Diabolous In Musica
Começo este artigo com a afirmação de que eu costumava crer que todos os músicos de rock cristão eram falsos cristãos e que eles não tinham outro motivo para executar suas músicas além do desejo de corromper a juventude cristã. Afastei-me desta posição dura para declarar que a maior parte dos executantes de rock cristão com os quais tive discussões professavam sinceramente serem cristãos. Ainda creio que muitos executantes de rock cristão, bem como muitos executantes de música cristã em geral, ou não são cristãos ou possuem motivos egoístas ou ocultos para executarem sua música. Toda a indústria está recheada de pessoas que dão um testemunho terrível, e ainda exercem uma poderosa influência não apenas sobre a juventude cristã, mas sobre a cristandade como um todo.
Também devo confessar que existe uma tendência de fazer da música cristã o bode expiatório de todos os males que se abateram sobre a igreja nas últimas décadas. Esta não é uma descrição precisa de todos os envolvidos na indústria. Tem havido o surgimento de algumas coisas positivas na música cristã, assim como algumas coisas negativas e profundamente divisoras. São especialmente alguns gêneros profundamente divisores de música cristã como Speed Metal, Trash Metal, Death Metal e outros, que ainda não consigo ignorar.
Meu propósito primário neste artigo é determinar o que é que está dividindo a igreja neste assunto e o que pode ser feito para resolver o conflito. Resolver o conflito tem sido meu objetivo desde que debati com vários defensores do rock cristão e compreendi que eles eram de fato cristãos sinceros e queriam ganhar os perdidos assim como eu. Tenho tentado ouvir. Este tem sido consistentemente um dos maiores problemas em todos os conflitos que a igreja enfrentou durante os séculos, as pessoas preferem impor as suas idéias a ouvir o ponto de vista oposto.
Também posso afirmar com honestidade que não sinto nada além de amor e respeito por aqueles executantes de rock cristão que estão sinceramente tentando servir a Deus da melhor forma que conhecem, mesmo se não concordo com a sua música. Algumas das coisas que apresentarei neste artigo será uma leitura difícil para eles. A maior parte deles não concordará e outros ficarão muito irados comigo. Espero alcançar a maioria daqueles que tem o coração em Deus, e levá-los a ver que existem alguns problemas que precisam ser discutidos. Estes problemas não são a única razão para o conflito e podem não satisfazer aqueles que simplesmente não tem gosto para a música e baseiam a sua oposição apenas nesta questão. Por esta razão, não tenho ilusões sobre o que posso conseguir aqui e me determinei um objetivo secundário.
O objetivo secundário é ajudar os próprios músicos. Quero dar a eles uma clara perspectiva pastoral de como melhorar tanto a eficiência de seus esforços quanto a pureza de seu testemunho. Agora, quem não gostaria de conseguir isto, se é alguém que ama verdadeiramente a Jesus? Para aqueles que podem rejeitar as minhas palavras, porque são uma ameaça ao seu amor à música, à sua posição como músicos, seu estilo de vida ou sua aceitação social e segurança no gênero da Música Cristã Contemporânea (MCC), talvez possam encontrar conforto neste objetivo secundário.
Minhas palavras não são, de forma alguma, um evangelho. Quem sou eu, além de um pastor que ama a Jesus e ama as pessoas e quer ver em operação no mundo a mais eficiente e atrativa máquina de ganhar almas que a igreja possa produzir? Se, mesmo que de forma reduzida, Deus puder me usar para alcançar alguma forma de ajuste nesta máquina ganhadora de almas, uma pequena calibração nas engrenagens, conseguindo uma melhor produtividade, alcancei meus objetivos até certo ponto. Se as pessoas que amam ganhar os perdidos tanto quanto Jesus me suportarem no decorrer deste artigo, creio que haverá algumas respostas sólidas sobre como isto pode ser feito.
O título deste artigo, “Diabolous In Musica”, é a expressão latina para “o Diabo na música”. De acordo com Charles M. Brown, um sociólogo, “o intervalo de trítono – que consiste de uma quinta diminuta ou uma quarta aumentada – é usado comumente na música trash metal e também é conhecido como “Diabolous In Musica”. Este intervalo foi banido da música da igreja durante a Idade Média por causa da sua associação a Satanás. Os lideres da igreja sentiram que o intervalo soava de forma maligna devido à extrema dissonância produzida e, portanto, não era apropriado para a adoração cristã.”
Compreendo que esta é uma informação perturbadora para os defensores do rock cristão, mas eles sabem, quando começaram a usar esta música, que ela foi formada ou planejada no Sistema do Mundo, por pessoas que estavam sob influência de Satanás. Estávamos todos sob a influência de Satanás e dos costumes da sociedade e tudo o mais relativo ao Sistema do Mundo antes de sermos salvos. Considere a seguinte citação das Escrituras:
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.” (Efésios 2:1-3).
Creio que o diabo está na música, mas não necessariamente nos músicos. Com esta afirmação, iniciarei minha explicação sobre por que creio que esta afirmação é verdadeira, apresentarei o efeito que ela tem sobre a juventude na igreja e farei uma proposta do que pode ser feito para corrigir o problema.
Parte Um: O Diabo Está na Música?
