A big incerteza
A revista Galileu deste mês (novembro) traz matéria de capa que apresenta idéias alternativas à famosa teoria do Big Bang, segundo a qual o Universo teria surgido de uma explosão ocorrida há 13,7 bilhões de anos e estaria em expansão desde então. O programa Fantástico, em seu quadro Poeira das Estrelas (cujo último episódio foi ao ar no domingo passado), deu a entender que o Big Bang é unanimidade no meio cientÃfico. Galileu mostra que as coisas não são bem assim. E aà a gente vê como a mÃdia muitas vezes se contradiz e desinforma, quando o assunto é ciência.
Em 1988, descobriu-se que a tal expansão do Universo “esteve se tornando mais rápida nos últimos bilhões de anos”. Segundo a reportagem de Galileu, essa descoberta pegou todos com a guarda baixa. Sem nenhuma hipótese pronta, os cosmólogos atribuÃram o efeito à ação de um elemento desconhecido que batizaram de energia escura. “A inflação foi algo que acrescentamos ao Big Bang para solucionar problemas que ele não explicava”, diz o professor Paul Steinhardt, da Universidade de Princeton. “Ter de acrescentar ao quadro a energia escura, que não tÃnhamos razão para imaginar que existia, foi muito surpreendente. Fez-me pensar que talvez estivéssemos numa rota totalmente errada.”
Essa inclusão de elementos imaginários para explicar anomalias numa teoria me fez lembrar do lendário éter luminÃfero, que o meu xará Albert Michelson provou ser pura lenda cientÃfica, mas que, a despeito de não existirem evidências de sua - do éter - existência, foi aceito por cientistas por algum tempo. As palavras de Steinhardt também me fazem pensar em como grandes cientistas colocam fé em suposições, uma vez que essas se ajustem à s suas teorias previamente formuladas.
Uma das teorias alternativas ao Big Bang é a do universo multidimensional. Segundo essa concepção, o cosmos seria uma estrutura dentro de um espaço maior, com pelo menos dez dimensões (também sem qualquer evidência real). E tem mais: o norte-americano Burt Ovrut sugeriu a hipótese de que duas dessas estruturas teriam colidido. A hipótese elaborada por ele e outros pesquisadores deu origem ao modelo ekpirótico, que significa “nascido do fogo”. Apesar do “fogo”, esse modelo nada tem que ver com a grande explosão. “No Big Bang você tem um universo que é criado do nada. Isso é algo que eu nunca entendi”, afirma Ovrut. “No modelo ekpirótico temos um universo que pré-existe ao nosso. Nele, periodicamente há colisões, mas o tempo e o espaço sempre existiram. à mais simples”, diz.
Mais simples? Só porque Ovrut não consegue entender a criação a partir do nada? Como mais simples? E qual seria a resposta para a pergunta: “De onde surgiu a primeira matéria ou mesmo as primeiras partÃculas (ou primeira qualquer coisa)?” Se espaço, tempo e matéria são eternos, o que fazer com a primeira e a segunda leis da Termodinâmica? Que milagre é esse que faz com que a energia se torne sempre e sempre disponÃvel? Não existe entropia nesse universo?
Galileu explica que esse “universo cÃclico” (como ficou conhecido depois o modelo ekpirótico) é eterno e se compõe de estruturas chamadas branas, que seriam subespaços de três dimensões. Nós estarÃamos vivendo em uma dessas branas. As outras seriam invisÃveis. Segundo essa versão aparentemente saÃda de um filme de ficção cientÃfica, em algum momento no passado, duas dessas tais branas teriam colidido e liberado gigantescas quantidades de energia, o que teria originado nosso Universo. à muita viagem? Também acho. Mas há gente graúda no meio cientÃfico que gasta tempo com isso (o próprio fÃsico Stephen Hawking dedica bom espaço em seu livro O Universo Numa Casca de Noz para descrever essa idéia).
Outra teoria alternativa é a “cosmologia do plasma”, segunda a qual o espaço e o tempo também sempre teriam existido. A descrição começa com um plasma – isto é, um gás eletricamente carregado – que possuÃa quantidades iguais de matéria e antimatéria.
Notou que essas teorias sempre começam de algo sem explicar de onde veio esse algo?
