada, assim como uma extensão es­pástica dos membros anteriores devido à ausência da inibição oriunda dos membros posteriores, inibição que normalmente neutralizaria os impulsos do sistema labiríntico-cerebelar.
É que o corpo espiritual preside no campo físico a todas as atividades nervosas, resultantes da entrosagem de sinergias funcionais diversas.
Disso temos estrita conta nos reflexos, cuja complexidade cresce invariavelmente na medida em que solicitam o concurso de maior campo dos neurônios internunciais para que se efe­tuem, qual pianista, requisitando maior número de escalas de tons e semitons para elevar-se da simplicidade à suntuosidade na expansão da melodia.
DESCORTICAÇÃO ANIMAL — Desse modo, com­preendendo-se que a integração mente-corpo é cada vez mais importante, à medida que se dilatam os valores da encefalização, reconheceremos que a integração cortical é sempre mais expressiva quão mais amplo se faz o desenvolvimento do siste­ma nervoso.
Na pauta de semelhante realidade, a descorticação em ba­tráquios e peixes não interfere nos reflexos e na motilidade, e, nas aves, modificações emergem, inequívocas, porqüanto ape­nas conseguem vôos fragmentários na luz, permanecendo em prostração, quando na obscuridade.
O cão que sofre a ablação do córtex, segundo já demons­trou Goltz, no século 19, pode viver além de um ano com mo­tilidade reflexa normal aparente, efetuando os movimentos próprios com relativa correção; todavia, jaz inerte quando lhe falte incentivo à ação e, se esse incentivo aparece, coloca-se em mo­vimento exagerado; ignora como se defender até que se veja positivamente atacado; não se decide a buscar alimento, recebendo a ração que se lhe administre e, embora as funções viscerais prossigam sem maiores alterações, não reconhece as pessoas, baldo de memória, revelando a disjunção dos recursos fisiopsi­cossomáticos que Lhe são peculiares, fenômeno pelo qual evi­dencia compreensível e aparente regressão a estágio evolutivo inferior.
Os chimpanzés, entretanto, com encefalização mais com­plexa, não sobrevivem, largo tempo, após a extirpação total do córtex, e, quando sofrem a destruição parcial desse ou daquele elemento cortical, apresentam, como acontece na criatura huma­na, modificações extensas e profundas.
Cabe mencionar, ainda aqui, a continuidade das indiscutí­veis impressões em pessoas mutiladas, que prosseguem sentin­do, integrados ao próprio corpo, esse ou aquele membro que, fisicamente, não mais existe.
SINCRONIA DE ESTÍMULOS — Entenderemos, assim, fácilmente, que o córtex encefálico, com as suas delicadas divi­sões e subdivisões, governando os núcleos reguladores dos sen­tidos, dos movimentos, dos reflexos e de todas as manifestações nervosas da individualidade encarnada, corresponde à sede do centro cerebral do psicossoma (ou corpo espiritual) no corpo físico, unida à sede do centro coronário, localizada no diencéfalo, entrosando-se ambos em perfeita sincronia de estímulos, pelos quais se manifesta o Espírito em sua constituição mental, har­mônica, difícil ou desequilibrada, segundo a posição em que ele mesmo valoriza, conserva, prejudica ou desordena os recursos que a Lei Divina lhe faculta à própria exteriorização no Plano Físico e no Plano Espiritual.
E assim como dispomos, no córtex, de ligações energéti­cas da consciência para os serviços do tato, da audição, da vi­são, do olfato, do gosto, da memória, da fala, da escrita e de automatismos diversos, possuímos no diencêfalo (tálamo e hi­potálamo), a se irradiarem para o mesencéfalo, ligações energé­ticas semelhantes da consciência para os serviços da mesma na­tureza, com acréscimos de atributos para enriquecimento e su­blimação do campo sensorial, como sejam a reflexão, a atenção, a análise, o estudo, a meditação, o discernimento, a memória crítica, a compreensão, as virtudes morais e todas as fixações emotivas que nos sejam particulares.
Emitindo a onda de indagação e trabalho que nos diga respeito, através do centro coronário, conjugado ao centro cere­bral, recebemo-la de volta, em circuito de raios substanciais da nossa própria força mental, com impactos aferentes e eferentes, para que a nossa consciência, por si, ajuíze, pela essência dos resultados ou reflexos de nossas próprias ações, quanto ao acer­to ou desacerto de nossa escolha, nessa ou naquela circunstân­cia da vida.
Não podemos esquecer que cada núcleo das ligações a que nos reportamos se subdivide em peculiaridades diversas, entendendo-se, pois, que os fenômenos de obliteração suscetí­veis de ocorrer em alguns dos setores corticais do corpo físico podem surgir igualmente no corpo espiritual, quando a turvação da mente é capaz de obstruir temporariamente esse ou aquele fulcro energético da região diencefálica, no centro coronário da entidade desencarnada.
MECANISMO DO MONOIDEÍSMO — Em vista disso, se a criatura encarnada pode cair em aminésia ou afasia pela oclusão dos núcleos da memória ou da fala, sem desequilíbrio integral da inteligência, a criatura desencarnada pode arrojar-se a frustrações semelhantes, sem perturbação total do pensamen­to, enquanto se lhe mantenha a distonia.
Segundo critério idêntico, se a habilidade de um homem para manobrar determinado idioma pode cessar numa das sub-divisões do núcleo da fala, no córtex, persistindo a habilidade para lidar com idiomas outros, assim também o núcleo da visão profunda, no centro coronário, pode sofrer disfunção específica pela qual um Espírito desencarnado contemplará tão-somente, por tempo equivalente à conturbação em que se encontre, os quadros terríficos que lhe digam respeito às culpas contraídas, sem capacidade para observar paisagens de outra espécie; escu­tará exclusivamente vozes acusadoras que lhe testemunhem os compromissos inconfessáveis, sem possibilidade de ouvir quaisquer outros valores sônicos, tanto quanto poderá recordar apenas acontecimentos que se lhe refiram aos padecimentos morais, com absoluto olvido de fatos outros, até mesmo daque­les que se relacionem com a sua personalidade, motivo pelo qual se fazem tão raros os processos de perfeita identificação in­dividual, na generalidade das comunicações mediúnicas, com entidades dementadas ou sofredoras, comumente estacionárias no monoideísmo que as isola em tipos exclusivos de recordação ou emoção, de vez que, nessas condições, o pensamento contí­nuo que lhes flui da mente, em circuito viciado sobre si mesmo, age coagulando ou materializando pesadelos fantásticos, em co­nexão com as lembranças que albergam.
E esses pesadelos não são realmente meras criações abs­tratas, porqüanto, em fluxo constante, as imagens repetidas, for­madas pelas partículas vivas de matéria mental, se articulam em quadros que obedecem também à vitalidade mais ou menos lon­ga do pensamento, justapondo-se às criaturas desencarnadas que lhes dão a forma e que, congregando criações do mesmo teor, de outros Espíritos afins, estabelecem, por associações es­pontâneas, os painéis apavorantes em que a consciência culpada expia, por tempo justo, as conseqüências dos crimes a que se empenhou, prejudicando a harmonia das Leis Divinas e contur­bando, concomitantemente, a si mesma.
ZONAS PURGATORIAIS — Obliterados os núcleos energéticos da alma, capazes de conduzi-la às sensações de eu­foria e elevação, entendimento e beleza, precipita-se a mente, pelo excesso da taxa de remorso nos fulcros da memória, na dor do arrependimento a que se encarcera por automatismo, confor­me os princípios de responsabilidade a se lhe delinearem no ser, plasmando com os seus próprios pensamentos as telas temporá­rias, mas por vezes de longuíssima duração, em que contempla, incessantemente, por reflexão mecânica, o fruto amargo de suas próprias obras, até que esgote os resíduos das culpas esposadas ou receba caridosa intervenção dos agentes do amor divino, que, habitualmente, lhe oferecem o preparo adequado para a reencarnação necessária, pela qual retomará ao aprendizado prático das lições em que faliu.
É dessa forma que os suicidas, com agravantes à frente do Plano Espiritual, como também os delinqüentes de variada cate­goria, padecem por largo tempo a influência constante das afliti­vas criações mentais deles mesmos, a elas aprisionados, pela fi­xação monoidéica de certos núcleos do corpo espiritual, em de­trimento de outros que se mantém malbaratados e oclusos.
E porque o pensamento é força criativa e aglutinante na criatura consciente em plena Criação, as imagens plasmadas pelo mal, à custa da energia inestancável que lhe constitui atri­buto inalienável e imanente, servem para a formação das paisa­gens regenerativas em que a alma alucinada pelos próprios re­morsos é detida em sua marcha, ilhando-se nas conseqüências dos próprios delitos, em lugares que, retendo a associação de centenas e milhares de transviados, se transformam em verda­deiros continentes de angústia, filtros de aflição e de dor, em que a loucura ou a crueldade, juguladas pelo sofrimento que ge­ram para si mesmas, se rendem lentamente ao raciocínio equili­brado, para a readmissão indispensável ao trabalho remissor.

Pedro Leopoldo, 23/3/58.
17
Mediunidade e corpo espiritual

AURA HUMANA — Considerando-se toda célula em ação por unidade viva, qual motor microscópico, em conexão com a usina mental, é claramente compreensível que todas as agregações celulares emitam radiações e que essas radiações se articulem, através de sinergias funcionais, a se constituírem de recursos que podemos nomear por “tecidos de força”, em torno dos corpos que as exteriorizam.
Todos os seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um “halo energético” que lhes corresponde à natureza.
No homem, contudo, semelhante projeção surge profun­damente enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo de algumas escolas espiritualistas, duplica­ta mais ou menos radiante da criatura.
Nas reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagnética de que o homem se entraja, circula o pensamento, colo­rindo-a com as vibrações e imagens de que se constitui, aí exi­bindo, em primeira mão, as solicitações e os quadros que im­provisa, antes de irradiá-los no rumo dos objetos e das metas que demanda.
Aí temos, nessa conjugação de forças físico-químicas e mentais, a aura humana, peculiar a cada indivíduo, interpene­trando-o, ao mesmo tempo que parece emergir dele, à maneira de campo ovóide, não obstante a feição irregular em que se con­figura, valendo por espelho sensível em que todos os estados da alma se estampam com sinais característicos e em que todas as idéias se evidenciam, plasmando telas vivas, quando perduram em vigor e semelhança como no cinematógrafo comum.
Fotosfera psíquica, entretecida em elementos dinâmicos, atende à cromática variada, segundo a onda mental que emiti­mos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos respondem aos objetivos e escolhas, enobrecedores ou deprimentes.
MEDIUNIDADE INICIAL — A aura é, portanto, a nossa plataforma onipresente em toda comunicação com as rotas alheias, antecâmara do Espírito, em todas as nossas atividades de intercâmbio com a vida que nos rodeia, através da qual so­mos vistos e examinados pelas Inteligências Superiores, senti­dos e reconhecidos pelos nossos afins, e temidos e hostilizados ou amados e auxiliados pelos irmãos que caminham em posição inferior à nossa.
Isso porque exteriorizamos, de maneira invariável, o re­flexo de nós mesmos, nos contatos de pensamento a pensamen­to, sem necessidade das palavras para as simpatias ou repulsões fundamentais.
É por essa couraça vibratória, espécie de carapaça fluídi­ca, em que cada consciência constrói o seu ninho ideal, que co­meçaram todos os serviços da mediunidade na Terra, conside­rando-se a mediunidade como atributo do homem encarnado para corresponder-se com os homens liberados do corpo físico.
Essa obra de permuta, no entanto, foi iniciada no mundo sem qualquer direção consciente, porque, pela natural apresen­tação da própria aura, os homens melhores atraíram para si os Espíritos humanos melhorados, cujo coração generoso se volta­va, compadecido, para a esfera terrena, auxiliando os compa­nheiros da retaguarda, e os homens rebeldes à Lei Divina alicia­ram a companhia de entidades da mesma classe, transformando-se em pontos de contato entre o bem e o mal ou entre a Luz e a Sombra que se digladiam na própria Terra.
Pelas ondas de pensamento a se enovelarem umas sobre as outras, segundo a combinação de freqüência e trajeto, nature­za e objetivo, encontraram-se as mentes semelhantes entre si, formando núcleos de progresso em que homens nobres assimi­laram as correntes mentais dos Espíritos Superiores, para gerar trabalho edificante e educativo, ou originando processos vários de simbiose em que almas estacionárias se enquistaram mutuamente, desafiando debalde os imperativos da evolução e estabe­lecendo obsessões lamentáveis, a se elastecerem sempre novas, nas teias do crime ou na etiologia complexa das enfermidades mentais.
A intuição foi, por esse motivo, o sistema inicial de inter­câmbio, facilitando a comunhão das criaturas, mesmo a distân­cia, para transfundi-las no trabalho sutil da telementação, nesse ou naquele domínio do sentimento e da idéia, por intermédio de remoinhos mensuráveis de força mental, assim como na atualidade o remoinho eletrônico infunde em aparelhos especiais a voz ou a figura de pessoas ausentes, em comunicação recíproca na radiotelefonia e na televisão.
SONO E DESPRENDIMENTO — Releva, contudo, assi­nalar que, em se iniciando a criatura na produção do pensamen­to contínuo, o sono adquiriu para ela uma importância que a consciência em processo evolutivo, até aí, não conhecera.
Usado instintivamente pelo elemento espiritual, como re­curso reparador, no refazimento das células em serviço, seme­lhante estado fisiológico carreou novas possibilidades de realização para quantos se consagrassem ao trabalho mais amplo de desejar e mentalizar.
Ansiando livrar-se da fadiga física, após determinada quota de tempo no esforço da vigília diária e, por isso mesmo, entregue ao relaxamento muscular, o homem operante e indaga­dor adormecia com a idéia fixada a serviços de sua predileção.
Amadurecido para pensar e lançando de si a substância de seus propósitos mais íntimos, ensaiou, pouco a pouco, tal como aprendera, vagarosamente, o desprendimento definitivo nas operações da morte, o desprendimento parcial do corpo sutil, durante o sono, desenfaixando-o do veículo de matéria mais densa, embora sustentando-o, ligado a ele, por laços fluídico-mag­néticos, a se dilatarem levemente dos plexos e, com mais segu­rança, da fossa rombóide.
Encetado o processo de sonolência, com as reações moto­ras empobrecidas e impondo mecanicamente a si mesma o descanso temporário, no auxílio às células fatigadas de tensão, isto desde as eras remotas em que o pensamento se lhe articulou com fluência e continuidade, permanece a mente, através do corpo espiritual, na maioria das vezes, justaposta ao veículo fí­sico, à guisa de um cavaleiro que repousa ao pé do animal de que necessita para a travessia de grande região, em complicada viagem, dando-lhe ensejo à recuperação e pastagem, enquanto ele se recolhe ao próprio íntimo, ensimesmando-se para refletir ou imaginar, de conformidade com seus problemas e inquieta­ções, necessidades e desejos.
ASPECTOS DO DESPRENDIMENTO — Dessa forma, aliviando o controle sobre as células que a servem no corpo car­nal, a mente se volta, no sono, para o refúgio de si mesma, plasmando na onda constante de suas próprias idéias as imagens com que se compraz nos sonhos agradáveis em que saca da me­mória a essência de seus próprios desejos, retemperando-se na antecipada contemplação dos painéis ou situações que almeja concretizar.
Para isso, mobiliza os recursos do núcleo da visão supe­rior, no diencéfalo, de vez que, aí, as qualidades essencialmente ópticas do centro coronário lhe acalentam no silêncio do desner­vamento transitório todos os pensamentos que lhe emergem do seio.
Noutras ocasiões, no mesmo estado de insulamento, reco­lhe, no curso do sono, os resultados de seus próprios excessos, padecendo a inquietação das vísceras ou dos nervos injuriados pela sua rendição à licenciosidade, quando não seja o asfixiante pesar do remorso por faltas cometidas, cujos reflexos absorvem do arquivo em que se lhe amontoam as próprias lembranças.
Numa e noutra condição, todavia, é a mente suscetível àinfluenciação dos desencarnados que, evoluídos ou não, lhe vi­sitam o ser, atraidos pelos quadros que se lhe filtram da aura, ofertando-lhe auxílio eficiente quando se mostre inclinada à as­censão de ordem moral, ou sugando-lhe as energias e assopran­do-lhe sugestões infelizes quando, pela própria ociosidade ou intenção maligna, adere ao consórcio psíquico de espécie avil­tante, que lhe favorece a estagnação na preguiça ou a envolve nas obsessões viciosas pelas quais se entrega a temíveis contra­tos com as forças sombrias.
Mas dessa posição de espectador à função de agente exis­te apenas um passo.
O pensamento contínuo, em fluxo insopitável, desloca-lhe a organização celular perispiritual, à maneira do córrego que em sua passagem desarticula da gleba em que desliza todo um rosá­rio de seixos. E assim como os seixos soltos seguem a direção da corrente, lapidando-se no curso dos dias, o corpo espiritual acompanha, de início, o impulso da corrente mental que por ele extravasa, conscienciando-se muito vagarosamente no sono, que lhe propicia meia-libertação.
MEDIUNIDADE ESPONTÂNEA — Nessa fase primária de novo desenvolvimento, encontra-se, como é natural, ao pé dos objetos que lhe tomam o interesse.
E assim que o lavrador, no repouso físico, retoma, em corpo espiritual, ao campo em que semeia, entrando em contato com as entidades que amparam a Natureza; o caçador volta para a floresta; o escultor regressa, freqüentemente, no sono, ao blo­co de mármore de que aspira a desentranhar a obra-prima, o seareiro do bem volve à leira de serviço em que se lhe desdobra a virtude, e o culpado torna ao local do crime, cada qual rece­bendo de Espíritos afins os estímulos elevados ou degradantes de que se fazem merecedores.
Consolidadas semelhantes relações com o Plano Espiri­tual, por intermédio da hipnose comum, começaram na Terra os movimentos da mediunidade espontânea, porqüanto os encarna­dos que demonstrassem capacidades mediúnicas mais eviden­tes, pela comunhão menos estreita entre as células do corpo físi­co e do corpo espiritual, em certas regiões do campo somático, passaram das observações durante o sono às observações da vi­gília, a princípio fragmentárias, mas acentuáveis com o tempo, conforme os graus de cultura a que fossem expostos.
Quanto menos densos os elos de ligação entre os imple­mentos físicos e espirituais, nos órgãos da visão, mais amplas as possibilidades na clarividência, prevalecendo as mesmas normas para a clariaudiência e para modalidades outras, no inter­câmbio entre as duas esferas, inclusive as peculiaridades da ma­terialização, pelas quais os recursos periféricos do citoplasma, a se condensarem no ectoplasma da definição científica vulgar, se exteriorizam do corpo carnal do médium, na conjugação com as forças circulantes do ambiente, para a efêmera constituição de formas diversas.
Desde então, iniciou-se o correio entre o plano físico e o plano extrafísico, mas, porque a ignorância embotasse ainda a mente humana, os médiuns primitivos nada mais puderam reali­zar que a fascinação recíproca, ou magia elementar, em que os desencarnados igualmente inferiores eram aproveitados, por via hipnótica, na execução de atividades materiais, mas, sem qual­quer alicerce na sublimação pessoal.
FORMAÇÃO DA MITOLOGIA — Apareceu então a goecia ou magia negra, à qual as Inteligências Superiores opu­seram a religião por magia divina, encetando-se a formação da mitologia em todos os setores da vida tribal.
Numes familiares, interessados em favorecer as tarefas edificantes para levantar a vida humana a nível mais nobre, fo­ram categorizadas à conta de deuses, em diversas faixas da Natureza, e, realmente, através dos instrumentos humanos mobili­záveis, esses gênios tutelares incentivaram, por todas as formas possíveis, o progresso da agricultura e do pastoreio, das indús­trias e das artes.
A luta entre os Espíritos retardados na sombra e os aspi­rantes da luz encontrou seguro apoio nas almas encarnadas que lhes eram irmãs.
Desde essas eras recuadas, empenharam-Se O bem e o mal em tremendo conflito que ainda está muito longe de terminar, com bases na mediunidade consciente ou inconsciente, técnica ou empírica.
FUNÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA — Forçoso reco­nhecer, todavia, que a mediunidade, na essência, quanto a ener­gia elétrica em si mesma, nada tem a ver com os princípios mo­rais que regem os problemas do destino e do ser.
Dela podem dispor, pela espontaneidade com que se evi­dencia, sábios e ignorantes, justos e injustos, expressando-Se-lhe, desse modo, a necessidade de condução reta, quanto a força elé­trica exige disciplina a fim de auxiliar.
Esse o motivo por que os Orientadores do Progresso sus­tentam a Doutrina Espírita na atualidade do mundo, por Chama Divina, cristianizando fenômenos e objetivos, caracteres e faculdades, para que o Evangelho de Jesus Seja de fato incorpora­do às relações humanas.
Como nas intervenções cirúrgicas em que tecidos são transplantados com êxito para melhoria das condições orgâni­cas, é indispensável nos atenhamos ao impositivo das operações mediúnicas pelas quais se efetuem proveitosas enxertias psíqui­cas, com vistas à difusão do conhecimento superior.
MEDIUNIDADE E VIDA — Eminentes fisiologistas e pesquisadores de laboratório procuraram fixar mediunidades e médiuns a nomenclaturas e conceitos da ciência metapsíquica, entretanto, o problema, como todos os problemas humanos, émais profundo, porque a mediunidade jaz adstrita à própria vida, não existindo, por isso mesmo, dois médiuns iguais, não obstante a semelhança no campo das impressões.
Por outro lado, espiritualistas distintos julgam-Se no direi­to de hostilizar-lhe os serviços e impedir-lhe a eclosão, encare­cendo-lhe os supostos perigos, como se eles próprios, mentalizando os argumentos que avocam, não estivessem assimilando, por via mediúnica, as correntes mentais intuitivas, contendo in­terpretações particulares das Inteligências desencarnadas que os assistem.
A mediunidade, no entanto, é faculdade inerente à própria vida e, com todas as suas deficiências e grandezas, acertos e de­sacertos, é qual o dom da visão comum, peculiar a todas as cria­turas, responsável por tantas glórias e tantos infortúnios na Ter­ra.
Ninguém se lembrará, contudo, de suprimir os olhos, por­que milhões de pessoas, à face de circunstâncias imponderáveis da evolução, deles se tenham valido para perseguir e matar nas guerras de terror e destruição.
Urge iluminá-los, orientá-los e esclarecê-los.
Também a mediunidade não requisitará desenvolvimento indiscriminado, mas sim, antes de tudo, aprimoramento da per­sonalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o corpo espiri­tual, modelando o corpo físico e sustentando-o, possa igualmen­te erigir-se em filtro leal das Esferas Superiores, facilitando a ascensão da Humanidade aos domínios da luz.