Dois pontos acerca do rock cristão, que ouço freqüentemente de seus defensores são os seguintes:
1. A música é neutra
2. O rock não pode ser demoníaco porque Satanás não pode criar.
O problema com esses dois pontos é que eles assumem que o oponente está declarando que a música não é neutra e que Satanás pode criar música. Declararei abertamente que a música é neutra, mas que nem todas as formas musicais – que são o arranjo da música neutra em um padrão – são neutras (1). Esta afirmação não é, de forma alguma, uma contradição. É a mesma coisa que dizer que o leite é bom, mas nem todo leite é bom. O leite, da forma como foi planejado por Deus para o nosso consumo, é bom. Leite que foi adulterado não é apropriado para o nosso consumo e não é bom. O mesmo exemplo se aplica à música. Quando a música é arranjada em um padrão que é concebido para a produção de desejos carnais que são pecaminosos, então esta música é pecaminosa e imprópria para o consumo cristão.
A música, da forma como Deus a planejou para o nosso consumo, é boa. Música que foi adulterada não é apropriada para o nosso consumo e não é boa. Nem a música adulterada é neutra, porque foi contaminada com os esporos da influência satânica, como veremos facilmente. A alfabeto é neutro, nem bom nem mal. Contudo, quando as letras são arranjadas na forma de palavras, que produzem a imagem da vulgaridade ou do ódio, então as letras deixam de ser neutras.
A pergunta que está implorando para ser feita aqui é, pode a música ser transformada em boa depois de ter sido adulterada pela influência satânica? Outra forma de fazer esta pergunta é, pode o rock cristão ter algum propósito bom, uma vez que é baseado em música adulterada? Responderei a estas questões mais tarde no artigo. Antes, permita-me chegar ao ponto número dois.
O ponto número dois afirma que o rock não pode ser demoníaco porque Satanás não pode criar. Este argumento presume que o oponente acredita que o rock foi criado. Esta é uma idéia que surge na mente natural, com respeito aos arranjos musicais. Freqüentemente ouvimos dizer que um músico popular criou uma canção. Realmente, a partir de uma perspectiva escriturística, o músico não criou a canção. Ele desenvolveu, ou concebeu a canção, usando a música que Deus criou. Conceber é uma palavra mais exata do que criar, quando se trata de descrever a produção de música. O estilo da música que Satanás influenciou o Sistema do Mundo a trazer à luz não foi criado por ele, mas concebido. Sua concepção é uma perversão e o uso impróprio da música. (2)
A evidência clara deste fato é aparente quando reconhecemos os grupos que trouxeram esta música à existência. O alicerce para a música Speed Metal, Trash Metal e Death Metal da atualidade veio destas três bandas principais, que começaram na Inglaterra nos anos 1960 e começo dos anos 1970. Elas foram as responsáveis pela formação do Heavy Metal: Black Sabbath, Led Zeppelin, e The Jimi Hendrix Experience. O estilo musical destas bandas evoluiu para o Speed Metal, Trash Metal, Death Metal por volta de 1981 até 1983 pelos esforços musicais de três grupos, Metallica, Exodus, e Slayer. Não creio que um cristão honesto negará a influencia satânica nestes grupos, que resultou em uma concepção satânica de música.
Uma consideração ética e honesta destes fatos deveria ajudar tanto defensores quanto opositores do rock cristão a chegar à mesma conclusão sobre quem realmente influenciou a concepção do rock. Podemos discutir a validade do uso desta música para a cristandade mais tarde neste artigo, mas precisamos chegar a este ponto de concordância antes de prosseguirmos para outro ponto. Se o debate parar aqui com um impasse na diferença de opinião, então devo sugerir que não houve uma consideração ética e honesta dos fatos. Seria como uma comissão de igreja tentando chegar a um acordo sobre a cor do carpete para o santuário. Se você não consegue concordar que cor é aquilo que tem sido historicamente definido como cor, tal como se o vermelho é ou não é vermelho, o verde é ou não é verde, então é inútil continuar discutindo qual cor é apropriada para o santuário.
A origem da música não está em questão aqui, nem a neutralidade da música, mas o autor ou a influência da concepção que recebe a designação de Rock e todas as suas formas de variação. A neutralidade dos instrumentos não está em questão. Nem a neutralidade dos veículos pelos quais a música é disseminada através do mundo, ou seja, rádio, televisão, CDs, fitas, caixas acústicas, etc. Uma coisa ou uma pessoa abandona a posição de neutralidade quando define uma outra posição, que não seja neutra. Quando a música define uma posição justa ou ímpia, ela não é mais neutra, mas é determinantemente definida como uma expressão daquela posição. Os defensores do rock cristão afirmam que podem tomar o que foi concebido como ímpio e usá-lo para definir o que é justo. Isto pode ser possivelmente verdade?
Os defensores do rock cristão podem insistir aqui que eu acabei de lhes dar o critério para declarar a sua música como justa. Uma vez que eles afirmam que ela define uma posição consistente com a justiça de Deus pela inserção de algumas palavras religiosas, então ela deve ser justa. O critério não pode ser aplicado parcialmente, mas deve ser aplicado completamente. Por exemplo, uma pessoa pode ser definida como cristã e ainda assim cometer um ato ímpio. Quando o mesmo critério que é usado para definir a pessoa como cristã é aplicado também aos seus atos, a pessoa ainda pode ser definida como cristã enquanto seus atos podem ser definidos como pecado. Neste caso, ela deve se arrepender. Esta é, obviamente, uma referência ao estilo musical rock, o qual é ímpio, embora algumas das palavras possam ser justas.
Outra pergunta que implora para ser feita aqui é a seguinte: As palavras, que definem claramente uma posição justa, fazem com que o estilo musical seja menos ímpio? Vou responder com uma pergunta: A definição de uma pessoa como cristã faz com que seus atos pecaminosos sejam menos pecaminosos? A resposta a ambas as perguntas é um enfático não! As palavras não podem tornar o estilo musical menos ímpio porque o estilo define uma posição ímpia. A fornicação não se tornará um ato justo simplesmente porque é cometida por um cristão, ou porque é usada como uma ferramenta para ganhar alguém para Cristo, o que é um pensamento bizarro.