Mas por que essas teorias alternativas não têm a força do Big Bang? A resposta, segundo alguns pesquisadores, é a perseguição polÃtica. Segundo Galileu, em 2004, o fÃsico Eric Lerner publicou um manifesto, com 33 nomes, queixando-se de que a totalidade dos fundos de pesquisa na área vai para pesquisadores que queiram trabalhar com o modelo do Big Bang. Os adeptos de visões alternativas seriam boicotados.
Foi inevitável não pensar em outro boicote, quando li a respeito dessa queixa. Por que só existem verbas para a pesquisa no campo da biologia se o paradigma adotado for o darwinismo? Por que a teoria do design inteligente, por mais cientÃficos que sejam os argumentos apresentados, sempre é boicotada pela maioria dos pesquisadores, mesmo não tendo eles respostas conclusivas para a origem da vida?
O criador da teoria alternativa “cosmologia do plasma”, o sueco Hannes Alfvén (prêmio Nobel de fÃsica em 1970), é contrário à idéia de tentar imaginar cenários teóricos sobre o passado do Universo, argumentando que isso é anticientÃfico. Nisso, estou com ele e não abro. Só não sei por que experiências já desacreditadas, como a de Urey-Miller (veja detalhes aqui), ainda permanecem nos livros-texto de biologia. à o tÃpico caso de cenário teórico imaginário que tenta validar uma teoria também imaginária...
Galileu informa ainda que o mais tradicional opositor do Big Bang no Brasil é o cosmólogo Mário Novello, do Centro Brasileiro de Pesquisas FÃsicas. Em seu mais recente livro, O Que à Cosmologia?, ele chega a afirmar que “o Big Bang é mais uma ideologia do que uma teoria cientÃfica”, invocando – mais uma vez – a questão da polÃtica acadêmica como explicação para o alto prestÃgio de que a teoria desfruta.
Qualquer semelhança com o que ocorre no mundo darwinista não é mera coincidência.
Pesquisadores que crêem
Por que Creio é um dos instrumentos do jornalista Michelson Borges na divulgação da bandeira do criacionismo no Brasil. Ele também é autor de A História da Vida, obra com vários artigos contrários à corrente evolucionista, alguns contestando, inclusive, grandes veÃculos de comunicação, como a revista Superinteressante. Em Por que Creio [se quiser saber como ganhar um, leia este texto até o fim], Borges entrevista doze cientistas criacionistas, como a bióloga Márcia Oliveira de Paula, doutora em Microbiologia e coordenadora do curso de Biologia do Unasp, o arqueólogo Paulo Bork e o bioquÃmico Michael Behe, autor do livro A Caixa Preta de Darwin. Acompanham as entrevistas alguns textos criacionistas do autor.
A primeira entrevista é com o engenheiro mecânico e eletricista Ruy Carlos de Camargo Vieira, editor da Revista Criacionista e um dos grandes defensores da filosofia criacionista no Brasil. Este é, aliás, o tema da entrevista. Vieira determina, já no inÃcio, que criacionismo e evolucionismo não são posições cientÃficas, mas filosóficas. Ele também estabelece relações harmônicas entre ciência e religião, citando como exemplo os pais da ciência moderna (Newton, Galileu e Kepler), mas nega que alguém possa crer na BÃblia e defender a evolução.
Já a doutora Márcia de Paula, a segunda entrevistada, aponta problemas da teoria evolucionista. Ela lembra que a evolução tem várias evidências que a apóiam, mas diz que a teoria não consegue explicar a origem dos sistemas vivos por causa da complexidade celular, por exemplo. A ausência de fósseis intermediários entre os estágios evolutivos é outro grande problema da teoria, assim como a explosão cambriana. Mas talvez a maior dificuldade em corroborar o evolucionismo seja a insistência na idéia da abiogênese, isto é, a vida pode surgir de não-vida. Luiz Pasteur comprovou que essa teoria é falha.
