Todo mundo sabe que há enorme distância entre a teoria e a prática. No campo da educação de filhos, essa distância parece ser ainda maior, visto que o que se ensina pela fala muitas vezes caminha na contramão do que é praticado.
Recente pesquisa americana não traz nenhuma novidade, mas vem confirmar com números que os pais de lá, como os Brasil, não estão sendo tão bons práticos como teóricos. Ou seja, a suposta nova geração de pais é boa no discurso, mas tem-se revelado péssima na prática educativa dos seus filhos. Vejamos os valores dos pais norte-americanos, a distância entre a intenção e a prática do que fazem como educadores dos filhos:
90 % dos pais tem consciência de que precisam estimular os filhos nos estudos, mas só 69% o fazem.
84 % deles acham que precisam estabelecer regras e limites, mas só 42 % conseguem fazê-lo.
80 % sabem que devem ensinar valores como honestidade, responsabilidade e igualdade, mas só 45 % o fazem.
77 % pretendem ensinar respeito às diferenças culturais (por exemplo, respeitar a cultura: indígena, negra, asiática, etc) mas só 36 % dos pais conseguem aplicar a si mesmos esse respeito.
De 75 %, só 34 % dos pais conversam sobre temas importantes com seus filhos.
Dedução rápida: de todos os valores positivos que os pais têm em mente, só conseguem cumprir a metade.
Teóricos da educação sempre alertaram que o exemplo dos pais, os costumes da família e a experiência de cada um pesam muito mais na educação que os discursos sérios e sermões cheios de moral. Mesmo sem a intenção direta de educar, o clima familiar ou o bem estar da relação pais e filhos são os que melhor educam.
Não se nega que é bom conhecer teorias pedagógicas e psicológicas, mas é melhor saber aplicá-las. Um filósofo disse; "a prática é o critério de verdade". E também, acrescento, de melhor exemplo nos atos de educar crianças. Isto é, pais com sabedoria são melhores pais que aqueles bem informados e conhecedores de teorias.
Os pais de hoje conhecem mais teorias e estão mais informados sobre educação do que os seus pais e avós. No entanto, sentem-se mais perdidos, não sabem como devem proceder com os filhos. Impressiona saber que, na prática, os pais ainda não sabem conversar com seus filhos os temas da vida e do mundo atual, segundo o que aponta essa pesquisa. Estão informados sobre o crescente risco deles usarem drogas, de ter sua filha adolescente engravidar, da possibilidade de contaminação do vírus HIV e de tantos problemas. Mesmo assim, no Brasil, de cada 100, só 34 pais conversam com os filhos.
Pesquisa do Instituto DataFolha realizada em dez capitais brasileiras, com 5.076 pessoas ouvidas e divulgadas em 27/06/93, aponta que somente 32% dos pais conversam sobre sexo com seus filhos; 50% nunca chegaram a ter essa conversa.
De seu lado, os filhos desaprovam pais que deixam escapar incoerência, contradição, mentira ou ignorância. Quando o Código Nacional de Trânsito tornou obrigatório o cinto de segurança, as crianças foram as que mais cobraram (educaram) os pais para essa responsabilidade. Não basta o pai e mãe aconselharem o filho a não beber. Como adultos responsáveis, precisam dar o exemplo de moderação em casa ou nas festas. Presenciei, na rodoviária de Curitiba, uma cena muito triste. Uma menina de uns 10 anos tentava controlar a quantidade de latinhas de cerveja que seu pai desbragadamente bebia.
Respeitar as leis, ser justo, solidário com o próximo, não pisar nos outros para subir na vida, estar disponível para o diálogo começando por aprender a escutar, controlar o uso do palavrão, corrigir os vícios, etc. são atitudes formadas a partir de uma educação acontecida no dia-a-dia dos pais e avós numa família.
O que foi dito aqui sobre os pais como educadores também se aplica a professores e políticos, entre outros profissionais.
(Maiores detalhes das pesquisas, consultar: Lutheran Brotherhood and Search Institute [www.search-institute.org/norms/]; CPM: Centro de Pesquisa Motivacional, divulgado pela Folha de S. Paulo, 18/02/2001
2007-01-09
23:17:18
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perguntado por
RELIGIÃO MATA E CEGA
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Sociedade e Cultura
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