Isto faz com que os defensores do rock cristão sejam ímpios? Não creio. Existem várias razões pelas quais tenho esta posição. Primeiro, permitam-me relatar uma história que ouvi sobre um homem que veio a Cristo, de uma vida violenta de crimes, drogas e outras cadeias malignas. A primeira ação de conquista de almas que ele fez foi espancar seu melhor amigo até a submissão, porque ele não aceitava o seu testemunho. Então ele praticamente arrastou o amigo até seu pastor e proclamou que seu amigo também tinha aceitado a Jesus. Isto não faz dele menos cristão, por causa de uma técnica evangelística aberrante, ele somente necessitava de alguma sabedoria.
A música Speed Metal, Trash Metal e Death Metal cristã é uma tentativa de conquistar almas para Jesus usando uma técnica evangelística imprópria. O fato de que técnicas impróprias sejam usadas não faz, por si mesmo, com que o evangelista seja um indivíduo ímpio. Creio que quando se tornar aparente para os defensores do rock cristão que a música é uma ferramenta imprópria, eles estarão dispostos a mudar o que estão fazendo.
Seria apropriado perguntar aqui, que diferença faz se a ferramenta é imprópria, desde que funcione? Minha resposta é que a isca deve ser representativa do produto que você está oferecendo. Você pode distribuir de graça algumas torradas para vender uma torradeira, mas você não poderia distribuir um punhado de pedras inúteis para vender a torradeira. No mesmo sentido, o rock cristão não representa as qualidades e a natureza de Jesus Cristo. Se esta prática errônea se tornar plenamente aceitável, posso imaginar que se torne aceitável usar dançarias eróticas para atrair pornógrafos para a igreja. Algumas pessoas podem decidir que seria normal encorajar algumas moças cristãs a se vestir como prostitutas de forma a conquistar os fornicadores e adúlteros. Outros poderiam tentar se vestir como travestis e agir como homossexuais para conquistar os homossexuais. Alguns cristãos professos de hoje estão usando o atrativo de ganhar muito dinheiro rapidamente para trazer as pessoas para a igreja. Depois de uma apresentação de marketing de alto nível, fazem um apelo do altar e centenas são “salvos”. Conheci algumas dessas pessoas pessoalmente e eles continuam a comparar a Deus com ganhar muito dinheiro rapidamente.
Haveria almas ganhas através dessas técnicas, se a pessoa que as está usando for sincera, embora esteja errada em seus métodos? Provavelmente haveria alguns conversos à cristandade ou à igreja, mas deveríamos nos perguntar se eles algum dia conheceriam a Cristo Jesus como a Bíblia O apresenta. A Palavra de Deus é poderosa e o Espírito sempre está disposto e pronto para convencer. Mas isto não torna as técnicas aberrantes apropriadas ou sancionadas por Deus. Não estou convencido de que a melhor maneira de alcançar os perdidos seja imitar a escravidão na qual eles estão presos, apenas com um pouco de retórica cristã adicionada. Os problemas com tais práticas são vários. Primeiramente, se as moças começarem a se vestir como prostitutas e os rapazes como travestis, a igreja começaria a aceitar essas ações anormais como normais. A isca deve refletir o produto. Se não reflete, as pessoas podem se adaptar ao caráter da isca, em vez daquilo a que a isca está tentando atraí-las. (3)
Michael W. Smith, um astro popular da Música Cristã Contemporânea, nos dá uma indicação de como métodos/iscas impróprios pervertem a verdade. Ele declara que Jesus não entraria nas igrejas, mas iria aos bares e casas noturnas para exercer Seu ministério. Esta afirmação não está em harmonia com as Escrituras. Primeiramente, Jesus foi enviado a uma nação religiosa, que eram os filhos de Deus. Não há indicação de que Ele jamais tenha visitado antros de iniqüidade, bordéis ou outros locais de má reputação. Ele ministrou às pessoas que os fariseus chamavam de pecadoras, mas não há evidências de que Ele faria o que o Sr. Smith afirma. Jesus veio como um homem santo, um Rabi, usou vestes de um homem santo, portou-Se em todos os momentos como um homem santo, e nunca usou artimanhas de Satanás para apresentar Seus ensinos. (4)
Parte Dois: O Desafio do Rock Cristão
Com estes pensamentos em mente, quero apresentar o escopo daquilo que creio ser o desafio, a questão perturbadora e controvertida do rock cristão e suas variadas formas, conforme ela se relaciona com a igreja como um todo e com a Palavra de Deus.
Primeiro. Creio ser importante voltarmos ao princípio do rock cristão. Como esta música começou e como conseguiu chegar à sua posição atual na cristandade?
O princípio histórico do rock cristão é bem documentado e não gastarei muito tempo reiterando-o aqui. É significante notarmos dois pontos de maior importância, relativos ao princípio do rock cristão.
1 – A razão pela qual os músicos adotaram esta forma de música.
2 – A reação da igreja a este estilo de música.
Primeiro, creio que a razão pela qual o rock cristão foi adotado é por causa do tipo de pessoas que estava vindo para a igreja naquela época em particular. Foi um momento sem precedentes na nossa sociedade. A revolução sexual, o movimento hippie, o uso de drogas, os protestos contra a guerra e outras atividades contra o sistema e contra a autoridade grassavam na sociedade. A música daquela geração refletia sua natureza de rebeldia. A geração mais velha não estava ouvindo a geração mais nova e a geração mais nova não respeitava o que a geração mais velha havia conquistado. Foi uma guerra de gerações da mais alta magnitude, com incompreensões, falta de entendimento e falta de comunicação como questões principais. A música foi uma forma de comunicar os sentimentos de frustração e a rebelião que estava arraigada no interior da juventude daquela época. O estilo se harmonizava com a mensagem e a cultura; juntos, as canções evocavam um sentimento de unidade com o espírito da geração rebelde.