Uberaba, 26/3/58
18
Sexo e corpo espiritual

HERMAFRODITISMO E UNISSEXUALIDADE —Examinando o instinto sexual em sua complexidade nas linhas multiformes da vida, convêm lembrar que, por milênios e milê­nios, o princípio inteligente se demorou no hermafroditismo das plantas, como, por exemplo, nos fanerógamos, em cujas flores os estames e pistilos articulam, respectivamente, elementos masculinos e femininos.
Nas plantas criptogâmicas celulares e vasculares ensaiara longamente a reprodução sexuada, na formação de gametos (an­terozôides e oosfera) que muito se aproximam aos dos animais e cuja fecundação se efetua por meios análogos aos que obser­vamos nestes últimos seres.
Depois de muitas metamorfoses que não cabem num estu­do sintético quanto o nosso, caminhou o elemento espiritual, na reprodução monogônica, entre as vastas províncias dos protozoários e metazoários, com a divisão e gemação entre os pri­meiros, correspondendo à cisão ou estrobilação entre os segun­dos.
Longo tempo foi gasto na evolução do instinto sexual em vários tipos de animais inferiores, alternando-se-lhe os estágios de hermafroditismo com os de unissexualidade para que se lhe aperfeiçoassem as características na direção dos vertebrados.
HERMAFRODITISMO POTENCIAL — Gradativamen­te, aparecem novos fatores de diferenciação, guardando-se, no entanto, os distintivos essenciais, como podemos identificar, ainda agora, no sapo macho adulto um hermafrodita potencial, apesar dos sinais masculinos com que se apresenta, sabendo-se que carrega na região do seu testículo, positivamente acrescido, um ovário elementar aderente, o conhecido corpo de Bidder.
Se extirparmos o testículo, o ovário atrofiado começa a funcionar, por atuação da hipófise, conforme experimentos comprovados, convertendo-se num ovário adulto.
Ocorrência inversa é verificável em cinco a dez por cento de galinhas adultas, isto é, nos indivíduos psiquicamente dis­postos, das quais, se retirarmos o ovário esquerdo, também consideravelmente desenvolvido, o ovário direito, rudimentar, tran­substancia-se num testículo que se vitaliza e cresce, na sua parte medular, até então inibida pelos estrogênios do ovário esquerdo.
Nesse fenômeno, aumenta-se-lhes a crista, cantam tipica­mente à maneira do galo e adotam-lhe a conduta sexual mascu­lina.
Registramos esses fatos para demonstrar que entre todos os vertebrados e muito particularmente no homem, herdeiro das mais complicadas experiências psíquicas, nos domínios da reen­carnação, apenas os caracteres morfológicos dos implementos sexuais estão submetidos aos princípios da genética. Isso por­que não é só a figuração das glândulas sexuais que se mostra bi­potencial até certo ponto, pois todo o cosmo orgânico é suscetí­vel de reagir aos hormônios do mesmo sexo ou do sexo contrá­rio, segundo as disposições psíquicas da personalidade.
AÇÃO DOS HORMÔNIOS — Atingindo inequívoco progresso em seus estímulos, o corpo espiritual, desde a proto­forma psicossômica nos animais superiores até o homem, conforme a posição da mente a que serve, determina mais ampla ri­queza hormonal.
As glândulas sexuais que então mobiliza são mais com­plexas. Exercem a própria ação pelos hormônios que segregam, arrojando-os no sangue, hormônios esses, femininos ou mascu­linos, que possuem por arcabouço da constituição química, em que se expressam, o nücleo ciclo-pentano-peridrofenantreno, fi­liando-se ao grupo dos esteróis.
Os hormônios estrogênicos, oriundos do ovário, mantêm os caracteres femininos secundários, e os androgênicos, segre gados pelo testículo, sustentam os caracteres masculinos da mesma ordem. Produzem ações estimulantes e inibitórias, toda­via, como atendem necessariamente a impulsos e determinações da mente, por intermédio do corpo espiritual, incentivam o desenvolvimento ou a maneira de proceder da espécie, mas não os origina.
Por isso, nenhum deles possui ação monopolizadora no mundo orgânico, não obstante patentearem essa ou aquela in­fluência de modo mais amplo.
Ainda em razão do mesmo princípio que lhes vige na for­mação, pelo qual obedecem às vibrações incessantes do campo mental, os hormônios não se armazenam: transformam-se rapidamente ou sofrem apressada expulsão nos movimentos excre­tórios.
Entendendo-se os recursos da reprodução como engrena­gens e mecanismos de que o Espírito em evolução se vale para a plasmagem das formas físicas, sem que os homens lhe compro­vem, de modo absoluto, as qualidades mais íntimas, é fácil re­conhecer que as glândulas sexuais e seus hormônios exibem efeitos relativamente específicos.
Inegavelmente, o ovário e os hormônios femininos se res­ponsabilizam pelos distintivos sexuais femininos, mas podem desenvolver alguns deles no macho, prevalecendo as mesmas diretrizes para o testículo e os hormônios que lhe correspon­dem.
Isso é claramente demonstrável nos experimentos de cas­tração, enxertos e injeções hormonais, porqüanto, apesar de a ação sexual específica do testículo e do ovário apresentar-se como fato indiscutível, a gônada, refletindo os estados da men­te, herdeira direta de experiências inumeráveis, eventualmente produz certa quantidade de homtênios beterossexuais e, da mes­ma sorte, ainda que os hormônios sexuais se afirmem com ativi­dade específica intensa, em determinados acontecimentos reali­zam essa ou aquela ação em órgãos do sexo oposto.
Esses são os efeitos heterossexuais ou bissexuais das glândulas ou dos hormônios.
ORIGEM DO INSTINTO SEXUAL — Todas as nossas referências a semelhantes peças do trabalho biológico, nos reinos da Natureza, objetivam simplesmente demonstrar que, além da trama de recursos somáticos, a alma guarda a sua individua­lidade sexual intrínseca, a definir-se na feminilidade ou na mas­culinidade, conforme os característicos acentuadamente passi­vos ou claramente ativos que lhe sejam próprios.
A sede real do sexo não se acha, dessa maneira, no veí**­lo físico, mas sim na entidade espiritual, em sua estrutura com­plexa.
E o instinto sexual, por isso mesmo, traduzindo amor em expansão no tempo, vem das profundezas, para nós ainda ina­bordáveis, da vida, quando agrupamentos de mOnadas celestes se reuniram magneticamente umas às outras para a obra multi­milenária da evolução, ao modo de núcleos e eletrões na tessitu­ra dos átomos, ou dos sóis e dos mundos nos sistemas macro­cósmicos da Imensidade.
Por ele, as criaturas transitam de caminho a caminho, nos domínios da experimentação multifária, adquirindo as qualida­des de que necessitam; com ele, vestem-se da forma física, em condições anômalas, atendendo a sentenças regeneradoras na lei de causa e efeito ou cumprindo instruções especiais com fins de trabalho justo.
O sexo é, portanto, mental em seus impulsos e manifesta­ções, transcendendo quaisquer impositivos da forma em que se exprime, não obstante reconhecermos que a maioria das consciências encarnadas permanecem seguramente ajustadas à siner­gia mente-corpo, em marcha para mais vasta complexidade de conhecimento e emoção.
EVOLUÇÃO DO AMOR — Entretanto, importa reco­nhecer que à medida que se nos dilata o afastamento da animali­dade quase absoluta, para a integração com a Humanidade, o amor assume dimensões mais elevadas, tanto para os que se verticalizam na virtude como para os que se horizontalizam na inteligência.
Nos primeiros, cujos sentimentos se alteiam para as Esfe­ras Superiores, o amor se ilumina e purifica, mas ainda é instin­to sexual nos mais nobres aspectos, imanizando-se às forças com que se afina em radiante ascensão para Deus.
Nos segundos, cujas emoções se complicam, o amor se requinta, transubstanciando-se o instinto sexual em constante exigência de satisfação iinoderada do “eu”.
De conformidade com a Psicanálise, que vê na atividade sexual a procura incessante de prazer, concordamos em que uns, na própria sublimação, demandam o prazer da Criação, identificando-se com a Origem Divina do Universo, enquanto que outros se fixam no encalço do prazer desenfreado e egoístico da auto-adoração.
Os primeiros aprendem a amar com Deus.
Os segundos aspiram a ser amados a qualquer preço.
A energia natural do sexo, inerente à própria vida em si, gera cargas magnêticas em todos os seres, pela função criadora de que se reveste, cargas que se caracterizam com potenciais ní­tidos de atração no sistema psíquico de cada um e que, em se acumulando, invadem todos os campos sensíveis da alma, como que a lhe obliterar os mecanismos outros de ação, qual se esti­véssemos diante de usina reclamando controle adequado.
Ao nível dos brutos ou daqueles que lhes renteiam a con­dição, a descarga de semelhante energia se efetua, indiscrimina­damente, atravês de contatos, quase sempre desregrados e infelizes, que lhes carreiam, em conseqüência, a exaustão e o sofri­mento como processos educativos.
POLIGAMIA E MONOGAMIA — O instinto sexual, en­tão, a desvairar-se na poligamia, traça para si mesmo largo ro­teiro de aprendizagem a que não escapará pela matemática do destino que nós mesmos criamos.
Entretanto, quanto mais se integra a alma no plano da res­ponsabilidade moral para com a vida, mais apreende o impositi­vo da disciplina própria, a fim de estabelecer, com o dom de amar que lhe é intrínseco, novos programas de trabalho que lhe facultem acesso aos planos superiores.
O instinto sexual nessa fase da evolução não encontra ale­gria completa senão em contato com outro ser que demonstre plena afmidade, porqüanto a liberação da energia, que lhe é pe­culiar, do ponto de vista do governo emotivo, solicita compen­sação de força igual, na escala das vibrações magnéticas.
Em semelhante eminência, a monogamia é o clima espon­tâneo do ser humano, de vez que dentro dela realiza, natural­mente, com a alma eleita de suas aspirações a união ideal do ra­ciocínio e do sentimento, com a perfeita associação dos recur­sos ativos e passivos, na constituição do binário de forças, capaz de criar não apenas formas físicas, para a encarnação de ou­tras almas na Terra, mas também as grandes obras do coração e da inteligência, suscitando a extensão da beleza e do amor, da sabedoria e da glória espiritual que vertem, constantes, da Cria­ção Divina.
ALIMENTO ESPIRITUAL — Há, por isso, consórcios de infinita gradação no Plano Terrestre e no Plano Espiritual, nos quais os elementos sutis de comunhão prevalecem acima das linhas morfológicas do vaso físico, por se ajustarem ao sis­tema psíquico, antes que às engrenagens da carne, em circuitos substanciais de energia.
Contudo, até que o Espírito consiga purificar as pró­prias impressões, além da ganga sensorial, em que habitual­mente se desregra no narcisismo obcecante, valendo-se de outros seres para satisfazer a volúpia de hipertrofiar-se psi­quicamente no prazer de si mesmo, numerosas reencarnações instrutivas e reparadoras se Lhe debitam no livro da vida, por­que não cogita exclusivamente do próprio prazer sem lesar os outros, e toda vez que lesa alguém abre nova conta resgatável em tempo certo.
Isso ocorre porque o instinto sexual não é apenas agente de reprodução entre as formas superiores, mas, acima de tudo, é o reconstituinte das forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na per­muta de raios psíquico-magnéticos que lhes são necessários ao progresso.
Os espíritos santificados, em cuja natureza superevolvida o instinto sexual se diviniza, estão relativamente unidos aos Es­píritos Glorificados, em que descobrem as representações de Deus que procuram, recolhendo de semelhantes entidades as cargas magnéticas sublimadas, por eles próprios liberadas no êxtase espiritual.
De outro lado, as almas primitivas comunmente lhe gastam a força em excessos que lhes impõem duras lições.
Entre os espíritos santificados e as almas primitivas, mi­lhões de criaturas conscientes, viajando da rude animalidade para a Humanidade enobrecida, em muitas ocasiões se arrojam a experiências menos dignas, privando a companheira ou o companheiro do alimento psíquico a que nos reportamos, interrompendo a comunhão sexual que lhes alentava a euforia, e, se as forças sexuais não se encontram suficientemente controladas por valores morais nas vítimas, surgem, freqüentemente, longos processos de desespero ou de delinqüência.
ENFERMIDADES DO INSTINTO SEXUAL — As cargas magnéticas do instinto, acumuladas e desbordantes na personalidade, à falta de sólido socorro íntimo para que se canalizem na direção do bem, obliteram as faculdades, ainda vacilantes, do discernimento e, à maneira do esfaimado, alheio ao bom senso, a criatura lesada em seu equilíbrio sexual costuma entregar-se à rebelião e à loucura em síndromes espiri­tuais de ciúme ou despeito. À face das torturas genésicas a que se vê relegada, gera aflitivas contas cármicas a lhe vergastarem a alma no espaço e a lhe retardarem o progresso no tempo.
Daí nascem as psiconeuroses, os colapsos nervosos de­correntes do trauma nas sinergias do corpo espiritual, as fobias numerosas, a “histeria de conversão”, a “histeria de angústia”, os “desvios da libido”, a neurose obsessiva, as psicoses e as fi­xações mentais diversas que originam na ciência de hoje as in­dagações e os conceitos da psicologia de profundidade, na esfe­ra da Psicanálise, que identifica as enfermidades ou desajustes do instinto sexual sem oferecer-lhes medicação adequada, por­que apenas o conhecimento superior, gravado na própria alma, pode opor barreiras à extensão do conflito existente, traçando caminhos novos à energia criadora do sexo, quando em perigo­so desequilíbrio.
Desse modo, por semelhantes ruturas dos sistemas psicos­somáticos, harmonizados em permutas de cargas magnéticas afins, no terreno da sexualidade física ou exclusivamente psíquica, é que múltiplos sofrimentos são contraídos por nós todos, no decurso dos séculos, porqüanto, se forjamos inquietações e problemas nos outros, com o instinto sexual, é justo venhamos a solucioná-los em ocasião adequada, recebendo por filhos e as­sociados de destino, entre as fronteiras domésticas, todos aque­les que constituímos credores do nosso amor e da nossa renún­cia, atravessando, muitas vezes, padecimentos inomináveis para assegurar-lhes o refazimento preciso.
Compreendamos, pois, que o sexo reside na mente, a ex pressar-se no corpo espiritual, e conseqüentemente no corpo fí­sico, por santuário criativo de nosso amor perante a vida, e, em razão disso, ninguém escarnecerá dele, desarmonizando-lhe as forças, sem escarnecer e desarmonizar a si mesmo.

