Colunistas+Zinzé & Purunga
ZINZÃ E PURUNGA -A MACACADA ATACÃ US MILHARÃR...
Cláudio de Almeida Martins
- Ãia Purunga cumo tá bunitu us nóssu milharár...!
- Ã... tá cheÃnhu di ispiga verdinha, uma maravÃa...!
- Amanhã, cedinhu nóis tem di pegá nus cábu dus guatambu e fazê uma boa limpeza nus taião prá reforçá us pé...!
- Nóis vai de mala e cuia prá lá amanhã...!
Lá no SÃtio Tamanduá-Bandeira, nas encostas da Serra, o milharal estava já estava todo granado, quase no ponto de ser colhido.
Os dois parceiros iriam fazer uma bela de uma colheita. Iriam ter milho para tratar os animais e uma boa parte dava para vender.
Quatro hora da manhã, os dois amigos tomaram rumo da roça...
Sem preguiça e com muita vontade pegaram a capinar entre as linhas e encostar terra nos pés de milho...
Oito hora da manhã...
Estavam se aproximando de uma porção do milharal que ficava junto à mata nativa...
- Purunga...! Ocê num tá vêndu uns pé de mÃo balançá di forma diferenti ali na frênti...?
- Num prestei atenção, mais agora vêndu mió, qui tem arguma coisa mexêndu pur ali tem...!
O dois largaram as enxadas e, de forma mais silenciosa possÃvel, foram se aproximando para tentar identificar o que era que estava por aqueles lados.
Quando estavam bem próximos ouviram um ronco forte e comprido e foi uma barulhada danada...
Só conseguiam enxergar os pés de milho se quebrando como tivesse sido atacado por uma grande ventania, mas não conseguiam enxergar quem estava fazendo aquilo...
- Hum, grunhiu Zinzé, isso são us Bugiu...!
- Ih, tão di vórta êssis binditu ladrão di mÃo...! Ãlis acabam cum as nossa coiêita...!
- Ah, mais issu num fica barátu não, nóis tem di armá uma peça prêsses binditu macaco rugidô...!
- Ã, só qui da úrtima veiz qui nóis armâmu armadÃa prá êlis, us bichu passáru as perna ni nóis, ocê si alembra Zinzé...?
- à cráru qui mi alembro, mais desta veiz vai sê diferenti...
- Ocê também si arrecórda qui esses infeliz di macá** dêxa sêmpri um dêlis vigiându prá vê quându a gênti chega....?
- Eu sei...! Mais nóis tem di istudá uma manêra di inganá êssis bichu...!
Durante todo aquele restante de dia, os dois amigos ficaram fazendo a capina mas também ficaram imaginando e trocando idéias de como se vingar dos bugios que estragavam o milharal.
Já a noite, lá na varanda da casinha, Zinzé e Purunga continuavam a estudar como iriam espantar os maçados do milharal...
- Essa macacada num tem jeitu Zinzé, são ispértu e nóis num pódi matá, num é verdádi...?
- Ah não, issu nóis num pódi, afinar das contas êlis tão prucurându cumida, só qui atrapáia nossa vida, mais nóis pódi dá um bélu sustu nêlis, issu nóis pódi...!
Depois de muito pensarem escolheram um plano para espantar os bugios do milharal deles.
No outro dia, mais cedo ainda, três horas da manhã, levantaram e se dirigiram lá onde os bugios estavam...
Chegando lá, Zinzé fincou uma estaca bem no meio daquela porção do milharal e Purunga amarrou um espantalho feito com as roupas velhas deles e, bem no pé daquela estaca, amarraram numa corda comprida, o cachorrinho deles o “ximbica”...
- Ah, agora essas macacada vão levá um sustu quându chegarem pur aqui e não vão vortá mais... U Ximbica vai fazê tântu barúio qui êlis num vão cunseguà descê das árvori, disse Purunga...
- Ta cértu qui num é nem uma armadÃa pirigosa, mais vai ispantá essa bindita macacada, i uma hora êlis vão si cansá i vão imbora...
- Bão ta tudu prontu, nóis vórta amanhã pra vê cumo é qui foi...