Quando muitos desta geração se tornaram cristãos, o Movimento Jesus nasceu. Eles rejeitaram os hinos e cânticos espirituais da geração mais antiga e escreveram músicas de acordo com estilos seculares da época. Algumas pessoas declararam Larry Norman como sendo o primeiro roqueiro cristão, mas houve outros, que em breve o seguiriam. O mantra de Norman, “Por que o diabo deveria ter toda a música boa?” era baseado em uma falsa premissa. O diabo não tinha e não tem agora qualquer música boa. Deus tem toda a música boa, mas Norman e seus sucessores queriam a versão de comunicação musical de Satanás.
A geração mais velha ficou muito alarmada com as novas formas de música que estavam entrando na igreja, e não sem boas razões. Eles reconheceram o desvio do padrão distintivo da música e estilo cristão, que por longo tempo havia sido a tradição da igreja. Muita da música da igreja naquele tempo veio de poderosos reavivamentos e grandes despertamentos. Creio que a geração mais velha também viu a sua identidade sendo obliterada. Reconheceram que seus substitutos estavam chegando e eles não queriam ter nada a ver com o legado que a geração mais velha havia estabelecido. Esta foi uma grande mudança e ela não incluía algumas das qualidades básicas dos métodos e formas fundamentais da sua geração. A invasão não era civilizada, nem responsável, nem ética e certamente não era respeitosa da linha de continuidade teológica da história cristã.
Por exemplo, a nova geração exibia uma atitude casual com relação a Deus, uma falta de respeito e de compreensão das coisas santas, desrespeito pelas tradições que a igreja considerava importantes. As pessoas se vestiam bem quando iam à igreja por respeito a Deus. A geração do rock cristão vinha com buracos em seus jeans, camisetas, e um cabelo longo e mal cuidado. A maioria rejeitava o desodorante e o perfume, para não mencionar a lâmina de barbear. Se a geração do rock cristão queria vender as suas novas idéias sobre música e adoração, certamente eles não se preocupavam muito com a primeira impressão. Tenho ouvido músicos de rock cristão zombar com escárnio de várias tradições da geração mais velha, incluindo os estilos de pregação, a adoração, as boas roupas, a música, e quase tudo o mais.
Em minha opinião, a maior parte da igreja não soube lidar com a invasão da geração do rock cristão, com suas novas músicas e idéias. Eles denunciaram a música como “vinda diretamente das profundezas do inferno”, a amaldiçoaram e excluíram. Também rejeitaram a todos daquela geração que não se conformavam com seus padrões. Isto foi um erro. Os grandes problemas que existiam entre a geração mais velha e a mais nova contaminaram a cristandade, agravando a “guerra santa”. O mesmos antigos fatores contribuintes também foram exacerbados, ou seja, incompreensões, falta de entendimento e falta de comunicação. A geração mais antiga deveria ter tentado compreender o que estava acontecendo e apresentar uma solução. Em vez disso, a maioria esmagadora rejeitou o gênero do rock cristão, efetivamente isolando-o do resto da igreja. Como resultado, houve pouca supervisão da tendência aberrante mas crescente do estilo musical e também muito pouca responsabilização.
Por outro lado, a geração do rock cristão deveria ter deixado seus antigos caminhos de rebelião na sua vida passada, e se humilhado, mas continuou a sua luta com a geração mais velha. Eles estabeleceram sua própria agenda musical e fizeram isso por si próprios e à sua maneira. Agora, rejeitam as tentativas de qualquer pessoa em mostrar a eles o que há de errado [com seu estilo] e como consertá-lo. É claro que eles estão errados, mas alguém pode culpá-los?
Isto nos leva à explicação do porque, afinal de contas, aquela geração adotou as formas seculares de rock. Como disse anteriormente, a geração mais nova estava imbuída de um tremendo espírito de rebelião. A música era uma expressão daquele espírito de rebelião, bem como uma válvula de escape para ele. A rejeição por parte do corpo da igreja alimentou a rebelião, dando-lhes uma causa e alguém contra quem se rebelar. O rock “cristianizado” era, em grande parte, uma retaliação pronta e uma expressão contínua contra esta rejeição. É mais fácil adotar formas seculares de música de rebelião quando a própria pessoa está em rebelião. A geração do rock cristão estava se rebelando contra a religião estabelecida, assim como se havia rebelado contra o sistema secular, antes de serem salvos. A música secular, que ajudou a cultivar e apoiar aquela rebelião antes de sua conversão, tornou-se o veículo perfeito para continuar a sua rebelião após a conversão. Daí resultou uma forma de pensamento, quer seja consciente ou subconsciente, de que, se a música pode ser justificada simplesmente pela alteração de sua letra, por que a rebelião não poderia ser justificada da mesma forma, através da alteração de propósito?
A música tornou-se o melhor meio para a sua mensagem de rebelião. Não é que eles tenham incluído letras contra e igreja estabelecida, embora algumas canções realmente contenham tais letras, mas que o estilo musical em si, as roupas, e todos os acessórios do gênero rock secular foram traduzidos em uma nova sub-cultura cristã. Os músicos imitaram as trevas de onde haviam sido libertos, até as pinturas faciais, a fumaça e símbolos de ódio, escravidão e espírito efeminado. Isto não apenas sustentou a natureza rebelde, mas a tornou mais forte, até que a indústria agora se tornou tão autônoma que é uma religião, auto-perpetuadora e que não presta contas a nada nem a ninguém.