Pedro Leopoldo, 30/3/58.
19
Alma e reencarnação

DEPOIS DA MORTE — Efetivamente, logo após a mor­te física, sofre a alma culpada minucioso processo de purgação, tanto mais produtivo quanto mais se lhe exteriorize a dor do arrependimento, e, apenas depois disso, consegue elevar-se a es­feras de reconforto e reeducação.
Se a moléstia experimentada na veste somática foi longa e difícil, abençoadas depurações terão sido feitas, pelo ensejo de auto-exame, no qual as aflições suportadas com paciência lhe alteraram sensações e refundiram idéias.
Todavia, se essa operação natural não foi possível no cír­culo carnal, mais se lhe agravam os remorsos, depois do túmu­lo, por recalcados na consciência, a aflorarem, todos eles, atra­vés de reflexão, renovando as imagens com que foram fixados na própria alma.
Criminosos que mal ressarciram os débitos contraídos, instados pelo próprio arrependimento, plasmam, em torno de si mesmos, as cenas degradantes em que arruinaram a vida íntima, alimentando-as à custa dos próprios pensamentos desgoverna­dos.
Caluniadores que aniquilaram a felicidade alheia vivem pesadelos espantosos, regravando nas telas da memória os pade­cimentos das vítimas, como no dia em que as fizeram descer para o abismo da angústia, algemados ao pelourinho de obsi­dentes recordações.
Tiranetes diversos volvem a sentir nos tecidos da própria alma os golpes que desferiram nos outros, e os viciados de toda sorte, quais os dipsômanos e morfinômanos, experimentam agoniada insatisfação, qual ocorre também aos desequilibrados do sexo, que acumulam na organização psicossomática as car­gas magnéticas do instinto em desvario, pelas quais se locali­zam em plena alienação.
As vítimas do remorso padecem, assim, por tempo correspondente às necessidades de reajuste, larga interna­ção em zonas compatíveis com o estado espiritual que de­monstram.
CONCEITO DE INFERNO — O inferno das várias reli­giões, nesse aspecto, existe perfeitamente como órgão controla­dor do equilíbrio moral nos reinos do Espírito, assim como a penitenciária e o hospital se levantam na Terra, como retortas de recuperação e de auxílio.
Além-túmulo, no entanto, o estabelecimento depurativo como que reúne em si os Órgãos de repressão e de cura, porqüanto as consciências empedernidas aí se congregam às cons­ciências enfermas, na comunhão dolorosa, mas necessária, em que o mal é defrontado pelo próprio mal, a fim de que, em se examinando nos semelhantes, esmoreça por si na faina destrui­dora em que se desmanda.
É assim que as Inteligências ainda perversas se transfor­mam em instrumentos reeducativos daquelas que começam a despertar, pela dor do arrependimento, para a imprescindível restauração.
O inferno, dessa maneira, no clima espiritual das vá­rias nações do Globo, pode ser tido na conta de imenso cárcere-hospital, em que a diagnose terrestre encontrará realmente todas as doenças catalogadas na patologia co­mum, inclusive outras muitas, desconhecidas do homem, não propriamente oriundas ou sustentadas pela fauna mi­crobiana do ambiente carnal, mas nascidas de profundas disfunções do corpo espiritual e, muitas vezes, nutridas pe­las formas-pensamentos em torturado desequilíbrio, classi­ficáveis por larvas mentais, de extremo poder corrosivo e alucinatório, não obstante a fugaz duração com que se arti­culam, quando não obedecem às idéias infelizes, longa­mente recapituladas no tempo.
“SEMENTES DE DESTINO” — Nesses lugares de reti­ficadoras inquietações, alija o Espírito endividado a carga de su­perfície, exonerando-se dos elementos de mais envolvente de­gradação que o aviltam; contudo, tão logo revele os primeiros sinais de positiva renovação para o bem, registra o auxílio das Esferas Superiores, que, por agentes inúmeros, apóiam os servi­ços da Luz Divina onde a ignorância e a crueldade se transviam na sombra.
Qual doente, agora acolhido em outros setores pela enco­rajadora convalescença de que dá testemunho, o devedor des­fruta suficiente serenidade para rever os compromissos assumi­dos na encarnação recentemente deixada, sopesando os males e sofrimentos de que se fez responsável, acusando ainda a si próprio, com a incapacidade evidente de perdoar-se, tanto maior quão maiores lhe foram no mundo as oportunidades de elevação e a luz do conhecimento.
Muita vez, ascendem a escolas beneméritas, nas quais re­colhem mais altas noções da vida, aprimoram-se na instrução, aperfeiçoam impulsos e exercem preciosas atividades, melho­rando os próprios créditos; todavia, as lembranças dos erros vo­luntários, ainda mesmo quando as suas vítimas tenham já supe­rado todas as seqüelas dos golpes sofridos, entranham-se-lhes no espírito por “sementes de destino”, de vez que eles mesmos, em se reconhecendo necessitados de promoção a níveis mais nobres, pedem novas reencarnações com as provas de que care­cem para se quitarem consciencialmente consigo próprios.
Nesses casos, a escolha da experiência é mais que legíti­ma, porqüanto, através da limpeza de limiar, efetuada nas regiões retificadoras, e pelos títulos adquiridos nos trabalhos que abra­ça, no plano extrafísico, merece a criatura os cuidados prepara­tórios da nova tarefa em vista, a fim de que haja a conjugação de todos os fatores para que reencontre os credores ou as cir­cunstâncias imprescindíveis, junto aos quais se redima perante a Lei.
REENCARNAÇÕES ESPECIAIS — Entretanto, reencar­nações se processam, muita vez, sem qualquer consulta aos que necessitam segregação em certas lutas no plano físico, provi­dências essas comparáveis às que assumimos no mundo com enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sor­te que lhes convêm no espaço de tempo em que se lhes perdura a enfermidade ou em que se mantenham sob as determinações da justiça.
São os problemas especiais, em que a individualidade re­nasce de cérebro parcialmente inibido ou padecendo mutilações congênitas, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e cari­nho.
Incapazes de eleger o caminho de reajuste, pelo estado de loucura ou de sofrimento que evidenciam, semelhantes enfer­mos são decididamente internados na cela física como doentes isolados sob assistência precisa.
Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou pau­pêrrimos, contrariando, por vezes, até certo ponto, os estatutos que regem a hereditariedade, por representarem dolorosas exce­ções no caminho normal.
REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO — Urge reparar, en­tretanto, em que a reencarnação não é mero princípio regenera­tivo.
A evolução natural nela encontra firme apoio.
Criaturas que avultam na bondade, em muitas ocasiões re­querem conhecimento nobilitante, e muitas que se agigantaram na inteligência permanecem à míngua de virtude.
Outras inumeráveis, embora detendo preciosos valores, nos domínios do coração e do cérebro, após longo estágio no plano extrafísico, sentem fome de progresso renovador por inabilitadas, ainda, a ascensões maiores e renunciam à tranqüilida­de a que se integram nos grupos afins, porque, no cadinho efer­vescente da carne, analisam, de novo, as próprias imperfeições, testando-lhes a amplitude nas rudes experiências da vida huma­na, obtendo mais avançado ensejo de corrigenda e transforma­ção.
Isso não significa que a consciência desencarnada deixe de encontrar possibilidades de expansão nas cidades espirituais que gravitam em torno da Terra. Outras modalidades de estudo e trabalho aí lhe asseguram novos fatores de evolução; contudo, escassa percentagem de criaturas humanas, além da morte, ad­quirem acesso definitivo aos planos superiores.
A esmagadora maioria jaz ainda ligada às ideologias e ra­ças, pátrias e realizações, famílias e lares do mundo.
É por isso que artistas eméritos, ao notarem o curso dife­rente das escolas que deixaram no Planeta, sentem-se irresisti­velmente atraídos para a reencarnação, a fim de Preservar-lhes ou enriquecer-lhes os patrimônios.
Cientistas eminentes, interessados na continuidade dos empreendimentos redentores que largaram em mãos alheias, volvem ao trabalho e à experimentação entre os homens, e, no mesmo espírito missionário, religiosos e filósofos, professores e condutores, homens e mulheres que se distinguem por nobres aspirações retornam, voluntariamente à esfera física, em sagra­das ações de auxílio que lhes valem honrosos degraus de subli­mação na escalada para a Divina Luz.
Entendamos, assim, que tanto a regeneração quanto a evolução não se verificam sem preço.
O progresso pode ser comparado a montanha que nos cabe transpor, sofrendo-se naturalmente os problemas e as fadi­gas da marcha, enquanto que a recuperação ou a expiação podem ser consideradas como essa mesma subida, devidamente recapitulada, através de embaraços e armadilhas, miragens e es-pinheiros que nós mesmos criamos.
Se soubermos, porém, suar no trabalho honesto, não pre­cisaremos suar e chorar no resgate justo.
E não se diga que todos os infortúnios da marcha de hoje estejam debitados a compromissos de ontem, porque, com a prudência e a imprudência, com a preguiça e o trabalho, com o bem e o mal, melhoramos ou agravamos a nossa situação, reco­nhecendo-se que todo dia, no exercício de nossa vontade, for­mamos novas causas, refazendo o destino.
PARTICULARIDADES DA REENCARNAÇÃO — Perguntar-se-á razoavelmente, se existe uma técnica invariável no serviço reencarnatório Seria o mesmo que indagar se a mor­te na Terra é única em seus processos para todas as criaturas.
Cada entidade reencarnante apresenta particularidades es­senciais na recorporificação a que se entrega na esfera física, quanto cada pessoa expõe característicos diferentes quando se rende ao processo liberatório, não obstante o nascimento e a morte parecerem iguais.
Os Espíritos categoricamente superiores, quase sempre, em ligação sutil com a mente materna que lhes oferta guarida, podem plasmar por si mesmos e, não raro, com a colaboração de instrutores da Vida Maior, o corpo em que continuarão as fu­turas experiências, interferindo nas essências cromossômicas, com vistas às tarefas que lhes cabem desempenhar.
Os Espíritos categoricamente inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideísmo tiranizante, entram em sim­biose fluídica com as organizações femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual ou o fenô­meno de “ovoidização”, sendo inelutavelmente atraídos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da heredita­riedade, como acontece à semente, que, após desligar-se do fru­to seco, germina no solo, segundo os princípios organogênicos a que obedece, tão logo encontre o favor ambiencial.
Entre ambas as classes, porém, contamos com milhões de Espíritos medianos na evolução, portadores de créditos apreciá­veis e dívidas numerosas, cuja reencarnação exige cautela de preparo e esmero de previsão.
RESTRINGIMENTO DO CORPO ESPIRITUAL — Ins­titutos de escultura anatômica funcionam, por isso, no Plano Es­piritual, brunindo formas diversas, de modo a orientar os mapas ou prefigurações do serviço que aos reencarnantes competirá, mais tarde atender.
Corpos, membros, órgãos, fibras e células são aí esboça­dos e estudados, antes que se definam os primórdios da remate­rialização terrestre, porque, nesses casos, em que a alma oscila entre méritos e deméritos, a reencarnação permanece sob os auspícios de autoridades e servidores da Justiça Espiritual que administra recursos a cada aprendiz da sublimação, de acordo com as obras edificantes que lhes constem do currículo da exis­tência.
Para isso, os candidatos à reencarnação, sem supe­rioridade suficiente de modo a supervisioná-la com o seu próprio critério e distantes da inferioridade primitivista que deles faria escravos absolutos da herança física, são admitidos a instituições-hos­pitais em que magnetizadores desencarnados, bastante compe­tentes pela nobreza íntima, se incumbem de aplicar-lhes fluídos balsamizantes que os adormeçam, por períodos variáveis, de conformidade com a evolução moral que enunciem, a fim de que os princípios psicossomáticos se adaptem a justo restringi­mento, em bases de sonoterapia.
Desse modo, regressam ao berço humano, nas condições precisas, recolhidos a novo corpo, qual operário detentor de vir­tudes e defeitos a quem se concede novo uniforme de trabalho e nova oportunidade de realização.
CORPO FÍSICO — Paternidade e maternidade, raça e pá­tria, lar e sistema consangüíneo são conjugados com previdente sabedoria para que não faltem ao reencarnante todas as possibilidades necessárias ao êxito no empreendimento que se inicia..
É senhor das experiências adquiridas que lhe despontam do ser, em forma de tendências e impulsos, recebe o Espírito um corpo físico inteiramente novo, em olvido temporário, mas não absoluto, das experiências pregressas, corpo com o qual será defrontado pelas circunstâncias favoráveis ou não do cami­nho que deve percorrer, para prosseguir na obra digna em que se haja empenhado ou para retificar as lições em que haja fali­do.
Nessas diretrizes, nem sempre estará integrado normal­mente na posição em que a vida mental e o campo somático se mostram em sinergia ideal.
Às vezes, deve sofrer mutilações e enfermidades benéfi­cas, inibições e dificuldades orgânicas de caráter inevitável, porque, de aprendizado a aprendizado e de tarefa a tarefa, quan­to o aluno de estágio a estágio para as grandes metas educativas, é que se levantará, vitorioso, para a ascensão à Imortalidade Ce­leste.

