Alef:
Permita-me refazer a sua pergunta para que possamos ter um entendimento correto.
Do jeito que você coloca a questão, parece que a Bíblia não diz nada sobre o assunto, ou que nós devemos fazer aquilo que bem queremos e pensamos.
Penso que sua pergunta seria mais adequada se fosse assim - Segundo a Bíblia, o pecador deveria ser expulso da Congregação ? Que relação deveremos ter com uma pessoa que se afastou da Lei de Deus e não se arrepende por isso ?
Assim, vou lhe dar a resposta SEGUNDO o que a Bíblia diz em relação àqueles que pecam na Congregação; peço desculpa pela resposta ser muito extensa; mas para um entendimento completo do assunto, é necessário abordarmos a questão à luz da Bíblia e entender o que Deus realmente quer:
O mero fato de alguém pecar, não significa segundo a Bíblia EXPULSÃO automatica da Congregação.
O Deus Todo Poderoso é justo e santo. Embora seja misericordioso e compreensivo com os homens imperfeitos, espera que os que o adoram reflitam a Sua santidade por tentarem sustentar as Suas normas justas. — Salmos 103:8-14; Números 15:40.
O israelita que deliberadamente violasse as ordens de Deus, tais como as contra a apostasia, o adultério ou o assassinato, devia ser decepado, morto. (Núm. 15:30, 31; 35:31; Deut. 13:1-5; Lev. 20:10) Esta firmeza em sustentar as normas razoáveis e justas de Deus era boa para todos os israelitas, porque ajudava a manter a pureza da congregação. E servia para impedir que alguém espalhasse a corrupção entre o povo que levava o nome de Deus.
No primeiro século E.C., os judeus sob o domínio romano não tinham autoridade para aplicar a pena de morte. (João 18:28-31) Mas um judeu que fosse culpado de violar a Lei podia ser expulso da sinagoga. Um efeito desta severa punição era que os outros judeus evitavam o expulso e se esquivavam dele. Diz-se que outros nem mesmo mantinham transações comerciais com ele, exceto para vender-lhe as necessidades da vida. — João 9:22; 12:42; 16:2.
Após a formação da congregação cristã, esta substituiu a nação judaica em levar o nome de Deus. (Mateus 21:43; Atos 15:14) Por conseguinte, podia-se esperar corretamente que os cristãos sustentassem a justiça de Deus. O apóstolo Pedro escreveu: “De acordo com o santo que vos chamou, vós, também, tornai-vos santos em toda a vossa conduta, porque está escrito: ‘Tendes de ser santos, porque eu sou santo.’” (1 Pedro 1:14-16) O Deus Verdadeiro ama seu povo e quer proteger a pureza da congregação cristã. De modo que delineou a provisão de rejeitar ou expulsar alguém que persiste num proceder que desonra a Deus e põe em perigo a congregação.
O apóstolo Paulo aconselhou: “Quanto ao homem que promove uma seita, rejeita-o depois da primeira e da segunda admoestação, sabendo que tal homem foi desviado do caminho e está pecando, estando condenado por si mesmo.” (Tito 3:10, 11) Sim, os homens espirituais, tais como Tito era, primeiro procuram amorosamente ajudar o transgressor. Se ele não aceitar a sua ajuda e persistir num proceder de ‘pecado’, então eles têm a autoridade de convocar uma comissão de anciãos para ‘julgar os membros da associação’. (1 Coríntios 5:12, Today’s English Version) O amor a Deus e à pureza do seu povo requer que os que estão na “associação”, a congregação, rejeitem tal homem.
No primeiro século surgiram alguns transgressores assim. Himeneu e Alexandre eram desses, homens que haviam ‘sofrido naufrágio no que se refere à sua fé. Paulo disse: “Eu os entreguei a Satanás, para que sejam ensinados pela disciplina a não blasfemarem.” (1 Timóteo 1:19, 20) A expulsão desses dois homens era um castigo ou uma disciplina severa, uma punição que podia ensinar-lhes a não blasfemarem do Deus santo e vivente. (Veja Lucas 23:16, onde se usa a palavra grega básica que muitas vezes é traduzida por “disciplina”.) Era apropriado que esses blasfemadores fossem entregues à autoridade de Satanás, expulsos para as trevas do mundo sob a influência de Satanás. — 2 Cor. 4:4; Efé. 4:17-19; 1 João 5:19; veja Atos 26:18.