É importante, neste ponto, observarmos a natureza auto-perpetuadora do rock cristão. Cada geração passa pelo estágio de rebelião que é suscitado pela adolescência e a subseqüente crise de identidade. No passado, nunca havia uma boa válvula de escape para esta ocorrência iminente, quando se tratava da juventude cristã. Jovens cristãos passando pela adolescência lutavam com seus pais e com a autoridade da igreja, conforme batalhavam seu caminho através da adolescência. Alguns rejeitavam a ambos e se perderam no Sistema do Mundo, enquanto outros conseguiram ultrapassar esta fase com a ajuda de pais e líderes piedosos. A constante atração do Sistema do Mundo e seus correlatos, a maior parte dos quais estavam perdidos, era a grande contribuição para a batalha em si. Se os pais conseguiam que seus adolescentes se comprometessem com Deus, a batalha era amainada para alguma discussão mais forte de vez em quando.
Agora, por causa do rock cristão, o advento de outro fator que opera de dentro da igreja tem um efeito maior do que todas as forças de fora. Já existe o fator adicional de que a música secular está mais disponível do que jamais esteve antes. Muito poucos jovens podem navegar através da adolescência sem serem influenciados e profundamente afetados pela música secular. Sei, por minha experiência como pastor, que esta é uma de suas maiores batalhas. O espírito de rebelião na música encontra adeptos ardorosos, no grupo dos jovens adolescentes. Agora, com o rock cristão sendo adicionado ao campo de batalha, os jovens lutam uma batalha ainda maior com a rebelião. Ouvem dizer que está tudo bem se ouvirem música rebelde, desde que seja chamada de cristã. Desta forma, o rock cristão encontrou para si uma geração a partir da qual pode perpetuar-se. As pessoas mais afetadas pelo rock cristão são pessoas entre as idades de 15 e 19 anos, que são professos cristãos. Embora a música também apele a fãs abaixo dos 25 anos, os jovens cristãos que estão passando pela adolescência são os mais afetados. Isto vem de encontro à teoria e à afirmação de que o rock cristão está alcançando os perdidos. Ela não está alcançando os perdidos tanto quanto está alcançando os salvos. O fato é que estes jovens não estão viciados no rock secular, ligados a drogas e necessitando que o rock cristão os alcance e os salve. Ao invés de tornar-se um salvador, o rock cristão é para a geração adolescente uma ponte para a música secular e, para muitos, o caminho para fora da igreja.
Prevejo que a faixa etária se ampliará, conforme os fãs do rock cristão fiquem mais velhos e tenham seus próprios filhos. Se eles permanecerem na igreja, seus filhos começarão a ouvir rock cristão em uma idade muito mais precoce. De fato, é isto o que está acontecendo agora, pois vemos crianças muito mais jovens ouvindo rock cristão. Este fato nos leva ao próximo segmento, a própria estrutura da música.
Parte Três: A Estrutura da Música
Neste segmento, desejo definir os fundamentos da música e seu tema prevalente. A música em si foi concebida por Satanás para conduzir a mensagem de rebelião. Muito certamente ela não foi concebida por Deus para o propósito de disseminar o evangelho. Charles Brown aponta isto em um documento sobre sociologia não publicado, dizendo “Há quatro componentes que formam a estrutura do rock cristão”. Os quatro componentes listados pelo Dr. Brown são os seguintes:
1. As condições estruturais do gênero, notadamente a resposta individual de alienação que caracteriza a mensagem do heavy metal em geral. Esta resposta individualística pode ser vista através de estruturas musicais, apresentação visual e temas rebeldes. A rebelião desempenha uma parte importante no rock cristão, pois os jovens são encorajados a direcionar a sua ira para o diabo e para um sistema que está em desacordo com os princípios cristãos.
2. O segundo componente é a estrutura musical do rock cristão. Em realidade, tanto o rock secular quanto o rock cristão empregam a mesma estrutura musical. Esta estrutura é centralizada no acorde de quinta conhecido como power chord (5). O rock também incorpora o que é freqüentemente conhecido como riffing (6) dissonante – seqüências de power chords tocados em um destes três intervalos, a segunda menor, o trítono e a sétima maior. Estes três intervalos são os mais perturbadores ao ouvido na música ocidental (Bowcott, 1991), e são utilizados para ampliar a dinâmica da rebelião. Através do emprego dos power chords e do riffing dissonante, o rock demonstra a rebelião na área da teoria musical. As regras da teoria musical são quebradas, conforme o músico se rebela contra os padrões harmônicos da música tradicional.
3. O terceiro componente é a apresentação visual oferecida pelos grupos de rock cristão, particularmente na área de vestuário, vídeos e capas de álbuns. Jeans rasgados ou bermudas até os joelhos, camisetas com imagens e/ou frases, cabelos longos, brincos e tênis tendem a ser os favoritos entre os músicos de rock cristão. Os vídeos consistentemente incorporam temas apocalípticos e imagens tais como igrejas escuras, velas acesas e crânios são combinadas com cenas dos concertos das bandas. Capas de álbuns reforçam a fascinação pelos temas apocalípticos.