Uberaba, 9/4/58.
20
Corpo espiritual e religiões

RESPONSABILIDADE E CONSCIÊNCIA — À medi­da que a responsabilidade se lhe apossou do espírito, ilumi­nou-se a consciência do homem.
A centelha da razão convertera-se em chama divina.
A inteligência humana entendeu a grandeza do Univer­so e compreendeu a própria humildade, reconhecendo em suas entranhas a idéia inalienável de Deus.
Conduzindo-se, então, de modo racional, experimentou profundas transformações.
Percebe, nesse despertamento, que, além das opera­ções vulgares da nutrição e da reprodução, da vigília e do repouso, estímulos interiores, inelutáveis, trabalham-lhe o âmago do ser, plasmando-lhe o caráter e o senso moral, em que a intuição se amplia segundo as aquisições de conheci­mento e em que a afetividade se converte em amor, com capacidade de sacrifício, atingindo a renúncia completa.
Até à época recuada do paleolítico, interferiram as Inteligências Divinas para que se lhe estruturasse o veí**­lo físico, dotando-a com preciosas reservas para o futuro imenso.
Envolvendo-a na luz da responsabilidade, conferiam-lhe o dever de conservar e aprimorar o patrimônio recebido, e, investindo-a na riqueza do pensamento contínuo, entregaram-lhe a obrigação de atender ao aperfeiçoamento de seu corpo espiri­tual.
Aceitar-se-á, razoavelmente, que até semelhante fase os tremendos conflitos da Natureza, em que se mesclavam a vio­lência e a brutalidade, foram debitados à conta da evolução ne­cessária para a discriminação de indivíduos e agrupamentos, es­pécies e raças.
ATIVIDADE RELIGIOSA — Estabelecido, porém, o princípio de justiça e aflorando a mentação incessante, o ho­mem começou a examinar em si mesmo o efeito das próprias ações, de modo a crescer, conscientemente, para a sua desti­nação de filho de Deus, herdeiro e colaborador da Sua Obra Divina.
Espicaça-se-lhe, então, a curiosidade construtiva.
Faminto de elucidações adequadas quanto ao próprio caminho, ergue as antenas mentais para as estrelas, recolhen­do os valores do espírito que lhe consubstanciam o patrimônio de revelações do Céu, através dos tempos.
Era necessário satisfazer ao acrisolamento do seu veí­culo sutil, na essência íntima, assegurar-lhe o transformismo anímico, revesti-lo de luminosidade e beleza e apurar-lhe os princípios para que, além do angusto círculo humano, pudes­se retratar a glória dos planos superiores.
Para isso, o pensamento reclamava orientação educati­va, de modo a despojar-se da espessa sedimentação de ani­malidade que lhe presidia os impulsos.
Exigia-se-lhe a depuração da atmosfera vital, impres­cindível à assimilação da influência divina.
E a atividade religiosa nasceu por instituto mundial de higiene da alma, traçando ao homem diretrizes à nutrição psí­quica, de vez que, pela própria perspiração, exterioriza os produtos que elabora na usina mental, em forma de eflúvios eletromagnéticos, nos quais se lhe corporificam, em movi­mento, os reflexos dominantes, influenciando o ambiente e sendo por ele influenciado.
A ciência médica, rica de experimentação e de lógi­ca, surgiria para corresponder às necessidades do corpo fí­sico, mas a tarefa religiosa viria ao encontro das civiliza­ções, plena de inspiração e disciplina, patrocinando a orientação do corpo espiritual, em seu necessário refinamento.
ENXERTO REVITALIZADOR — Nesse sentido, a Es­piritualidade Sublime, amparando o homem, jamais lhe menos­prezou a sede de consolo e esclarecimento.
Quando mais angustiosos se lhe esboçavam os problemas da dor, com a guerra Íntima entre a razão e a animalidade, gran­de massa de Espíritos ilustrados, mas decaldos de outro sistema cósmico, renasceu no tronco genealógico das tribos terrestres, qual enxerto revitalizador, embora isso representasse para eles amarga penitência expiatória.
Constituiu-se desse modo a raça adâmica, instilando no homem renovadas noções de Deus e da vida. (9)
Levantam-se organizações religiosas primordiais.
Povos nômades e agrupamentos escravizados ao solo por extremado gregarismo adotaram as mais estranhas formas de fé, a se emoldurarem por barbárie natural, através de intercambio fragmentário com o plano extrafísico.
Os Espíritos exilados, presos à rede organogênica em que se lhes tecia o cárcere, no carro biológico, ainda profundamente primitivista, muita vez revoltados e endurecidos, aliavam-se às tabas selvagens, em cultos sanguinários e indescritíveis, desvai­rando-se nos mais aviltantes espetáculos de crueldade, em nome dos deuses com que fantasiavam as entidades inferiores do seu convívio doméstico.
Alguns deles, no entanto, movidos de compunção, entra­ram em fervoroso arrependimento das culpas contraídas no mundo aprimorado de que provinham, e, não obstante os emba­raços que se Lhes antepunham aos sonhos de recuperação, co­meçaram instintivamente a formar núcleos isolados para o culti­vo de meditações superiores, em sagrados tentames de elevação.
RELIGIÃO EGIPCIANA — Depois de longos e porfia­dos milênios de luta espiritual, surgem no mundo, como grupos por eles organizados, a China pré-histórica e a Índia vêdica, o antigo Egito e civilizações outras que se perderam no abismo

(9) Para mais amplo esclarecimento do assunto, aconselhamos ao lei­tor breve consulta ao Capítulo 3º do livro “A Caminho da Luz”, de autoria do Espírito Emmanuel e recebido mediunicamente por Francisco Cãndido Xa­vier. — (Nota da Editora.)

das eras, nos quais a religião assume aspecto enobrecido como ciência moral de aperfeiçoamento, para mais alta ascensão da mente humana à Consciência Cósmica.
Dentre todos, desempenha o Egito missão especial, orga­nizando escolas de iniciação mais profunda.
Em obediência aos requisitos da crença popular, herdeira intransigente das fixações mitológicas, mantêm o sacerdócio cultos diversos a deuses vários, nas manifestações esotéricas dos templos descerrados ao povo.
O lar e a escola, a agricultura e o comércio, as indústrias e as artes possuem gênios especiais que os presidem, em nome da convicção vulgar, mas, na intimidade do santuário, o monoteís­mo dirige a implantação da fé.
A unidade de Deus é o alicerce de toda a religião egipcia­na, em sua feição superior.
Para ela, os atributos divinos são a vontade sábia e pode­rosa, a liberdade, a grandeza, a magnanimidade incansável, o amor infinito e a imortalidade.
Em síntese, acredita que Deus plasmou os seus próprios membros, que são os deuses conhecidos. Cada um desses deu­ses secundários pode ser tomado como sendo análogo ao Deus Único, e cada um deles pode formar um tipo novo do qual se ir­radiam por sua vez, e pelo mesmo processo, Outros tipos de deuses inferiores.
Claro está que essa argumentação teológica, distanciada de mais altos roteiros da evolução, imaginava erroneamente po­tências espirituais centralizadas no Criador Excelso, quando só Deus tem a faculdade de verdadeiramente criar, mas o conceito expressa, em sentido lato, a solidariedade constante e inevitável que existe em todas as vidas de que se constitui a família do Su­premo Senhor em todo o Universo.
MISSÃO DE MOISÉS — Os padres tebanos conheciam, de maneira precisa, a evidência do corpo espiritual que pode ex­teriorizar-se de cada criatura para ações úteis ou criminosas.
Cultivam a mediunidade em grau avançado, atendem a complexas aplicações do magnetismo, traçam disciplinas à vida Íntima e comunicam-se com os desencarnados de modo iniludí­vel, consagrando-lhes reverência especial.
Nesse campo de conhecimento mais nobre, reencarna-se Moisês como missionário da renovação, para dar à mente do povo a concepção do Deus Único, transferindo-a dos recintos imciáticos para a praça pública. Entretanto, porque a evolução dos princípios religiosos implica sempre em levantamento dos costumes, com a elevação da alma, o desbravador enfrenta bata­lhas terríveis do pensamento acomodado aos circuitos da tradi­ção em que as classes se exploram mutuamente, agravando as­sim os próprios compromissos, para afinal receber os funda­mentos da Lei, no Sinai.
Desde essa hora, o conhecimento religioso, baseado na Justiça Cósmica, generaliza-se no âmago das nações, porqüanto, através da mensagem de Moisés, informa-se o homem comum de que, perante Deus, o Senhor do Universo e da Vida, éobrigado a respeitar o direito dos semelhantes para que seja igualmente respeitado, reconhecendo que ele e o próximo são irmãos entre si, filhos de um Pai Único.
A religião passa, desse modo, a atuar, em sentido direto, no acrisolamento do corpo espiritual para a Vida Maior, através da educação dos hábitos humanos a se depurarem no cadinho dos séculos, preparando a chegada do Cristo, o Governador Es­piritual da Terra.
As idéias da justiça e da solidariedade, dos deveres coleti­vos e individuais com a higiene do corpo e da mente atingem ampla divulgação.
OS DEZ MANDAMENTOS — Os dez mandamentos, re­cebidos mediunicamente pelo profeta, brilham ainda hoje por alicerce de luz na edificação do direito, dentro da ordem social.
A palavra da Esfera Superior gravava a lei de causa e efeito para o homem, advertindo-o solenemente:
— Consagra amor supremo ao Pai de Bondade Eterna, nEle reconhecendo a tua divina origem.
Precata-te contra os enganos do antropomorfismo, porque padronizar os atributos divinos absolutos pelos acanhados atri­butos humanos é cair em perigosas armadilhas da vaidade e do orgulho.
Abstém-te de envolver o Julgamento Divino na estreiteza de teus julgamentos.
Recorda o impositivo da meditação em teu favor e em benefício daqueles que te atendem na esfera de trabalho, para que possas assimilar com segurança os valores da experiência.
Lembra-te de que a dívida para com teus pais terrestres é sempre insolvável por sua natureza sublime.
Responsabilizar-te-ás pelas vidas que deliberadamente extinguires.
Foge de obscurecer ou conturbar o sentimento alheio, porque o cálculo delituoso emite ondas de força desorientada que voltarão sobre ti mesmo.
Evita a apropriação indébita para que não agraves as pró­prias dívidas.
Desterra de teus lábios toda palavra dolosa a fim de que se não transforme, um dia, em tropeço para os teus pés.
Acautela-te contra a inveja e o despeito, a inconformação e o ciúme, aprendendo a conquistar alegria e tranqüilidade, ao preço do esforço próprio, porque os teus pensamentos te prece­dem os passos, plasmando-te, hoje, o caminho de amanhã.
JESUS E A RELIGIÃO — Com Jesus, no entanto, a reli­gião, como sistema educativo, alcança eminência inimaginável.
Nem templos de pedra, nem rituais.
Nem hierarquias efêmeras, nem avanço ao poder humano.
O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento eno­brecido e distribui-lhe os tesouros.
Dirige-se aos homens simples de coração, curvados para a gleba do sofrimento e er­gue-lhes a cabeça trêmula para o Céu. Aproxima-se de quan­tos desconhecem a sublimidade dos próprios destinos e asso­pra-lhes a verdade, vazada em amor, para que o sol da espe­rança lhes renasça no ser. Abraça os deserdados e fala-lhes da Providência Infinita. Reúne, em torno de sua glória que a humildade escondia, os velhos e os doentes, os cansados e os tristes, os pobres e os oprimidos, as mães sofredoras e as crianças abandonadas e entrega-lhes as bem-aventuranças ce­lestes. Ensina que a felicidade não pode nascer das posses efêmeras que se transferem de mão em mão, e sim da carida­de e do entendimento, da modéstia e do trabalho, da tolerân­cia e do perdão. Afirma-lhes que a Casa de Deus está consti­tuída por muitas moradas, nos mundos que enxameiam o fir­mamento, e que o homem deve nascer de novo para progredir na direção da Sabedoria Divina. Proclama que a morte não existe e que a Criação é beleza e segurança, alegria e vitória em plena imortalidade.
Pelas revelações com que vence a superstição e o crime, a violência e a perversidade, paga na cruz o imposto de extremo sacrifício aos preconceitos humanos que lhe não perdoam a soberana grandeza, mas, reaparecendo redivivo, para a mesma Humanidade que o escarnecera e crucificara, desvenda-lhe, em novo cantico de humildade, a excelsitude da vida eterna.
REVIVESCÊNCIA DO CRISTIANISMO — Erige-se, desde então, o Evangelho em código de harmonia, inspirando o devotamento ao bem de todos até o sacrifício voluntário, a fra­ternidade viva, o serviço infatigável aos semelhantes e o perdão sem limites.
Iniciam-se em todo o Orbe imensas alterações. A cruelda­de metódica cede lugar à compaixão. Os troféus sanguinolentos da guerra desertam dos santuários. A escravidão de homens li­vres é sacudida nos fundamentos para que se anule de vez. Le­vanta-se a mulher da condição de alimária para a dignidade hu­mana. A filosofia e a ciência admitem a caridade no governo dos povos. O ideal da solidariedade pura começa a fulgir sobre a fronte do mundo.
Moisés instalara o princípio da justiça, coordenando a vida e influenciando-a de fora para dentro.
Jesus inaugurou na Terra o princípio do amor, a exteriori­zar-se do coração, de dentro para fora, traçando-lhe a rota para Deus.
E eis que o Cristianismo grandioso e simples ressurge agora no Espiritismo, induzindo-nos à sublimação da vida ínti­ma, para que nossa alma se liberte da sombra que a densifica, encaminhando-se, renovada, para as culminâncias da Luz.