No entanto, talvez surjam algumas perguntas sobre como devemos tratar um ex-membro que fora expulso. Somos gratos de que Deus proveu na sua Palavra respostas e orientações de que podemos ter certeza de que são perfeitas, justas e eqüitativas. — Jeremias 17:10; Deuteronômio 32:4.
Em certa ocasião, um homem na congregação coríntia praticava a imoralidade e evidentemente era impenitente. Paulo escreveu que este homem ‘fosse tirado do meio dela’, porque era como um pouco de fermento que podia levedar ou corromper a massa inteira. (1 Coríntios 5:1, 2, 6) Mas, depois de expulso, devia ele ser tratado como se fosse apenas uma pessoa comum do mundo, que os cristãos talvez encontrassem na vizinhança ou na vida diária? Note o que Paulo disse.
“Eu vos escrevi . . . que cesseis de manter convivência com fornicadores, não querendo dizer inteiramente com os fornicadores deste mundo, ou com os gananciosos e os extorsores, ou com os idólatras. Senão teríeis realmente de sair do mundo “ (1 Coríntios 5:9, 10) Com estas palavras, Paulo reconheceu de modo realístico que a maioria das pessoas com que entramos em contato no dia-a-dia nunca conheceu ou seguiu o caminho de Deus. Talvez sejam fornicadores, extorsores ou idólatras, de modo que não são pessoas com as quais os cristãos queiram associar-se regular e intimamente. Contudo, vivemos neste planeta no meio da humanidade e talvez estejamos cercados por pessoas assim, falando com elas no trabalho, na escola e na vizinhança.
No próximo versículo, Paulo contrasta a situação com a maneira em que os cristãos devem comportar-se com alguém que já fora “irmão” cristão, mas que foi expulso da congregação por causa duma transgressão: “Mas, eu vos escrevo agora para que cesseis de ter convivência [“não vos associeis”, A Bíblia de Jerusalém] com qualquer que se chame irmão, que for fornicador, ou ganancioso, ou idólatra, ou injuriador, ou beberrão, ou extorsor, nem sequer comendo com tal homem.” — 1 Coríntios 5:11.
A pessoa expulsa não é mero homem do mundo, que não conhece a Deus, nem segue um modo de vida piedoso. Antes, ele já conheceu o caminho da verdade e da justiça, mas abandonou esse caminho e seguiu impenitentemente o pecado, a ponto de ter sido expulso. Portanto, ele deve ser tratado de maneira diferente. Pedro comentou em que tal ex-cristão difere do “homem comum”. O apóstolo disse: “Se eles, depois de terem escapado dos aviltamentos do mundo pelo conhecimento exato do Senhor e Salvador Jesus Cristo, ficam novamente envolvidos nestas mesmas coisas e são vencidos, as condições derradeiras tornaram-se piores para eles do que as primeiras. . . . Com eles aconteceu o que diz o provérbio verdadeiro: ‘O cão voltou ao seu próprio vômito e a porca lavada a revolver-se no lamaçal.’” — 2 Pedro 2:20-22; 1 Coríntios 6:11.
Sim, a Bíblia ordena que os cristãos não mantenham a companhia ou associação de alguém que foi expulso da congregação. Sua recusa de terem associação com alguém expulso, em qualquer nível espiritual ou social, demonstra lealdade às normas de Deus e obediência à sua ordem em 1 Coríntios 5:11, 13. Isto está de acordo com o conselho de Jesus, de que tal pessoa seja considerada assim como um “homem das nações” era considerado pelos judeus daquele tempo. Após a morte dos apóstolos, os que professavam o cristianismo evidentemente seguiam por algum tempo o procedimento bíblico. Mas quantas igrejas acatam hoje a clara orientação de Deus neste respeito?
Significaria a defesa da justiça de Deus e do seu arranjo de desassociação que o cristão não deve falar nada com alguém expulso, nem mesmo dizendo: “Bom dia”? Alguns se perguntaram sobre isso, em vista do conselho de Deus de amarmos os nossos inimigos e de não ‘cumprimentarmos somente os nossos irmãos’. — Mat. 5:43-47.
Deus, na sua sabedoria, realmente não procurou abranger toda situação possível. É necessário que entendamos o sentido do que o Verdadeiro Deus diz sobre o tratamento dum expulso, porque assim podemos esforçar-nos a apoiar o Seu conceito. Deus explica por meio do apóstolo João:
“Todo aquele que se adianta e não permanece no ensino do Cristo não tem Deus. . .. Se alguém se chegar a vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis. Pois, quem o cumprimenta é participe das suas obras iníquas.” — 2 João 9-11.