4. O quarto componente são os temas abordados pelo rock cristão. A rebelião em relação do demônio e ao sistema mundial que é contrário à visão cristã é um destes temas. Aqui o ouvinte é encorajado a lutar contra o demônio e o mundo, aprendendo e seguindo o que a Bíblia diz sobre temas tais como sexo, aborto e sucesso. A oração, o jejum e o falar aos outros acerca de Jesus, e o dizer não às injustiças, todos estes são temas que o ouvinte é encorajado a abraçar como uma forma de rebelião.
Nestas afirmações feitas por Charles Brown, podemos ver que o método tem mudado a mensagem. Jesus foi um homem de paz e Ele pregou a paz. Nosso método de vencer o mundo não é a rebelião, mas o poder sobrenatural sobre o pecado, através da presença interior do Espírito Santo. A idéia de rebelar-se contra alguma coisa é uma alusão a uma crença de que o mal tem poder sobre nós. Este é um ensinamento mau e falso. É a admissão da repressão e opressão por Satanás e o Sistema do Mundo. Não posso me rebelar contra algo sobre o qual tenho autoridade, mas somente contra aquilo que tem autoridade sobre mim.
Outra coisa má acerca da rebelião é que ainda é rebelião, não importando qual o seu propósito. Construir a tua experiência cristã sobre o tema da rebelião é utilizar a ira ao invés da autoridade pacífica para conquistas as más influências. O tema constante do cristianismo bíblico é a vitória e os vitoriosos não precisam rebelar-se, mas vencer. Através do rock cristão, existem multidões de pessoas entrando na adolescência, que estão sendo ensinadas a aceitar o espírito de rebelião que já os está afligindo e afetando a partir do sistema do mundo. Este é um dos problemas com a utilização de métodos aberrantes ou, neste caso, formas musicais aberrantes, para alcançar os perdidos. Lembre-se que eu disse que a isca deve refletir o produto. Se não faz isso, as pessoas podem adaptar-se à isca, ao invés daquilo a que se está tentando atraí-las. Em minha opinião, isto certamente ocorreu no caso do efeito do rock cristão sobre a juventude cristã. Talvez ele possua algumas qualidades redentoras em alcançar os perdidos que estão na sub-cultura secular daqueles estilo musical, mas ele parece não ter valor em ajudar a juventude cristã a derrotar as influencias seculares que os afligem durante a adolescência.
Parte Quatro: A Psicologia do Rock Cristão
Doutrinas psicológicas estão em jogo aqui. Em psicologia, muitas vezes uma pessoa frustrada, irada ou estressada é encorajada a encontrar formas inofensivas de aliviar este stress. Supõe-se que este “alívio” fornece à pessoa uma maneira de lidar com um problema mental ou emocional incontrolável e muitas vezes incurável. Freqüentemente, as pessoas ficam viciadas a este mecanismo de “alívio” ou aos medicamentos que são prescritos para lidar com estes problemas.
Na palavra de Deus, não somos encorajados a encontrar formas inofensivas de aliviar nossos problemas, mas a submeter nossa natureza que causa esses problemas ao Espírito Santo para correção e transformação. O rock cristão fornece um alívio para a rebelião da juventude adolescente e ao mesmo tempo está causando problemas espirituais perigosos.
Primeiro, há o problema dos dois tipos muito diferentes de jovens aos quais o rock cristão é administrado. Os jovens que estão no Sistema do Mundo ou que vieram do Sistema do Mundo tiveram seus sistemas emocionais submetidos a abusos brutais. Estes jovens tem um sistema emocional calejado, pelo menos no que diz respeito ao centro do prazer. Por causa disto, os jovens que vem de uma base secular para a igreja não são afetados pelo rock cristão da mesma forma que os jovens que tem sua base na igreja o são. O jovem que foi criado na igreja não foi sujeito, na maioria dos casos, a este grau de dessensibilização. A maior parte deles não foi exposto as várias forças que estão constantemente atuando sobre os instrumentos emocionais dos jovens seculares. Porém, isto está mudando, por causa da conexão musical.
Em minha opinião, esta é a razão pela qual o rock cristão foi adotado. Os jovens que saíram do Sistema do Mundo com seus centros de prazer calejados não podiam “sentir” a musica tradicional da igreja de uma forma emocional. Seus centros de prazer, atingidos por prazeres, entretenimentos, drogas, atividades ímpias e outras forças do Sistema Mundial, rejeitaram a música da igreja que era concebida para ministrar e estimular cristãos normais. Creio que estes jovens foram salvos, tinham amor por Deus e um forte desejo de adorá-Lo e servi-Lo, mas concluíram, de forma equivocada, que as formas musicais agressivas que tinham usado no passado eram meios válidos para atingir estes objetivos.
Os jovens que tem sua base na igreja são afetados de forma muito diferente, porque seus centros de prazer não estão calejados e portanto, são extremamente sensíveis à força plenamente intoxicante do rock cristão. Enquanto os jovens que tem uma base secular são estimulados pelo rock cristão de uma forma que parece normal a eles, os jovens que tem sua base na igreja são sobrecarregados em suas emoções. A razão para isto é em parte espiritual e em parte física.