Pedro Leopoldo, 13/4/58.
SEGUNDA PARTE
21
Alimentação dos desencarnados

- Como se verifica a alimentação dos Espíritos desen­carnados?
- Encarecendo a importância da respiração no sustento do corpo espiritual, basta lembrar a hematose no corpo físico, pela qual o intercâmbio gasoso se efetua com segurança,
através dos alvéolos, nos quais os gases se transferem do meio exterior para o meio interno e vice-versa, atendendo à assimilação e de­sassimilação de variadas atividades químicas no campo orgâni­co.
O oxigênio que alcança os tecidos entra em combinação com determinados elementos, dando, em resultado, o anidrido carbônico e a água, com produção de energia destinada à manutenção das províncias somáticas.
Estudando a respiração celular, encontraremos, junto aos próprios arraiais da ciência humana, problemas somente eqüa­cionáveis com a ingerência automática do corpo espiritual nas funções do veículo físico, porque os fenômenos que lhe são consequentes se graduam em tantas fases diversas que o fisiolo­gista, sem noções do Espírito, abordá-los-á sempre com a per­plexidade de quem atinge o insolúvel.
Sabemos que para a subsistência do corpo físico é impres­cindível a constante permuta de substâncias, com incessante transformação de energia.
Substância e energia se conjugam para fornecer ao carro fisiológico os recursos necessários ao crescimento ou à repara­ção do contínuo desgaste, produzindo a força indispensável àexistência e os recursos reguladores do metabolismo.
O alimento comum ao corpo carnal experimenta, de início, a digestão, pela qual os elementos coloidais indifusíveis se transubstanciam em elementos cristalóides difusíveis, conver­tendo-se ainda as matérias complexas em matérias mais sim­ples, acessíveis à absorção, a que se sucede a circulação dos va­lores nutrientes, suscetíveis de aproveitamento pelos tecidos, seja em regime de aplicação imediata, seja no de reserva, desti­nando-se os resíduos à expulsão natural.
A ciência terrena não desconhece que o metabolismo guarda a tendência de manter-se em estabilidade constante, tan­to assim que, reconhecidamente, a despesa de oxigênio e o teor de glicemia em jejum revelam quase nenhuma diferença de dia para dia.
É que o corpo espiritual, comandando o corpo físico, sana espontaneamente, quando harmonizado em suas próprias funções, todos os desequilíbrios acidentais nos processos metabólicos, presidindo as reações do campo nutritivo comum.
Não ignoramos, desse modo, que desde a experiência car­nal o homem se alimenta muito mais pela respiração, colhendo o alimento de volume simplesmente como recurso complemen­tar de fornecimento plástico e energético, para o setor das calo­rias necessárias à massa corpórea e à distribuição dos potenciais de força nos variados departamentos orgânicos.
Abandonado o envoltório físico na desencarnação, se o psicossoma está profundamente arraigado às sensações terres­tres, sobrevém ao Espírito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é familiar, e, quando não a supera ao preço do próprio esforço, no auto-reajustamen­to, provoca os fenômenos da simbiose psíquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se afine, quando não promove a obsessão espeta­cular.
Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducação do Plano Espiritual, onde encontram ali­mentação semelhante à da Terra, porém fluídica, recebendo-a em porções adequadas até que se adaptem aos sistemas de sus tentação da Esfera Superior, em cujos círculos a tomada de substância é tanto menor e tanto mais leve quanto maior se evi­dencie o enobrecimento da alma, porqüanto, pela difusão cutâ­nea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade, nu­tre-se de produtos sutilizados ou sínteses quimioeletromagnéti­cas, hauridas no reservatório da Natureza e no intercâmbio de raios vitalizantes e reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si.
Essa alimentação psíquica, por intermédio das projeções magnéticas trocadas entre aqueles que se amam, é muito mais importante que o nutricionista do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia orgânica e mental da per­sonalidade. Daí porque toda criatura tem necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilíbrio geral.
De qualquer modo, porém, o corpo espiritual com alguma provisão de substância específica ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se apenas da difusão cutânea para refa­zer seus potenciais energéticos, conta com os processos da assi­milação e da desassimilação dos recursos que lhe são peculia­res, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resíduos, pela epiderme ou pelos emunctórios normais, compreendendo-se, no entanto, que pela harmonia de nível, nas operações nutriti­vas, e pela essencialização dos elementos absorvidos, não exis­tem para o veículo psicossomático determinados excessos e in­conveniências dos sólidos e líquidos da excreta comum.

Uberaba, 16/4/58.
22
Linguagem dos desencarnados

- Como se caracteriza a linguagem entre os Espíritos?
- Incontestavelmente, a linguagem do Espírito é, acima de tudo, a imagem que exterioriza de si próprio.
Isso ocorre mesmo no plano físico, em que alguém, sa­bendo refletir-se, necessitará poucas palavras para definir a lar­gueza de seus planos e sentimentos, acomodando-se à síntese que lhe angaria maior cabedal de tempo e influência.
Círculos espirituais existem, em planos de grande subli­mação, nos quais os desencarnados, sustentando consigo mais elevados recursos de riqueza interior, pela cultura e pela grande­za moral, conseguem plasmas, com as próprias idéias, quadros vivos que lhes confirmem a mensagem ou o ensinamento, seja em silêncio, seja com a despesa mínima de suprimento verbal, em livres circuitos mentais de arte e beleza, tanto quanto muitas Inteligências infelizes, treinadas na ciência da reflexão, conse­guem formas telas aflitivas em circuitos mentais fechados e ob­sessivos, sobre as mentes que magneticamentejugulam.
De acordo com o mesmo princípio, Espíritos desencarna­dos, em muitos casos, quando controlam as personalidades me­diúnicas que lhes oferecem sintonia, operam sobre elas à base das imagens positivas com que as envolvem no transe, compe­lindo-as a lhes expedir os conceitos.
Nessas circunstâncias, expressa-se a mensagem pelo sis­tema de reflexão, em que o médium, embora guardando o córtex encefálico anestesiado por ação magnética do comunicante, lhe recebe os ideogramas e os transmite com as palavras que lhe são próprias.
Todavia, não obstante reconhecermos que a ima­gem está na base de todo intercâmbio entre as criaturas encarna­das ou não, é forçoso observar que a linguagem articulada, no chamado espaço das nações, ainda possui fundamental impor­tância nas regiões a que o homem comum será transferido ime­diatamente após desligar-se do corpo físico.

Pedro Leopoldo, 20/4/58.
23
Corpo espiritual e volitação

- Podemos receber alguma informação sobre a volita­ção do corpo espiritual?
- Na metamorfose dos insetos, a histólise alcança nota­damente os músculos e a máquina digestiva, atingindo apenas levemente o sistema nervoso e o sistema circulatório.
Efetuado o processo histolltico, segundo referencias ali­nhadas em outra parte do nosso estudo, os órgãos diferenciados voltam à posição embrionária que lhes era característica e só en­tão as células entram em segmentação, formando na histogênese os órgãos definitivos do inseto adulto, armado de recursos para librar na atmosfera.
Assim também, após a transfiguração ocorrida na morte, a individualidade ressurge com naturais alterações na massa mus­cular e no sistema digestivo, mas sem maiores inovações na constituição geral, munindo-se de aquisições diferentes para o novo campo de equilíbrio a que se transfere, com possibilidades de condução e movimento efetivamente não sonhados, já que o pensamento contínuo e a atração, nessas circunstâncias, não mais encontram certas resistências peculiares ao envoltório físi­co.
Ao homem comum, na encarnação, não é fácil, todavia, a articulação de uma idéia segura com respeito às condições de seu próprio corpo espiritual, além-túmulo, porque a mente, no plano físico, está inteiramente condicionada ao trabalho específico que lhe compete realizar, inelutavelmente circunscrita aos problemas de estrutura, e, por isso mesmo, incapacitada de identificar o reino inteligente de raios e ondas, fluídos e ener­gias turbilhonantes em que vive.
— Como entendermos a mente em si, individualizada e operante, se as células do corpo espiritual têm vida pró­pria como as do corpo físico?
— O problema é de simples orientação, qual acontece numa fábrica de largas proporções em que a gerência, unificada em seus programas de ação, supervisiona e comanda centenas de máquinas com diversos implementos cada uma, convergindo todas as peças do serviço para fins determinados.
— Quais os mecanismos das alterações de cor, densi­dade, forma, locomoção e ubiqüidade do corpo espiri­tual?
— A pergunta está criteriosamente formulada, no entanto, para a ela responder com segurança precisaremos dispor, na Terra, de mais avançadas noções acerca da mecânica do pensa­mento.
— Em que condições o corpo espiritual de um desen­carnado sofrerá compressões, escoriações ou ferimen­tos?
— Dentro do conceito de relatividade, isso se verifica nas mesmas condições em que o corpo físico é injuriado dessa ou daquela forma na Terra.
Não dispomos, entretanto, presentemente, de terminologia adequada na linguagem terrestre para mais amplas definições do assunto.
— Qual é a ordem de formação dos centros vitais pelo princípio inteligente no seu corpo espiritual?
— Sabemos que a formação dos centros vitais começou com as primeiras manifestações da plasmocinese nas células, sob a orientação das Inteligências Superiores; contudo, não dis­pomos ainda de particularidades técnicas para penetrar nesse domínio da ciência ontogenética.
— Como se processa a exteriorização dos centros vitais?
- Associando conhecimento magnético e sublimação es­piritual, os cientistas humanos chegarão, por si próprios, à reali­zação referida, como já atingiram noções preciosas quanto à re­gressão da memória e exteriorização da sensibilidade.
— Qual a importância da relação existente entre o baço e o centro esplênico, se o baço pode ser extirpado sem maiores prejuízos à continuação da existência do encar­nado?
— Compreendamos que a extirpação do baço em sua ex­pressão física, no corpo carnal, não significa a anulação desse órgão no corpo espiritual e que, interligado a outras fontes de formação sangüínea no sistema hematopoético, prossegue fun­cionando, embora imperfeitamente, no campo somático, atento às articulações do binário mente-corpo.
—Como compreenderemos a situação dos centros vitais no caso dos “ovóides”?
— Entendereis fácilmente a posição dos centros vitais do corpo espiritual, restritos na “ovoidização” — apesar de não terdes elementos terminológicos que a exprimam —, pensando na semente minúscula que encerra dentro dela os princípios or­ganogênicos da árvore em que se converterá de futuro.

Uberaba, 23/4/58.
24
Linhas morfológicas dos desencarnados

- A que diretrizes obedecem as entidades desencarnadas para se apresentarem morfologicamente?
- As linhas morfológicas das entidades desencarnadas, no conjunto social a que se integram, são comumente aquelas que trou­xeram do mundo, a evoluírem, contudo, constantemente para melhor apresentação, toda vez que esse conjunto social se demore em esfera de sentimentos elevados.
A forma individual em si obedece ao reflexo mental dominante, notadamente no que se reporta ao sexo, mantendo-se a criatura com os distintivos psicossomáticos de homem ou de mulher, segundo a vida íntima, através da qual se mostra com qualidades espirituais acentuadamente ativas ou passivas. Fácil observar, assim, que a desencarnação li­bera todos os Espíritos de feição masculina ou feminina que estejam na reencarnação em condição inversiva atendendo a provação necessária ou a tarefa específica porqüanto, fora do arcabouço físico, a mente se exte­rioriza no veículo espiritual com admirável precisão de controle espontâneo sobre as células sutis que o constituem. (10)

(10) Devemos esclarecer que essas ocorrências, para efeito de respon­sabilidade cármica e Identificação pessoal respeitam, via de regra, a ficha individual da existência última vivida pela personalidade na Terra, situação que perdura até novo estágio evolutivo que se processa, seja na reencarnação, seja na promoção a mais alto nível de sublimação e serviço. — (Nota do Autor espiritual.)

Ainda assim, releva observar que se o progresso mental não é positivamente acentuado, mantém a personalidade de­sencarnada, nos planos inferiores, por tempo indefinível, a plástica que lhe era própria entre os homens. E, nos planos relativamente superiores, sofre processos de metamorfose, mais lentos ou mais rápidos, conforme as suas disposições Íntimas.
Se a alma desenleada do envoltório físico foi transferida para a moradia espiritual, em adiantada senectude, gastará al­gum tempo para desfazer-se dos sinais de ancianidade corpórea, se deseja remoçar o próprio aspecto, e, na hipótese de haver partido da Terra, na juventude primeira, deverá igualmente es­perar que o tempo a auxilie, caso se proponha a obtenção de tra­ços da madureza.
Cabe, entretanto, considerar que isso ocorre apenas com os Espíritos, aliás em maioria esmagadora, que ainda não dispõem de bastante aperfeiçoamento moral e intelectual, pois quanto mais elevado se lhes descortine o degrau de pro­gresso, mais amplo se lhes revela o poder plástico sobre as células que lhes entretecem o instrumento de manifestação. Em alto nível, a Inteligência opera em minutos certas altera­ções que as entidades de cultura mediana gastam, por vezes, alguns anos a efetuar.
Temos também nas sociedades respeitáveis da Espiri­tualidade aqueles companheiros que, depois de estágios de­purativos, se elevam até elas, por intercessões afetivas ou merecimentos próprios, carregando, porém, consigo, determi­nadas marcas deprimentes, como sejam mutilações que os des­figuram, inibições ou moléstias que se denunciam na psicos­fera que os envolve, ou distintivos outros menos dignos, como remanescentes de circuitos mentais dos remorsos que padeceram, a se lhes concentrarem, desequilibrados, sobre certas zonas do corpo espiritual, mas, em todos esses casos, as entidades em lide ali se encontram, habitualmente, por pe­ríodos limitados de reeducação e refazimento, para regressa­rem, a tempo breve, no rumo das sendas de saneamento e res­gate nas reencarnações redentoras.

Pedro Leopoldo, 27/4/58.
25
Apresentação dos desencarnados

— Que princípios regem a apresentação dos Espíritos desencarnados aos médiuns humanos?
— O aspecto que as entidades desencarnadas assumem perante os médiuns humanos, quando se comunicam na Terra, pode variar infinitamente.
Os Espíritos superiores, pelo domínio natural que exer­cem sobre as células psicossomáticas, podem adotar a apresen­tação que mais proveitosa se lhes afigure, com vistas à obra me­ritória que se propõem realizar.
Entretanto, essa maneira de intercâmbio não é a mais co­mum, porque, de modo geral, os desencarnados impressionam os instrumentos mediúnicos encarnados na forma em que efetivamente se encontram.
Decerto, não falta indumentária digna às criaturas que se emanciparam do vaso físico, roupagem, toda ela, confeccionada com esmero e carinho por mãos hábeis e nobres da esfera extra-física.
É importante considerar, todavia, que os Espíritos desen­carnados, mesmo os de classe inferior, guardam a faculdade de exteriorizar os fluídos plasticizantes que lhes são peculiares, es­pécie de aglutininas mentais com que envolvem a mente me­diúnica encarnada, recursos esses nos quais plasmam, como lhes seja possível, as imagens que desejam expressar e que adquirem para as percepções do médium coloração e movimento, fazendo-o exprimir-se ou agir, em comportamento seme­lhante ao passivo comum na hipnose provocada. Tais fenômenos, porém, são isolados e apenas se verificam entre o médium e a entidade que o influencia, sem substância na realidade práti­ca, qual ocorre no campo das sugestões, durante a interligação mento-psíquica, entre o hipnotizado e o hipnotizador.
Como interpretaremos a existência de roupas, calça­dos e peças protéticas nas entidades desencarnadas se tais petrechos são inanimados, não sendo dirigidos de modo direto pela mente?
A mente não comanda as moléculas de algodão do vestuário de que se serve no corpo físico, mas pode usá-las, se­gundo as suas necessidades no mundo.
Ocorre o mesmo no Plano Espiritual, em que nos utiliza­mos das possibilidades ao nosso alcance para atender a esse ou àquele imperativo de nossa apresentação.

Uberaba, 30/4/58.
26
Justiça na Espiritualidade

- Como atua o mecanismo da Justiça no Plano Espiri­tual?
- No mundo espiritual, decerto, a autoridade da Justiça funciona com maior segurança, embora saibamos que o meca­nismo da regeneração vige, antes de tudo, na consciência do próprio indivíduo.
Ainda assim, existem aqui, como é natural, santuários e tribunais, em que magistrados dignos e imparciais examinam as responsabilidades humanas, sopesando-Lhes os méritos e demé­ritos.
A organização do júri, em numerosos casos, é aqui obser­vada, necessariamente, porém, constituída de Espíritos integra­dos no conhecimento do Direito, com dilatadas noções de culpa e resgate, erro e corrigenda, psicologia humana e ciências so­ciais, a fim de que as sentenças ou informações proferidas se atenham à precisa harmonia, perante a Divina Providência, con­substanciada no amor que ilumina e na sabedoria que sustenta.
Há delinqüentes tanto no plano terrestre quanto no plano espiritual, e, em razão disso, não apenas os homens recentemen­te desencarnados são entregues a julgamento específico, sempre que necessário, mas também as entidades desencarnadas que, no cumprimento de determinadas tarefas, se deixam, muitas ve­zes, arrastar a paixões e caprichos inconfessáveis.
É importante anotar, contudo, que quanto mais baixo é o grau evolutivo dos culpados, mais sumário é o julgamento pelas autoridades cabíveis, e, quanto mais avançados os valores cultu­rais e morais do indivíduo, mais complexo é o exame dos pro­cessos de criminalidade em que se emaranham, não só pela in­fluência com que atuam nos destinos alheios, como também porque o Espírito, quando ajustado à consciência dos próprios erros, ansioso de reabilitar-se perante a vida e diante daqueles que mais ama, suplica por si mesmo a sentença punitiva que re­conhece indispensável à própria restauração.