Voltaram para o rancho e aquela noite ficaram “pitando” os seus “paiêiros” e tentando adivinhar como ia ser o susto dos Bugios quando se depararem como o espantalho e com o Ximbica fazendo barulho ali...
A noite transcorreu calma...
No outro dia, bem cedo, os dois parceiros tomaram o rumo do milharal para verificar como tinha se comportado o espantalho com o ximbica...
Foram se aproximando pé ante-pé e foram tentando enxergar o lugar onde tinha ficado o espantalho e o Ximbica...!
- Zinzé, sussurrou Purunga, tá muitu quétu pur aqui, ocê num acha...?
- à istrânhu issu, u Ximbica já divia di pêlu menus tê latÃdu...!
- Num to vêndu as macacada, mais também num to inxergându u Ximbica... Só to vêndu u ispantáiu...!
Foram se aproximando cada vez mais...
Espanto para os dois caipira...
Lá estava o Ximbica...
Estava com a corda toda enrolada no poste onde se encontrava o espantalho e com a boca amarrada com cipó...
- Barbaridádi Zinzé...! Ãia só aquilu...!
- Deus du Céo, vâmu sortá êli rápidu...!
Os dois correram e soltaram o coitado do Ximbica que estava assustado, enrolado no poste com a corda e com cipó fortemente amarrado em sua boca....
O milharal ao redor estava todo quebrado e as espigas de milho haviam sumido...
- Ãssis Bugiu num tem jeitu mesmu Purunga, são ispértu qui êlis só.... Inté paréci qui pensam iguár nóis...!
- Sábi qui elis fizéru, êlis ficáru dându vórta nu pau i u Ximbica ficô corrêndu atráis dêlis i si inrolô, dispois foi só a macacada amarrá a boca dêli...
- Bicharada isperta, comentou Purunga...
Soltaram o coitado do Ximbica que saiu em disparada rumo ao ranchinho...
E os dois retornaram cabisbaixos para a casinha...
Depois de terem trabalhado na hora e com os animais, tentando esquecer o caso dos Bugio, já a noite, os dois ficaram trocando idéias..
- Sábi Zinzé, achu mió nóis dexá aquela párti du miarár, prus Bugiu, si não nóis vai ficá corrêndu atráis dêlis i u restânti vai ficá sem sê cuidádu...!
- Táva pensându a mesma coisa Purunga afinar das conta as macacada pricisa comê também, i si êlis tão ali é pur qui nu mátu num tem cumida...!
- Issu é verdádi Zinzé... Só uma coisa eu fico pensându, cumo é qui êlis carrega tântu mÃo, só cum as mãozinha dêlis...?
- Ãia, num sei si é verdádi, mais uma veiz o cabocro Vardumiru, dissi qui us Bugio apanha as ispiga e vão amarrându duas a duas cum as páia delas mêsmu qui êlis discásca e pinduram nu pescoçu...
- Eta macacada isperta...!
Nessa colheita eles não voltaram mais para aquele “Talhão” de milho, deixando por conta do bando de Bugios...
E dali para a frente eles sempre plantavam uma boa porção de milho próximo à mata para que os macacos não invadissem a parte maior do milharal...
E deu certo, nunca mais os macacos atrapalharam a plantação de milho do SÃtio Tamanduá-Bandeira...
A única coisa que restou foi o medo que o Ximbica ficou de macaco, não podia ver qualquer coisa que parecesse com um macaco que corria desesperadamente para debaixo da cama...
E, quando a tardezinha ia chegando no SÃtio Tamanduá-Bandeira, Zinzé e Purunga podiam ouvir o ronco dos Bugios lá na mata...
Hoje o ronco diminuiu...
Em poucos lugares, e poucas pessoas tem o privilégio de ainda poder ouvir o ronco de Bugio...
Pouca gente planta milho para os macacos e não espantam...
Os mais velhos caboclos sabiam e tinham a inteligência que falta aos atuais homens, de saber dividir a comida de susbsistência...
O homem ficou individualista, não sabe mais dividir...
Cláudio de Almeida Martins
31-10-2006
Se divirta com Ximbica.
2006-12-31 17:30:16
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answer #4
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answered by Mengãotropical 5
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