Existem substâncias químicas que são liberadas no cérebro pelos nervos, quando estes são estimulados. Dopamina e serotonina são duas substâncias químicas essenciais para os centros de prazer do cérebro. Elas são naturalmente liberadas e regeneradas no corpo, a taxas intimamente relacionadas aos níveis de estrogênio. Uma alta taxa de “reabsorção” leva a depressão, enxaqueca e vício. Drogas inibidoras da reabsorção de serotonina, tais como Prozac, evitam a reabsorção da serotonina na corrente sangüínea. O corpo fabrica seus próprios estimulantes; epinefrina (EPI), norepinefrina (NE) e dopamina (DA). No cérebro, norepinefrina e dopamina são liberadas pelas terminações nervosas para passar sinais ao próximo nervo. Pensa-se que a norepinefrina esteja envolvida na capacidade de concentração e no estado de alerta. A dopamina parece regular o “centro de prazer” do cérebro. Conforme o nervo se torna dessensibilizado à música, a liberação destas substâncias químicas se torna menor, em quantidade e freqüência. É necessário mais e mais estímulo para causar a sua liberação. Outra forma de aumentar a sua liberação é abster-se do estímulo pelo tempo suficiente para que o nervo seja novamente sensibilizado. A sensibilidade ao rock cristão em jovens que tem sua base na igreja causa uma super produção destas substâncias químicas, levando à depressão, vício e, em alguns casos, enxaqueca. As dores de cabeça decorrentes da enxaqueca podem levar à ingestão de medicamentos para reduzir a dor.
O que deveria ter ocorrido na época do início da formação do rock cristão é que os jovens que estavam vindo para a igreja deveriam ter tido seus sistemas emocionais curados e re-sensibilizados pela palavra de Deus, o Espírito Santo e o cuidado amoroso da igreja. Se suas mentes tivessem sido renovadas e transformadas, teriam sido capazes de produzir música que fluísse em Divina Ordem com a música histórica da igreja. Suas mentes não foram renovadas e seus sistemas emocionais não foram curados. O fato de que devemos ter nossos espíritos renovados e nossas mentes transformadas é evidente na palavra de Deus
1. “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” (II Coríntios 4:16)
2. “E vos renoveis no espírito da vossa mente;” (Efésios 4:23)
3. “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;” (Colossenses 3:10)
4. “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)
5. “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,” (Tito 3:5)
Por esta razão, Deus nos envia a Natureza Divina, que é o Espírito Santo. Você pode ver facilmente através destes textos que o Espírito Santo foi dado para nos ajudar a transformar a pecaminosidade do ser humano e curar os efeitos negativos dos pecados que incorremos no Sistema do Mundo.
1. “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (João 14:26)
“Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.” (João 16:13)
2. “E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis.” (I João 2:27)
3. “Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus, e de Jesus nosso Senhor; visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.” (II Pedro 1:2-4)
Deus fez uma maravilhosa provisão para nós quando nos salvou para que possamos receber a Natureza Divina, o Espírito Santo. Temos então duas naturezas habitando em nós, a humana e a Divina. A natureza Divina está ali para ensinar à nossa natureza humana a ser como a natureza de Cristo.
1. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” (Romanos 8:1-2)
2. “Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as Minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo; e não ensinará cada um a seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos Me conhecerão, desde o menor deles até ao maior.” (Hebreus 8:10-11)
3. “Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” (I Coríntios 2:16)
É por isto que nos é dito em Efésios [capítulo 4] e em outros lugares para despojarmos do velho homem e nos revestirmos do novo. Embora sejamos cristãos, isto não significa que somos perfeitos. O processo de se despojar do velho homem é a mudança da natureza humana até que ela se torne como a natureza de Cristo. Este processo é feito pelo Espírito Santo usando a palavra de Deus e a igreja. É significativo que antes que Paulo iniciasse um extenso ensinamento a respeito de se despojar do velho homem e se revestir do novo, ele tenha escrito estes versos:
“[11] E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, [12] Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; [13] Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, [14] Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. [15] Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”. (Efésios 4:11-15)
Os jovens que vem para a igreja tendo sua base no mundo não se tornaram re-sensibilizados em suas emoções, mas rejeitaram a igreja, porque não podiam “sentir” a ministração ou a música. Então, empenharam-se no estabelecimento de uma nova sub-cultura cristã que incorporasse as coisas à quais estavam acostumados no sistema do mundo. Vários fatores contribuintes ajudaram em sua decisão de seguir por este caminho.
Primeiro, havia a alienação pelos amigos. Quando estes jovens se tornaram cristãos, os fortes laços sociais que haviam formado no Sistema do Mundo foram imediatamente quebrados. Isto acontece a praticamente todos que se tornam cristãos, mas o problema era mais pronunciado nos que vinham do gênero rock. Serem rejeitados por seus amigos somou-se a serem rejeitados também pela igreja. Assim, a adoção da cultura da música secular foi tanto uma tentativa de ganhar ou manter algum senso de segurança, ou restabelecer velhas conexões com seus amigos e com um estilo de vida que lhes era familiar, quanto uma rebelião contra a rejeição por parte da igreja.
Segundo, o fato de adotarem um estilo secular de cultura evitou que lhes fosse impingido o estigma da cruz. Alguns podem polemizar sobre esta proposta, apontando o fato de que eles cantavam letras cristãs, pregavam o evangelho e usavam o símbolo da cruz como adorno. Concordo que é verdade que eles faziam isto, porém identificavam-se com o mundo, tanto externamente quanto simbolicamente. O mundo não é tão afastado pelo nosso testemunho, desde que este não exija uma mudança de identidade. O gênero rock cristão identificou-se com a cultura do Sistema do Mundo, e não com o reino de Deus. A cruz simboliza a morte para o mundo, para a nossa velha natureza e seus caminhos, e a morte para a nossos próprios desejos de rebeldia. Se quisermos nos identificar com Deis, devemos estar dispostos a sermos crucificados com Cristo, devemos carregar a cruz de forma honesta e devota, e precisamos morrer diariamente.