O terceiro entrevistado, o arqueólogo Paulo Bork, argumenta a favor das descobertas arqueológicas que evidenciam os ensinamentos bÃblicos. Ele já fez escavações em Israel, Egito, Iêmen, Jordânia, Turquia e vários outros lugares e diz que essas escavações transformaram o modo como ele lê a BÃblia. O ponto mais interessante da entrevista é quando Bork descreve suas escavações em busca de Sodoma e Gomorra: “Existiam cinco cidades na parte leste do Mar Morto. Quando as escavamos, encontramos grande quantidade de cinzas. [...] No lado oeste do Mar Morto há restos de uma cidade que chama bastante a atenção. Esse sÃtio arqueológico foi batizado com o nome árabe de Bab eh dra. A cidade que ali existiu data de mais ou menos 2200 a.C., e ali também há grande quantidade de cinzas. [...] à importante frisar que não há na região presença de atividades vulcânicas. Além disso, quando os exércitos inimigos destruÃam as cidades com fogo, geralmente poupavam seus cemitérios. Logo, há uma razoável possibilidade de que essa região contenha de fato os restos do que um dia foi uma região visitada pelo juÃzo de Deus.”
O geólogo Nahor Neves de Souza Jr. é o quarto entrevistado. Sua contribuição ao modelo criacionista é a pesquisa feita em rochas basálticas, abundantes na região sul do PaÃs. Ele verificou sinais de eventos rápidos e sucessivos, o que evidencia uma grande catástrofe, o dilúvio. “Os dados disponÃveis no campo da Geologia se ajustam com perfeição a um modelo de eventos catastróficos e abrangentes, claramente compatÃveis com os fenômenos geológicos globais defendidos pelos geocientistas do mundo inteiro.” Assim, de acordo com Souza Jr., os fenômenos geológicos sugerem a morte catastrófica de vários seres vivos e rápido soterramento. A mesma sugestão serve para o carvão e o petróleo, ambos rapidamente soterrados.
Outro assunto que permeia a entrevista com Souza Jr. é a idade da Terra. Segundo ele, os geólogos defendem uma idade média de 4,6 bilhões de anos. Criacionistas divergem neste ponto. Alguns defendem que Deus criou a Terra e os seres vivos ao mesmo tempo, entre seis e dez mil anos. Outros argumentam que a Terra foi criada em duas etapas: primeiro a estrutura fÃsica, há bilhões de anos, e depois, na semana da Criação, a hidrosfera, atmosfera, etc. Essas seriam as duas premissas básicas, mas existem outras vertentes a partir daÃ. Souza Jr. acredita que a Terra é jovem em termos de vida orgânica, mas diz que ainda não existem conclusões quanto a seu aspecto fÃsico.
O quinto entrevistado é o fÃsico Urias Takatohi. Logo no inÃcio, ele fala sobre as probabilidades fÃsicas da teoria do Big Bang, que apregoa que o Universo teve inÃcio com uma grande explosão. Takatohi argumenta que as leis fÃsicas evidenciam que o Universo teve, sim, um inÃcio, mas lógico e planejado e não ocasional. O fÃsico fala ainda da Segunda Lei da Termodinâmica.
A próxima entrevista é com Siegfried Julio Schwantes. Ele é doutor em Estudos Vétero-Testamentários, o que inclui o estudo das lÃnguas semÃticas. No decorrer da entrevista, Schwantes fala com autoridade sobre os manuscritos do Mar Morto. De acordo com ele, os manuscritos concordam com o texto bÃblico, acabando com a idéia de alteração da mensagem bÃblica. Schwantes também determina que a expressão “dia”, em Gênesis 1, é literal: “A lÃngua original de Gênesis só conhece um valor para o termo yom (dia). Nenhum texto bÃblico apóia a idéia de que yom possa significar ‘época’.”
O matemático Euler Bahia é o próximo entrevistado. Como reitor do Centro Universitário Adventista (Unasp), ele discorre sobre o ensino do criacionismo e do evolucionismo nas escolas e a dificuldade do estudante universitário criacionista ao se defrontar com teorias ateÃstas. “A estratégia cristã deve ser de coerência com os princÃpios gerais do cristianismo; isto é, que o cristão tenha uma sólida base de conhecimentos bÃblicos e cientÃficos, para fundamentar as razões de suas convicções e a lógica criacionista”, orienta Bahia. Para ele, alguns tópicos da Matemática, da FÃsica e, principalmente, da BioquÃmica e da Biologia Molecular oferecem respaldo aos pressupostos criacionistas.