Pedro Leopoldo, 11/5/58.
27
Vida social dos desencarnados

- Como se apresenta a vida social dos Espíritos desen­carnados?
- No Plano Espiritual imediato à experiência física, as sociedades humanas desencarnadas, em quase dois terços, per­manecem naturalmente jungidas, de alguma sorte, aos interesses terrenos.
Egressas do próprio mundo em que se lhes tramam os elos da retaguarda, quando não se desvairam nas faixas infer­nais, igualmente imanizadas ao Planeta de que se originam, trabalham com ardor, não só pelo próprio adiantamento, como também no auxílio aos que ficaram.
Naturalmente as almas que constituem a percentagem a que nos referimos, distanciadas ainda do aprimoramento ideal, procuram aperfeiçoar em si mesmas as qualidades nobres menos desenvolvidas, buscando clima adequado que lhes favoreça o trabalho.
Convictas de que tornarão à Terra para a solução dos pro­blemas que lhes enevoam ou afligem o campo íntimo, situam-se em tarefas obscuras, junto aos semelhantes, encarnados ou de­sencarnados, quando se reconhecem vitimadas pela vaidade ou pelo orgulho que ainda lhes medram no seio, e localizam-se em aprendizados valiosos da inteligência, em se vendo inábeis para os serviços especializados do pensamento, não obstante os ta­lentos sentimentais que já entesourem consigo.
Quase todas, no entanto, obedecem aos ditames do amor ou do ideal que lhes inspiram a consciência.
Aglutinam-se em verdadeiras cidades e vilarejos, com es­tilos variados, como acontece aos burgos terrestres, característi­cos da metrópole ou do campo, edificando largos empreendimentos de educação e progresso, em favor de si mesmas e a be­nefício dos outros.
As regiões purgativas ou simplesmente infernais são por elas amparadas, quanto possível, organizando-se aí, sob o seu patrocínio, extensa obra assistencial.
No plano físico, a equipe doméstica atende à consangüini­dade em que o vínculo é obrigatório, mas, no plano extrafísico, o grupo familiar obedece à afinidade em que o liame é espontâ­neo.
Por isso mesmo, na esfera seguinte à condição humana, temos o espaço das nações, com as suas comunidades, idiomas, experiências e inclinações, inclusive organizações religiosas tí­picas, junto das quais funcionam missionários de libertação mental, operando com caridade e discrição para que as idéias renovadoras se expandam sem dilaceração e sem choque.
Com esses dois terços de criaturas ainda ligadas, desse ou daquele modo, aos núcleos terrenos, encontramos um terço de Espíritos relativamente enobrecidos que se transformam em condutores da marcha ascensional dos companheiros, pelos mé­ritos com que se fazem segura instrumentação das Esferas Su­periores.

Uberaba, 14/5/58.
28
Matrimônio e divórcio

— Poderíamos receber algumas noções acerca do matri­mônio, bem como do divórcio no Plano Físico, examina­dos espiritualmente?
— Nas esferas elevadas, as almas superiores identificam motivo de honra no serviço de amparo aos companheiros menos evolvidos que estagiam nos planos inferiores.
Não podemos olvidar que, na Terra, o matrimônio pode assumir aspectos variados, objetivando múltiplos fins. Em razão disso, acidentalmente, o homem ou a mulher encarnados podem experimentar o casamento terrestre diversas vezes, sem encon­trar a companhia das almas afins com as quais realizariam a união ideal. Isso porque, comumente, é preciso resgatar essa ou aquela dívida que contraímos com a energia sexual, aplicada de maneira infeliz ante os princípios de causa e efeito.
Entretanto, se o matrimônio expiatório ocorre em núpcias secundinas, o cônjuge liberado da veste física, quando se ajuste à afeição nobre, freqüentemente se coloca a serviço da compa­nheira ou do companheiro na retaguarda, no que exercita a com­preensão e o amor puro. Quanto à reunião no Plano Espiritual, é razoável se mantenha aquela em que prevaleça a conjunção dos semelhantes, no grau mais elevado da escala de afinidades eleti­vas. Se os viúvos e as viúvas das núpcias efetuadas em grau me­nor de afinidade demonstram sadia condição de entendimento, são habitualmente conduzidos, depois da morte, ao convívio do casal restituído à comunhão, desfrutando posição análoga à dos filhos queridos junto dos pais terrenos, que por eles se subme­tem aos mais eloqüentes e multifários testemunhos de carinho e sacrifício pessoal para que atendam, dignamente, à articulação dos próprios destinos.
Contudo, se a desesperação do ciúme ou a nuvem do des­peito enceguecem esse ou aquele membro da equipe fraterna, os cônjuges reassociados no plano superior amparam-lhe a reen­carnação, à maneira de benfeitores ocultos, interpretando-lhes a rebelião por sintoma enfermiço, sem lhes retirar o apoio amigo, até que se reajustem no tempo.
Ninguém veja nisso inovação ou desrespeito ao sentimen­to alheio, porqüanto o lar terrestre enobrecido, se analisado sem preconceitos, permanece estruturado nessas mesmas bases es­senciais, de vez que os pais humanos recebem, muitas vezes, no instituto doméstico, por filhos e filhas, aqueles mesmos laços do passado, com os quais atendem ao resgate de antigas contas, purificando emoções, renovando impulsos, partilhando compro­missos ou aprimorando relações afetivas de alma para alma. É nessa condição que em muitas circunstancias surgem nas enti­dades renascentes sem que o véu da reencarnação lhes esconda de todo a memória, as psiconeuroses e fixações infanto-juvenis, cuja importância na conduta sexual da personalidade é exagera­da em excesso pelos sexólogos e psicanalistas da atualidade, ca­rentes de mais amplo contato com as realidades do Espírito e da reencarnação, que lhes permitiriam ministrar aos seus pacientes mais efetivo socorro de ordem moral.
Quanto ao divórcio, segundo os nossos conhecimentos no Plano Espiritual, somos de parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou não, sem vínculos graves no princípio da responsabilidade assumida em comum.
Mal saídos do regime poligâmico, os homens e as mulhe­res sofrem-lhe ainda as sugestões animalizantes e, por isso mes­mo, nas primeiras dificuldades da tarefa a que foram chamados, costumam desertar dos postos de serviço em que a vida os situa, alegando imaginárias incompatibilidades e supostos embaraços, quase sempre simplesmente atribuíveis ao desregrado narcisis­mo de que são portadores. E com isso exercem viciosa tirania sobre o sistema psíquico do companheiro ou da companheira mutilados ou doentes, necessitados ou ignorantes, após explo­rar-lhes o mundo emotivo, quando não se internam pelas aven­turas do homicídio ou do suicídio, espetaculares, com a fuga voluntária de obrigações preciosas.
É imperioso, assim, que a sociedade humana estabeleça regulamentos severos a benefício dos nossos irmãos contuma­zes na infidelidade aos compromissos assumidos consigo pró­prios, a benefício deles, para que se não agreguem a maior des­governo, e a benefício de si mesma, a fim de que não regresse àpromiscuidade aviltante das tabas obscuras, em que o princípio e a dignidade da família ainda são plenamente desconhecidos.
Entretanto, é imprescindível que o sentimento de humani­dade interfira nos casos especiais, em que o divórcio é o mal menor que possa surgir entre os grandes males pendentes sobre a fronte do casal, sabendo-se, porém, que os devedores de hoje voltarão amanhã ao acerto das próprias contas.

Pedro Leopoldo, 18/5/58.
29
Separação entre cônjuges espirituais

- Ocorre separação entre cônjuges espirituais?
- Pode acontecer, por exemplo, que as autoridades supe­riores escolham um dos cônjuges para serviço particular entre os homens, atendendo a qualidades especiais que possua e com que deva satisfazer a questões e eventualidades terrestres. Além disso, esse ou aquele cônjuge, após venturoso estágio na esfera superior, necessita regressar aos círculos carnais para experiên­cias difíceis no resgate de compromissos determinados.
Em ambas as modalidades de separação compreensível e justa, o companheiro ou a companheira em condição de supe­rioridade, pelo menos circunstancialmente, roga, com êxito, a possibilidade de custodiar o objeto de sua veneração e de seu carinho, quase sempre na posição de reencarnados, em regime de completa renúncia.

Uberaba, 21/5/58.
30
Disciplina afetiva

— Em que bases se verifica a disciplina afetiva nas so­ciedades espirituais das Esferas Superiores?
— Enganam-se lamentavelmente quantos possam admitir a incontinência sexual como regra de conduta nos planos supe­riores da Espiritualidade.
Médiuns que tenham observado as regiões de licenciosi­dade, ou desencarnados que a respeito delas venham a traçar essa ou aquela notícia, reportam-se apenas a lugares naturalmente inferiores, extremamente afins com a poligamia embrute­cente, por mais brilhantes se lhes externem as conceituações fi­losóficas.
Nos planos enobrecidos, realiza-se tambêm o casamento das almas, conjugadas no amor puro, verdadeira união esponsa­lícia de caráter santificante, gerando obras admiráveis de pro­gresso e beleza, na edificação coletiva (11), e quando semelhan­te enlace deva ser adiado, por circunstâncias inamovíveis, os Espíritos de comportamento superior aceitam, na Terra, a luta pela sublimação das forças genésicas, aplicando-as em trabalho digno, com abstenção do comêrcio poligâmico, tanto mais in­tensamente quanto mais ativo se lhes revele o esforço no acriso­lamento próprio.
Aliás, cabe considerar que na renúncia construtiva a que se entregam, na expectativa, às vezes longa, do amor que os in­tegrará na complementação desejada, encontram, no serviço aos semelhantes, preciosas oportunidades de burilamento e progres­so, acentuando em si mesmos os altos valores da cultura e da emoção, que lhes propiciam gozos íntimos dos mais alevanta­dos e mais puros.

(11) Para mais clara compreensão do delicado assunto que André Luis ora focaliza, pedimos ao leitor reler com atenção, no livro “Missionários da Luz”, recebido mediunicamente por Francisco Cândido Xavier, as elucidações compreendidas entre as páginas 198 e 203. — (Nota da Editora.)

Pedro Leopoldo, 25/5/58.
31
Conduta afetiva

— Qual é a conduta afetiva entre as almas enobrecidas?
— Quanto mais elevado o grau de aprimoramento da alma, mais reclamará espontaneamente de si própria a necessá­ria disciplina das energias do mundo afetivo, somente despen­dendo-as no circuito de forças em que se completa com a alma a que se encontra consorciada, ou, então, em serviço nobre, atra­vés do qual opere a evasão das cargas magnéticas de seus im­pulsos genésicos, transferindo-as para o trabalho em que se lhe projetam a sensibilidade e a inteligência.
Isso acontece no plano físico, entre aqueles cujo sistema psíquico já se distanciou suficientemente das emoções vulgares, ajustando-se em complementação fluídica ideal as almas irmãs que se matrimoniam.
Interrompida a aliança física na esfera carnal, por interferência da morte, o homem ou a mulher, consagrados à sublima­ção Íntima, se associam, quase sempre, à companheira ou ao companheiro levados à viuvez, em construtivas simbioses de ação, seja no amparo aos filhos, ainda necessitados de assistên­cia, ou na extensão de obras edificantes, porqüanto os espíritos que verdadeiramente se amam desconhecem o que seja abando­no ou esquecimento.
Atentos ao mesmo princípio de aprimoramento, aqueles que se ajustam em matrimônio superior, no Plano Espiritual, permutam as próprias forças em constante circuito energêtico, pelo qual atendem a vastíssimas obras de benemerência, na cria­ção mental de valores necessários ao progresso comum, dentro da euforia permanente que o amor sublime lhes confere. E, em lhes faltando a companhia, por intermédio da qual se integram nos mais altos ideais de burilamento e beleza, mobilizam as próprias cargas magnéticas criadoras em serviço à coletividade, com o que se elevam mais intensamente na escala da sublima­ção moral, ou, então — o que é mais freqüente —, buscam olvi­dar as próprias possibilidades de maior ascensão, solicitando posições apagadas e humildes ao pé daqueles a quem se devo­tam, a fim de ajudá-los na execução das tarefas que lhes foram assinaladas ou no pagamento das dívidas com que ainda se one­ram perante a Lei.

Uberaba, 28/5/58.
32
Diferenciação dos sexos

— Como se iniciou a diferenciação dos sexos?
— Os princípios espirituais, nos primórdios da organiza­ção planetária, traziam, na constituição que lhes era própria, a condição que poderemos nomear por “teor de força”, expres­sando qualidades predominantes ativas ou passivas. E entenden­do-se que a evolução é sempre sustentada pelas Inteligências Superiores, em movimentação ascendente, desde as primeiras horas da reprodução sexuada começou, sob a direção delas, a formação dos órgãos masculinos e femininos que cuhninaram morfologicamente nas províncias genésicas do homem e da mu­lher da atualidade.
Não podemos esquecer, porém, que o trabalho evolutivo no aperfeiçoamento fisiológico das criaturas terrestres ainda não foi terminado, prosseguindo, como é natural, no espaço e no tempo.
Quanto à perda dos característicos sexuais, estamos infor­mados de que ocorrerá, espontaneamente, quando as almas hu­manas tiverem assimilado todas as experiências necessárias à própria sublimação, rumando, após milênios de burilamento, para a situação angélica, em que o indivíduo deterá todas as qualidades nobres inerentes à masculinidade e à feminilidade, refletindo em si, nos degraus avançados da perfeição, a glória divina do Criador.
É imperioso reconhecer, contudo, que não podemos, ainda, em nossa posição evolutiva, formular qualquer pensamento concreto acerca da natureza e dos atributos dos Anjos, nem ajui­zar quanto ao sistema de relações que cultivam entre si.

Pedro Leopoldo, 1/6/58.
33
Gestação frustrada

— Como compreenderemos os casos de gestação frustra­da quando não há Espírito reencarnante para arquitetar as formas do feto?
— Em todos os casos em que há formação fetal, sem que haja a presença de entidade reencarnante, o fenômeno obedece aos moldes mentais maternos.
Dentre as ocorrências dessa espécie há, por exemplo, aquelas nas quais a mulher, em provação de reajuste do centro genésico, nutre habitualmente o vivo desejo de ser mãe, impreg­nando as células reprodutivas com elevada percentagem de atra­ção magnética, pela qual consegue formar com o auxílio da cé­lula espermática um embrião frustrado que se desenvolve, embora inutilmente, na medida de intensidade do pensamento ma­ternal, que opera, através de impactos sucessivos, condicionan­do as células do aparelho reprodutor, que lhe respondem aos apelos segundo os princípios de automatismo e reflexão. Em contrário, há, por exemplo, os casos em que a mulher, por recu­sa deliberada à gravidez de que já se acha possuída, expulsa a entidade reencarnante nas primeiras semanas de gestação, de­sarticulando os processos celulares da constituição fetal e ad­quirindo, por semelhante atitude, constrangedora dívida ante o Destino.

