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A IMPORTÂNCIA DOS CABELOS NA CENA POP DOS ANOS 80
By Marcelo Vilela

O cabelo sempre foi um fator relevante na cultura de várias gerações, até os dias de hoje. Já que vamos falar de cabelos e comportamento é interessante citar algumas culturas que ficaram marcadas na nossa memória através de exuberantes penteados. Por exemplo: Os índios acreditavam que os cabelos eram a extensão da alma, por isso cada ocasião havia um determinado penteado ou corte. Se pesquisarmos a história dos índios americanos, podemos citar os apaches que adotaram o moicano como um corte de guerra. Já os sioux utilizavam seus cabelos longos sempre enfeitados com adereços para representar a paz entre as tribos. Quando algum sioux querido vinha a falecer, os demais desfiavam os cabelos a fim de demonstrar a tristeza causada pela morte.
Nas nobres cortes européias, por vários séculos as damas exibiam seus penteados altíssimos e armados para ostentar graus de nobreza e riqueza. Para quem não sabe, o grande inventor do salto XV, que foi o Rei francês Luis XV, que também inventou a peruca, entre alguns outros eventos. Luis XV era um nobre homem e muito vaidoso, porém seus inventos foram criados para seu próprio benefício, pois tinha baixa estatura e pouco cabelo!
Já por volta do século XVIII, nos supremos tribunais, aquelas perucas brancas e enroladas nas temporas que eram obrigatoriamente usadas por juizes e advogados representavam respeito aos tradicionais costumes por serem homens da lei.
No Japão, as gueixas usavam penteados presos por serem cortesãs e a nuca descoberta representava um alto grau de sensualidade. A herança desses povos atravessou gerações, chegando ao século XX, junto com a modernidade.
O cenário do rock nos anos 80 foi muito criativo para a moda em geral e acabou gerando ramificações graças aos artistas que com suas obras, atitudes, roupas e inclusive cabelos, formaram seguidores que criavam seus estilos de acordo com as tendências que mais se identificavam. Os punks do GBH, por exemplo, usavam seus moicanos para representar rebeldia e insatisfação para com o sistema. Jesus and Mary Chain com seus franjões dark e Duran Duran com seus penteados clássicos levavam ao público o lado new romantic do rock. Por outro lado, Siouxsie Sioux (perceberam a homenagem no sobrenome?) e Robert Smith (Cure) com seus penteados desfiados, demonstravam uma triste ironia à vida noturna para a geração pós-punk.
Para quem não viveu o glamour nas ruas de São Paulo na década de 80, saiba que o topete do Morrissey fez a cabeça de vários jovens. Nessa miscigenação underground, não ficou para trás os cabelos descoloridos e ouriçados de Billy Idol, o charmosão do rock. As longas cabeleiras do heavy metal e do hard rock foram também adequadas ao período.
Essas tribos urbanas, talvez até sem perceber, estavam levando sobre suas cabeças um pouco dessa história cultural das antigas gerações aqui citadas com coragem e estilo pelas ruas de São Paulo.
Finalizando: até hoje nunca vi cabelos tão ousados quanto os dos integrantes do Sigue Sigue Sputinik, que na época já eram considerados os punks do futuro!