O apóstolo que deu esse aviso sábio era íntimo de Jesus e sabia muito bem o que Cristo dissera sobre cumprimentar outros. Ele sabia também que a saudação costumeira daquele tempo era: “Paz.” Diferente de algum “inimigo” pessoal ou dum homem de autoridade, do mundo, que se opõe aos cristãos, o desassociado ou dissociado que procura promover ou justificar seu pensamento apóstata, ou que continua no seu proceder ímpio, certamente não é alguém a quem se deseja “Paz”. (1 Timóteo 2:1, 2) E todos sabemos de experiência no decorrer dos anos que um simples “Oi” dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar este primeiro passo com alguém desassociado?
‘Mas, e se ele parecer arrependido e precisar de encorajamento?’ poderá alguém querer saber. Há uma provisão para tratar de tais situações. Os que tomam a dianteira na Congregação e que servem quais pastores e protetores espirituais do rebanho. (Heb. 13:17; 1 Ped. 5:2) Quando o expulso pergunta ou dá evidência de querer voltar ao favor de Deus, Tais homens designados e qualificados por Deus, com base na sua palavra a Bíblia, poderão falar com ele. Explicar-lhe-ão bondosamente o que ele deve fazer e poderão dar-lhe alguma admoestação apropriada. Podem lidar com ele à base dos fatos sobre o seu pecado e sua atitude no passado. Outros na congregação não possuem tal informação. Portanto, caso alguém ache que o expulso ‘está arrependido’, não seria este um julgamento mais baseado numa impressão do que em informação exata? Se os que tomam a dianteira na Congregação estiverem convencidos de que a pessoa está arrependida e está produzindo os frutos do arrependimento, ela poderá ser readmitida na congregação. Depois disso, os demais da congregação poderão acolhê-la cordialmente nas reuniões, demonstrar perdão, consolá-la e confirmar-lhe seu amor, conforme Paulo exortou que os coríntios deviam fazer com o homem que fora readmitido em Corinto. — 2 Coríntios 2:5-8.
Todos os cristãos fiéis precisam tomar a peito a verdade séria que Deus inspirou João a escrever: “Quem . . . cumprimenta [o pecador expulso que promove ensinos errôneos ou se empenha em conduta ímpia] é participe das suas obras iníquas.” — 2 João 11.
Muitos dos comentaristas da cristandade fazem objeção a 2 João 11. Alegam que se trata de ‘conselho não-cristão, contrário ao espírito de nosso Senhor’, ou que estimula a intolerância. No entanto, tais sentimentos emanam de organizações religiosas que não aplicam a ordem de Deus, de ‘remover o homem iníquo de entre vós’, que raras vezes ou nunca expulsam de suas igrejas nem mesmo transgressores notórios. (1 Coríntios 5:13) Sua “tolerância” é antibíblica, é anticristã. — Mat. 7:21-23; 25:24-30; João 8:44.
Mas não é errado ser leal ao Deus justo e eqüitativo da Bíblia. Ele nos diz que aceitará ‘no seu santo monte’ apenas os que andam sem defeito, que praticam a justiça e falam a verdade. (Salmos 15:1-5) Mas, se o cristão lançasse a sua sorte com um transgressor rejeitado por Deus e expulso, ou que se dissociou, isso equivaleria a dizer: ‘Eu tampouco quero um lugar no santo monte de Deus.’
A lealdade ao Deus Verdadeiro e às suas provisões é motivo de felicidade, porque todos os seus caminhos são justos, eqüitativos e bons. Isto se aplica também à sua provisão de expulsar transgressores impenitentes. Cooperando com este arranjo, podemos confiar nas palavras de Davi: “Ficai sabendo que o Verdadeiro Deus certamente distinguirá aquele que lhe é leal.” (Salmos 4:3) Sim, Deus destaca, honra e orienta os que são leais a ele e aos seus modos. Entre as muitas bênçãos que recebemos por tal lealdade está a alegria de estarmos entre aqueles que Deus aprova e aceita ‘no seu santo monte’. — Salmos 84:10, 11.
Espero ter ajudado a você e àqueles que leiam esta resposta.
2006-11-27 04:49:06
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answer #6
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answered by WDR 4
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