Queila de Souza Garcia, formada em Ciências Biológicas, fala sobre as evidências do planejamento inteligente na natureza, como a semelhança morfológica entre os vertebrados e a similaridade das informações genéticas. Especialista em fisiologia vegetal, a doutora Queila discorre sobre as evidências de um planejamento inteligente nessa área: “Todo o funcionamento de uma planta, suas estratégias adaptativas à s condições ambientais a que ela está exposta, nos mostram um sistema extremamente bem planejado.” Queila afirma que não teve dificuldades em se manter criacionista em um ambiente acadêmico predominantemente evolucionista, pois suas crenças estavam bem alicerçadas e seus professores trataram o assunto com muito respeito. Mas ela reconhece que muitos criacionistas pendem para o outro lado, em geral, porque acreditavam que a teoria da evolução era algo ridÃculo, sem qualquer embasamento, o que não é verdade.
Borges também entrevistou Rodrigo Silva, teólogo, filósofo e especialista em arqueologia. Na entrevista, ele aponta evidências arqueológicas para a veracidade do texto bÃblico. Silva cita alguns documentos, além do Gênesis, que mencionam a história do Dilúvio, por exemplo. “Se somarmos as tradições orais e escritas que encontramos ao redor do mundo, fora as do Oriente Próximo, chega a mais de cem o número de versões e relatos a respeito de um dilúvio universal que cobriu toda a Terra”, contabiliza ele. As semelhanças acontecem também no que diz respeito ao relato da Criação.
O biólogo Roberto Azevedo é o próximo entrevistado. Ex-diretor do Departamento de Educação Adventista na América do Sul, ele critica o ensino do evolucionismo nas escolas como verdade cientÃfica. Azevedo, que é biólogo, aponta alternativas para o ensino das origens, que, segundo ele, deveriam estar presentes desde as séries iniciais até o nÃvel de pós-graduação.
O matemático Orlando Ritter discorre sobre a origem das raças. Ritter diz que o nome “Adão” significa “tornar vermelho”, em aramaico. Assim, pressupõe-se que sua pele teria uma coloração avermelhada, já que ele foi feito do barro. Ele expõe o pensamento de que o mundo antediluviano era bem diferente do que viria após a catástrofe, a começar dos continentes, que eram unidos em um bloco único, a Pangea. Conforme Ritter, a diversidade de raças começou com os três filhos de Noé: Sem deu origem aos povos semitas, Jafé, de pele mais clara, originou os povos caucasianos e Cão, com bagagem genética forte, foi o pai das etnias negróides, australóides e mongolóides. Os primeiros pendiam para a religião; os segundos para a filosofia; os terceiros para o pragmatismo.
O bioquÃmico Michael Behe, último entrevistado, é um dos maiores entusiastas da teoria do design inteligente. Seu livro, A Caixa Preta de Darwin, tem causado muita polêmica em âmbito mundial. Erudito, ele descreve a complexidade do sistema celular, ao contrário da simplicidade que Darwin apregoava. “A célula é um sistema extremamente complexo, que contém proteÃnas, ácidos nucléicos e diversos tipos de máquinas miniaturizadas. [...] A seleção darwiniana não pode tê-las produzido justamente por causa do problema da complexidade irredutÃvel.” Ele argumenta que sempre que alguém vê um sistema semelhante conclui que este foi projetado. Behe acredita que a ciência deve se voltar mais para a teoria do design inteligente no futuro e que, assim, ciência e religião chegarão à s mesmas conclusões.
O livro de Michelson Borges, apesar de discreto, é muito eficiente. Não restam vestÃgios de empolamento cientÃfico na edição das entrevistas e a maior parte das perguntas é oportuna, mostrando que é possÃvel, sim, associar ciência e religião. A linguagem não se volta apenas para aqueles que já possuem conceitos básicos de criacionismo, mas também para os que estão se iniciando nas ciências biológicas e não sabem para qual lado se posicionar. Editorialmente falando, é um livro à altura dos publicados por editoras seculares que contradizem os princÃpios cristãos. Se a propagação do criacionismo depender de livros como o de Borges, o trabalho será de primeira.
2006-12-14 08:12:34
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answer #5
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answered by Mark2 3
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