Uberaba, 4/6/58.
34
Aborto criminoso

— Reconhecendo-se que os crimes do aborto provocada criminosamente surgem, em esmagadora maioria, nas classes mais responsáveis da comunidade terrestre, como identificar o trabalho expiatório que lhes diz respeito, se passam quase totalmente despercebidas da justiça huma­na?
— Temos no Plano Terrestre cada povo com o seu código penal apropriado à evolução em que se encontra; mas, considerando o Universo em sua totalidade como Reino Divino, vamos encontrar o Bem do Criador para todas as criaturas, como Lei básica, cujas transgressões deliberadas são corrigidas no próprio infrator, com o objetivo natural de conseguir-se, em cada círculo de trabalho no Campo Cósmico, o máximo de equilíbrio o com respeito máximo aos direitos alheios, dentro da mínima pena.
Atendendo-se, no entanto, a que a Justiça Perfeita se eleva, indefectível, sobre o Perfeito Amor, no hausto de Deus “em nos que movemos e existimos”, toda reparação, perante a Lei básica a que nos reportamos, se realiza em termos de vida eterna ­e não segundo a vida fragmentária que conhecemos na encarnação humana, porqüanto, uma existência pode estar repleta de acertos e desacertos, méritos e deméritos e a Misericórdia do Senhor preceitua, não que o delinqüente seja flagelado, com exte­nsão indiscriminada de dor expiatória, o que seria volúpia de castigar nos tribunais do destino, invariavelmente regidos pela Eqüidade Soberana, mas sim que o mal seja suprimido de suas vítimas, com a possível redução do sofrimento.
Desse modo, segundo o princípio universal do Direito Cósmico a expressar-se, claro, no ensinamento de Jesus que manda conferir “a cada um de acordo com as próprias obras”, arquivamos em nós as raízes do mal que acalentamos para extir­pá-las à custa do esforço próprio, em companhia daqueles que se no afinem à faixa de culpa, com os quais, perante a Justiça Eterna, os nossos débitos jazem associados.
Em face de semelhantes fundamentos, certa romagem na carne, entremeada de créditos e dívidas, pode terminar com apa­rências de regularidade irrepreensível para a alma que desencar­na, sob o apreço dos que lhe comungam a experiência, seguin­do-se de outra em que essa mesma criatura assuma a empreitada do resgate próprio, suportando nos ombros as conseqüências das culpas contraídas diante de Deus e de si mesma, a fim de reabilitar-se ante a Harmonia Divina, caminhando, assim, transitoriamente, ao lado de Espíritos incursos em regeneração da mesma espécie.
É dessa forma que a mulher e o homem, acumpliciados nas ocorrências do aborto delituoso, mas principalmente a mu­lher, cujo grau de responsabilidade nas faltas dessa natureza é muito maior, à frente da vida que ela prometeu honrar com no­breza, na maternidade sublime, desajustam as energias psicos­somáticas, com mais penetrante desequilíbrio do centro genési­co, implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que frutescerão, mais tarde, em regime de produção a tempo certo.
Isso ocorre não somente porque o remorso se lhes entra­nhe no ser, à feição de víbora magnética, mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e desespero e, por vezes, de revolta e vingança dos Espíritos que a Lei lhes reservara para filhos do próprio sangue, na obra de restau­ração do destino.
No homem, o resultado dessas ações aparece, quase sem­pre, em existência imediata àquela na qual se envolveu em com­promissos desse jaez, na forma de moléstias testiculares, disen­docrinias diversas, distúrbios mentais, com evidente obsessão por parte de forças invisíveis emanadas de entidades retardatá­rias que ainda encontram dificuldade para exculpar-lhes a deser­ção.
Nas mulheres, as derivações surgem extremamente mais graves. O aborto provocado, sem necessidade terapêutica, reve­la-se matematicamente seguido por choques traumáticos no cor­po espiritual, tantas vezes quantas se repetir o delito de lesa-ma­ternidade, mergulhando as mulheres que o perpetram em angús­tias indefiníveis, além da morte, de vez que, por mais extensas se lhes façam as gratificações e os obséquios dos Espíritos Ami­gos e Benfeitores que lhes recordam as qualidades elogiáveis, mais se sentem diminuídas moralmente em si mesmas, com o centro genésico desordenado e infeliz, assim como alguém in­debitamente admitido num festim brilhante, carregando uma chaga que a todo instante se denuncia.
Dessarte, ressurgem na vida física, externando gradativa­mente, na tessitura celular de que se revestem, a disfunção que podemos nomear como sendo a miopraxia do centro genésico atonizado, padecendo, logo que reconduzidas ao curso da maternidade terrestre, as toxemias da gestação. Dilapidado o equi­líbrio do centro referido, as células ciliadas, mucíparas e inter-calares não dispõem da força precisa na mucosa tubária para a condução do óvulo na trajetória endossalpingeana, nem para ali­mentá-lo no impulso da migração por deficiência hormonal do ovário, determinando não apenas os fenômenos da prenhez ectópica ou localização heterotópica do ovo, mas também certas síndromes hemorrágicos de suma importância, decorrentes da nidação do ovo fora do endométrio ortotópico, ainda mesmo quando já esteja acomodado na concha uterina, trazendo habi­tualmente os embaraços da placentação baixa ou a placenta pré­via hemorragipara que constituem, na parturição, verdadeiro su­plício para as mulheres portadoras do órgão germinal em desa­juste.
Enqüadradas na arritmia do centro genésico, outras altera­ções orgânicas aparecem, flagelando a vida feminina como se­jam o descolamento da placenta eutópica, por hiperatividade histolítica da vilosidade corial; a hipocinesia uterina, favorecen­do a germicultura do estreptococo ou do gonococo, depois das crises endometríticas puerperais; a salpingite tubercuksa; a de­generação cística do córto; a salpingooforite, em que o edema e o exsudato fibrinoso provocam a aderência das pregas da mucosa tubária, preparando campo propício às grandes inflamações anexiais, em que o ovário e a trompa experimentam a formação de tumores purulentos que os identificam no mesmo processo de desagregação; os síndromes circulatórios da gravidez aparen­temente normal, quando a mulher, no pretérito, viciou também o centro cardíaco, em conseqüência do aborto calculado e segui­do por disritmia das forças psicossomáticas que regulam o eixo elétrico do coração, ressentindo-se, como resultado, na nova en­carnação e em pleno surto de gravidez, da miopraxia do apare­lho cardiovascular, com aumento da carga plasmática na corren­te sangüínea, por deficiência no orçamento hormonal, daí resul­tando graves problemas da cardiopatia conseqüente.
Temos ainda a considerar que a mulher sintonizada com os deveres da maternidade na primeira ou, às vezes, até na se­gunda gestação, quando descamba para o aborto criminoso, na geração dos filhos posteriores, inocula automaticamente no cen­tro genésico e no centro esplênico do corpo espiritual as causas sutis de desequilíbrio recôndito, a se lhe evidenciarem na exis­tência próxima pela vasta acumulação do antígeno que lhe im­porá as divergências sangüíneas com que asfixia, gradativamen­te, através da hemólise, o rebento de amor que alberga carinho­samente no próprio seio, a partir da segunda ou terceira gesta­ção, porque as enfermidades do corpo humano, como reflexos das depressões profundas da alma, ocorrem dentro de justos pe­ríodos etários.
Além dos sintomas que abordamos em sintética digressão na etiopatogenia das moléstias do órgão genital da mulher, sur­preenderemos largo capítulo a ponderar no campo nervoso, à face da hiperexcitação do centro cerebral, com inquietantes mo­dificações da personalidade, a ralarem, muitas vezes, no marti­rológio da obsessão, devendo-se ainda salientar o caráter dolo­roso dos efeitos espirituais do aborto criminoso, para os gineco­logistas e obstetras delinqüentes.
- Para melhorar a própria situação, que deve fazer a mulher que se reconhece, na atualidade, com dívidas no aborto provocado, antecipando-se, desde agora, no tra­balho da sua própria melhoria moral, antes que a próxima existência lhe imponha as aflições regenerativas?
- Sabemos que é possível renovar o destino todos os dias.
Quem ontem abandonou os próprios filhos pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios, necessitados de carinho e abnega­ção.
O próprio Evangelho do Senhor, na palavra do Apóstolo Pedro, adverte-nos quanto à necessidade de cultivarmos ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cobre a mul­tidão de nossos males. (12)

(12) 1ª Epístola à Pedro, capítulo 4º, versículo 8 - (Nota do Autor espiritual.)

Pedro Leopoldo, 8/6/58.
35
Passe magnético

— Como podemos encarar o passe magnético no campo espírita, do ponto de vista da medicina humana?
— Em verdade, para conseguirmos alguma idéia precisa no dicionário terreno, com respeito ao poder do fluído magnético, que constitui por si emanação controlada de força mental sob a alavanca da vontade, será interessante figurar o nosso veículo de manifestação como sendo o Estado Orgânico em que nos expressamos na condição de Espíritos imortais, em multifá­ria graduação evolutiva.
Semelhante esfera celular, para a nossa conceituação mais simples na técnica fraseológica das criaturas encarnadas (13), pode ser dividida em duas partes essenciais — o hemisfério visível ou campo somático e o hemisfério por enquanto invisível na Terra ao sensório comum, ou campo psicossomático.
No primeiro, temos o comboio fisiológico tangível, capaz de oferecer positivos elementos de estudo à perquirição histológica.
No segundo, encontramos o perispírito da definição kar­dequiana, ou corpo espiritual, que preside a todas as formações do cosmo físico.

(13) Definição somente aplicável no Plano Físico mais denso. — (Nota do Autor espiritual)

Observando, assim, o carro de exteriorização da inteligên­cia por um Estado Orgânico, perfeitamente estruturado em sua base e comportamento, é fácil interpretar-lhe os órgãos como províncias diferenciadas entre si, não obstante conjugadas em sintonia de ação para os mesmos fins, e apreciar-lhe os milhões de células como entidades microscópicas em comunidades dis­tintas, como povos infinitesimais a se caracterizarem por ativi­dades específicas.
Representando o sistema hemático, no corpo humano, o conjunto das energias circulantes no psicossoma, energias essas tomadas pela mente, através da respiração, ao infinito reservató­rio do fluído cósmico, é para ele que se encontra íntimamente associado ao estímulo nervoso ou aparelho de comunicação en­tre o governo do Estado simbólico a que nos referimos e suas províncias e cidadãos — os órgãos e as células.
Correspondendo a centros vitais do perispírito — que não podemos entender agora, por ausência de terminologia adequa­da entre os homens —, temos o eritrônio, o leucocitônio e o trombônio, tanto quanto o sistema retículo-endotelial e os gân­glios linfáticos, dando nascimento, no plasma sangüíneo, às co­letividades corpusculares das hemácias, dos leucócitos, dos trombócitos, dos macrófagos e dos linfócitos a se dividirem através de famílias numerosas, em trabalho incessante, desde as usinas geratrizes do baço e da medula óssea, do fígado e dos gânglios, até o estroma dos órgãos.
Reconhecendo-se a capacidade do fluído magnético para que as criaturas se influenciem reciprocamente, com muito mais amplitude e eficiência atuará ele sobre as entidades celulares do Estado Orgânico — particularmente as sangüíneas e as histioci­tárias —, determinando-lhes o nível satisfatório, a migração ou a extrema mobilidade, a fabricação de anticorpos ou, ainda, a improvisação de outros recursos combativos e imunológicos, na defesa contra as invasões bacterianas e na redução ou extinção dos processos patogênicos, por intermédio de ordens automáti­cas da consciência profunda.
Toda queda moral nos seres responsáveis opera certa le­são no hemisfério psicossomático ou perispírito, a refletir-se em desarmonia no hemisfério somático ou veículo carnal, provo­cando determinada causa de sofrimento.
A dor, portanto, dessa ou daquela forma, é sempre uma situação de alarma ou emergência, mais ou menos durável no império orgânico, requisitando o socorro externo da medicina do corpo ou da alma, na execução do alívio ou da cura.
Pelo passe magnético, no entanto, notadamente naquele que se baseie no divino manancial da prece, a vontade fortaleci­da no bem pode soerguer a vontade enfraquecida de outrem para que essa vontade novamente ajustada à confiança magneti­ze naturalmente os milhões de agentes microscópicos a seu ser­viço, a fim de que o Estado Orgânico, nessa ou naquela contin­gência, se recomponha para o equilíbrio indispensável.
Assim é que orar em nosso favor é atrair a Força Divina para a restauração de nossas forças humanas, e orar a benefício dos outros ou ajudá-los, através da energia magnética, à disposi­ção de todos os espíritos que desejem realmente servir, será sempre assegurar-lhes as melhores possibilidades de auto-rea­justamento, compreendendo-se, porém, que se o amor consola, instrui, ameniza, levanta, recupera e redime, todos estamos con­dicionados à justiça a que voluntariamente nos rendemos, pe­rante a Vida Eterna, justiça que preceitua, conforme o ensina­mento de Nosso Senhor Jesus-Cristo, seja dado isso ou aquilo a cada um segundo as suas próprias obras”, cabendo-nos re­cordar que as obras felizes ou menos felizes podem ser fruto de nossa orientação todos os dias e, por isso mesmo, todos os dias será possível alterar o rumo de nosso próprio roteiro.
— Qual a velocidade da emissão fluídica de um passe?
— A questão envolve, na base, o estudo da partícula do pensamento, em sua composição de estrutura e potencial, para o que ainda não possuímos qualquer recurso nas definições huma­nas.

Uberaba, 11/6/58.
36
Determinação de sexo

— Como devemos encarar a possibilidade de a ciência humana patrocinar a determinação de sexo no início da gestação?
— Compreendendo-se que nos vertebrados o desenho gonadal ­se reveste de potencialidades bissexuais no começo da formação, é claramente possível a intervenção da ciência terrestre na determinação do sexo, na primeira fase da vida embrioná­ria; contudo, importa considerar que semelhante ingerência na esfera dos destinos humanos traria conseqüências imprevisíveis à organização moral, entre as criaturas, porque essa atuação indébita se verificaria apenas no campo morfológico, impondo talvez inversões desnecessárias e imprimindo graves complica­ções ao foro íntimo de quantos fossem submetidos a tais processos de experimentação, positivamente contrários à inteligência que reflete a Sabedoria de Deus.