A identidade é muito importante para Deus. Os filhos de Israel tinham que se identificar com Deus. Ele lhes ordenou a não assumirem a identidade das nações ao redor deles, nem se engajar em suas culturas e práticas. Você consegue imaginar uma pessoa se identificando com o exército do inimigo, por usar o seu uniforme, carregar a sua bandeira, falar a sua língua e praticar seus hábitos culturais? Um porta-voz do rock cristão disse que os que defendem o rock cristão se consideram missionários. Esta é uma comparação inválida em vários pontos. Em primeiro lugar, se um missionário foi para a África, ele não se vestiria como um sacerdote do vodu nem usaria práticas vodus para disseminar o evangelho; pelo menos esperamos que não. Segundo, não estamos falando aqui acerca de um país estrangeiro. Estamos falando de pessoas profundamente imersas em pecado que falam o mesmo idioma que nós. Se elas escolhem não ouvir a palavra de Deus, como podemos justificar o fato de pervertê-la, acrescentando simbolismo e estilo demoníaco, para tornar a palavra atraente às pessoas que rejeitam a Cristo?
O rock cristão teve um grande sucesso entre os jovens cristãos porque deu àqueles que ainda estavam no sistema do mundo e eram miseráveis, uma maneira de voltar para a igreja sem abandonar muitos de seus hábitos sociais e culturais. Eles não precisavam aprender a serem submissos, mas podiam continuar sendo rebeldes. Também forneceu à juventude cristã, que já estava lutando com a influência do sistema do mundo, uma cessar-fogo na batalha, dando a eles uma alternativa. Contudo, a verdadeira alternativa é entregar-se a Deus, em total submissão à Sua vontade. A alternativa oferecida pelo rock cristão tem provado ser não uma resposta, mas uma bifurcação na estrada. Atualmente o gênero é alimentado com um fluxo constante de jovens cristãos entrando na adolescência. Em minha opinião, o rock cristão abriu o caminho para outras formas aberrantes de música cristã. O efeito que esta deturpação musical está tendo na saúde espiritual da igreja hoje é, em minha opinião, devastador. Alguém pode declarar que a música é neutra, mas creio que o diabo está na música, não importa quando eles afirmem que ele haja sido purgado. Também creio que se Deus tem uma utilidade para esta música, não é para o propósito de ministrar aos jovens altamente impressionáveis durante o período mais emocional e susceptível de suas vidas. O que quer que alguém pense sobre a minha opinião, os fatos precisam ser considerados e as questões que eles colocam precisam ser respondidas antes que eu possa aceitar o rock cristão e outras formas aberrantes de música cristã como sendo seguras e benéficas para a igreja hoje. Em minha opinião, e tentativa da cristianização da música maligna serviu apenas para satanizar uma grande parte da música cristã.
Notas dos editores do Música Sacra e Adoração
(1) – Os editores do Música Sacra e Adoração não concordam com o conceito da forma como exposto, crendo que o autor se expressou de forma ambígua. Defendemos que, embora os sons sejam neutros em si mesmos (assim como as letras do alfabeto são neutras quando consideradas isoladamente), a música – seja qual for a forma musical – é o arranjo dos sons, de acordo com certas regras, de forma planejada (da mesma forma que a palavra é o arranjo de letras em um certo padrão, de forma planejada). Desta maneira, toda forma musical, seja ela qual for, possui um efeito (do mesmo modo que uma palavra tem um significado), seja para o bem, seja para o mal. O próprio autor usa esta analogia um pouco adiante. (voltar)
(2) – Apesar de concordar com a proposta do autor, os editores do Música Sacra e Adoração preferem a comparação com a criação das armas. Deus não criou as armas; Satanás não pode criar nada; logo as armas não existem? Uma das duas premissas é falsa, como pode ser atestado pelas mortes violentas que vemos diariamente ao nosso redor. Da mesma forma, Deus não criou estilos musicais danosos e “bestificantes”, mas nós os vemos ao nosso redor em toda parte. Se Satanás não criou, ele (ou homens por ele inspirados) concebeu esses estilos e moldou a criação de Deus de tal forma que o Criador não pode mais ser reconhecido nela. (voltar)
(3) – Os editores do Música Sacra e Adoração crêem que a principal causa para esta distorção é o próprio conceito de “atrair pessoas para a igreja”. Em primeiro lugar, as pessoas não devem ser atraídas para a igreja, mas para Cristo. Esta alteração, embora sutil, é significativa, já que o que realmente importa não é a instituição, mas sim a disposição do converso em seguir a vontade de Deus. Isto implica em mudança de vida e abandono de hábitos mundanos, em vez da “cristianização” destes hábitos. Além disso, Cristo é que deve atrair, e não nós. Ele disse: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.” (João 12:32). O nosso papel é simplesmente pregar o evangelho (Marcos 16:15) em sua pureza. O papel de converter é do Espírito Santo (João 16:8). (voltar)
(4) – Lembramos ainda o costume de Jesus, conforme relatado em Lucas 4: 16 – “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler.” (voltar)
(5) – Power Chords são acordes formados por apenas duas notas, a tônica e a quinta, ou seja, é uma quinta justa (ou a sua inversão, a quarta justa). Às vezes a tônica é duplicada na oitava. Este tipo de acorde é amplamente utilizado pelos guitarristas do rock, porque permite altos níveis de distorção sem a indução da dissonância que pode ser observada associada a outros acordes que incluem o intervalo de terça, quando tocados nos mesmos níveis de distorção. O power chord preserva a funcionalidade diatônica do acorde e produz um efeito sônico distinto. (voltar)
(6) – Riffing – Uma frase melódica curta, normalmente repetida constantemente, muitas vezes improvisada, que forma um acompanhamento ou parte do acompanhamento para um solista. Semelhante ao "ostinato".
2006-12-15 08:10:16
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answer #1
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answered by Mark2 3
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