Pedro Leopoldo, 15/6/58.
37
Desencarnação

— Podemos considerar a desencarnação da alma, em plena infância, como sendo uma punição das Leis Divi­nas, na maioria das vezes?
— Muitas existências são frustradas no berço, não por simples punição externa da Lei Divina, mas porque a própria Lei Divina funciona em todos nós, desde que todos existimos no hausto do Criador.
Freqüentemente, através do suicídio, integralmente deliberado, ou do próprio desregramento, operamos em nossa alma desequilíbrios, quais tempestades ocultas, que desencadeamos, por teimosia, no campo da natureza íntima.
Cargas venenosas, instrumentos perfurantes, projétis fulminatórios, afogamentos, enforcamentos, quedas calculadas de grande altura e multiformes viciações com que as criaturas responsáveis arruínam o próprio corpo ou o aniquilam, impondo-lhe a morte prematura, com plena desaprovação da consciência, determinam processos degenerativos e desajustes nos centros essenciais do psicossoma, notadamente naqueles que governam o córtex encefálico, as glândulas de secreção interna, a organização ­emotiva e o sistema hematopoético.
Ante o impacto da desencarnação provocada, semelhantes recursos da alma entram em pavoroso colapso, sob traumatismo para o qual não há termo correlato na diagnose terres­tre.
Indescritíveis flagelações, que vão da inconsciência des­contínua à loucura completa, senhoreiam essas mentes tortura­das, por tempo variável, conforme as atenuantes e agravantes da culpa, induzindo as autoridades superiores a reinterná-las no plano carnal, quais enfermos graves, em celas físicas de breve duração, para que se reabilitem, gradativamente, com a justa cooperação dos Espíritos reencarnados, cujos débitos com eles se afinem.
Eis por que um golpe suicida no coração, acompanhado pelo remorso, causará comumente diátese hemorrágica, com perda considerável da protrombina do sangue, naqueles que re­nascem para tratamento de recuperação do corpo espiritual em distonia; o auto-envenenamento ocasionará, nas mesmas condi­ções, deploráveis desarmonias nas regiões psicossomáticas cor­respondentes à medula vermelha, conturbando o nascimento das hemácias, tanto em sua evolução intravascular, dentro dos sinu­sóides, como também na sua constituição extravascular, no retí­culo, gerando as distroftas congênitas do eritrônio com hemopa­tias diversas; os afogamentos e enforcamentos, em identidade de circunstáncias, impõem naqueles que os provocam os fenômenos da incompatibilidade materno-fetal, em que os chamados fatores Rh, de modo geral, após a primeira gestação, permitem que a hemolisina alcance a fronteira placentária, sintonizando-se com a posição mórbida da entidade reencarnante, a se externa­rem na eritroblastose fetal, em suas variadas expressões; e o voluntário esfacelamento do crânio, a queda procurada de grande altura e as viciações do sentimento e do raciocínio estabelecem no veículo espiritual múltiplas ocorrências de arritmia cerebral, a se revelarem nos doentes renascituros, através da eclampsia e da tetania dos latentes, da hidrocefalia, da encefalite letárgica, das encefalopaxias crônicas, da psicose epiléptica, da idiotia, do mongolismo e de várias morboses oriundas da insuficiência glandular.
Claro está que não relacionamos nessa sucinta apreciação os problemas do suicídio associado ao homicídio, os quais, muita vez, se fazem seguidos, em reencarnação posterior do in­feliz, por lamentáveis reações, com a morte acidental ou violen­ta na infância, traduzindo estação inevitável no ciclo do resgate.
No que tange, porém, às moléstias mencionadas, surgem todas elas nos mais diferentes períodos, crestando a existência do veículo físico, via de regra, desde a vida “in utero” até os dezoito e vinte anos de experiência recomeçante e, como ve­mos, são doenças secundárias, porqüanto a etiologia que lhes éprópria reside na estrutura complexa da própria alma.
Urge ainda considerar que todos os enfermos dessa es­pécie são conduzidos a outros enfermos espirituais — os ho­mens e as mulheres que corromperam os próprios centros genésicos pela delinqüência emotiva ou pelos crimes reiterados do aborto provocado, em existências do pretérito próximo, para que, servindo na condição de atendentes e guardiães de companheiros que também se conspurcaram perante a Eterna Justiça, se recuperem, a seu turno, regenerando a si mesmos pelo amoroso devotamento com que lutam e choram, no amparo aos filhinhos condenados à morte, ou atormentados des­de o berço.
Segundo observamos, portanto, as existências interrompi­das, no alvorecer do corpo denso, raramente constituem balizas terminais de prova indispensável na senda humana, porque, na maioria dos sucessos em que se evidenciam, representam cursos rápidos de socorro ou tratamento do corpo espiritual desequili­brado por nossos próprios excessos e inconseqüências, compe­lindo-nos a reconhecer, com o Apóstolo Paulo (14), que o nosso instrumento de manifestação, seja onde for, é templo da Força Divina, por intermédio do qual, associando corpo e alma, nos cabe a obrigação de aperfeiçoar-nos, aprimorando a vida, na exaltação constante a Deus.
— Há casos de desencarnação estando o Espírito desdo­brado, por exemplo, nas zonas umbralinas e o corpo em estado comatoso?
— Isso pode acontecer perfeitamente, do ponto de vista da exteriorização do pensamento, porque céu e inferno, expri­mindo equilíbrio e perturbação, alegria e dor, começam invaria­velmente em nós mesmos.
Os Espíritos encarnados que sofreram desiquilíbrio

(14) 1ª Epístola aos Coríntios, capítulo 6º, versículos 19 e 20. — (Nota do Autor espiritual)

mental de alta expressão voltam imediatamente à lucidez espiritual após a desencarnação?
— Isso nunca sucede, porqüanto a perturbação dilatada exige a convalescença indispensável, cuja duração naturalmente varia com o grau de evolução do enfermo em reajuste.

Uberaba, 18/6/58.
38
Evolução e destino

— O mal está determinado no conteúdo do nosso desti­no?
— Ninguém nasce destinado ao mal, porque semelhante disposição derrogaria os fundamentos do Bem Eterno sobre os quais se levanta a Obra de Deus.
O Espírito renascente no berço terrestre traz consigo a provação expiatória a que deve ser conduzido ou a tarefa reden­tora que ele próprio escolheu, de conformidade com os débitos contraídos.
Prevalece aí o mesmo princípio que vige para as socieda­des terrestres, pelo qual, se o homem é malfeitor confesso, deve ser segregado em estabelecimento correcional adequado para a reeducação precisa, e, se é apenas aprendiz no campo da expe­riência, com dívidas e créditos, sem falta grave a resgatar, é jus­to possa pedir às autoridades superiores, que lhe presidem os movimentos, o gênero de trabalho ou de luta em que se sinta mais apto ao serviço de auto-aperfeiçoamento. Entendamos, po­rém, que, se perpetrou delito passível de dolorosa punição, não é ele internado na penitenciária ou no trabalho reparador para que se desmande, deliberadamente, em delitos maiores, o que apenas lhe agravaria as culpas já formadas perante a Lei.
É natural que o devedor, nessa ou naquela forma de resga­te, venha a sofrer fortes impulsos e recidivas no erro em que fa­liu, tanto maiores quão mais extenso lhe tenha sido o transviamento moral; entretanto, a provação deve ser assimilada como recurso de emenda, nunca por válvula de expansão das dívidas assumidas.
Desse modo, ninguém recebe do Plano Superior a deter­minação de ser relapso ou vicioso, madraço ou delinqüente, com passagem justificada no latrocínio ou na dipsomania, no meretrício ou na ociosidade, no homicídio ou no suicídio, Pade­cemos, sim, nesse ou naquele setor da vida, durante a recapitu­lação de nossas próprias experiências, o impulso de enveredar por esse ou aquele caminho menos digno, mas isso constitui a influência de nosso passado em nós, instilando-nos a tentação, originariamente toda nossa, de tornar a ser o que já fomos, em contra-posição ao que devemos ser.
— Qual a relação percentual de tempo existente entre os estágios que o Espírito de elevação mediana vive como encarnado e como desencarnado?
—A percentagem de tempo no plano espiritual para as criaturas de evolução mediana varia com o grau de aproveita­mento de tempo no estágio recente que desfrutaram no corpo físico.
Quão mais vasta a provisão de conhecimento e maior a aquisição de virtudes, por parte do Espírito, mais largo período desfruta na Esfera Superior para obtenção de mais nobres recur­sos para mais alta ascensão.
— Poderíamos identificar algum elo da evolução que existe no Plano Extrafísico e que é desconhecido na Ter­ra?
—Além do plano físico, a investigação humana encontra­rá material valioso de observação para elucidar os variados pro­blemas concernentes à evolução do ser.
- Ainda, na atualidade, os instrutores Espirituais inter­vêm na melhoria das formas evolutivas inferiores nas quais o princípio inteligente estagia?
- Sim, porque todos os campos da Natureza contam com agentes da Sabedoria Divina para a formação e expansão dos valores evolutivos.
- Dentre todos os animais superiores, abaixo do homem, qual é o detentor de mais dilatadas idéias-fragmen­tos?
- O assunto demanda longo estudo técnico na esfera da evolução, porque há idéias-fragmentos de determinado sentido mais avançadas em certos animais que em outros. Assim, da assim, nomearemos o cão e o macaco, o gato e o elefante, o muar e o cavalo como elementos de vossa experiência usual mais amplamente dotados de riqueza mental, como introdução ao pensa­mento contínuo.

Pedro Leopoldo, 22/6/58.
39
Predisposições mórbidas

— Como apreendermos a existência das predisposições mórbidas do corpo espiritual?
- Não podemos olvidar que a imprudência e o ócio se responsabilizam por múltiplas enfermidades, como sejam os desastres circulatórios provenientes da gula, as infecções tornadas de higiene, os desequilíbrios nervosos nascidos da toxicomania e a exaustão decorrente de excessos vários.
De modo geral, porém, a etiologia das moléstias perdurá­veis, que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas.
A recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alívio às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de “zona de remorso”, em torno da qual a onda viva e contínua do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria.
Estabelecida a idéia fixa sobre esse “nódulo de forças desequilibradas”, é indispensável que acontecimentos, reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo ou exatamente redimidos perante a Lei.
Essas enquistações de energias profundas, no imo de nos­sa alma, expressando as chamadas dívidas cármicas, por se fi­liarem a causas infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da Lei Divina em qualquer idade da nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em prejuízo dos outros.
É assim que o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade, entendendo-se, ainda, que essas desarmonias são, algumas vezes, singularmente agravadas pelo assédio vindicati­vo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a nós em pro­cessos de obsessão. Todavia, ainda mesmo quando sejamos perdoados pelas vítimas de nossa insânia, detemos conosco os resí­duos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência, para a necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamen­to à higiene moral.
—Como pode o débil mental comandar a renovação ce­lular do seu corpo físico ?
—Não será lícito esquecer que, mesmo conturbada, a consciência está presente nos débeis mentais ou nos doentes nervosos de toda espécie, presidindo, ainda que de modo impre­ciso e imperfeito, o automatismo dos processos orgânicos.
—Existem “parasitas ovóides” vampirizando desencar­nados?
—Sim, nos processos degradantes da obsessão vindicati­va, nos círculos inferiores da Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre dolorosos e comoventes pela ignorância e pai­xão que os provocam.
— Como entenderemos o mecanismo de atuação da Jus­tiça Superior nos casos de endemias rurais, em que populações inteiras são assoladas periodicamente pelas mes­mas doenças?
—As endemias são quase sempre doenças que grassam numa coletividade ou numa região, dependendo de causas sim­plesmente locais. Devemos, assim, capitulá-las, não obstante os casos cármicos individuais que se agravam por influência delas, no quadro das conquistas higiênicas que o homem é natural­mente obrigado a realizar por si, como preço devido ao progres­so comum.
— No estado comatoso, onde se encontra o psicossoma do enfermo? Junto ao corpo físico ou afastado dele?
—No estado de coma, o aprisionamento do corpo espiri­tual ao arcabouço físico, ou a parcial liberação dele, depende da situação mental do enfermo.
— Quais os principais métodos usados na Espiritualida­de para o tratamento das lesões do corpo espiritual?
—Na Espiritualidade, os servidores da medicina pene­tram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com o êxito possível, os mecanismos da doença que lhe são par­ticulares.
Aí, os exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo às inspecções instrumentais e labo­ratoriais em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes de nova reencarnação, motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuraram.
Curial, portanto, é que o médico espiritual se utilize ain­da, de certa maneira, da medicação que vos é conhecida, no so­corro aos desencarnados em sofrimento, porque, mesmo no mundo, todo remédio da farmacopéia humana, até certo ponto, éprojeção de elementos quimioelétricos sobre agregações celula­res, estimulando-lhes as funções ou corrigindo-as, segundo as disposições do desequilíbrio em que a enfermidade se expresse.
Contudo, é imperioso reconhecer que na Esfera Superior o médico não se ergue apenas com o pedestal da cultura acadê­mica, qual ocorre freqüentemente entre os homens, mas sim também com as qualidades morais que Lhe confiram valor e ponderação, humildade e devotamento, visto que a psicoterapia e o magnetismo, largamente usados no plano extrafísico, exi­gem dele grandeza de caráter e pureza de coração.

Uberaba, 25/6/58.
40
Invasão microbiana

— A invasão microbiana está vinculada a causas espiri­tuais?
— Excetuados os quadros infecciosos pelos quais se res­ponsabiliza a ausência da higiene comum, as depressões criadas em nós por nós mesmos, nos domínios do abuso de nossas forças, seja adulterando as trocas vitais do cosmo orgânico pela rendição ao desequilíbrio, seja estabelecendo perturbações em prejuízo dos outros, plasmam, nos tecidos fisiopsicossomáticos que nos constituem o veículo de expressão, determinados cam­pos de rutura na harmonia celular.
Verificada a disfunção, toda a zona atingida pelo desajustamento se torna passível de invasão microbiana, qual praça desguarmecida, porque as sentinelas naturais não dispõem de bases ­necessárias à ação regeneradora que lhes compete, permane­cendo muitas vezes, em devedor do ponto lesado, buscando delimitar-lhe a presença ou jugular-lhe a expansão.
Desarticulado, pois, o trabalho sinérgico das células nesse ou naquele tecido, aí se interpõem as unidades mórbidas, quais as do câncer, que, nesta doença, imprimem acelerado ritmo de crecimento a certos agrupamentos celulares, entre as células sãs do órgão em que se instalem, causando tumorações invasoras ­e metastáticas, compreendendo-se, porém, que a mutação, no início, obedeceu a determinada distonia, originária da mente, cujas vibrações sobre as células desorganizadas tiveram o efeito das projeções de raios 10º ou de irradiações ultravioleta, em apli­cações impróprias. Emerge, então, a moléstia por estado secun­dário em largos processos de desgaste ou devastação, pela de­sarmonia a que compele a usina orgânica, a esgotar-se, debalde, na tarefa ingente da própria reabilitação no plano carnal, quando o enfermo, sem atitude de renovação moral, sem humildade e paciência, espírito de serviço e devotamento ao bem, não conse­gue assimilar as correntes benéficas do Amor Divino que circu­lam, incessantes, em torno de todas as criaturas, por intermédio de agentes distintos e inumeráveis, a todas estimulando, para o máximo aproveitamento da existência na Terra.
Quando o doente, porém, adota comportamento favorável a si mesmo, pela simpatia que instila no próximo, as forças físi­cas encontram sólido apoio nas radiações de solidariedade e re­conhecimento que absorve de quantos lhe recolhem o auxílio direto ou indireto, conseguindo circunscrever a disfunção aos neoplasmas benignos, que ainda respondem à influência organi­zadora dos tecidos adjacentes.
Sob o mesmo princípio de relatividade, a funcionar, ine­quívoco, entre doença e doente, temos a incursão da tuberculose e da lepra, da brucelose e da amebíase, da endocardite bacteria­na e da cardiopatia chagásica, e de muitas outras enfermidades, sem nos determos na discriminação de todos os processos mor­bosos, cuja relação nos levaria a longo estudo técnico.
É que, geralmente, quase todos eles surgem como fenô­menos secundários sobre as zonas de predisposição enfermiça que formamos em nosso próprio corpo, pelo desequilíbrio de nossas forças mentais a gerarem ruturas ou soluções de conti­nuidade nos pontos de interação entre o corpo espiritual e o veí­culo físico, pelas quais se insinua o assalto microbiano a que se­jamos mais particularmente inclinados pela natureza de nossas contas cármicas.
Consolidado o ataque, pela brecha de nossa vulnerabilida­de, aparecem as moléstias sintomáticas ou assintomáticas, esta­bilizando-se ou irradiando-se, conforme as disposições da pró­pria mente, que trabalha ou não para refazer a defensiva orgâni­ca em supremo esforço de reajuste, ou que, por automatismo, admite ou recusa, segundo a posição em que se encontra no princípio de causa e efeito, a intromissão desse ou daquele fator patogênico, destinado a expurgir dela, em forma de sofrimento, os resíduos do mal, correspondentes ao sofrimento por ela im­plantado na vida ou no corpo dos semelhantes.
Não será lícito, porém, esquecer que o bem constante gera o bem constante e que, mantida a nossa movimentação infatigá­vel no bem, todo o mal por nós amontoado se atenua, gradativa­mente, desaparecendo ao impacto das vibrações de auxílio, nas­cidas, a nosso favor, em todos aqueles aos quais dirijamos a mensagem de entendimento e amor puro, sem necessidade ex­pressa de recorrermos ao concurso da enfermidade para elimi­nar os resquícios de treva que, eventualmente, se nos incorpo­rem, ainda, ao fundo mental.
Amparo aos outros cria amparo a nós próprios, motivo por que os princípios de Jesus, desterrando de nós animalidade e orgulho, vaidade e cobiça, crueldade e avareza, e exortando-nos à simplicidade e à humildade, à fraternidade sem limites e ao perdão incondicional, estabelecem, quando observados, a imu­nologia perfeita em nossa vida interior, fortalecendo-nos o po­der da mente na autodefensiva contra todos os elementos des­truidores e degradantes que nos cercam e articulando-nos as possibilidades imprescindíveis à evolução para Deus.

Pedro Leopoldo, 29/6/58.

Fim

2007-01-14 05:01:25 · answer #9 · answered by FatherShips 3 · 0 1

Romanos 8:26,27,34
E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos
inexprimíveis.
E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.
Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.

Eclesiastes 9.5
Os santos mortos não podem interceder, porque...

5 Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco eles têm jamais recompensa, cmas a sua memória ficou entregue ao
esquecimento.
6 Até o seu amor, o seu ódio e a sua inveja já pereceram e já não têm parte alguma neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.

Conheço grupos de intercessão formado de pessoas vivas. Este faz sentido.
Mas intercessor morto ??? Não faz nenhum sentido.

2007-01-13 19:17:34 · answer #10 · answered by BomStarAki 5 · 0 1

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